segunda-feira, 1 de abril de 2024

“O Amor veio ao nosso encontro”

                                                         

“O Amor veio ao nosso encontro”

Assim falou o Bispo e Doutor Santo Agostinho (séc. V):

“Na procura de Deus, é Ele quem
Se adianta e vem ao nosso encontro."

De fato, já dissera o Senhor que não fomos nós que O escolhemos, mas foi Ele que nos escolheu e nos enviou em missão, com a assistência do Espírito, para que inauguremos novas relações na superação do pecado, procurando construir relações mais justas e fraternas.

Também já dissera o Senhor que não nos chama de servos, mas de amigos. Ainda que paradoxal pareça ser, quanto mais servos o formos, mais amigos de Deus o seremos – “somos servos inúteis” é o que devemos dizer depois de o melhor e mais belo trabalho, por amor, ter feito.

Deste modo, embora O procuremos Ele já nos encontrou muito antes, quando o pecado entrou no mundo e do Seu convívio nos afastamos.

Porém em Sua infinita Misericórdia Deus jamais nos abandonou. Veio sempre ao nosso encontro fazendo Aliança conosco desde Abraão, firmando-a com Moisés, libertando-nos do Egito, dando-nos o Decálogo para que se vivido jamais voltássemos ao tempo de escravidão; suscitou inúmeros Profetas para serem Sua voz audível, uma vez que é próprio de Suas criaturas precisarem ouvir alguém que lhes faça reconhecer a trágica infidelidade e o necessário retorno para o Seu amor, carinho, ternura, bondade e compaixão como tão bem rezam e expressam os Salmistas.

Na plenitude dos tempos, Ele mesmo veio ao nosso encontro, encarnando-Se em Jesus Cristo. Fez-Se Verbo, Carne, assumiu nossa condição humana, viveu em tudo o que vivemos menos o pecado.

É próprio do amor de Deus vir sempre ao nosso encontro, sobretudo quando teimosamente e tragicamente ao Seu amor nos fechamos. Deus que nos criou por amor, não nos ignora. Tudo o que Ele quer de nós é uma resposta de amor.

Quando vemos cenas de violência, infidelidades de toda ordem, destruição da vida em todos os seus aspectos, relações marcadas pelas desigualdades sociais, conflitos étnicos e religiosos, preconceitos que se pretendem eternos, não será tudo isto um fechamento aos Desígnios de Deus e a Sua comunicação universal, a linguagem do amor, como vimos em Pentecostes?

Deus incansavelmente Se antecipa e vem ao nosso encontro. Não haverá jamais  perspectivas para a História se não nos deixarmos encontrar pelo Amor. Somente no encontro amoroso com Deus é que todo nosso existir ganha plenitude de vida, alegria, amor e paz...

Concluo com as palavras de Santo Agostinho, extraída das suas Confissões:
                
“Onde Te encontrei, Senhor, para Te conhecer?
Não estavas certamente em minha
memória antes que eu Te conhecesse...
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova,
tarde Te amei!

Estavas dentro e eu fora Te procurava.
Precipitava-me eu disforme, sobre as coisas
formosas que fizeste. Estavas comigo,
Contigo eu não estava. (...)

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG