sábado, 31 de agosto de 2024

Amor de compaixão

                                                


Amor de compaixão

Senhor Jesus, Vós que jamais propusestes uma religião que adormeça a consciência dos pobres, dos aflitos, assegurando-lhes um futuro feliz; concedei-nos a graça de viver uma religião que se expresse em sagrados compromissos de amor e solidariedade para com nosso próximo, sobretudo os que mais necessitam.

Senhor Jesus, Vós não nos ensinastes a pensar apenas no depois, tanto que destes pães a quem tinha fome, consolastes os aflitos, acolhestes os marginalizados, curastes os doentes e jamais Vos vingastes das rejeições ou ofensas recebidas; ensinai-nos o mesmo fazer no tempo presente.

Senhor Jesus, Vós aos proclamardes que os pobres são bem-aventurados, revelastes que Vosso Pai é sensível à dor e à pobreza da humanidade, e que vem sempre ao encontro dos pobres; fazei-nos sensíveis à pobreza destes e tenhamos a compaixão, como expressão de participação na dor do outro.

Senhor Jesus, Vós nos ensinastes que, viver as bem-aventuranças, é crer no Deus que nos acompanha sempre, cheio de compaixão, não porque méritos tenhamos, mas porque nos ama, dai-nos olhos abertos e capazes de ver o rosto daquele que mais sofre, vivendo assim a religião da compaixão. Amém.


Fonte de inspiração – Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa 2011 – p.314

Não desistir diante das provações

                                             


                                   Não desistir diante das provações

 
Diante da história de todos nós, com suas páginas de provações, tribulações, dificuldades, tropeços e inquietações, como fazer a necessária superação?
 
Precisamos, a partir da fé, escrever novas páginas de paciência, esperança, perseverança, perfeição, integridade e de verdadeira alegria.
 
Há duas passagens bíblicas, que nos iluminam e nos fortalecem neste bom combate da fé:
 
- “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.
 
E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
 
E a esperança não decepciona, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).
 
- Vejamos o que nos disse o Apóstolo São Tiago em sua Epístola (Tg 1,2-4):
 
Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma.” (Tg 1,2-4)

Urge firmar nossos passos, escrevendo páginas de acrisolamento, amadurecimento, aperfeiçoamento, vivendo o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para com Ele Ressuscitar, e com Ele sermos mais que vencedores:
 
– “Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8,37-39).
 
Como Igreja sinodal, caminhando juntos, peregrinos da esperança, acolhendo o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5).
 

Da provação à perfeição

                                                          

Da provação à perfeição

A Leitura breve das Vésperas nos apresenta esta passagem do Livro de Tiago:

“Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma” (Tg 1,2-4).

Todos nós temos nossas provações e dificuldades a serem vencidas e superadas. A Palavra do Apóstolo nos ilumina, para que sigamos trilhando o caminho.

Nota-se um itinerário que o cristão precisa percorrer, na vivência da fé, na fidelidade ao Senhor:

1º - a provação, como motivo de grande alegria;
2º - a comprovação da fé;
3º - a perseverança na fé;
4º - a geração da obra de perfeição;
5º - a perfeição e integridade (sem falta ou deficiência alguma).

Firmemos nossos passos neste itinerário, vivendo o bom combate da fé, como nos disse o Apóstolo Paulo, até que sejamos merecedores de alcançar a glória da imortalidade.

Complementando, vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o caminho da perfeição que devemos fazer:

“O caminho da perfeição passa pela Cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças.” (1)

Façamos as renúncias necessárias, tomemos nossa cruz de cada dia e sigamos o Senhor, cujo fardo é leve e o jugo é suave, revitalizando-nos com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, que são os divinos e saborosos Pães imprescindíveis de nossa vida.


(1) Catecismo da Igreja Católica – n.2015

Em poucas palavras...

 


Os Dez Mandamentos

“A Lei antiga é o primeiro estádio da lei revelada. As suas prescrições morais estão compendiadas nos Dez Mandamentos.

Os preceitos do Decálogo assentam os alicerces da vocação do homem, feito à imagem de Deus: proíbem o que é contrário ao amor de Deus e do próximo e prescrevem o que lhe é essencial.

O Decálogo é uma luz oferecida à consciência de todo o homem, para lhe manifestar o apelo e os caminhos de Deus e o proteger contra o mal: Deus «escreveu nas tábuas da Lei o que os homens não fiam nos seus corações» (Santo Agostinho)” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.1962

Do temor servil ao amor filial

                                                        

 Do temor servil ao amor filial 

A Parábola (Mt 25,14-30) nos fala de três pessoas a quem foram confiados os talentos. 

O terceiro deles, que enterrou o talento, representa o perfeito servilismo, que deforma a imagem de si e do outro, porque se deixa dominar pelo terror. É próprio do terror não somente impedir qualquer iniciativa de certo fôlego, mas fazer abortar o realizar da possibilidade mais simples.

A Parábola revela o quanto Deus confia no homem e conta com sua liberdade responsável na participação da construção do Reino.

Entre a primeira e a segunda vinda há o tempo intermediário que estamos vivendo. Tempo que não pode ser vivido numa espera angustiosa, ociosa e tampouco agitada ou marcada pelo medo. 

Não podemos ser resignados, demissionários, gente entristecida, enfraquecidos pela preguiça e desorientados pelas dificuldades. Não há por que ficarmos aborrecidos e tampouco perdermos tempo no multiplicar os talentos que o Senhor nos confiou. Não importa quantos são, mas se os multiplicamos com intensa fidelidade e alegria.

Deve reinar uma alegria transbordante no coração dos discípulos missionários do Senhor. Sempre convictos de que é para o Senhor Jesus que trabalham, colocando a serviço os talentos, na fidelidade total e incondicional ao Pai, contando com a força, luz e sabedoria do Espírito Santo. 

A comunidade deve passar sempre do “temor servil” para o “amor filial”. Quando isto acontece, vigilante e sábia a comunidade se torna. 

No amor filial cada membro da comunidade não tem outra inquietação senão amar mais e verdadeiramente, colocando-se alegremente a serviço na construção do Reino. Nisto consiste a verdadeira sabedoria.

Quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar. Quem é fiel e responsável em suas tarefas, sejam elas pequenas ou grandes, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus.

Caminhamos rumo à felicidade eterna prometida, já a experimentando no tempo presente. Somente quem serve o Senhor na alegria entrará na plenitude de Sua alegria no céu. 

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 1,11-28)

Vigilância e compromisso com o Reino


Vigilância e compromisso com o Reino

No sábado da 21ª Semana do Tempo Comum, ouvimos a passagem do Evangelho de Mateus sobre a Parábola dos talentos (Mt 25,14-30).

Refletimos sobre o tema da vigilância, que consiste na espera do Senhor que vem, multiplicando os talentos que Ele nos confiou, com sabedoria, criatividade, enfrentando os riscos necessários, com indispensável esforço de nossa parte para que o Reino de Deus aconteça.

Indispensável é que sejamos conduzidos e iluminados pela sabedoria divina, que no Livro dos Provérbios (Pr 31,10-13.19-20.30-31), é apresentada como a imagem da mulher perfeita, um modelo de sabedoria e comportamento, que deve estar presente em todos aqueles que esperam e participam da construção do Reino de Deus: felicidade conjugal, trabalho, autenticidade de valores.

O Apóstolo Paulo também nos exorta na Carta aos Tessalonicenses (1Ts 5,1-6, para que como  partícipes do plano de Deus, “não durmamos como os outros”.

É preciso empenhadar em multiplicar os próprios talentos, sem acumular uma fortuna para si, tão pouco usar as próprias capacidades unicamente para si, menos ainda com desperdício.

É através do trabalho que produzimos a criação divina, como prolongamento da obra da criação.

Nas atividades cotidianas, experimentamos nossas capacidades transformadoras, a necessária fantasia criativa, que não pode prescindir da verdadeira Sabedoria, para não promover e se deixar seduzir pela desordem do pecado, em dimensão pessoal, social e  estrutural.

