quinta-feira, 30 de maio de 2024

“Senhor, eu não sou digno…”

                                                         

“Senhor, eu não sou digno…”

Em todas as Missas, quando o padre diz: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”, a assembleia responde: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.

Ela se fundamenta na passagem do Evangelho (Lc 7,1-10; Mt 8,5-11; Jo 4,46-54), em que um centurião ao encontrar Jesus disse-lhe: “Senhor, tenho em casa um criado com paralisia, que está com muitas dores”. Jesus disse-lhe: “Eu vou lá curá-lo”.

O centurião respondeu: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa, mas dizei uma só palavra e meu servo ficará curado”. Então Jesus disse: “Vai e faça-se como crês”. Nessa mesma hora, o criado ficou curado.

Façamos um paralelo à luz da visita de Jesus na casa de Zaqueu (Lc 19,1-10) –“Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa”. E no final do encontro, da hospedagem e da acolhida de Jesus, houve a concretização de sua conversão com os propósitos de mudança e restituição dos bens defraudados, bem como a partilha da metade de seus outros bens e assim Zaqueu pode escutar a mais bela notícia da própria boca de Jesus: “Hoje a salvação entrou nesta casa, porque você também é um filho de Abraão! Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido”.

“Desce depressa” é o convite de Jesus. Ele visitou a casa de um centurião, de um chefe de cobrador de impostos; casa não muito recomendada, a ponto de arrancar murmurações e despertar incompreensões. Mas o agir de Deus ultrapassa todas as medidas, sobretudo as medidas mesquinhas de nossos julgamentos, conceitos e preconceitos.

A misericórdia divina rompe os limites de nossa visão,  faz novas todas as coisas e todas as pessoas. Ela é para ser acolhida, experimentada, jamais aprisionada, sobretudo em nossas mãos que, por vezes, se fecham; não cabe em nosso coração, que por vezes, se apequena; não cabe em nossa mente, porque é limitada.

Reflitamos:

- Merecemos receber Jesus em nós?
- Merecemos recebê-Lo em nosso coração?
- Somos dignos de acolhê-Lo em vasos de argila que somos?
- Somos a perfeição em pessoa?
- Somos melhores do que os outros?
- Já somos a santidade consumada, sacramentada para sempre?
- Já estamos no auge da conversão concretizada e irrevogável?

Oremos:

Senhor, não merecemos recebê-Lo, mas sois infinitamente bom, misericordioso, cheio de amor por nós. 

Vós que tendes poder sobre tudo e sobre todos.

Vós que sois infinitamente superior à nossa miserável condição humana, diga apenas uma Palavra e seremos salvos. 

Só Vós tendes Palavras de vida eterna. Só Vos podeis romper nossa surdez.

Só Vós podeis restituir nossa visão para que vejamos, com os olhos de Deus.

Só Vós podeis adentrar o mais profundo de nós, em nossa intimidade, em nosso coração. 

Só Vós podeis, com uma Palavra apenas, nos purificar, nos possibilitar a mais bela acolhida, a acolhida de  Vós, no Pão da Eucaristia, o Corpo do Senhor.

“Graças e louvores se deem a todo o momento, ao
Santíssimo e Diviníssimo Sacramento…”.

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