domingo, 7 de abril de 2024

“Recebei o Espírito Santo” (IIDTPA)

“Recebei o Espírito Santo” 

"Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro
e o Último, Aquele que vive.” (Ap 1,17-18)

A Ressurreição do Senhor é o fundamento de nossa fé e, ao mesmo tempo, a verdade que nos impulsiona no anúncio e testemunho da Boa Notícia do Reino inaugurado por Jesus Cristo; Aquele que morreu e Ressuscitou e está sentado à direita de Deus, na plena comunhão com o Pai e o Espírito.

Desde os primeiros dias da Morte de Jesus, foi a verdade da Ressurreição que fez os discípulos recobrarem as forças, porque sentiram a Sua presença vitoriosa. Uma verdade tão presente nas Sagradas Escrituras que retomo três passagens, para nos orientar, iluminar e conduzir nesta reflexão.

A primeira refere-se àquele primeiro dia da semana, em que os discípulos estavam com as portas fechadas por medo dos judeus. Eles estavam sem a presença d'Aquele no qual depositaram toda a confiança e a esperança. Parecia que os sonhos e as promessas foram sepultados juntamente com o corpo de Jesus, e não se vislumbrava um caminho e uma continuidade (Jo 20, 19-31).

A segunda passagem, temos a presença do Senhor Ressuscitado, entrando, ainda que as portas estivessem fechadas, pois nada pode impedir Sua ação e presença, é a comunicação da verdadeira paz - "Shalom". Ocupando o centro da comunidade, Ele, com o sopro, comunica o Espírito Santo, para que os discípulos saíssem em missão para perdoar ou reter os pecados. Numa palavra, ser presença e instrumento em nome d'Aquele que vive e Reina para sempre: Jesus Ressuscitado (At 5,12-16), para que as maravilhas de Deus jamais cessassem.

A terceira remete-nos à visão que o Evangelista teve na prisão, escrevendo as primeiras páginas do Livro do Apocalipse. João viu alguém semelhante ao "Filho do Homem" entre sete candelabros de ouro, vestindo uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito. É para nós o Cristo Glorioso, Ressuscitado e Suas palavras ressoam em nós: "Não tenhas medo. Eu
sou o Primeiro e o Último, Aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para sempre. Eu tenho a chave da morte e da região dos mortos"
 (Ap 1,17-19).

Num mundo em mudança de época, vivemos momentos dificílimos, em âmbitos internacional, nacional (e que também constatamos em nossa cidade), marcados pela corrupção, descrédito com a política ou naqueles que a exercem, medo, insegurança, violência, degradação ambiental, assassinatos, violação da dignidade e sacralidade da vida, banalização da sexualidade e quanto mais possamos mencionar.

A História do Povo de Deus, conforme a Sagrada Escritura, é marcada por momentos também de extrema dificuldade, mas jamais a perda da esperança, da confiança em Deus. 

Maiores são os motivos para que não deixemos que o medo, o desânimo, a tristeza tenham a última palavra, pois cremos na Ressurreição do Senhor; cremos que Ele vive e nos conduz pelos caminhos sombrios que trilhamos. Temos a presença do Ressuscitado, assim como do Seu Espírito que não nos desampara, por mais difícil que seja a missão, para que continuemos com alegria, coragem e ardor, a missão de sermos sal da terra, luz do mundo, fermento da massa, fazendo germinar a semente do Reino em todo lugar.

Não tenhamos medo! Creiamos na vida nova que nos vem do Cristo Ressuscitado, revigoremos nossa fé, renovemos nossa esperança e solidifiquemos nossa caridade no Banquete da Eucaristia, em que a Palavra proclamada nos ilumina e somos nutridos pelo Diviníssimo Sacramento, Alimento salutar, que jamais podemos dispensar no bom combate da fé.

Não tenhamos medo! Temos o sopro do Espírito para comunicação e construção da autêntica paz, que nos garante uma vida plena e feliz. A fé no Ressuscitado é a luz que ilumina e nos conduz sempre. Continuemos trilhando nossos caminhos, com os pés fortalecidos, as mãos abertas, e solidários, porque Ele nos dá sempre o colírio da fé, e não permite que a chama da caridade se apague em nosso coração.

Páscoa haverá de ser todos os dias. Haveremos de fazer permanentes passagens: da escuridão à luz, do ódio ao amor, da morte à vida. Afinal, somos pascais, cremos no Deus Vivo e verdadeiro, que Ressuscitou Seu Filho, e nos comunicou o Seu Espírito.

Como batizados, fomos marcados por este selo para continuar a divina missão do Senhor. Alegremo-nos e exultemos! Aleluia!

Nenhum comentário:

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG