quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Autêntica veneração dos santos e mártires

                                                          

 

Autêntica veneração dos santos e mártires
 
“Contudo, o culto chamado de latria, 
que consiste na adoração devida à divindade, 
reservamo-lo só para Deus, 
e não o prestamos aos Mártires 
nem ensinamos que se lhes deva prestar”
 
O bispo Santo Agostinho (séc. V), em seu Tratado contra Fausto, elimina qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor, portanto, modelo para todos nós.
 
“O povo cristão celebra a memória dos seus mártires com religiosa solenidade, para se animar a imitá-los, participar dos seus méritos e ser ajudado com a sua intercessão; não dedica, porém, altares aos mártires, mas apenas em memória dos mártires.
 
Com efeito, qual é o bispo que, ao celebrar a Missa sobre os sepulcros dos Santos, disse alguma vez: Nós te oferecemos a ti, Pedro, ou a ti, Paulo, ou a ti, Cipriano?
 
A oblação é feita a Deus, que coroou os Mártires, junto dos sepulcros daqueles que Deus coroou, para que a evocação desses lugares santos desperte em nós um sentimento mais vivo de amor àqueles a quem podemos imitar e Àquele cujo auxílio nos torna possível a imitação.
 
Veneramos os mártires com um culto de amor e de comunhão, semelhante ao que dedicamos nesta vida aos santos homens de Deus, cujo coração sabemos estar já disposto ao martírio em testemunho da verdade do Evangelho. Mas àqueles que já superaram o combate e vivem triunfantes numa vida mais feliz, prestamos este culto de louvor com maior devoção e confiança do que àqueles que ainda lutam nesta vida.
 
Contudo, o culto chamado de latria, que consiste na adoração devida à divindade, reservamo-lo só para Deus, e não o prestamos aos Mártires nem ensinamos que se lhes deva prestar.
 
Como a oblação do sacrifício faz parte deste culto de latria – e por isso se chama idolatria a oblação feita aos ídolos – nós não o oferecemos nem mandamos oferecer aos Anjos, aos Santos, aos Mártires; e se alguém cai em tão grande tentação, é advertido com a verdadeira doutrina, para que se corrija e tenha cuidado.
 
Os Santos e os homens recusam-se a apropriar-se destas honras devidas exclusivamente a Deus. Assim fizeram Paulo e Barnabé quando os habitantes da Licaônia, impressionados com os milagres feitos por eles, quiseram oferecer-lhes sacrifícios como se fossem deuses; mas eles, rasgando os seus vestidos, proclamaram que não eram deuses, e deste modo impediram que lhes fossem oferecidos sacrifícios.
 
Uma coisa, porém, é o que nós ensinamos, e outra o que nós suportamos; uma coisa é o que mandamos fazer, e outra o que queremos corrigir e nos vemos forçados a tolerar, enquanto não conseguimos corrigi-lo.”
 
Como vemos, o bispo e a Igreja sempre tiveram clareza em relação ao culto dos Santos, de modo que exorta à celebração dos mártires, com um culto de amor e comunhão, mas toda adoração deve ser elevada a Deus, do contrário incorreríamos em inaceitável e abominável idolatria: “O povo cristão celebra religiosa solenidade e memória dos mártires  para se animar a imitá-los, participar de seus méritos e ser ajudados com a sua intercessão..."
 
O culto aos Santos e mártires, como nos ensina a Igreja, consiste em saber que vivemos na comunhão com aqueles que nos antecederam e estão na glória de Deus, como bem expressa o Prefácio da Missa, quando celebramos sua Festa ou Memória:
 
“Festejamos hoje, a cidade do céu, a Jerusalém do alto, nossa mãe, onde nossos irmãos, os Santos, Vos cercam e cantam eternamente o Vosso louvor. Para essa cidade caminhamos, pressurosos, peregrinando na penumbra da fé. Contemplamos, alegres, na Vossa luz, tantos membros da Igreja, que nos dais como exemplo e intercessão.”

É preciso purificar nossa fé, para que a nossa devoção aos Santos nos aproxime cada vez mais do Senhor, de modo que, vivendo na Sua amizade e intimidade, sejamos e façamos como eles fizeram: Sejamos santos como Deus é Santo. Santidade é possível e desejável, porque assim quer Deus.


Conclui-se que é impossível qualquer possibilidade dos cristãos incorrerem em idolatria, com relação aos mártires e Santos que nos antecederam, e que testemunharam a sua fé na fidelidade ao Senhor.

Aprendamos com os Santos e mártires o testemunho corajoso e frutuoso da fé.

Seja nossa veneração aos Santos, expressão de respeito e certeza da presença na caminhada, nos fortalecendo para que sejamos verdadeiros adoradores do Senhor em Espírito e Verdade, peregrinos da esperança. Amém.
 
 
PS: Memória do Papa São Dâmaso I, celebrada dia 11 de dezembro.
 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG