Conversão: voltar-se à fonte da vida e do perdão, Jesus
“Em Jesus, o caminho do homem e o
caminho de Deus se encontram.”
O Missal Dominical nos apresenta uma riquíssima reflexão rumo ao Natal do Senhor.
É uma “voz” melodiosa que penetra nossa alma para que trilhemos o caminho da maturação, que passa necessariamente pela conversão, pela transformação de nossa vida, palavras, atos, pensamentos e atitudes.
O primeiro enunciado é uma afirmação que nos enche de alegria e esperança: “Todos os homens encontrarão o Deus que salva”
“O Advento é tempo de conversão, tempo para preparar os caminhos do Senhor, para endireitar as veredas, a fim de que chegue o Reino de Deus.
O homem moderno não é muito atento ao tema da conversão a Deus. Diante dos graves desafios que se lhe impõem (fome, ignorância, guerra, injustiça), mobiliza todas as suas energias, abandona até o comodismo, impõe-se uma conversão cotidiana: a conversão do homem a si mesmo.
Mas a conversão a Deus como disponibilidade radical a Ele é renúncia total a si mesmo, deixa-o insensível ou até hostil, porque o coloca diante de sua fraqueza e parece desviá-lo de sua verdadeira tarefa.
O cristão de hoje está consciente do dever de contribuir para a realização do desígnio de Deus e a solução dos problemas do mundo, colaborando na obra da criação, e dando-lhe o melhor de si mesmo.
Mas, em tudo isso, onde se encontra a conversão a Deus? Se os cristãos perdem o senso da conversão a Deus, e se o cristianismo apresenta apenas o aspecto de um humanismo sem dimensão religiosa, priva-se o mundo de um dom divino."
A segunda parte da reflexão é um imperativo para a nossa vida: Aplanai o caminho!:
“Com João Batista, o Precursor (Evangelho), Deus vai visitar seu povo. A voz severa que clama no deserto nos prepara para o juízo de Deus não com atos puramente exteriores e rituais, mas com a conversão do coração.
Jesus continuará nesta linha de conversão; a opção pelo Reino significará despojamento de si, renúncia a toda forma de orgulho, disponibilidade às inspirações do Espírito, obediência. O homem que quiser seguir a Jesus é chamado a despojar-se de si e a perder-se de algum modo.
Semelhante conversão religiosa é acessível a todos os homens, de qualquer condição social ou espiritual; não está concretamente ligada a nenhuma prática penitencial, embora tenda a exprimir-se em ações significativas, e é proposta a todos os homens, uma vez que todos são pecadores, e Jesus mesmo declara ter vindo só para os pecadores.
É uma mudança radical da mentalidade e das atitudes profundas, que se manifesta em ações novas e vida nova; é uma disponibilidade total a serviço do Amor de Deus e dos homens.
Por isso Paulo pede que os filipenses possam sempre "discernir o que mais convém, ser puros no dia de Cristo" e repletos do "fruto da justiça”.
O Reino de Deus está, pois, a caminho; ninguém poderá detê-lo... O juízo de Deus está sobre nós como o machado na raiz da árvore. Depende de cada um de nós fazer com que seja um juízo de conversão ou de irremediável endurecimento.”
A terceira parte é um convite ao contínuo "caminhar" que devemos todos fazer:
“O itinerário que cada homem deve percorrer em sua vida, como o caminho de toda a humanidade em sua história, não tem a comodidade das modernas estradas de rodagem.
A contínua marcha do homem para a felicidade se abre na precariedade e é semeada de obstáculos, interrompida por encruzilhadas sempre dilacerantes.
Entretanto, o homem não desiste dessa sua contínua peregrinação; como o povo de Israel no deserto, vagueia rumo à "sua" terra. Cristo é a encruzilhada decisiva na estrada dos homens: ou com Ele ou contra Ele.
A de Cristo, porém, é a estrada mais árdua; passa através do Sangue e da Cruz, mas é a única que leva a Deus. Em Jesus, o caminho do homem e o caminho de Deus se encontram.
O convite de Cristo a cada um é sempre premente: "Vem, segue-me". Não há outra estrada para chegar a Deus senão seguir os passos de Cristo; só assim o homem não caminha nas trevas e na incerteza.”
Finalmente, apresenta-nos o caminho do amor e da justiça que devemos fazer como pessoas Eucarísticas que somos:
“Percorrer o caminho de Cristo quer dizer encontrar-se com Ele; quer dizer obstinar-se decididamente em seu caminho vencendo todos os obstáculos.
O sinal visível desse encontro é a Celebração Eucarística. Sinal não só da nossa opção por Cristo, mas também da opção pelos homens como irmãos e companheiros de viagem. É escolher a estrada estreita do amor e da justiça, porque este foi o caminho de Cristo.
Participar humanamente da Eucaristia significa tornar-se pão para os outros, como Cristo o é para nós; significa dar a vida para fazer crescer em torno de nós o amor e a justiça, o sorriso e a esperança.”
Continuemos nossa caminhada de conversão, sempre como um processo contínuo, inacabado, que desabrochará na glória da eternidade.
A cada instante algo clama por conversão em nossa vida, ao nosso redor, em qualquer lugar em que estejamos, que vivamos...
Sem conversão não há Advento, obviamente, não haverá Natal. Somente o esforço contínuo da Conversão nos alcança a alegria do Natal tão esperada, e a contemplação e celebração do mais belo e maior Mistério que a humanidade pode testemunhar: um Deus que Se faz Carne, Se faz gente, habitando em nosso meio, fazendo-Se um de nós, igual a nós, exceto no pecado.
Ele, a fonte do perdão e da vida, nós, os necessitados do perdão e da vida!


Nenhum comentário:
Postar um comentário