sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

O Dogma da Imaculada Conceição de Maria

                                                                 


O Dogma da Imaculada Conceição de Maria

Levando em conta a Tradição católica dos últimos séculos e o pedido de muitos leigos e bispos, o papa PIO IX proclamou em 8 de dezembro de 1854 o Dogma da Imaculada Conceição na bula “Ineffabilis Deus”, e cuja Solenidade celebramos dia 8 de dezembro. 

Este Dogma nos ensina que, em Maria, começa o processo de renovação e purificação de todo o povo. Ela é “toda de Deus, protótipo de que somos chamados a ser. Em Maria e em nós age a mesma graça de Deus. Se nela Deus pôde realizar Seu Projeto, poderá realizá-lo em nós também” (D. Murilo S. R. Krieger, bispo e escritor mariano). 

O significado de “Imaculada Conceição” 

Todos nós fomos criados em Cristo. Estamos marcados por uma “graça original”: Antes da criação do mundo, Deus nos escolheu em Cristo, para sermos, diante d’Ele, santos e imaculados “(Ef 1,4). Cada bebê que vem a este mundo nasce com uma bênção de Deus. Ele nos cria para sermos felizes e construirmos a felicidade dos outros. 

Ninguém nasce pronto. Cada um se desenvolve com o tempo, aprende a ser gente. Aprende a amar e ser amado, recebe a fé e a religiosidade dos familiares e pessoas próximas. Como é fascinante sermos, sempre, até a hora da morte, “aprendizes da vida”!

Quando uma criança vem a este mundo, já no útero da mãe está recebendo, em doses distintas, amor e desamor, acolhida e rejeição, afeto e violência. Somos solidários no bem e no mal. 

Ninguém começa sua vida a partir do nada. Pela fé, reconhecemos que somos parte de um grande projeto amoroso de Deus, que estamos marcados por Sua graça e pela corrente positiva do amor, bondade, acolhida, de tantos seres humanos que vieram antes de nós. 

Mas o mundo também tem violência, mentira e maldade, que contagiam cada pessoa que nasce. Ao começar a existir, já estamos sob a ação de forças positivas e negativas, de vida e de destruição.

Há algo na nossa história que estraga os belos Projetos do Senhor. Não vem de Deus. É difícil localizar sua origem. Nós o chamamos: “Mistério do mal e da iniquidade”. Ele está espalhado na humanidade e repercute dentro de cada pessoa. Damos a ele o nome de “Pecado Original”.

Cada um de nós tem dentro de si muitos desejos, tendências e impulsos. Eles são bons, mas necessitam ser integrados e dosados. Senão, fazem muito mal à pessoa e aos outros. 

Cada um de nós necessita acreditar em si e exercitar sua liberdade, de forma a ser aceito e respeitado pelos outros. Se a pessoa é fraca, impotente, não vai contribuir para a comunidade.

Mas o poder é perigoso, quando se torna um gigante e amassa os outros. Um pai autoritário deixa muitas feridas nos filhos. Um político poderoso e corrupto prejudica a nação e faz aumentar a exclusão social. 

Todo o ser humano busca prazer, ao se relacionar, ao comer, ao se divertir. Uma das formas mais belas de prazer é a sexualidade. A relação entre homem e mulher é bela e querida por Deus. Mas o sexo, quando é desequilibrado, sem afeto e respeito, produz individualismo e violência. O consumismo desenfreado arruína nossas vidas.

Todos temos dificuldades para integrar, dentro de nós, os desejos e as tendências e colocá-los a serviço do seguimento de Jesus. Os impulsos do poder, do ter e do prazer e tantos outros nos puxam, cada um para o seu lado, e podem nos afastar de Deus. A teologia chamou essa divisão interna de “concupiscência”. Sabemos que a nossa liberdade está comprometida pelo pecado e precisa ser libertada. 

São Paulo lembra essa divisão interna que a gente vive, dizendo que muitas vezes nosso coração quer fazer o bem, mas acabamos fazendo o mal que não desejamos (Rm 7,14-24). Mas nós cremos na vitória da graça de Jesus Cristo, que nos liberta de todas as cadeias (Rm 5,8 e 8,1-4). A “graça original” de Deus, que nos cria e nos salva, é mais importante e mais forte do que o pecado original, nossos pecados e falhas.

O Dogma da Imaculada Conceição afirma que o segredo de Maria, a perfeita discípula de Jesus, que respondeu a Deus de maneira total, tem sua raiz na graça. Ela recebe do Senhor um dom especial. Nasce mais integrada do que nós, com mais capacidade de ser livre e acolher a proposta divina.

O fato de Maria ser imaculada não lhe tira o esforço de ser peregrina na fé, pois isso faz parte da sua situação de ser humano, que necessita crescer e aprender. Maria não nasce prontinha. 

Também é aprendiz da vida. No início, ela não entende tudo (Lc 2, 49-50). E no correr da vida, Jesus a surpreende muitas vezes (Mc 3,31-35).

Diferentemente de nós, Maria trilha um caminho sempre positivo, sem desvios falsos ou atoleiros.

O Dogma da Imaculada Conceição afirma que Maria é pré-redimida por Cristo.

Ela recebe Sua graça salvadora numa intensidade maior do que nós, o que lhe dá forças para integrar tendências e impulsos e enfrentar o mal. 

Assim, desenvolve melhor sua missão de perfeita discípula, educadora e mãe do Messias. Esse “privilégio” não a transforma numa pessoa orgulhosa. 

Livre interiormente, Maria desenvolve muito suas qualidades humanas, tornando-se a criatura mais santa, mais inteira, mais “dona” de si e aberta a Deus.

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