quarta-feira, 1 de maio de 2024

O valor sagrado do trabalho humano

                                                             


O valor sagrado do trabalho humano

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 13,54-58), sobre a sacralidade do trabalho, desde o princípio.

Voltemos à passagem do Livro do Gênesis (Gn 1,26-2,3), onde encontramos o Projeto de Deus Criador: que o homem e a mulher continuem a obra da criação, através de seu trabalho.

Pelo trabalho humano, há um prolongamento e aperfeiçoamento da obra do Criador. Deus não concluiu a Sua obra, nos permitindo continuá-la, através das atividades humanas, dentre elas destaca-se o trabalho.

O mundo está em contínuo processo de criação, como Obra prima de Deus. É fato que muitas vezes o trabalho foi apresentado como maldição, fruto da desobediência - uma espécie de penalidade.

O Magistério tem ensinado, nos últimos tempos que esta concepção é errônea (sobretudo com Leão XIII - Encíclica “Rerum Novarum”, até os dias de hoje com o Papa Francisco)

Na passagem do Evangelho mencionada, contemplamos Cristo que foi trabalhador, filho de operário: São José.

Trabalhando com Suas mãos, participou ativamente da vida de Seu tempo. Com Sua encarnação e atividade testemunhou a santificação pelo trabalho.

Sim, verdadeiramente, o trabalho deve ser caminho de santificação, pois é cocriar o mundo. O trabalho deve ser visto como Bênção e não maldição.

A Sagrada Família foi a Escola onde aprendemos a beleza da lição do trabalho humano, com tão belos Mestres: Jesus, Maria e José...

Hoje, muitos são os sinais que clamam por justiça no mundo do trabalho: desemprego, insegurança no mundo do trabalho; falta de perspectivas para os jovens, trabalho infantil, perda da seguridade social, etc.

- O que é possível propor como espiritualidade para o mundo do trabalho?

A Igreja nos propõe caminhos:

-  Solidariedade;
-  Manifestações coletivas em prol da vida; 

- Trabalho como vocação;
- Trabalho como prolongamento da obra do criador; bem como do seu aperfeiçoamento;

-  O trabalho como caminho de santidade;
-  O resgate do Domingo como Dia do Senhor e de encontro pessoal com Deus, com a família e amigos.

Quanto à comunidade política junto ao Estado deve:

- Assegurar o exercício dos deveres e direitos para que haja dignidade no mundo do trabalho;
-  Garantir trabalho e salário justo para todos;
- Garantir a seguridade social para todos.

Que o trabalho não sirva apenas para a multiplicação do lucro de alguns, mas assegure o bem comum. Enfim, que o trabalho seja para o homem e não o homem para o trabalho.

Celebrar a Eucaristia é:
- Colocar no Altar de Deus nossa existência: angústias e esperanças; cansaço e suor, sonhos e pesadelos; toda atividade humana, como o trabalho do dia a dia.
- Colocar em Deus a confiança de um dia alcançar um emprego, uma nova perspectiva na realidade em que se vive.

Urge que como Igreja, sejamos uma presença evangelizadora no vasto e complicado mundo da política, da economia, da cultura e em todos os níveis da vida.

Que Deus nos conceda a graça do trabalho, para que sejamos cocriadores, trilhando o caminho de santificação.
Finalizo citando Santo Agostinho:
“O Amor à verdade busca o descanso.
A necessidade do amor acolhe o trabalho justo...
Quando o amor e a verdade se encontram:
Vida, trabalho e dignidade também celebram
um doce encontro e a vida fica bem mais
perto de tudo aquilo que Deus espera:
Crescei, multiplicai-vos e dominai a terra". Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG