segunda-feira, 15 de abril de 2024

Em poucas palavras...

                                                       


“Nós, sacerdotes...”

 

“Nós, sacerdotes, somos o pobre e queremos ter o coração da viúva pobre quando damos esmola e tocamos a mão do mendigo fixando-o nos olhos. 

Nós, sacerdotes, somos Bartimeu, e levantamo-nos cada manhã para rezar: «Senhor, que eu veja!» (cf. Mc 10, 51). 

Nós, sacerdotes, somos, nos vários momentos do nosso pecado, o ferido espancado deixado meio morto pelos ladrões. 

E queremos ser os primeiros a estar entre as mãos compassivas do Bom Samaritano, para depois podermos com as mãos ter compaixão dos outros.” (1)

 

(1)           Homilia Santa Missa Crisma – Papa Francisco – 18/04/19

 

Confesso...

                                                   

Confesso...
“Confessai, pois, uns aos
outros os vossos pecados” (Tg 5,16)

Quando fico sozinho com meu mal, fico totalmente só, apesar da devoção e oração comum, apesar de toda comunhão no servir.

É possível que eu não sinta romper aquela última barreira que nos separa da comunhão, porque vivemos juntos como pessoas crentes e piedosas, e não como pessoas descrentes e pecadoras.

A comunhão piedosa não permite que eu me sinta pecador, por isto preciso esconder o pecado de mim mesmo e da comunidade.

É inimaginável o pavor que sentiria, como cristão piedoso, se visse aparecer de repente um pecador de verdade diante de mim. Contento-me em ficar sozinho com meu pecado, na mentira, na hipocrisia.

Tenho dificuldade de compreender a Sagrada Escritura quando diz: “Tu és pecador, um grande pecador incurável; e agora, como pecador que tu és, chega-te a teu Deus que te ama. Ele te quer tal como és. Não quer nada de ti, nem sacrifício nem obra. Ele quer a ti somente. ‘Meu filho, dá-me o teu coração” (Pv 23,26).

Mas Deus veio a mim para me salvar, porque pecador sou. Diante de Deus não posso me ocultar. Diante d’Ele, nada vale a máscara que uso perante as pessoas.

Deus quer ver-me assim como sou, quer ser misericordioso comigo. Já não tenho necessidade de mentir para mim mesmo nem para o irmão, como se não tivesse pecado: sou pecador e agradeço a Deus por isso, pois Ele ama o pecador, mas odeia o pecado.

Cristo tornou-se nosso irmão na carne, para que crêssemos n’Ele. N’Ele veio o amor de Deus ao pecador: a miséria do pecador e a misericórdia de Deus – eis a verdade do Evangelho de Jesus Cristo.

Por esta razão autorizou os seus a ouvir a confissão dos pecados e a perdoá-los em Seu nome: “Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23).

O irmão-ministro que perdoa está no lugar de Cristo e perante ele já não preciso fingir. Perante ele, e mais ninguém no mundo, posso ser o pecador que sou, pois neste momento reina, de modo sublime, a verdade de Jesus e Sua misericórdia.

Cristo tornou-se nosso irmão para nos ajudar; e agora o irmão se tornou um Cristo, age “in persona Christi”, no poder de sua missão.
O irmão está diante de mim como o sinal da verdade e da graça de Deus: ajuda-me, ouve minha confissão em lugar de Cristo e em lugar d’Ele me perdoa; guarda o segredo de confissão tão bem como Deus o guarda. Assim, quando me confesso ao irmão, confesso-me a Deus.

Na confissão que faço acontecem irrompimentos:

a) o irrompimento (reconstrução, resgate, restauração) da comunhão: o pecado queria ficar a sós comigo para me afastar da comunhão, pois quanto mais solitário a pessoa o for, mais destruidor será o poder do pecado em sua vida, e quanto mais profundo o envolvimento com o pecado, mais desesperadora se torna a solidão. Assim é o pecado, faz questão de permanecer no anonimato, por isto teme a luz. Na confissão, à luz do Evangelho, sinto irromper nas trevas e no fechamento do coração. Todas as coisas ocultas que tinha, agora ficam manifestas. O pecado uma vez expresso e confessado, já não tem poder, pois foi manifesto como pecado e julgado como tal, e já não tem o poder de dilacerar a comunhão. Sinto que o mal foi tirado e agora me encontro na comunhão dos pecadores que vivem na graça de Deus, e sinto que reencontrei a comunhão justamente na confissão.

b) o irrompimento para a cruz (abertura, aceitação): sendo a soberba a raiz de todo pecado, quero viver para mim mesmo, tendo direito a mim mesmo, a meu ódio e minha cobiça, minha vida e minha morte. A confissão a um irmão é a mais profunda humilhação, pois machuca, torna-me pequeno, abate a soberba horrivelmente. Por esta humilhação ser tão amarga, creio que posso evitar a confissão diante do irmão.

Mas foi o próprio Jesus Cristo que sofreu publicamente em nosso lugar a morte vergonhosa do pecador. Não Se envergonhou de ser crucificado como malfeitor. E nesta Cruz temos a destruição de toda soberba; na confissão sinto irromper a autêntica comunhão da Cruz de Jesus Cristo e nela aceito a minha cruz.

Experimento na confissão a Cruz de Cristo como salvação e bem-aventurança. Morre em mim o homem velho, tenho parte na Ressurreição de Cristo e na vida eterna.

c) o irrompimento (inauguração) para a nova vida“Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez uma realidade nova” (2 Cor 5,17). Pela confissão sinto que Cristo fez um novo começo. Ao confessar entrego tudo para seguir o Senhor como fizeram os primeiros discípulos. A partir deste momento alcanço vitória sobre vitória, e na confissão, renova-se o que aconteceu no dia do Batismo: fui salvo das trevas para o Reino de Jesus Cristo. Sinto-me envolvido por uma mensagem de imensa alegria. Sinto que a confissão é a renovação da alegria batismal –“De tarde vem o pranto nos visitar, de manhã gritos de alegria vem nos saudar” (Sl 30,6).

d) o irrompimento (abertura) para a certeza: Muitas vezes me parece mais fácil confessar perante Deus do que diante de um irmão; é que Deus é santo e sem pecado e o irmão pecador como eu, conhece tanto quanto eu a noite do pecado secreto por experiência própria. Muitas vezes vivo na auto-absolvição e não na real absolvição dos pecados; a primeira não leva o rompimento com o pecado. Na presença do irmão, o pecado deve vir à luz. Deste modo a confissão dos pecados ao irmão é graça. Quando ouço o irmão dizer “Eu te absolvo”, sinto que a confissão foi feita e pela absolvição dada pelo Senhor tenho a certeza do perdão divino.

Concluindo: numa confissão bem feita sinto a oferta da graça, da ajuda divina a mim que sou um pecador. Sinto que a confissão é um ato em nome de Cristo, completo em si mesmo, sendo praticado na comunidade, sempre que exista sincero desejo.

Reconciliado com Deus e com as pessoas, quero receber o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, lembrando as Palavras do Senhor, segundo as quais não posso me apresentar diante do Altar se o coração não estiver reconciliado com o irmão. Esta ordem se aplica a cada culto, a cada oração e muito mais para a autêntica participação da Santa Ceia do Senhor.

Para participar da Ceia do Senhor devo afastar de mim toda ira, discórdia, inveja, conversa maliciosa e atitudes desleais, uma vez que, a Celebração da Eucaristia é festa para a comunidade cristã da qual faço parte.

Reconciliada no coração com Deus e com os irmãos, a comunidade recebe a dádiva do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, e nela, o perdão, a nova vida e a Bem-Aventurança, expressão da comunhão cristã. Por ora, unidos no Corpo e Sangue na Mesa do Senhor.

  
PS: Livre Adaptação do Texto “Vida em Comunhão” (D. Bonhoeffer). 

Em poucas palavras...

                                     


O sacerdote é...

“O sacerdote é o mais pobre dos homens, se Jesus não o enriquece com a sua pobreza; é o servo mais inútil, se Jesus não o trata como amigo; é o mais louco dos homens, se Jesus não o instrui pacientemente como fez com Pedro; o mais indefeso dos cristãos, se o Bom Pastor não o fortifica no meio do rebanho” (1)

 

(1)        Homilia Santa Missa Crismal – dia 17/04/14 – Papa Francisco

Com o Senhor, podemos ver novamente

Com o Senhor, podemos ver novamente

Todo Encontro de Jovens com Cristo, assim como demais Encontros, Retiros, devem ser momentos do transbordamento da alegria em nosso coração.

Ao nos encontramos com o Senhor, ouvimos a Palavra que encontramos na passagem do Evangelho de Lucas: “Senhor, filho de Davi, cura-me”, e também o lema: “Vê novamente; a tua fé te salvou” (Lc 18,42)

É sempre necessária a dedicação de tantas pessoas que, ainda antes do Encontro, multiplicaram reuniões, momentos de oração, para que que todos os jovens participantes se sentissem acolhidos, amados, valorizados, enviados a uma missão que não conhece ocaso.

Deve ser sempre um encontro com Jesus Cristo, de modo que se  alarga o horizonte de quem O fez e por Ele sentiu-se amado, chamado e enviado; faz sentir inflamado o coração por um fogo que jamais se apaga, porque é o fogo do amor, e o amor jamais passará, falou-nos o Apóstolo Paulo (1 Cor 13, 8).

Entretanto, não podemos permitir que um encontro se resuma em  dois dias; é preciso que haja continuidade, perseverança, pois, com Jesus presente e com o Espírito que nos assiste, como Igreja, vivemos em estado permanente de missão, participando da construção de um novo céu e uma nova terra, até que o Senhor venha gloriosamente, como rezamos na Missa: “Anunciamos Senhor a Vossa morte e proclamamos a Vossa Ressurreição, vinde Senhor Jesus”.

Assim, como o grito daquele cego: “Jesus, Filho de Davi, cura-me”, também o grito da juventude se una ao clamor de tantos irmãos e irmãs que não veem perspectivas diante dos desafios que atentam contra a vida (desemprego, incertezas, banalização da vida, individualismo, prazer sem compromisso, depressão, dependência química, incertezas, solidão, abandonos...).

E que o Senhor, com Sua Palavra, a partir da fé que n’Ele depositamos,  nos cure de nossa cegueira, fazendo-nos enxergar novos caminhos e novos horizontes; e a olharmos uns aos outros, como irmãos numa mesma caminhada rumo ao Reino definitivo, partilhando os dons e carismas que Ele nos confiou.

O autêntico Encontro deixa marcas irremovíveis no coração de todos  que, como um selo, lembre-nos sempre que somente com o Senhor, que Se faz presente na Palavra e na Eucaristia, de forma sublime, é que seremos enamorados pela vida.

Que, sobretudo os jovens, esperança de um novo amanhã, que tiveram a coragem de rever o caminho e com o Senhor se encontrado, renovem por toda a vida o sim de amor dado, ressoando a Palavra Divina em cada instante: “quem me segue não anda nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).

Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...”

 


                Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...”
 
À luz das passagens dos Atos dos Apóstolos (At 6,8-15;7,51-8,1a), reflitamos sobre o martírio do diácono Santo Estêvão, a quem a Sagrada Escritura chama de "homem cheio de fé e do Espírito Santo".
 
Chamado de protomártir por ter sido o primeiro a derramar seu sangue em testemunho da fé em Jesus Cristo.
 
Seu nome em grego significa "coroa", e evoca a ideia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância por não ter nada de fabuloso ou lendário.
 
Os Santos Padres tecem grandes elogios a Santo Estêvão, pondo em relevo suas virtudes: pureza, zelo apostólico, firmeza e constância, grande amor ao próximo, verdadeiramente heroico, rezar pelos próprios assassinos.
 
Sua Oração com certeza mereceu a conversão de São Paulo, pois, como disse Santo Agostinho, "Se Estêvão não tivesse rezado, a Igreja não teria o grande São Paulo!", conclusão que veremos também em um dos  Sermões do Bispo São Fulgêncio de Ruspe  (Séc. VI).

Sejamos enriquecidos por este Sermão, rezado pela Igreja, no dia seguinte à Festa do Natal, quando celebramos sua Festa (26 de dezembro).
 
Ontem, celebrávamos o nascimento temporal de nosso Rei eterno; hoje celebramos o martírio triunfal do seu soldado.
 
Ontem o nosso Rei, revestido de nossa carne e saindo da morada de um seio virginal, dignou-Se visitar o mundo; hoje o soldado, deixando a tenda de seu corpo, parte vitorioso para o céu.
 
O nosso Rei, o Altíssimo, veio por nós na humildade, mas não pôde vir de mãos vazias. Trouxe para Seus soldados um grande dom, que não apenas os enriqueceu imensamente, mas deu-lhes uma força invencível no combate: trouxe o dom da caridade que leva os homens à comunhão com Deus.
 
Ao repartir tão liberalmente o que trouxera, nem por isso ficou mais pobre: enriquecendo do modo admirável a pobreza dos Seus fiéis, Ele conservou a plenitude dos Seus tesouros inesgotáveis.
 
Assim, a caridade que fez Cristo descer do céu à terra, elevou Estêvão da terra ao céu. A caridade de que o Rei dera o exemplo logo refulgiu no soldado.
 
Estêvão, para alcançar a coroa que seu nome significa, tinha por arma a caridade e com ela vencia em toda parte. Por amor a Deus não recuou perante a hostilidade dos judeus, por amor ao próximo intercedeu por aqueles que o apedrejavam. 
 
Por esta caridade, repreendia os que estavam no erro para que se emendassem, por caridade orava pelos que o apedrejavam para que não fossem punidos.
 
Fortificado pela caridade, venceu Saulo, enfurecido e cruel, e mereceu ter como companheiro no céu aquele que tivera como perseguidor na terra.  Sua santa e incansável caridade queria conquistar pela Oração, a quem não pudera converter pelas admoestações.
 
E agora Paulo se alegra com Estêvão, com Estêvão frui da glória de Cristo, com Estêvão exulta, com Estêvão reina. Aonde Estêvão chegou primeiro, martirizado pelas pedras de Paulo,  chegou depois Paulo, ajudado pelas Orações de Estevão.
 
É esta a verdadeira vida, meus irmãos, em que Paulo não se envergonha mais da morte de Estêvão, mas Estevão se alegra pela companhia de Paulo, porque em ambos triunfa a caridade. Em Estêvão, a caridade venceu a crueldade dos perseguidores, em Paulo, cobriu uma multidão de pecados; em ambos, a caridade mereceu a posse do Reino dos céus.
 
A caridade é a fonte e origem de todos os bens, é a mais poderosa defesa, o caminho que conduz ao céu.  Quem caminha na caridade não pode errar nem temer.  Ela dirige, protege, leva a bom termo.
 
Portanto, meus irmãos, já que o Cristo nos deu a escada da caridade pela qual todo cristão pode subir ao céu, conservai fielmente a caridade verdadeira, exercitai-a uns para com os outros e, subindo por ela, progredi sempre mais no caminho da perfeição.”
 
Somos convidados a aprender com os Santos e mártires, que deram corajoso testemunho da fé. Santo Estêvão é, por tudo que se disse, um exemplo para que cresçamos em maior fidelidade ao Senhor.
 
Talvez não tenhamos que viver semelhante martírio, mas cada um em sua própria história pode também desenvolver virtudes tão invejáveis e desejáveis.
 
Sejamos como Estêvão, homens e mulheres cheios de fé e do Espírito Santo no testemunho do Ressuscitado, em incondicional amor ao Pai.
Santo Estêvão, um exemplo para o nosso discipulado.
O mundo e a Igreja precisam de “Estêvãos”.
 
PS: No dia 26 de dezembro, proclama-se Atos dos Apóstolos (At 6,8-10; 7,54-59, e na segunda-feira da terceira semana da Páscoa (At 6,8-15)

Proclamemos as maravilhas do Senhor

Proclamemos as maravilhas do Senhor

        Vós sois a raça escolhida, o sacerdócio do Reino, a nação santa, o povo que Ele conquistou para proclamar as obras admiráveis d’Aquele que vos chamou.

Reflexão à luz da passagem da Primeira Carta de São Pedro (1 Pd 2,2-5.9-12).

Reflitamos sobre a missão da Igreja, que nasce de Jesus na fidelidade ao Pai, é vivificada com a presença e ação do Espírito Santo, continuando o caminho que é o próprio Jesus: Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,6).

O Apóstolo nos apresenta Jesus como o fundamento, a Pedra  Angular, a Pedra principal da Igreja, no qual os cristãos são pedras vivas.

Como Igreja se constitui um povo sacerdotal, com a missão de viver uma obediência incondicional aos Planos do Pai, no amor aos irmãos, e nisto consiste o verdadeiro culto agradável a Deus.

Deste modo, a Igreja precisa crescer na fé para alcançar a Salvação, vencendo todas as dificuldades, hostilidades, incompreensões e perseguições, consciente de sua missão no testemunho do Ressuscitado, com a força vivificante do Espírito Santo, infundida no coração dos discípulos.

Como comunidade da Nova Aliança, a Igreja precisa oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus e, como Povo de Sacerdotes, ofertar uma vida santa, vivida na entrega a Deus e no dom da vida aos irmãos, com amor total e incondicional, superando todo medo em total fidelidade e confiança em Deus.

A comunidade não pode se contentar com um verniz cristão que a torne indiferente a todos os problemas que cercam a vida humana.

Sendo Cristo o fundamento da Igreja, e o amor o distintivo dos cristãos, a missão da Igreja será colocar-se em todos os âmbitos, profeticamente, como instrumento da vida plena e definitiva.

Sejamos cristãos alegres, corajosos, convictos a caminho do céu, vivendo no tempo presente a nossa fé em Jesus Cristo, que nos conduz ao Pai, com a força, presença e ação do Seu Espírito.

Renovemos em nosso coração, o Amor de Deus infundido em nós pela ação do Espírito, firmando nossos passos no Bom Caminho que nos conduz aos céus, que consiste na comunhão plena e eterna de Amor.

Deus sabe trabalhar com nossa fragilidade

                                                         

Deus sabe trabalhar com nossa fragilidade

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de João (Jo 21,15-19), sobre a conversa do Ressuscitado com Pedro, em  que Jesus pergunta por três vezes se ele O ama, antes de confiar ao mesmo o rebanho, assim como retomemos as palavras do Papa Bento XVI, quando eleito (2005).

"Queridos irmãos e irmãs: Depois do grande Papa João Paulo II, os Senhores Cardeais elegeram a mim, um simples humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e atuar com instrumentos insuficientes e, sobretudo, confio nas vossas orações. Na alegria do Senhor ressuscitado, confiados em Sua ajuda permanente,sigamos adiante. O Senhor nos ajudará. Maria, Sua santíssima Mãe, está do nosso lado. Obrigado."

Voltemos ao diálogo de Jesus com Pedro: o Ressuscitado o chama pelo nome, Simão, e não Cefas, como o declarara mais tarde (Jo 1,42). Paralelo possível pode ser feito entre a tríplice negação (Jo 18,15-17.25-27) e a tríplice resposta de amor (Jo 21,15-17). Evidencia-se aqui o que é próprio de toda condição humana, o contraste entre a fraqueza do que foi chamado e a divina missão a qual é chamado. Jesus constitui Pedro como rocha e pastor, não pelos seus méritos, mas pela graça divina. 

Quanto mais fidelidade, mais sólida será nossa fé e mais coerente e profético o anúncio e testemunho, uma vez que Deus não nos trata conforme a nossa lógica, mas com aquela que ultrapassa nossos conceitos, pensamentos. Ele acredita em nós, e por Seu amor está sempre pronto a confiar, acompanhar, capacitar a quem chama...

O perdão que Jesus concede, manifesta-se na misericórdia, na acolhida de quem falhou, criando uma nova possibilidade para o bom cumprimento da responsabilidade que o acompanha.

Numa palavra, perdão que inaugura uma nova realidade, um novo compromisso, um novo olhar, um novo horizonte.

Deus, por Seu Amor e graça, em nós confia, de modo que na acolhida do perdão recebido, aquele que crê, expressa sua alegria numa vida marcada pela gratuidade e compromissos inadiáveis com o Reino.

Quem se sente por Deus amado e perdoado, descobriu e vai redescobrir sempre a verdadeira face de Deus a nós por Jesus revelada. Amados e perdoados, acolhidos e compreendidos, pelo Espírito Santo de Deus assistidos, como afirmou o Papa Bento XVI:

Consola-me o fato de que o Senhor sabe trabalhar e
atuar com instrumentos insuficientes,
confio nas vossas Orações.”   


PS: Reflexão apropriada para a passagem do Evangelho de João (Jo 20,1-19)

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