segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Nosso amor por Maria e a Igreja, nossas Mães

 


Nosso amor por Maria e a Igreja,  nossas Mães

Sejamos enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro de Stella (Séc. XII):

“O Filho de Deus é o primogênito dentre muitos irmãos; sendo Filho único por natureza, associou a si muitos pela graça, para serem um só com Ele. Com efeito, a quantos o recebem, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).

Constituído Filho do homem, a muitos constituiu filhos de Deus. Ele, o Filho único, por seu amor e poder associou muitos a Si. E todos esses, embora sejam muitos por sua geração segundo a carne, são um só com Ele pela regeneração divina.

Um só, portanto, é o Cristo total, cabeça e corpo: Filho único do único Deus nos céus e de uma única mãe na terra. Muitos filhos, e um só Filho. Pois assim como a cabeça e os membros são um só Filho, assim também Maria e a Igreja são uma só Mãe e muitas mães; uma só Virgem e muitas virgens.

Ambas são mães e ambas são virgens; ambas concebem virginalmente do mesmo Espírito; ambas, sem pecado, dão à luz uma descendência para Deus Pai. Maria, imune de todo pecado, deu à luz a Cabeça do corpo; a Igreja, para a remissão de todos os pecados, deu à luz o corpo da Cabeça. Ambas são mães do Cristo, mas nenhuma delas pode, sem a outra, dar à luz o Cristo total.

Por isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. E o que se atribui especialmente a Maria, virgem e mãe, pode-se com razão aplicar de modo geral à Igreja, virgem e mãe; e quando o texto se refere a uma delas, pode ser aplicado indistinta e indiferentemente a uma e à outra.

Além disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o Verbo do Pai, que designa ao mesmo tempo a Igreja em sentido universal, Maria num sentido especial e cada alma fiel em particular.

Eis o que diz a Escritura: E habitarei na herança do Senhor (cf. Eclo 24,7.13). A herança do Senhor é, na sua totalidade, a Igreja, muito especialmente é Maria, e de modo particular, a alma de cada fiel. No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos.” (1)

Temos como Mãe Maria e a Igreja, e isto implica que devemos viver a vida nova dos filhos de Deus, quando mergulhados na graça do Batismo e recebemos o selo do Espírito Santo.

Implica também que devemos viver como irmãos e irmãs, estabelecendo e fortificando laços de comunhão e fraternidade, na superação de toda e qualquer forma de exclusão, ou qualquer outra forma que nos distancie uns dos outros, ou que venha a macular a sacralidade e a beleza de nossa vida, como imagens e semelhança de Deus, por Ele criados.

Tempo do Advento, tempo favorável para reconciliação e perdão, e refazer nossos laços de amizade e comunhão, para que não seja em vão a Eucaristia que participamos e comungamos, Divino Cálice do Redentor, Pão de eternidade e imortalidade. Amém.

 

 

 

(1) Liturgia das Horas – Volume Advento/Natal – pág. 214-215


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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG