sexta-feira, 5 de abril de 2024

A insustentabilidade dos horizontes fragmentários

A insustentabilidade dos horizontes fragmentários

“Qual é o lugar que concedemos a Deus na nossa vida? Na cultura contemporânea está presente um indubitável processo de marginalização da fé. Deus parece não ter muito a dizer acerca das últimas esperanças, sob re projetos decisivos.

Talvez porque, fechados em horizontes fragmentários, renunciamos a estabelecer metas de grande fôlego. Eis que a realidade religiosa é reduzida a um mero adorno, a objeto de dissertação
pseudo-intelectual, a mera curiosidade...”

Os dias passam velozmente ou as atividades nos envolvem plenamente?
Quando damos conta, foi-se o dia, a semana, o mês e mais um ano.
O que fizemos ou deixamos de fazer corroem nossa mente e coração:
A visita que não foi feita, a atenção que não se deu, a promessa que não se cumpriu, a meta pela qual não se aplicou como deveria....
O contato adiado, bloqueado, congelado para quando o tempo se multiplicar.
Mas o tempo não se multiplica, é sempre o mesmo tempo. O que com ele fazemos?

Às vezes não dando conta dos horizontes fragmentários e sua insustentabilidade, com projetos para um dia, planos para agora, sem mesmo a mínima projeção.

Vive-se para o tempo chamado momento, com a perda da linha da história, logo esvaziamento.

Mas bem diferente é o que Deus de nós espera:
Que tenhamos metas, sonhos, projetos, perspectivas.

Confiança, perseverança, entrega, empenho, determinação, concretização...
Horizontes fragmentários hão de ceder lugar a horizontes mais plenos e completos.

Contemplemos a próxima existência individual (eternidade), social (um mundo novo possível) e cósmica (planeta e a ética do cuidado).

Cessem os horizontes fragmentários!
Inauguremos horizontes mais universais.
Rompamos todo egoísmo, derrubemos eventuais máscaras,
Redescubramos em cada ser a divina presença.

Há perspectivas. Ainda há sonhos. Ainda há quem não ceda e multiplique pesadelos.

Há quem olhe para o mundo com olhar de poeta e coração de profeta. Sem medo e com ousadia; sem deserções e malévolas covardias...

É o tempo por Deus dado. É o tempo por nós a ser vivido e preenchido, dando a cada segundo um quê de beleza e sentido.

Não haverá fragmentários horizontes para quem do Verbo se nutre no Pão da Eucaristia, porque iluminado por uma indispensável Palavra que transforma trevas na mais bela luz do dia.

Há saídas, há perspectivas... 
Não nos entreguemos, 
Irmanemo-nos.

Erradiquemos todos os ruídos que destroem o silêncio da alma.
Não apenas tenhamos saudades do Éden (o que de nada adiantaria),
É preciso redescobri-lo, construí-lo, enquanto ainda é dia...

É preciso pensar global e agir local.

À luz da fé que professo: pensar globalmente sob a inspiração do Espírito, na fidelidade ao Deus Único que nos criou e por tanto em nós confiar, prolongadores da ação do Verbo, agir localmente, em pequenos e grandes compromissos inauguradores de novos horizontes não mais fragmentários, mas que abrace a tudo e a todos.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG