sexta-feira, 31 de maio de 2024

Em poucas palavras...

 


Com Maria, caminhar com alegria

“Maria compreende e age. Sua adesão à vontade de Deus e sua obediência não traduzem preguiça e dificuldade, e sim alegria e decisão.

Quem segue a Deus e está cheio de seu espírito, caminha de coração alegre, de ânimo aberto, mesmo por estradas fatigantes.”(1)

 

 

(1)              Comentário do Missal Cotidiano - passagem do Evangelho de Lucas (Lc 1,39-45) - pág. 91

Com Maria, sempre podemos contar

                                                       

Com Maria, sempre podemos contar

Sejamos enriquecidos por uma das Homilias escritas pelo Venerável Presbítero São Beda (séc. VIII), sobre a visita de Maria a sua prima Isabel (Lc 1,39-56), na qual Isabel contempla Maria, aquela que engrandece o Senhor que nela agiu por meio do Espírito Santo.

Os dons que foram por Deus concedidos a Maria, e os benefícios universais com os quais Deus favorece a humanidade:

Minha alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador (Lc 1,46). Com estas palavras, Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons que lhe foram especialmente concedidos; em seguida, enumera os benefícios universais com que Deus favorece continuamente o gênero humano”.

Como engrandecer o Senhor, ou seja, como glorificá-Lo:

“Engrandece o Senhor a alma daquele que consagra todos os sentimentos da sua vida interior ao louvor e ao serviço de Deus; e, pela observância dos mandamentos, revela pensar sempre no poder da majestade divina”.

Maria, modelo de  perfeito amor espiritual a Deus:

“Exulta em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas na lembrança de seu Criador, de quem espera a salvação eterna. Embora estas palavras se apliquem a todas as almas santas, adquirem contudo a mais plena ressonância ao serem proferidas pela santa Mãe de Deus. Ela, por singular privilégio, amava com perfeito amor espiritual Aquele cuja concepção corporal em seu seio era a causa de sua alegria”.

Maria exulta em Jesus, O Autor da Salvação nascido em sua carne:

“Com toda razão pôde ela exultar em Jesus, seu Salvador, com júbilo singular, mais do que todos os outros santos, porque sabia que o autor da salvação eterna havia de nascer de sua carne por um nascimento temporal; e sendo uma só e mesma pessoa, havia de ser ao mesmo tempo seu Filho e seu Senhor”.

A confiança de Maria em Deus que age em nós nos transformando:

“O Poderoso fez em mim maravilhas, e santo é o seu nome! (Lc 1,49). Maria nada atribui a seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis, pequenos e fracos, em fortes e grandes”.

Com Maria aprendemos a participar da santidade divina e da verdadeira Salvação:

"Logo acrescentou: E santo é o seu nome! Exorta assim os que a ouviam, ou melhor, ensinava a todos os que viessem a conhecer suas palavras, que pela fé em Deus e pela invocação do seu nome também eles poderiam participar da santidade divina e da verdadeira salvação. É o que diz o Profeta: Então, todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo (Jl 3,5). É precisamente este o nome a que Maria se refere ao dizer: Exulta meu espírito em Deus, meu Salvador."

Porque cantamos o Magnificat nas Vésperas todos os dias:

"Por isso, se introduziu na Liturgia da santa Igreja o costume belo e salutar, de cantarem todos, diariamente, este hino na salmodia vespertina. Assim, que o espírito dos fiéis, recordando frequentemente o Mistério da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e, lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira santidade. E pareceu muito oportuno que isto se fizesse na hora das Vésperas, para que nossa mente fatigada e distraída ao longo do dia por pensamentos diversos, encontre o recolhimento e a paz de espírito ao aproximar-se o tempo do repouso”.

Vivemos agora o tempo do combate, do testemunho, da vivência de nossa fé, e podemos aprender e contar com Maria sempre presente conosco.

Se por vezes nos sentirmos fatigados e distraídos ao longo do dia por problemas e desafios a serem superados, encontremos no "Magnificat" a força necessária para mantermos viva a nossa fidelidade ao Senhor e ao Seu Projeto de vida plena para todos nós.

O véu da noite e os raios do sol

                                                             

O véu da noite e os raios do sol

Aquela noite não foi surpresa para ti,
Porque acompanhaste cada passo do teu Filho,
Antes mesmo d’Ele dar os primeiros passos.

Aquela noite foi mais um trespassar da espada,
Em tua sofrida e silenciosa alma, ferida de amor,
Na fidelidade a Deus, desde aquele teu silêncio e “Sim”.

Aquela noite foi a mais difícil de suportar,
O véu da noite caiu silenciosamente,
Como que te encobrindo e protegendo de dor e sofrimento.

Naquela noite, as lágrimas que em tua face vertiam,
Brilhavam pelo efeito das estrelas que o céu cobria.
Cada lágrima, uma luz acesa a iluminar a escuridão do mundo.

No dia seguinte, em silêncio, toda contida,
À espera da promessa da Ressurreição ao terceiro dia,
A cada minuto esta esperança crescia.

Silêncio sempre tomando conta do teu imaculado coração,
Coração de mãe, mulher em Deus confiante e cheia de esperança:
Não pode vencer para sempre o mal, nem a morte ter última palavra.

Naquele amanhecer do terceiro dia, os raios brilharam mais fortes.
E não surpresa foi para ti, pois sabes bem em quem confias.
Mais fortes, porém, foram os Raios do Sol Nascente, Ressuscitado.

Naquele amanhecer, teus olhos brilharam bem mais fortes,
Resplandecendo a alegria da gloriosa Ressurreição de teu Filho.
Teus lábios, que cantaram o Magnificat, não cantaram em vão.

Naquele amanhecer, a alegria transbordante em teu coração;
Com os discípulos do Senhor, para sempre haverá de caminhar,
Por isto és por todo o sempre, a Estrela da Evangelização.

Contigo, ó Maria, reaprendemos sempre novas e eternas lições:
Ao cair o véu da noite, nos ensinaste a coragem, confiança e serenidade.
Ao nascer do novo dia, com os raios do sol, a esperança, a alegria, a Ressurreição.

Fixemos nosso olhar no olhar de Maria

 


Fixemos nosso olhar no olhar de Maria


Contemplemos Maria como a mulher da alegria, da dor e do esplendor e da glória.


Contemplamos os mistérios da anunciação, morte e ressurreição:  Mistérios gozosos, dolorosos, gloriosos.
 
No Evangelho de Lucas (1,26-38), Maria é nos apresentada como mulher simples do povo; nada de extraordinário aos olhos da humanidade, mas muito especial aos olhos de Deus. Preservada do pecado; escolhida para ser a Mãe do Redentor.
 
Mãe Daquele que pelo mistério da ação do Espírito Santo nela Se encarna.
 
No mistério da cruz, mistério do amor de Deus Se entrega e Se doa, em amor que ama até o fim.
 
Mistério da Ressurreição que acalenta e anima nossa caminhada que transcende o tempo presente e até mesmo a morte.
 
Aquele que em Maria Se encarnou e o sangue na cruz por nós derramou, regou a vinha do Senhor que somos, para frutos de paz, justiça e amor produzir…
 
Fixemos nosso olhar no olhar de todos os olhares que para Deus se voltaram.
 
Contemplemos o olhar de Maria que os mais diversos momentos vivenciou e jamais a Deus se fechou.
 
Contemplemos o olhar de Maria, diante do arcanjo Gabriel que lhe anuncia que será Mãe do Salvador. Olhar de dúvida, incompreensão e, por que não, de medo, mas de sinceridade e confiança e transparência, com certeza…
 
Indaga ao anjo como assim pode ser?
 
Olhar iluminado pelo Mistério revelado e compreendido e que lhe faz ressoar o SIM que mudou a história da humanidade: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim conforme a Vossa vontade” (Lc 1,38).
 
Como não contemplar o olhar dos olhares que o menino em seu ventre acolheu e acarinhou?
 
Olhar que na criança deitada na manjedoura o Verbo de Deus reconheceu, nos ofereceu e nos apresentou.
 
Olhar de Mãe Maria que o procurou quando no templo, aos doze anos se perdeu.
 
Olhar que procura o filho, olhar de tantas mães que procuram seus filhos.
 
Olhar que o viu crescer dia a dia em tamanho, graça e sabedoria diante de Deus.
 
Olhar de Maria silenciosamente contemplando a pregação de Seu Filho, na planície e na montanha.
 
Olhar que maravilhou-se, incontáveis vezes, por tudo que falava; por tudo que fazia.
 
Olhar de Maria que o procurou e encontrou mergulhado em noites de vigília e oração.
 
O Olhar da mãe de todas as mães, que não se fechou e não se amedrontou, nem se acovardou no mistério de Sua Paixão e Morte.
 
Olhar lacrimoso, dolorido, sentido, vendo seu Filho covardemente condenado, desprezado, humilhado, desfigurado, das roupas despojado, sangue e suor derramados…
 
Olhos abertos contemplando mistério de iniquidade, mas mistério maior de amor e fidelidade: O mal não pode ter a última palavra.
 
Também seus ouvidos acolhiam gritos e lamentos, que ecoaram da boca de Seu Filho e de todos os seus filhos em todos os tempos!
 
Olhar que o acompanhou e o testemunhou na cruz: Pelos pregos cravados, coração trespassado.
 
Água e vinho verteram: nascimento e alimento ao mundo também ricamente oferecidos e em cada Eucaristia celebrados.
 
Olhar de Maria que pelo mistério da fé contemplou Sua descida a mansão dos mortos, para romper as correntes do pecado, dominar também as forças diabólicas do inferno – diabo e morte vencidos.
 
O olhar de Maria que jamais perdera o brilho, reluziu na madrugada da Ressurreição. A vida venceu a morte.
 
Olhar de Maria, olhar de quem crê na Vida Nova do Filho, Ressuscitado pelo Pai, que por Amor, no Amor e pelo Amor (Espírito Santo) jamais o abandonou.
 
Contemplemos o olhar de Maria nas primeiras vezes em que o apóstolo dizia: “Tomai todos, isto é meu corpo… Tomai todos, isto é o meu sangue” (Atos 1).
 
Aquele mesmo corpo que acolheu em seu ventre, agora ali diante dos olhos, no mistério da matéria transubstanciada: Mistério de fé, Mistério da Ceia, Mistério da Eucaristia.
 
Ela contemplando as marcas dos pregos no corpo do Ressuscitado!!! Que alegria tomou o coração de Maria.
 
Depois, Maria contemplando Sua subida aos céus, para que depois, um pouco depois, ela também aos céus fosse assunta, por Deus coroada.
 
 
Olhar de ternura, alegria, confiança, simplicidade, esperança, bondade, fraternidade, humanidade, solidariedade, amor, bondade, fidelidade, perdão, compreensão, mansidão…
 
Olhar que transcende a realidade da morte, porque és portadora e crente da Boa Nova da Ressurreição!
 
É deste olhar que precisamos, por isto mais, do que nunca, é tempo de fixarmos nosso olhar no olhar de Maria…
 
Somente com um olhar assim é que o mundo haveremos de mudar, a começar de nós mesmos!
 
Nada veremos de novo se, em primeiro lugar, não convertermos nosso olhar.
 
Maria te suplicamos: 

Vem conosco caminhar para que tragas marcas, tantas e incontáveis, de teu olhar!
 
És Maria, mulher possuidora do olhar de todos os olhares.
 
És Rainha, és Senhora: “Volvei para nós estes vossos olhos misericordiosos…”
 
Salve Rainha, Mãe de Misericórdia...
 

A força de que tanto precisamos…

                                                   

A força de que tanto precisamos…

Vida: mistério de alegria e dor, angústia e esperança. 
Morte: mistério que nos desafia e nos acompanha,.
Não só na maturidade, medo presença no coração da criança. 
Morte e Vida, Vida e Morte, duelo de força tamanha.

Nascimento de uma criança, obra do Deus da vida,
Crescimento da mesma: um Projeto que se realiza. 
Intimidade, amizade divina sempre amadurecida,
Que mais a criatura aberta ao Criador precisa?

Enfermidades, dificuldades, obstáculos, fracassos, corrupções,
Ausências, carências, demências que às vezes nos rodeiam,
Objetivos não alcançados, horizontes estreitados, decepções, 
Êxitos alcançados, certezas na vida que nos norteiam.

Para que a vida não seja apenas um mero existir, 
E tão pouco, para sempre, um fardo  a carregar.
Uma causa boa para morrer é preciso descobrir, 
Por esta mesma causa, na vida, com alegria se entregar.

Força, luz, princípio, impulso a humanidade contemplou:
A Vida Nova irradiada na Madrugada da Ressurreição. 
O Verbo que Se Encarnara, na Cruz morrera: Ressuscitou
E o Amor vivido até o fim tornou-se força e motivação.

A Ressurreição, força dos pobres em espírito, 
Que somente em Deus se entregam e confiam;
Sonham, lutam de coração simples e contrito. 
Ressurreição que os horizontes ampliam.

Assim como a Ressurreição é a força dos pobres, em Deus tementes, 
A vida dos pobres é nas mãos de Deus Sua força evangelizadora. 
Com pescadores, pecadores humildes, lançou as primeiras sementes, 
Do anúncio da Boa Nova, a comunidade se fez portadora.

Há uma força que no Evangelho, rezamos e contemplamos (Lc 8,1-3) 
Maria Madalena, Joana, Suzana, por Jesus chamadas,
Muitas outras mulheres, excluídas da religião do templo, 
Mas por Jesus acolhidas, amadas, valorizadas e reintegradas...

Boa Nova da Ressurreição, força que nos sustenta. 
Que é a âncora para quem da vida não foge e se compromete;
Força que misteriosamente nos revigora e alimenta,
Vitória certa porque Deus cumpre o que ao crente promete.

A fé na Ressurreição não é saudosismo inútil do paraíso. 
Fé na Ressurreição é o alargamento de horizontes.
Sim, alargar horizontes e com o Reino revigorar compromissos,
Por amor à humanidade edificar novas pontes.

No silêncio da inesquecível madrugada se anunciou, 
Que foram vencidas as horríveis trevas do pecado,
E da mansão dos mortos, por amor nos resgatou, 
Para que de todas correntes fôssemos libertados.

Contemplemos o duelo na Cruz em favor da vida, 
Naquela Arvore da vida o paraíso foi reaberto,
O inferno derrotado, diabo ferido, morte vencida,
Prisões dos infernos arrebentadas, estejamos certos.

Contemplemos o lado do Crucificado e Ressuscitado, 
Do qual Sangue e Água abundantes jorraram, 
Para que o mundo, do pecado, fosse lavado e recriado. 
E mais: Nascimento e Alimento de Seu coração brotaram!

Na madrugada da Ressurreição somente o silêncio viu a vida vencer a morte. 
À toda humanidade se conferiu nova aurora de alegria e esperança; 
A maldade, pecado, condenação e Cruz foram caladas, o amor falou mais forte, 
Naquela aurora se anunciou em quem devemos colocar nossa confiança.

Não houvesse Cristo Ressuscitado, nossa fé seria nula e vazia. 
Amor, verdade, justiça e paz discursos nada convincentes,
Evangelho palavra morta, vida sem luz, música sem melodia,
Suas testemunhas inexistentes, no vale de morte padecentes.

Ressurreição: de Deus é a Palavra última que se ouviu. 
Jesus que ao fundo da miséria humana desceu porque morreu, 
Porta para a eternidade à humanidade reabriu. 
À direita do Pai, com e no Espírito, a Vida a Morte Venceu!

No eterno encontro amoroso da Trindade Santa, 
Há algo que ressoa em nosso íntimo mais profundo,
Com os anjos e arcanjos toda humanidade canta, 
O Amor que nos amou até o fim é a Salvação do mundo.


PS: Texto inspirador da música “A força de que tanto precisamos” do CD Suave Brisa Divina.

Devoção a Maria, compromisso com a vida digna, plena e feliz

                                                         

Devoção a Maria, compromisso com a vida digna, plena e feliz

“Sua misericórdia se estende de geração em geração,
 a todos os que o temem” (Lc 1,50)

O mês de maio é especialmente dedicado à Maria, Mãe de Jesus, porque ela está sentada no mais alto cume das virtudes, repleta do oceano dos carismas divinos, do abismo das graças, como nos ensina a Igreja.

Voltemos o nosso olhar para Maria, e nos reportemos ao canto do “Magnificat” (Lc 1,39-56), que nos ajuda a reler os fatos e a história, comunicando os necessários raios de luz do Espírito Santo, sobretudo nos momentos difíceis por que passamos, em todos os âmbitos (político, econômico, social, cultural).

Maria, cheia do Espírito Santo, em visita à sua prima Isabel, foi a primeira comunicadora de palavras de fé e esperança: – “doravante todas as gerações me chamarão de bendita...”. É o cântico da esperança dos pobres e humildes. Em Maria, “a comunicação e a misericórdia fazem o verdadeiro e fecundo encontro”, tema que o Papa Francisco nos propôs em sua Mensagem para o 50º Dia Mundial das Comunicações (2016).

Maria proclama uma tríplice ação de Deus na história: a derrubada de situações humanas falsas, restaurando a humanidade na salvação. No campo religioso, a derrubada da autossuficiência humana, da soberba; no campo político, a derrubada dos poderosos e a exaltação dos humildes; no campo social, a despedida dos ricos e a promoção da verdadeira partilha, solidariedade, fraternidade.

Tudo isto é a expressão da “misericórdia divina que se estende de geração em geração”, como ela cantou, e deste modo, nos revela o caminho para a perfeita realização das virtudes teologais, e assim, sejamos misericordiosos como o Pai.

Envolvidos pela misericórdia divina, que é eterna, ela nos ensina a viver a féEis a serva do Senhor” – o segredo da fé sem falha, em perfeita conformidade à vontade divina; a dar a razão de nossa esperança: - “Nada é impossível a Deus” na incondicional confiança em Deus em tudo e em todos os momentos, favoráveis ou adversos; e assim seremos instrumentos da caridade – “Maria pôs-se a caminho apressadamente” – a caridade e a disponibilidade missionária para servir e comunicar o Amor e a presença de Deus.

Maria nos ensina, portanto, a nos deixar envolver pela misericórdia divina, e assim, não vacilaremos na fé, nem esmoreceremos na esperança e tão pouco esfriaremos na caridade (Papa Leão Magno - séc. V).

É com nosso olhar em Maria, e contando com o seu olhar de ternura, que acompanha nossos passos como discípulos missionários do Verbo que Se fez misericórdia e habitou entre nós, Jesus, que renovamos nossos sagrados compromissos com a Boa-Nova do Reino, procurando firmar os passos na ação evangelizadora.

Que a autenticidade de nossa devoção a Maria, sublime comunicadora da misericórdia divina, seja confirmada pelo alegre e corajoso anúncio e testemunho do Evangelho, comprometidos na construção de um novo céu e uma nova terra, procurando transformar sinais de tristeza em alegria, de desânimo em coragem, de morte em vida. 

A exemplo de Maria, sejamos conduzidos e assistidos pelo Espírito Santo, a nós enviado, desde aquele memorável dia de Pentecostes, com o nascimento da Igreja, continuando a missão do Ressuscitado, em incondicional fidelidade ao Pai, que nos criou por amor para sermos felizes, na medida em que nos comprometemos com a felicidade e vida digna do outro.

Maria, sempre Maria!

                                                                

Maria, sempre Maria!

Quanto mais dela falo, nada ainda disse...
Quão forte sua voz! Quão doce seu canto!

Maria, sempre Maria!

Ela é por excelência a Cantora Divina:
Canta com alegria, confiança e esperança.
Basta de cantos tristes, nefastos lamentos!
Cantar com Maria com alma de criança...

Que canta na fidelidade incondicional ao Pai,
Na acolhida e amor irrenunciável pelo Filho Jesus,
Confiante na docilidade da ação e presença do Espírito.
Canto que revigora, ilumina, facho imensurável de luz!

Ainda que algumas vezes nos encontremos desanimados
Sob as cinzas de possível incredulidade, fragilizados,
Na indiferença, omissão, indignação ou apatia política;
O Magnificat mantém acesa a menor centelha de luz! 

Com Maria sonhamos e cantamos o Mundo Novo a cada dia,
E com ela aprendemos que a mais ousada profecia.
É o compromisso com o Deus da vida e dos empobrecidos,
Reavivando a chama de quem em nada mais acredita.

Quem melhor que ela multiplicou alegrias?
Quem, a seu exemplo, o mesmo incansavelmente faz?
Atenua desesperos e refaz sonhos, reaponta novos caminhos.
Com ela, Mãe das Dores, suportemos as dores dos espinhos.

Maria não só cantou a esperança dos pobres,
Desta realização com intensidade participou.
Dedico estas palavras a quem também assim o faz,
Quem com o Mundo Novo sonha, Mundo Novo de paz!

Maria, sempre Maria!

Que este singelo poema seja uma centelha de luz;
Que para ti seja uma nota ao menos de alegre canto;
Que teus pés sejam fortalecidos, rumos reorientados, animado, acalmado,
Seque eventuais lágrimas, não se eternize o pranto!

Quanto mais dela falo, mais a venero e amo.
Quão forte sua voz! Quão doce seu canto!
Quem melhor, sob a ação do Espírito Santo,
Poderia nos dizer: “Fazei tudo o que Ele vos disser”?(Jo 2,5)

Maria, sempre Maria!
Quanto mais dela falo, nada ainda disse...

Quem melhor que tu, ó Maria?


Quem melhor que tu, ó Maria? 

 “Ó Maria, aurora de um mundo novo, vem
nos ensinar a acolher, a celebrar e a testemunhar!”

Contigo, ó Maria, o aprendizado é eterno, jamais se esgota, para quem se colocou na perspectiva de aprender e  reaprender…

Há sempre algo a ser reaprendido, uma vez que algumas coisas são passíveis de mudança, carregando em si o germe da superação, adaptação, atualização…

- Quais são as coisas que devemos aprender e reaprender?
- Com quem podemos aprender e reaprender?

A história tem seus mestres que não ousaram simultaneamente o discipulado. Em cada mestre há um discípulo, um eterno aprendiz…

Mas, quem melhor do que tu, ó Maria para nos ensinar?
Falaste o que praticaste, praticaste o que ensinaste!

- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ensinar e nos ajudar a aprender o que ainda não conhecemos?
- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ensinar aquilo que nos possibilita ser melhor?

- Quem melhor que tu, ó Maria, para nos ajudar a reaprender o que, eventualmente, possamos ter escondido, ou condenado à inatividade, ao esquecimento, às cavernas escuras que possuímos?

- Quem melhor do que tu, ó Maria, para nos ensinar algumas coisas que aprendemos e que nos acompanha por toda a vida e outras que só descobriremos na outra vida?

Contigo, aprendamos a contemplar os lírios do campo e os pássaros; aprendamos a vida frugal, simples e a confiança na providência divina, como aprendestes com o Mestre e Salvador, teu Filho.

Contigo, olhemos para as crianças e aprendamos a simplicidade, a pureza, a confiança, a sinceridade…

Reaprendamos a sonhar, a romper a barreira do que é aparentemente impossível, renovando a energia e a vitalidade, num incansável se consumir, na certeza de que em apenas algumas horas, tudo será possível repetir.

Como um coração de criança, as tantas preocupações não lhe roubam a possibilidade de melhor viver e se divertir.

Contigo renovamos nosso olhar para com os mais vividos e aprendemos a valorizar suas histórias vividas, sem imputar-lhes censuras, mas com a paciência necessária, ouvir e acolher aquilo que ainda faz sentido para repensar o nosso existir.

Aprendermos que cabelos brancos não vieram por acaso, devem no mínimo expressar a ousadia de ter vivido, a vida ter enfrentado, com a morte e o fim se defrontado incansavelmente. Aprender com suas histórias, aprender com seus erros e acertos, sem prejuízos…

Contigo, poetisa de Deus, aprendemos a sonhar, reencantar, nas entrelinhas das palavras, beleza diferente saborear.

Aprendemos com o teu olhar que a frieza e a dureza de uma pedra podem ser a consistência e a firmeza que tanto buscamos.

Ensinas os místicos que se elevam com a fumaça do incenso, saindo da mesmice do cotidiano, fazendo subida e mergulho no Mistério do Absoluto.

- Ó Maria, quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender que a vida é muito mais que a materialidade vista?

- Quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender sobre naturalidade da vida, em sadia espiritualidade, no encontro com o Absoluto – Deus?

- Quem melhor que tu para nos ajudar a reaprender os princípios vitais de toda  pessoa: amor, verdade, justiça e liberdade?

Contigo aprendemos a colocar acima de tudo a vontade divina, para que melhor saibamos crescer e dominar o universo, sem o imperdoável esgotamento de suas riquezas.
Reaprendemos que dominar o planeta, o universo não é sinônimo de prepotência, uso inconsequente das riquezas que em nossas mãos foram colocadas.

Contigo, Rainha da Paz, aprendemos que a humanidade deve por fim às guerras, para que não aconteça o inverso.

Quem melhor do que tu para nos ensinar a linguagem do Espírito, que é a linguagem do amor,  que une povos e nações?

Contigo, que sabes falar as línguas de todos os povos, mais que reaprender regras ortográficas anunciadas, podemos aprender a verdadeira e indispensável comunicação que é a relação pessoal, diálogo, conversas edificantes: com trema ou sem trema, com hífen ou sem hífen, com acento ou não…

Quem melhor que tu, cantora da esperança dos pobres, para nos ajudar a reaprender com os utópicos e militantes que não se curvam à ditadura, que outro mundo é possível?

Contigo temos que tomar consciência de que a inevitável globalização tem seus aspectos positivos, que não podem ser negados (comunicação, locomoção, maiores acessos em todos os sentidos, agilidade, mais informações, a informatização, a virtualidade etc.), mas que há ainda algo que contigo podemos aprender: globalizar as possibilidades, superar disparidades e desigualdades, numa palavra, globalizar a solidariedade.

Quem melhor que tu para nos ensinar a aprender com os recuos das ondas, que fazem de cada recuo um ponto para um novo avanço, uma nova etapa...?

Ó como é bom aprender contigo, Mãe e Mestra!

"Salve, Rainha”

                                                              


"Salve, Rainha”

“Salve, Rainha”, uma oração milenar de súplica a Nossa Senhora. Com expressões pouco comuns ao nosso vocabulário, retrata situações de dor, solidão, dificuldades enfrentadas em todos os âmbitos.

É também uma homenagem a Maria, que veneramos como Rainha do Céu, da humanidade e da paz, ressaltando algumas de suas virtudes, conforme relatos dos Evangelhos: doçura, misericórdia, clemência e piedade.

“Salve, rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa! Salve!”
“Salve”! Saudamos a ti, ó Mãe e Rainha do céu e de todo o mundo, de toda a humanidade, em todos os tempos e lugares.

Estás acima de todas as mulheres, mas não distante de nós, porque nos amas como Mãe, e tens amor especial pela vida de todos nós, porque foste e serás sempre sinal de “doçura” e “esperança”, como vimos, sobretudo, ao visitar tua prima Isabel.

Tu és a Mãe que podemos procurar em todos os momentos de nossa vida, sempre pronta a nos socorrer com amor e misericórdia, como fizeste no primeiro sinal de Jesus em Caná da Galileia.

“A vós bradamos, os degredados filhos de Eva.”
A ti bradamos, pedimos socorro, suplicamos em todos os momentos, porque sabemos que estás junto do teu amado Filho e sempre pronta a caminhar com os “degredados” da história, os que são privados da liberdade, afastados de sua gente, de seu país, migrantes, desterrados, por inúmeros fatos, em realidades de flagelo, fome, miséria, dor, enfermidades e morte.

Tu, que disseste “sim” a Deus para ser a Mãe do Salvador, teu Filho, Jesus Cristo, que nos recuperou a filiação que havíamos perdido no Paraíso, pela desobediência de Eva, mãe de todos os viventes, e Adão, o primeiro da criação, o primeiro casal humano criado por Deus.

“A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas.”
A ti continuamos suplicando, já não mais com palavras, mas com suspiros, gemidos e choros e lágrimas, porque muitas são as dificuldades, dores, tentações a serem enfrentadas e vencidas cotidianamente, na fidelidade ao teu Filho, para que tenhamos vida plena e feliz.

“Eia, pois, advogada nossa...”
Contigo, sempre avante, pois ao te contemplarmos, sentimos renovar em nós o ânimo, o estímulo, a coragem. Sabemos que podemos contigo contar, porque estás sempre pronta a nos ajudar; és nossa advogada, e, com solicitude, nos defenderás, nos recomendando a Deus. Suplicamos em oração tua materna proteção, com o Paráclito que vem em nosso divino auxílio, o Santo Espírito, que em ti agiu e fez maravilhas, te concebendo e fazendo de ti a mãe do Salvador.

“Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei!”
Maria, pedimos que voltes para nós teus olhos cheios de piedade, graça e perdão; contamos com teu valioso e indispensável auxílio, pois, como Mãe, tu amparas, guardas e proteges teus filhos.

“E depois deste desterro...”
Tu que soubeste o gosto do “desterro”, da fuga necessária para salvar teu Filho no Egito, experimentaste, longe de tua pátria, a solidão, o isolamento e, melhor que ninguém, tens sabedoria para nos ensinar a confiar e a construir um novo céu e uma nova terra, como peregrinos que somos enquanto aqui vivemos.

“Mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre...”
Suplicamos a ti, ó M  ãe, ajuda-nos a fim de que nos mantenhamos firmes e corajosos, seguindo sempre os ensinamentos de teu Filho, Jesus, para que tenhamos d’Ele mesmos pensamentos e sentimentos (Fl 2, 5), totalmente a Ele configurados, de modo que possamos dizer: Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim.”  (Gl 2, 20).

“Ó clemente, ó piedosa, ó doce, sempre Virgem Maria!”
Tu és a pura expressão da doçura e da bondade; estás assentada no cume das virtudes; és abismos de graças, oceano de carismas, como nos falou Santo Amadeu.

“Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.” 

A ti, que és Mãe e Rainha, fazemos um último pedido: recomenda-nos  ao teu Filho, Jesus, Rei e Senhor do Universo, para que mereçamos receber um lugar no Seu Reino. Amém.

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