Nossa
fragilidade nas mãos do Senhor
“–2 Disse comigo: ‘Vigiarei minhas palavras,
a fim de não pecar com minha língua;
– haverei de pôr um freio em minha boca
enquanto o ímpio estiver em minha frente’.
=3 Eu fiquei silencioso como um mudo,
mas de nada me valeu o meu silêncio,
pois minha dor recrudesceu ainda mais.
=4 Meu coração se abrasou dentro de mim,
um fogo se ateou ao pensar nisso,
5 e minha língua então falou desabafando:
= ‘Revelai-me, ó Senhor, qual o meu fim,
qual é o número e a medida dos meus dias,
para que eu veja quanto é frágil minha vida!
–6 De poucos palmos vós fizestes os meus dias;
perante vós a minha vida é quase nada.
–7 O homem, mesmo em pé, é como um sopro,
ele passa como a sombra que se esvai;
– ele se agita e se preocupa inutilmente,
junta riquezas sem saber quem vai usá-las’.
–8 E agora, meu Senhor, que mais espero?
Só em vós eu coloquei minha esperança!
–9 De todo meu pecado libertai-me;
não me entregueis às zombarias dos estultos!
–10 Eu me calei e já não abro mais a boca,
porque vós mesmo, ó Senhor, assim agistes.
–11 Afastai longe de mim vossos flagelos;
desfaleço ao rigor de vossa mão!
=12 Punis o homem, corrigindo as suas faltas;
como a traça, destruís sua beleza:
todo homem não é mais do que um sopro.
=13 Ó Senhor, prestai ouvido à minha prece,
escutai-me quando grito por socorro,
não fiqueis surdo aos lamentos do meu pranto!
– Sou um hóspede somente em vossa casa,
um peregrino como todos os meus pais.
–14 Desviai o vosso olhar, que eu tome alento,
antes que parta e que deixe de existir!”
O Salmo 38(39) é a prece de um enfermo e o reconhecimento de que
somos apenas um sopro; assim como a própria criação tem suas limitações, como
lemos na passagem do Apóstolo Paulo aos Romanos - A criação ficou sujeita à vaidade. por sua dependência daquele que a
sujeitou; esperando ser libertada (cf.Rm 8,20):
“Que
pode esperar o homem que é simplesmente um nada? É preciso olhar de frente a
realidade da vida terrena, para só em Deus colocarmos nossa esperança e não
vivermos na ilusão.” (1)
Reconheçamos nossa finitude e limitada condição humana diante da
onipotência divina.
Superemos toda e qualquer forma de presunção ou pretensão de uma
existência sem Deus, num mundo que, por
vezes. proclama a Sua morte ou, pior ainda, Sua desnecessária existência.
Urge que a tenhamos a humildade necessária para nos despirmos de
toda petulância e arrogância diante do criador. E, mais próximos de suas
criaturas, criemos pontes de fraternidade, derrubando todos os muros que criem
divisões e distanciamentos fraternos.
(1)
Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 759
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