Nosso
amor por Maria e a Igreja, nossas Mães
Sejamos
enriquecidos pelo Sermão escrito pelo Bem-aventurado Isaac, abade do Mosteiro
de Stella (Séc. XII):
“O
Filho de Deus é o primogênito dentre muitos irmãos; sendo Filho único por
natureza, associou a si muitos pela graça, para serem um só com Ele. Com
efeito, a quantos o recebem, deu-lhes
capacidade de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12).
Constituído
Filho do homem, a muitos constituiu filhos de Deus. Ele, o Filho único, por seu
amor e poder associou muitos a Si. E todos esses, embora sejam muitos por sua
geração segundo a carne, são um só com Ele pela regeneração divina.
Um
só, portanto, é o Cristo total, cabeça e corpo: Filho único do único Deus nos
céus e de uma única mãe na terra. Muitos filhos, e um só Filho. Pois assim como
a cabeça e os membros são um só Filho, assim também Maria e a Igreja são uma só
Mãe e muitas mães; uma só Virgem e muitas virgens.
Ambas
são mães e ambas são virgens; ambas concebem virginalmente do mesmo Espírito;
ambas, sem pecado, dão à luz uma descendência para Deus Pai. Maria, imune de
todo pecado, deu à luz a Cabeça do corpo; a Igreja, para a remissão de todos os
pecados, deu à luz o corpo da Cabeça. Ambas são mães do Cristo, mas nenhuma
delas pode, sem a outra, dar à luz o Cristo total.
Por
isso, nas Escrituras divinamente inspiradas, o que se atribui de modo geral à
Igreja, virgem e mãe, aplica-se particularmente a Maria. E o que se atribui
especialmente a Maria, virgem e mãe, pode-se com razão aplicar de modo geral à
Igreja, virgem e mãe; e quando o texto se refere a uma delas, pode ser aplicado
indistinta e indiferentemente a uma e à outra.
Além
disso, cada alma fiel é igualmente, a seu modo, esposa do Verbo de Deus, mãe de
Cristo, filha e irmã, virgem e mãe fecunda. É a própria Sabedoria de Deus, o
Verbo do Pai, que designa ao mesmo tempo a Igreja em sentido universal, Maria
num sentido especial e cada alma fiel em particular.
Eis
o que diz a Escritura: E habitarei
na herança do Senhor (cf. Eclo 24,7.13). A herança do Senhor é, na sua
totalidade, a Igreja, muito especialmente é Maria, e de modo particular, a alma
de cada fiel. No tabernáculo do seio de Maria, o Cristo habitou durante nove
meses; no tabernáculo da fé da Igreja, habitará até o fim do mundo; e no amor
da alma fiel, habitará pelos séculos dos séculos.” (1)
Temos como Mãe Maria e a Igreja, e isto implica que
devemos viver a vida nova dos filhos de Deus, quando mergulhados na graça do
Batismo e recebemos o selo do Espírito Santo.
Implica também que devemos viver como irmãos e
irmãs, estabelecendo e fortificando laços de comunhão e fraternidade, na
superação de toda e qualquer forma de exclusão, ou qualquer outra forma que nos
distancie uns dos outros, ou que venha a macular a sacralidade e a beleza de
nossa vida, como imagens e semelhança de Deus, por Ele criados.
Tempo do Advento, tempo favorável para
reconciliação e perdão, e refazer nossos laços de amizade e comunhão, para que
não seja em vão a Eucaristia que participamos e comungamos, Divino Cálice do
Redentor, Pão de eternidade e imortalidade. Amém.
(1)
Liturgia das Horas – Volume Advento/Natal – pág. 214-215


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