domingo, 3 de novembro de 2024

Bem-Aventuranças vividas, Santidade alcançada (Homilia Todos os Santos)

                                           

Bem-Aventuranças vividas, Santidade alcançada

A Solenidade de todos os Santos abre nosso espírito e coração às consequências da Ressurreição. Para Jesus, ela foi ao terceiro dia, para nós, seus amigos, será mais tarde.

Com esta Solenidade celebramos todos os que amaram a Deus e aos irmãos, canonizados ou não. Quer nomes inscritos no calendário litúrgico ou não, mas antes inscritos no Coração de Deus.

Fazemos sair do anonimato e vivemos aquilo que professamos toda vez que rezamos o Creio: “... Creio na comunhão dos Santos”

Esta Solenidade nos faz viver intensamente a realidade mais profunda e misteriosa da Igreja, que ainda peregrina na terra, saboreia e vive dos bens do céu.

Para que a santidade seja sólida, há um caminho a ser trilhado: o caminho das Bem-aventuranças, que é na exata medida, o caminho da santidade.  

Jesus sobe ao monte para nos dar a Lei que já tinha dentro de Si, para inscrevê-la no coração da humanidade, para que esta encontre o verdadeiro caminho da felicidade, que é o caminho da santidade. Ele faz das Bem-aventuranças um programa de vida para Seus discípulos.

Santos são aqueles que percorreram o caminho das Bem-aventuranças, acolheram o Cristo e o Seu Reino e agora estão na glória celeste.  

As Bem-aventuranças vividas nos fazem pobres, mansos, puros, misericordiosos e pacificadores. Elas portam ao mesmo tempo o fascínio e a angústia. 

Firmados da esperança da eternidade, firmaram passos com coragem, firmeza, fidelidade, sem vacilar na fé e no testemunho.

Assim nasceram e viveram os Santos: quanto mais perto da luz mais visíveis foram as sombras da existência. Vivendo na fragilidade da existência, abriram-se plenamente à graça divina, pois sabem que nada podemos e nada somos Sem Deus e sem a Sua força, graça, ternura, poder e bondade.

Por isto rezamos no Prefácio da Missa: “Peregrinos da cidade Santa, para ela caminhamos na fé e na alegria, ao vermos glorificados os ilustres filhos da Igreja que nos destes como exemplo para nossa fragilidade”.

Para vivermos a santidade temos de ser corajosos peregrinos do cotidiano, ou seja,  pessoas em marcha, apaixonadas pelo Evangelho que não se desviam do caminho da verdade e da liberdade, anunciando e testemunhando o que lhes faz viver, o que lhes motiva a viver: um amor por Deus, incondicional.

Com o Batismo, somos inseridos no caminho das Bem-aventuranças, e vivê-las implica em assumir riscos, alcançar a alegria, como fruto da liberdade, como podemos contemplar na passagem da primeira Leitura (Ap 7,2-4.9-14). 

Contemplamos a descrição de uma visão da condição celeste. Há esperança na provação.

Refletimos sobre o Cordeiro Imolado que é o vitorioso, o vencedor, revelando-nos que o caminho de morte dos que O seguem não é o caminho da derrota, mas daqueles que foram transformados e estão de pé diante d'Ele.

O autor de Apocalipse fala de 144.000 (12x12x1000) que significa o Novo Povo de Deus, que nasce dos doze Apóstolos de Cristo. Soma-se a multidão imensa que venceu a prova. A cor branca das túnicas reflete a glória celeste e as palmas nas mãos, o martírio, a vitória e a alegria.

Na passagem da segunda Leitura (1Jo 3,1-3) refletimos sobre o nosso futuro, que tem marca de eternidade e o nosso destino como criação divina: foi para a felicidade eterna que fomos criados. A maior glória é sermos semelhantes a Deus e um dia podermos contemplar Sua face.  

“Deus é Amor” (1Jo 4,8.16) e nós podemos amar, “mas amamos, porque Deus nos amou primeiro” (1Jo 4,19). A santidade se mede pelo amor: quem mais ama é mais Santo; quem menos ama é menos Santo; quem não ama nada, não é Santo.

Santidade! Esse é o segredo que o cristão deve ter para aproximar muitas pessoas de Deus. Jamais santidade rima, em forma e conteúdo, com coisa esquisita, rara, estranha, alienada, medonha, impossível, inalcançável.

Deste modo, santidade não é algo exterior, não é caricaturesca, rígida, sombria ou até mesmo triste. Não! O Santo é uma pessoa com uma profunda vida interior, com uma grande unidade de vida, coerente, flexível, cheia de luz e de alegria.

Uma pessoa Santa é um ser humano bem normal no seu dia a dia, que  leva dentro de si algo diferente - o Amor de Deus atuante e que faz novas todas as coisas - ou seja, uma pessoa que revela ao mundo inteiro a Face de Cristo.



PS: Fontes: www.presbiteros.com.br/, Liturgia Dominical - Ed. Vozes - Johan Konings, Missal Dominical.

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