quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Fidelidade no discipulado

                                                       

Fidelidade no discipulado

“Quem quiser vir após mim, que se negue a si mesmo,
que tome a sua cruz e me siga”

Retomo um trecho do Sermão do Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V), para aprofundamento da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 14,25-33).

“Siga-lhe (Jesus), pois, a totalidade da Igreja única, esta pomba e esposa redimida e enriquecida com o Sangue do Esposo. Nela encontra o seu lugar a integridade virginal, a continência das viúvas e o pudor conjugal.

Todos estes membros que encontram nela o seu lugar, de acordo com as suas funções próprias, sigam a Cristo; neguem-se, ou seja, não se vangloriem; carreguem a sua cruz, ou seja, suportem no mundo por amor de Cristo tudo o que no mundo vos aflija.

Amem Àquele que é o único que não atraiçoa, o único que não é enganado nem engana; amem-lhe, porque é verdade o que promete.

Tua fé vacila porque suas promessas tardam. Mantém-te fiel, persevera, tolera, aceita a demora: tudo isso é carregar a cruz”. (1)

Vejamos algumas exigências para que sejamos discípulos missionários do Senhor, iluminados pelo Sermão de Santo Agostinho:

1 – Ser discípulo é por se atrás do Mestre, como aprendiz. Seguimento incondicional e trilhar seus caminhos e ter mesmo horizonte e destino;

2 – É preciso negar-se a si mesmo, com renúncias necessárias: desprendimento, despojamento, tendo Jesus e Sua Palavra como valores absolutos em nossa vida: “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça...”;

3 – Tomar a cruz de cada dia, pois não há discipulado sem cruz, e inevitavelmente a glória passa pela cruz, martírio silencioso ou em sua expressão máxima (sangue derramado), numa vida marcada pela doação, entrega, serviço, disponibilidade em favor do próximo, na mais genuína expressão de misericórdia, para que sejamos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36);

4 – Manter uma aliança indissolúvel de amor com o Senhor e a Sua Igreja: assumir na carne os sofrimentos e paixão por amor de Cristo e Sua Igreja, como falou o Apóstolo Paulo (Col 1,24);

5 – Confiar plenamente no Senhor e em Sua promessa, pois Sua Palavra é vida e verdade. Somente Ele tem Palavra de Vida Eterna;

6 – Jamais vacilar na fé, ainda que tardem a realização das Suas promessas;

7 – Fidelidade incondicional ao Senhor, vivendo o Mistério Pascal – Paixão, Morte e Ressurreição.

8 – Perseverança dando razão da esperança em todas as circunstâncias;

9 – Tolerar e aceitar a demora do alcance da vitória no bom combate da fé: mantendo a serenidade em todos os momentos.

10 – Carregar a cruz, sem lamentações, confiantes na força que nos vem do alto, e pôr-se sempre a caminho buscando as coisas do alto, contando com a força do Espírito Santo que jamais nos deixa órfãos.

Estas exigências se completam mutuamente e inseparavelmente. Tudo isto somente é possível se criarmos e mantivermos momentos de profunda intimidade e comunhão com Deus, tanto na oração pessoal, como na Oração Maior, que é a Santa Missa, na qual nos fortalecemos pelo Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia.



(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – p.713-714.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG