quinta-feira, 2 de maio de 2024

Caridade: semente de um novo amanhecer

                                                                    

                         Caridade: semente de um novo amanhecer

A Carta escrita aos Coríntios pelo Papa São Clemente I (séc. I) é oportuna para que reflitamos e fortaleçamos os vínculos da caridade a serem vividos na comunidade.

“Quem tem a caridade em Cristo, que cumpra os Mandamentos de Cristo! Quem poderá descrever o laço da caridade de Deus? Quem conseguirá discorrer sobre a perfeição de sua beleza? É indizível a profundeza a que nos leva a caridade, nossa união com Deus.

A caridade cobre uma multidão de pecados, a caridade tudo suporta, tudo tolera com paciência. Não há nada de sórdido nem de soberbo na caridade.

A caridade não tolera a divisão, não provoca revolta. A caridade tudo faz na concórdia. Na caridade todos os eleitos de Deus são perfeitos.

Sem a caridade nada é aceito por Deus. Na caridade Deus nos assumiu para si. Pela caridade que tem para conosco, nosso Senhor Jesus Cristo, obediente à vontade divina, por nós entregou o Seu Sangue, a Sua Carne, por nossa carne, a Sua alma, por nossa alma.

Bem vedes, caríssimos, como é grande e admirável a caridade e impossível descrever toda a sua perfeição. Quem merecerá ser encontrado nela, a não ser aqueles que Deus quiser tornar dignos?

Oremos, pois, e peçamos-lhe misericórdia, a fim de estarmos na caridade, sem culpa e sem qualquer interesse puramente humano.

Passaram todas as gerações desde Adão até a presente. Mas aqueles que, pela graça de Deus, atingiram a perfeição da caridade, alcançam um lugar sagrado e serão manifestados na vinda do Reino de Cristo.

Porque está escrito: ‘Entrai por um pouco de tempo em vossos aposentos, até que passe minha cólera e meu furor; e lembrar-me-ei dos dias bons e erguer-vos-ei de vossos sepulcros’.  

Caríssimos, se cumprirmos os Preceitos do Senhor na concórdia e na caridade somos muito felizes, porque por elas nossos pecados serão perdoados. Como está escrito: ‘Feliz aquele cuja iniquidade foi perdoada, cujo pecado foi absolvido. Feliz o homem a quem o Senhor não argui de falta, e em cujos lábios não há engano.’

 A proclamação desta felicidade atinge os que, por Jesus Cristo, nosso Senhor, são eleitos de Deus; a quem seja a glória pelos séculos sem fim. Amém.”

Esta Carta nos remete necessariamente à Carta de Paulo aos Coríntios (1 Cor 13) – “Ainda que eu falasse a língua dos anjos e dos homens sem amor eu nada seria”, o hino da caridade, como é conhecido.

Roguemos a Deus para que nos envie o Seu Espírito de Amor, para que, na fidelidade à Palavra do Seu Filho, fortaleçamos os vínculos da concórdia entre nós, bem como para conduzir e iluminar a humanidade na procura de caminhos de concórdia e de paz, em que atos de violência, terrorismos motivados por fundamentalismos não se multipliquem nos noticiários.

Que no fortalecimento destes vínculos, movidos pela caridade, também procuremos caminhos necessários para a superação da pecaminosa desigualdade social, que ainda persiste no mundo todo, e que a cultura de morte ceda à cultura da vida, da partilha, da solidariedade, como tem insistido o Papa Francisco.

Somente a caridade vivida é que nos permitirá vislumbrar um amanhecer diferente: a esperança não será jamais ilusão, quando nos deixarmos mover pela caridade, sobretudo para quem professa a fé no Senhor.

Ainda que não se professe a fé, vivemos de esperanças e utopias; novas realidades, novos sonhos, que tão somente possíveis serão, se a caridade não for olvidada e tão pouco banida dos espaços de convivência e decisões.

Mais uma vez lembramos as palavras do Apóstolo Paulo:  “Revesti-vos da caridade porque a caridade é o vínculo da perfeição” (Cl 3,14).

E, para que a caridade se inflame em nosso coração, ainda nos dirá: 
A caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,10).

Viver a caridade é como plantar as mais belas sementes, para que se floresçam as mais belas flores da alegria, com vida abundante, harmonia e paz para todos.

Nada mais a dizer, muito a amar!

(1) Liturgia das Horas – Vol. III – pág. 73-74 - Da Carta aos Coríntios, de São Clemente I, Papa (Séc. I).

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