Vejamos o que nos diz o Missal Dominical:

“A vida nos nossos dias é muito dura para a maior parte dos homens, a concorrência é desumana, não existe segurança profissional para ninguém, o relaxamento dos costumes cresce de maneira inquietadora, os homens confiam cada vez menos uns no outros.

Aumenta a delinquência, o sofrimento não poupa ninguém e a morte continua a ser o pavor de todos. Pesa sobre a humanidade o perigo de guerras: reina ainda na terra o estado da injustiça, que clama vingança, e no qual se encontra o Terceiro Mundo.

Todos experimentam, às próprias custas, quais as consequências, quando o pecado domina. Quem pode sentir-se em segurança?

Entretanto, Cristo age nesta humanidade como força de renovação, difundindo dons e talentos a homens livres que saibam fazê-los frutificar corajosamente.

Deus não tem o hábito de transformar as leis da natureza ou de agir em nosso lugar; não organiza nenhum sistema de segurança nem mesmo para os que creem n’Ele; mas o Espírito de Deus nos impele a tornarmo-nos homens novos, isto é, homens que, apesar dos contragolpes e oposições, continuam a edificar com amor um futuro mais sorridente”. (1)

Retomando a Parábola, temos a figura do um terceiro servo, que jamais deve ser para nós um modelo, pois tem medo do Senhor, um medo que o cristão não deve ter, desde que no Batismo se tornou  filho de Deus.

Esperemos vigilantes a segunda vinda do Senhor, abertos à Sabedoria divina, que é revelada aos pequeninos e escondida aos sábios e entendidos, é preciso que nos empenhemos em descobrir quais os talentos que o Senhor nos confiou para colocá-los a serviço do outro, por “um futuro mais sorridente”, mais esperançoso, mais fraterno.

Sem preguiça, omissão e medo, mas, com maturidade, viver o risco da fé, a entrega, a confiança, a disponibilidade para o serviço e promoção do bem comum.

A genuína fé no Senhor tem pertinentes apelos e compromissos que dela emergem, e tão somente assim, daremos razão de nossa esperança, num contínuo esforço de tornar concreta, afetiva e efetiva a virtude da caridade.

De fato, o Senhor coloca sempre o futuro em nossas mãos: memória e esperança nos acompanham. Importa, também, o conteúdo do tempo presente, o que se fez e o que se faz para que tenhamos um futuro feliz, e assim, estaremos, de fato, preparando a segunda vinda gloriosa do Senhor, e poderemos aclamá-Lo como Senhor e Rei do Universo.


(1) Missal Dominical - Paulus, 1995 - p.860.

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 19,11-28)

Vigilância: tempo de amar e servir

                                                      

Vigilância: tempo de amar e servir

No sábado da 21ª Semana do Tempo Comum (ano A), o Evangelho proclamado (Mt 25,14-30) nos apresenta a Parábola dos talentos, que revela o quanto Deus confia no homem, e conta com sua liberdade responsável na participação da construção do Reino.

A três pessoas foram confiados os talentos. O terceiro deles, que enterrou o talento, representa o perfeito servilismo, que deforma a imagem de si e do outro, porque se deixa dominar pelo terror. É próprio do terror não somente impedir qualquer iniciativa de certo fôlego, mas fazer abortar o realizar da possibilidade mais simples.

Entre a primeira e a segunda vinda há o tempo intermediário que estamos vivendo. Tempo que não pode ser vivido numa espera angustiosa, ociosa e tampouco agitada ou marcada pelo medo. 

Não podemos ser resignados, demissionários, gente entristecida, enfraquecidos pela preguiça e desorientados pelas dificuldades. Não há por que ficarmos aborrecidos e tampouco perdermos tempo no multiplicar os talentos que o Senhor nos confiou. Não importa quantos são, mas se os multiplicamos com intensa fidelidade e alegria.

Deve reinar uma alegria transbordante no coração dos discípulos missionários do Senhor. Sempre convictos de que é para o Senhor Jesus que trabalham, colocando a serviço os talentos, na fidelidade total e incondicional ao Pai, contando com a força, luz e sabedoria do Espírito Santo. 

A comunidade deve passar sempre do “temor servil” para o “amor filial”. Quando isto acontece, vigilante e sábia a comunidade se torna. 

No amor filial cada membro da comunidade não tem outra inquietação senão amar mais e mais, e verdadeiramente, colocando-se alegremente a serviço na construção do Reino. Nisto consiste a verdadeira sabedoria.

Quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar. Quem é fiel e responsável em suas tarefas, sejam elas pequenas ou grandes, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus.

Caminhamos rumo à felicidade eterna prometida, já a experimentando no tempo presente. Somente quem serve o Senhor na alegria entrará na plenitude de Sua alegria no céu. 

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 19,11-28)

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

                                           

A alegria e o serviço são marcas do discípulo do Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus sobre a Parábola dos talentos (Mt 25,14-30), que tem como mensagem:  viver a alegria e o serviço, inseparavelmente, pois são elementos presentes na vida do discípulo missionário do Senhor, sobretudo quando, na Missa, a Palavra é proclamada, ouvida e acolhida, para no quotidiano ser anunciada e testemunhada.

O discípulo missionário precisa se despertar para o apelo de servir o Senhor, na alegria,  não pelo medo e tão pouco tristeza de nós mesmos, por causa da fragilidade e limitações que possuímos.

O Senhor quer que tão apenas que O sirvamos com alegria e generosidade.

Não podemos permitir que a preguiça nos acomode e nos acovarde na multiplicação dos talentos que Deus nos confia, e nisto consiste o apelo que o Senhor nos faz:

Este apelo desmente as novas e velhas recriminações feitas aos cristãos de que são gente triste, resignada, demissionária. Ao mesmo tempo, põe-nos de sobreaviso quanto a um dos vícios capitais e dos pecados mais graves contra a esperança: a preguiça, que a teologia interpreta como ‘tristeza da graça’ (tristitia gratiae)”.(1)

Esta atitude, encontramos no terceiro homem da Parábola que o Senhor nos apresenta na passagem do Evangelho (Mt 25,14-30): “o aborrecimento e o desgosto do dom recebido; a recusa em deixar-se amar; a incredulidade de quem duvida com obstinação de que o Senhor lhe dê confiança e o torne companheiro em dar forma e rosto ao Reino do Pai” (2).

Deste modo, precisamos passar do temor servil ao amor filial no discipulado e relacionamento com o Senhor, pois Ele manifesta a verdade e a fecundidade do dinamismo do amor com estas palavras:

“A todo aquele que tem, dar-se-á mais e terá em abundância, mas, àquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado” (Mt 25,29).

Na relação de amor filial para com Deus, e na fidelidade ao Senhor, “quem ama torna-se cada vez mais capaz de amar; quem é fiel e responsável nas tarefas que lhe foram confiadas, sejam elas grandes ou pequenas, cresce na fidelidade e na liberdade dos filhos de Deus” (3).

No caminho do discipulado acontece, portanto, o amadurecimento da interioridade pessoal e fecundidade do testemunho, e assim, encontra-se a verdadeira felicidade desejada, e que Ele nos apresentou no Sermão da Montanha (Mt5,1-12), e podemos afirmar: – “nem toda a alegria entrará na felicidade, mas toda a felicidade entrará na alegria” (4)

Oremos:

“Pai Santo, que confiais nas mãos do homem todos os bens da Criação e da graça, fazei que a nossa boa vontade multiplique os frutos da Vossa Providência; tornai-nos sempre operosos e vigilantes na expectativa do Vosso regresso, na esperança de nos ouvirmos chamar de servos bons e fiéis, e assim entrarmos na alegria do Vosso Reino” .(4)



(1) (2) (3) (4) Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 – pp.795-796

PS: Passagem par

Multipliquemos os talentos que o Senhor nos deu

                                                           

Multipliquemos os talentos que o Senhor nos deu

Com a passagem do Evangelho de Mateus (Mt 25,14-30), refletimos  sobre como  testemunhamos e participamos da construção do Projeto Divino, a fim de que sejamos conscientes, ativos e comprometidos, fazendo frutificar os talentos que Deus nos concede por Sua bondade.

Indispensável é sermos conduzidos pela Sabedoria Divina, como vemos na passagem do Livro dos Provérbios (Prov 31,10-13.19-20.30-31), para melhor participarmos da construção do Projeto de Deus. 

