Jesus veio ao nosso encontro: a promessa de Deus se cumpriu
Sejamos enriquecidos pelo comentário dos Salmos escrito pelo bispo e doutor Santo Agostinho (séc. V).
“Deus estabeleceu não só um tempo para Suas promessas, como também um tempo para a realização do que prometera. O tempo das promessas vai dos profetas a João Batista. A partir dele começa o tempo de cumprir-se o prometido.
Deus, que Se fez nosso devedor, é fiel, nada recebendo de nós mas nos prometendo tão grandes bens. Pareceu-lhe pouco a simples promessa e, por isso, quis ainda comprometer-se por escrito, como que firmando conosco um contrato.
Desse modo, quando começasse a cumprir as coisas prometidas, veríamos em tal Escritura a ordem com que seriam realizadas. O tempo das profecias era o do anúncio das promessas, como já dissemos várias vezes.
Prometeu-nos a salvação eterna, a vida bem-aventurada e sem fim em companhia dos anjos, a herança imperecível, a glória eterna, a doçura da visão de seu rosto, a Sua morada santa nos céus e, pela ressurreição dos mortos, a exclusão total da morte.
É esta, de certo modo, a Sua promessa final, o objeto de toda nossa aspiração. Quando a tivermos alcançado, nada mais buscaremos, nada poderemos exigir. Não deixou também de revelar o caminho que nos havia de conduzir a esses últimos fins, mas o prometeu e anunciou.
Deus prometeu aos homens a divindade, aos mortais a imortalidade, aos pecadores a justificação, aos humilhados a glória.
Contudo, meus irmãos, parecia inacreditável aos homens que Deus prometesse tirá-los da sua condição mortal de corrupção, vergonha, fraqueza, pó e cinza, para torná-los semelhantes aos anjos.
Por isso, não só firmou com eles um contrato que os levasse a crer, mas constituiu ainda como mediador e garantia, não um príncipe, qualquer ou algum anjo ou arcanjo, mas Seu Filho único. Desse modo, mostrou-nos e ofereceu-nos, por meio de Seu próprio Filho, o caminho que nos levaria ao fim prometido.
Não bastou, porém, a Deus fazer Seu filho indicar o caminho; quis que Ele mesmo fosse o caminho, a fim de te deixares conduzir por Ele, caminhando sobre ele próprio.
Para isso, o Filho único de Deus deveria vir ao encontro dos homens e assumir a natureza humana. Tornando-Se homem, deveria morrer, ressuscitar, subir aos céus, sentar-Se à direita do Pai e realizar entre os povos o que prometera.
E, depois da realização de Suas promessas entre os povos, cumprirá também a de voltar para pedir contas de Seus dons, separando os que merecerão a Sua ira ou Sua misericórdia, tratando os ímpios como ameaçara e os justos como prometera.
Tudo isso devia ser profetizado, anunciando e recomendado, para que, ao suceder, não provocasse medo com uma vinda inesperada, mas ao contrário, sendo objeto da nossa fé, o fosse também por uma ardente esperança.”
O que fora promessa, na Encarnação de Jesus Cristo, a promessa que Deus fizera, como nos falaram os profetas, se cumpriu, como tão bem expressou o bispo:
“Prometeu-nos a salvação eterna, a vida bem-aventurada e sem fim em companhia dos anjos, a herança imperecível, a glória eterna, a doçura da visão de Seu rosto, a Sua morada santa nos céus e, pela ressurreição dos mortos, a exclusão total da morte.”
Vindo ao nosso encontro, como caminho, verdade e vida (cf. Jo 14,6), somos agraciados por estas maravilhas da intervenção divina:
“Deus prometeu aos homens a divindade, aos mortais a imortalidade, aos pecadores a justificação, aos humilhados a glória.”
Vivamos este Tempo do Advento, renovando a fé no Amor Trinitário, que age incansavelmente na história, preparando-nos, intensamente, para a celebração do Natal do Senhor Jesus: Aquele que veio, vem e virá. Amém.


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