Trata-se de uma coleção de sentenças sobre a sabedoria, construída ao longo de vários séculos e atribuída a Salomão. 

Um poema alfabético, que retrata a mulher virtuosa; e quão belo é ver a Sabedoria comparada à imagem desta mulher.

Ela sabe gerir a casa, é diligente, trabalhadora, possui um coração generoso, teme ao Senhor e não se preocupa com a aparência. Temos aqui o convite para refletirmos sobre os valores eternos que asseguram uma vida feliz e próspera: empenho, compromisso, generosidade e temor.

Indispensável, também, é a dependência de Deus; que quando autêntica, amplia a nossa liberdade e nos realiza plenamente.

O Apóstolo Paulo também nos fala sobre a necessária vigilância (1Ts 5,1-16), que consiste em esperar o Senhor que vem, atentos e vigilantes, com empenho ativo e incansável na construção do Reino, sem jamais cruzarmos os braços. 

A volta de Jesus se dará no final dos tempos, na parusia, mas enquanto isto, na espera, os dias sejam passados na vigilância e não no esmorecimento, deserção, fuga, mas vivendo coerentemente as opções do Batismo.

Sendo assim, é preciso que os membros da comunidade vivam como filhos da luz: vigilantes, sóbrios, com os olhos no futuro, esperando a chegada da vida verdadeira, numa vida marcada por uma esperança com corpo e conteúdo.

A vigilância consiste em não negligenciar as questões do mundo e os problemas do homem e da mulher, sem jamais fugir dos desafios que nos interpelam.

Ao contrário, é procurar caminhos e respostas para os mesmos, vivendo os ensinamentos de Jesus: os valores eternos para que o mundo seja transformado, no mais belo sentido da esperança, que é a serena expectativa.

Neste sentido entendemos a mensagem do Evangelho proclamado:
num contexto do esquecimento e perda do entusiasmo inicial, a comunidade se instalara na mediocridade, rotina, comodismo, facilidades, desânimo, desinteresse e deserção. 

O Evangelista acena para o horizonte final da história humana: a segunda vinda do Senhor, mas, enquanto isto, é preciso multiplicar os talentos que Ele nos confiou, pois Ele voltará e nos julgará conforme nosso comportamento em Sua ausência.

Agora é o nosso tempo, e com o nosso coração o Senhor continuará amando os últimos, os pecadores que estão a nossa volta.

Com nossas palavras, acompanhadas de testemunho, é que Ele animará, consolará, fortalecerá os entristecidos e desanimados.

É preciso construir uma comunidade alerta e vigilante que não se acomode; que não caia numa mórbida e indesejável passividade; que não fique de mãos erguidas e olhos postos aos céus, sem compromissos concretos e solidários. É preciso envolver-se, comprometer-se.

Com nossos braços estendidos e mãos abertas o Senhor acolherá os que vivem na miséria, na busca do sentido, da acolhida, de um pedaço de pão, porque é com nossos pés que Ele continuará Se dirigindo ao encontro de cada pessoa que mais precisa.

Reflitamos:

- Há o tempo de Sua presença e comunicação dos dons; o tempo de Sua ausência e confiança em nós depositada e haverá o tempo de Sua volta. O que temos para apresentar?

- Não há lugar para cristãos apáticos e acomodados, é preciso ter coragem de arriscar. O que faço para que Cristo seja conhecido e amado?

- Quais são os talentos que Deus me confiou? 
- Como desenvolvo estes talentos?

Vivendo intensamente a missão por Deus a nós confiada, revelaremos ao mundo inteiro a Face de Cristo, gerando Cristo em nós, e tão somente assim, os talentos serão multiplicados e não covardemente enterrados, e seremos alegres e convictos servidores do Reino por Jesus inaugurado.

PS: Passagem paralela do Evangelho de Lucas (Lc 19,11-28)

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!

                                                         

Templo e templos - Mesmo amor e zelo tenhamos!  
  
O zelo pela casa do Senhor e o amor pelos
Seus templos vivos, os pobres...

Retomemos a homilia escrita pelo Bispo São João Crisóstomo (séc. IV), sobre o Evangelho de São Mateus, que nos convida a refletir sobre o templo e os templos de Deus.

“Queres honrar o corpo de Cristo?
Não o desprezes quando nu, não o honres com vestes de seda e abandones fora no frio e na nudez o aflito.

Pois aquele que disse: Isto é o meu Corpo (Mt 26,2) e confirmou com a palavra, é o mesmo que falou: Tu Me viste faminto e não Me alimentaste (Mt 25,35); e: O que não fizeste a um destes mais pequeninos, não o fizeste a mim (Mt 25,45). Este não tem necessidade de vestes, mas de corações puros, aquele, porém, precisa de grande cuidado...

Aprendamos, portanto, a raciocinar e a reverenciar a Cristo como lhe agrada... Assim, honra-O tu com a honra prescrita em lei, distribuindo tua fortuna com os pobres. Deus não precisa de vasos de ouro, mas de almas de ouro.

Que proveito haveria, se a mesa de Cristo está coberta de taças de ouro e Ele próprio morre de fome? Sacia primeiro o faminto e, depois, do que sobrar, adorna sua mesa.

Fazes um cálice de ouro e não dás um copo de água? Que necessidade há de cobrir a mesa com véus tecidos de ouro, se não lhe concederes nem mesmo a coberta necessária? Que lucro haverá? Diz-me: se vês alguém que precisa de alimento e, deixando-o lá, vais rodear a mesa, de ouro, será que te agradecerá ou, ao contrário, se indignará? Que acontecerá se ao vê-lo coberto de andrajos e morto de frio, deixas de dar as vestes, mandas levantar colunas douradas, declarando fazê-lo em sua honra? Não se julgaria isto objeto de zombaria e extrema afronta? Pensa também isto a respeito de Cristo, quando errante e peregrino vagueia sem teto.

Não O recebes como hóspede, mas ornas o pavimento, as paredes e os capitéis das colunas, prendes com cadeias de prata as lâmpadas, e a Ele, preso em grilhões no cárcere, nem sequer te atreves a vê-Lo.

Torno a dizer que não proíbo tais adornos, mas que com eles haja também cuidado pelos outros. Ou melhor, exorto a que se faça isto em primeiro lugar. Daquilo, se alguém não o faz, jamais é acusado; isto porém, se alguém o negligencia, provoca-lhe a geena e fogo inextinguível, suplico com os demônios.

Por conseguinte, enquanto adornas a casa, não desprezes o irmão aflito, pois ele é mais precioso que o templo”

São João Crisóstomo possuía  uma capacidade excepcional para explicar a Boa Nova de Jesus Cristo, na linguagem e cultura do seu tempo.

Dava forte ênfase às consequências sociais do Evangelho; era, ao mesmo tempo, invejável o seu esforço para tornar bela a oração e para transmitir a reflexão teológica de forma poética.

É uma Homilia profundamente questionadora na indispensável necessidade de cuidar da beleza do templo e de tudo que ao culto se refira, sem deixar de lado o essencial do Evangelho, o cuidado e a promoção dos pobres.

Reflitamos

- De que modo cuidamos da Casa do Senhor e de tudo quanto esteja relacionado?

- Quanto de recurso financeiro e de tempo investimos no cuidado do Senhor, na pessoa dos pobres que nos interpelam, como Sua real presença?
- A preocupação que temos com o esplendor de nossos templos e liturgia é a mesma que temos com o resgate do esplendor do brilho dos olhos de nossos irmãos empobrecidos? 

Oremos:  
Senhor, que eu cuide de Ti em cada irmão e irmã empobrecido, com o mesmo amor com que cuido do culto e de Tua casa;

Senhor, que o zelo, a promoção da vida e da dignidade dos pobres me consuma como me consome o zelo pela Tua casa.

Senhor, que este zelo inseparável, irrenunciável e inadiável,
Por nós seja vivido, porque para Vós agradável e louvável!

Senhor, não permita que caiamos em omissões execráveis, 
detestáveis e lamentáveis, porque por Vós inadmissíveis e impensáveis!
Amém!

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG