quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

A Palavra do Senhor é luz em nosso caminho

                                                                

A Palavra do Senhor é luz em nosso caminho

Reflexão à luz da passagem da Carta de São Pedro (1Pd 5,5b-7):

“Revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, Ele vos exalte. Lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, pois é Ele quem cuida de vós”.

À luz das palavras do Apóstolo, como discípulos missionários do Senhor, é urgente solidificar os pilares da evangelização (Palavra, Pão da Eucaristia, Caridade e Ação Missionária), rever e renovar a alegria da missão.

Assim, retomemos os verbos: “revesti-vos”, “rebaixai-vos” e “lançai sobre Ele”, numa breve reflexão.

Urge que sejamos todos revestidos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos e dá a Sua graça aos humildes.

Maria também nos falou sobre esta verdade, como podemos ver no canto do Magnificat, que ela cantou quando de sua visita a Isabel (cf. Lc 1,46-55).

Da mesma forma, é necessário que nos rebaixemos humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que no tempo oportuno ele nos exalte.

Em vários momentos, junto aos Seus discípulos, Jesus falou da humildade necessária, do colocar-se a serviço dos pequenos, fazendo-se o último de todos e a serviço de todos.

Ressaltou atitudes de humildade, confiança e abertura à misericórdia de Deus, colocando-Se totalmente em Suas mãos.

No discipulado vivido, não são poucas as preocupações, inquietações, provações, adversidades. 

Nestes momentos, ressoem as palavras do Apóstolo – lançai sobre Ele toda a vossa preocupação, pois é Ele quem cuida de vós.”

Assim é nosso discipulado, como uma longa travessia no mar revoltoso, em que somos interpelados a vencer todo o medo, confiantes na presença da Trindade, que nos envolve com Seu amor e proteção, experimentando em nossas fraquezas e limitações, a onipotência da misericórdia e força divinas.

Sigamos em frente, como alegres e corajosos discípulos missionários do amor, revestidos de amor mútuo, crescendo na solidariedade e fortalecendo os vínculos de comunhão e fraternidade.

Em poucas palavras...

 


O sentido da morte cristã

Graças a Cristo, a morte cristã tem um sentido positivo. «Para mim, viver é Cristo e morrer é lucro» (Fl 1, 21). «É digna de fé esta palavra: se tivermos morrido com Cristo, também com Ele viveremos» (2 Tm 2, 11).

A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo Batismo, o cristão já «morreu com Cristo» sacramentalmente para viver uma vida nova; se morremos na graça de Cristo, a morte física consuma este «morrer com Cristo» e completa assim a nossa incorporação n'Ele, no seu ato redentor:

«É bom para mim morrer em (eis) Cristo Jesus, mais do que reinar dum extremo ao outro da terra. É a Ele que eu procuro, Ele que morreu por nós: é a Ele que eu quero, Ele que ressuscitou para nós. Estou prestes a nascer [...]. Deixai-me receber a luz pura: quando lá tiver chegado, serei um homem» (Santo Inácio de Antioquia).” (1)

 

(1)               Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1010

 

Curados pelo Senhor

                                                        

Curados pelo Senhor

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de Marcos (Mc 8,22-26) sobre a cura do cego por Jesus.

Assim como os discípulos têm dificuldade para enxergar, o cego “dá trabalho” a Jesus (nota da Bíblia - Edições CNBB).

A cura se deu num processo: via homens andando como árvores, depois enxergava todas as coisas com nitidez.

Assim acontece com todo aquele (a) que se põe no Caminho da Iniciação à fé.

Seguindo o Senhor: Rito, Palavra de Deus, Sacramentos e Evangelização se completam, na mais perfeita sintonia.

E a transformação que abrange a totalidade da pessoa: mente e coração, espírito e sentidos, indivíduo e comunidade, fazendo progressos na prática da caridade.

Supliquemos ao Senhor que cure nossa cegueira, para enxergarmos novos caminhos, quando tudo parece ter perdido o sentido.

Supliquemos ao Senhor, para que curados, tenhamos olhares renovados de esperança, fitos em horizontes mais que queridos, haverão de ser alcançados.

Curados pelo Senhor, para que saibamos ver, com os olhos do coração, aqueles que mais precisam, clamam, mãos estendem, lágrimas vertem, nosso amor e solidariedade suplicam.

Curados de nossa miopia espiritual, sejamos, pois de um quê de miopia em relação ao outro e ao que se passa ao nosso redor, todos somos acometidos.

Curados pelo Senhor de toda e qualquer forma de cegueira, sejamos. Amém.

O pós-dilúvio e o casamento

                                                    

                 O pós-dilúvio e o casamento

 
Reflexão sobre o Sacramento do Matrimônio, à luz das passagens bíblicas: Gn  8, 6-13.20), Sl 115 e Evangelho de Marcos (Mc 8, 22-26).
 
A passagem de Gênesis retrata os primeiros dias depois do dilúvio e o Evangelho apresenta-nos a cura do cego de Betsaida.
 
Reflitamos sobre o quanto a Palavra de Deus pode nos iluminar, relacionando os primeiros dias pós-dilúvio com a realidade do casamento e o que tem a ver a cura do cego com a realidade do casamento.
 
No fim de quarenta dias de chuva, Noé envia a pomba que na primeira vez retorna sinalizando que ainda não havia baixado as águas.
 
Na segunda vez, ao entardecer volta trazendo no bico um ramo de oliveira. Mais sete dias de espera e recomeça a história do pós-dilúvio.
 
Noé e sua família têm que recomeçar uma nova história, terão de ser fecundos, multiplicar sobre a terra. É o recomeço, a reconstrução, o reinício…
 
O casamento também tem seus momentos de recomeço, reconstrução e reinício, com a espera da volta de um entardecer com a alegre notícia, de que as águas secaram e um novo tempo se pode começar.
 
O casamento é um eterno recomeço. Muitas vezes “quarenta dias de chuva” se prolongam nos relacionamentos conjugais, parecendo uma chuva interminável, parecendo que tudo vai alagar, inundar, afundar; sonhos são naufragados, submersos nas dificuldades e pesadelos, nas carências e ausências... Muitas vezes parece já não restar nenhuma esperança, um aparente fim anunciado que já mais poderá ser reiniciado.
 
O pós-dilúvio aponta para o eterno recomeço de um casamento. Recomeçar sempre cada dia, com entusiasmo, com fé e coragem. Reconstruir o que possa aparentemente ter desmoronado. Redimensionar os espaços, alargar horizontes do amor, do perdão, da compreensão.
 
Quantas vezes casais recomeçaram uma nova história, uma nova proposta, um reencantamento? Pode ter sido num Encontro de Casais, um Sacramento da reconciliação buscado; uma palavra amiga que os tenham despertado…
 
De fato, Deus desistiu de destruir a humanidade, para além de toda infidelidade, maldade, iniquidade, desobediência. O perdão possibilitou o recomeço da humanidade com o dilúvio.
 
Quantos relacionamentos se refizeram a partir da prática do perdão. Há um pensamento que traduz isto; “Se quiserdes ser feliz por um instante: vingai-vos. Se quiserdes ser feliz para sempre: perdoai-vos”. Sem perdão, reconciliação, não há casamento que possa durar. Não só o casamento, pois o perdão é a mais bela expressão de que o Amor falou mais forte que o pecado.
 
 
Logo em seguida, vemos Noé tomando as providências para erguer um Altar para Deus, oferecendo animais em holocaustos sobre ele. A Sagrada Escritura diz que Deus respirou o agradável odor e prometeu nunca mais amaldiçoar a terra por causa da desobediência da humanidade, e nada deixar faltar. Mais duas respostas encontramos.
 
A gratidão, o culto, a relação de Noé com Deus: expressos na construção de um Altar. Que haja estreita relação de toda mesa com a Mesa Sagrada do Altar. As mais belas mesas de uma casa o deixam de ser se não estiverem ligadas com a Mesa Sagrada do Altar.
 
De nada adiantam belos castiçais, se não houver a procura do Cálice Sagrado e da Bebida que o purifica. Os mais belos pratos numa mesa não têm beleza alguma se não estiverem ligados com a Patena do Altar, onde o Corpo de Cristo Se encontra para ser partilhado numa grande Festa de amor, partilha e comunhão.
 
A gratidão de Noé para com Deus: a ação de graças que se há de celebrar sempre – as famílias precisam se voltar mais para o Altar, se reunindo com frequência ao seu redor. Sem o encontro do Altar, não haverá alegria em nenhum lar, porque o amor facilmente há de faltar.
 
Deus é o Deus providente. Nada nos deixa faltar. Um casamento onde Deus tem Seu devido lugar, nada há de faltar. Como o Salmista reza – “O Senhor é meu pastor, nada me faltará” – tudo concorre para o bem daqueles que o Senhor ama. Pode um casal ficar sem coisas materiais, efêmeras, mas não sem Deus e o Seu indispensável amor e providência.
 
Com o Salmo, refletimos sobre tantas experiências que pais vivem ao verem seus filhos partirem para junto de Deus. Aqui a Palavra deve falar por si mesma: “É sentida por demais pelo Senhor a morte dos inocentes”. Deus Se faz presente na vida do casal, dos pais que celebram a páscoa de seus filhos, com compaixão. Assim esteve presente na morte de Seu Filho, plantando para sempre no coração de Maria e de toda a humanidade a esperança e certeza da Ressurreição em que a Vida venceu a Morte.
 
Quanto à passagem do Evangelho, em que Jesus curou a cegueira daquele homem de Betsaida, também reflitamos.
 
O cego representa a humanidade, o catecúmeno na busca da Luz que somente em Deus se encontra – “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas, mas tem a luz do mundo” (Jo 8,12).
 
O casamento é este mistério da cura de toda cegueira. Quantas vezes o casal se vê em situações e num primeiro momento não enxerga saídas, não encontra respostas? Porém, Palavra ouvida, sabedoria do Espírito pedida, visão restabelecida, caminhos encontrados. Uma luz se acende sempre quando a Deus se recorre. Não há escuridão que possa ocultar a luz de Deus.
 
O casamento é esta constante busca da cura, do novo olhar. A cegueira pode tomar conta quando fala mais alto o egoísmo, a indiferença, o individualismo, o fechamento, o isolamento, a apatia, a falta de fé, a falta de oração, numa palavra, a ausência de momentos de interioridade e intimidade com Deus e entre o próprio casal. É necessário que o casal tenha momentos de intimidade com Deus juntos, momentos de oração iluminadores, restauradores.
 
Ouvi certa vez de um casal: “Quando deixamos de rezar, as coisas começaram a não dar mais certo”. Logo concluímos que a oração do casal é um colírio indispensável e que evita toda miopia espiritual.
 
Somente a Luz do Espírito Santo para revitalizar casamentos para um sempre luminoso pós-dilúvio. Assim os casais poderão dizer juntos: “Quando vemos a Luz, enxergamos a Esperança, revigoramos a fé, contemplamos a caridade que jamais passará! A Caridade renova a fortaleza de ânimo para suportar todo labor, opróbrio e injúria, sem nada pensar de mal…”, como disse o Abade São Máximo (séc. VIII).
 
Elevemos orações para que os casais mantenham acesa a luz em seus lares, pequenas Igrejas domésticas, enfrentando o desafio dos ventos que sopram querendo apagar as luzes que foram acesas em tantos corações; nos corações daqueles que procuram fazer do casamento um sinal do Amor de Deus.
 
Curados pelo Senhor e por sua Palavra, vejamos para além das aparências de um iminente caos, o reinício de uma nova história e, também, o regar da semente das forças que parecem exaurir totalmente em tantos casais.
 
Continuemos refletindo e nos empenhando pela Santificação da Família, fazendo um ato de fé de que o Sacramento do Matrimônio não pode ceder ao evangelho do mundo, que o anuncia como algo superado.
 
Cremos na Boa Nova do Evangelho e que o casamento é um Mistério Sagrado, carregando seus maravilhosos mistérios e o maior deles, o Mistério Pascal.
 
O casamento é, verdadeiramente, um Mistério de Paixão, Morte e Ressurreição: tem suas cruzes, mas também suas luzes, por isto é preciso rezar sempre:
 
“Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos Vossos fiéis, e acendei neles o fogo do Vosso amor. Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.”.
 

“Enviai-me, Senhor”

                                                         


“Enviai-me, Senhor”

Somos enviados por Deus em missão, como aconteceu com o Profeta Isaías: “Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: ‘Quem enviarei? Quem irá por nós? Eu respondi: ‘Eis-me aqui: podeis enviar-me’” (Is 61,8), e é preciso que nesta missão sejamos misericordiosos como o Pai (Lc 6,36).

Deste modo, somos enviados para irradiar a Boa-Nova do Evangelho em todos os âmbitos, e de modo especial viver as obras de misericórdia corporais (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos); e as obras de misericórdia espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as fraquezas do próximo, rezar a Deus pelos vivos e defuntos).

Roguemos a Deus para que nossas comunidades, conduzidas e aberta ao Espírito, sejam cada vez mais evangelizadoras; verdadeiras comunidades eclesiais missionárias, onde os pilares da Palavra, do Pão da Eucaristia, da Caridade e da ação Missionária sejam cada vez mais fortalecidos, como tão bem nos orienta as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (2019-2023) - (Documento n. 109), com seu Objetivo Geral das Diretrizes:

EVANGELIZAR no Brasil cada vez mais urbano, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos e discípulas de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus rumo à plenitude”.

Oportunas as palavras do Bispo São Boa Ventura (séc. XIII): 

“Através da ferida visível vemos a ferida do amor invisível”, pois contemplando a ferida visível do Senhor, cravado na cruz pela nossa redenção, expressão ápice de Seu amor por nós, renovaremos o nosso ardor e a alegria de sermos enviados como sinais deste amor, através das atividades mais diversas que venhamos a multiplicar.

Enfim, como peregrinos de esperança, vivendo o Ano Jubilar, somos enviados para viver com alegria a vocação de discípulos missionários do Senhor, comprometidos com o anúncio da Boa-Nova do Reino, evangelizando com amor, zelo e alegria, contando sempre com a força e presença do Espírito Santo. 

Portanto, se o cansaço vier, se dificuldades aparecerem, contemos com o colo maternal de Maria, a Estrela da Evangelização, e cobertos por seu manto sagrado, refeitas nossas forças, continuemos a nossa missão.

A Sabedoria de Deus

                                                   

A Sabedoria de Deus

À luz do Comentário sobre o Livro dos Provérbios, escrito pelo Bispo Procópio de Gaza (séc. VI), reflitamos sobre a Sabedoria de Deus, que misturou o vinho e pôs a Mesa para nós.

“A Sabedoria construiu para si uma casa. O poder por si subsistente de nosso Deus e Pai preparou para Si próprio uma casa: o Universo onde Ele habita por Sua virtude. No Universo colocou também o homem que Ele criou à Sua imagem e semelhança, composto de natureza visível e invisível.

Ergueu, então, sete colunas. O Espírito Santo deu os seus sete dons ao homem depois de criado e conformado a Cristo, para que cresse em Cristo e observasse Seus Mandamentos.

Por estes dons, o homem espiritual chega à perfeição e se fortalece, pelo enraizamento na fé, na participação da vida sobrenatural. Sua fortaleza é dinamizada pela ciência, enquanto que sua ciência se manifesta pela fortaleza.

Assim, a natural nobreza do espírito humano é elevada pelo dom da fortaleza, e predisposta a procurar com fervor e a desejar inteiramente as vontades divinas, pelas quais tudo foi criado.

Pelo dom do conselho, torna-se capaz de distinguir, entre o que é falso e as santíssimas vontades de Deus, incriadas e imortais. Deste modo tornamo-nos capazes de meditá-las, ensinar e cumprir.

Pelo dom da prudência, enfim, somos levados a aprovar e aceitar estas mesmas vontades e não outras. Estas três virtudes exaltam o natural esplendor do Espírito.

Misturou em Sua taça o Vinho e preparou a Mesa. Neste homem, em quem, como em uma taça, mesclam-se a natureza espiritual e a corpórea, Deus uniu à ciência das coisas o conhecimento d’Ele próprio como o criador de tudo.

Este dom da inteligência, tal qual o vinho, faz o homem embriagar-se de tudo quanto se refere a Deus. Sendo assim, graças a Ele, que é o Pão Celeste, nutrindo as almas pela virtude e inebriando e deleitando pela doutrina, a Sabedoria dispõe tudo como as iguarias do Celeste Banquete para os que dele desejam participar.

Enviou os Seus servos, chamando-os em alta voz à Sua Mesa, dizendo. Enviou os Apóstolos, a serviço de Sua divina vontade na proclamação do Evangelho, que provindo do Espírito está acima de toda a lei, quer escrita, quer natural, a fim de chamar todos a Si.

N’Ele próprio, como numa taça, mediante o Mistério da Encarnação, fez-se a mistura admirável das naturezas divina e humana, de maneira pessoal, isto é hipostática, sem confusão. Enfim, pelos apóstolos ele proclama: Quem é insensato, venha a mim. Quem é insensato, porque julga em seu coração que Deus não existe, abandone a impiedade, venha a mim pela fé, e saiba que sou Eu o criador de tudo e Senhor.

Aos carentes de sabedoria Ele diz: Vinde, comei comigo o meu pão e bebei o vinho que misturei para vós. Tanto àqueles que não têm obras da fé quanto aos mais perfeitos em Sua doutrina Ele chama:

‘Vinde, comei o meu corpo que à semelhança do pão dos fortes vos nutre; e bebei o meu sangue, que como vinho de doutrina celeste vos deleita e conduz à deificação; pois de modo admirável misturei o sangue à divindade para vossa salvação’".

Partícipes da Mesa do Senhor, nutridos pela Eucaristia, Corpo e Sangue do Senhor, é necessário que nos abramos à ação do Espírito, que recebemos ao comungar.

Alimentados pelo Pão da Eucaristia e inebriados pelo Vinho Sagrado, enriquecidos pelos dons do Espírito, somos enviados ao mundo para fazer resplandecer a Divina Luz, dando gosto de Deus a todas as coisas que fizermos, bem como diluir como fermento na massa, para que façamos crescer o melhor de Deus onde quer que estejamos.

Peregrinos de esperança, supliquemos sempre a presença do Espírito Santo, para dirigir nossos passos, iluminar nossos pensamentos, orientar nossas ações, como discípulos missionários do Senhor:

“Vinde, Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis...”


Fonte: Liturgia das Horas – quarta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum

terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Eucaristia: partilha e a solidariedade

                                                         

Eucaristia: partilha e a solidariedade 

“Ainda não entendeis?” (Mc 8,21) 

Este foi o inquietante questionamento de Jesus aos Seus discípulos depois de multiplicar os pães e, ainda assim eles não terem entendido o que significou tal sinal, não compreenderem Sua ação, e tampouco Sua pessoa, Sua missão.

Também nós, muitas vezes, podemos encontrar dificuldade para compreender os acontecimentos, sobretudo, quando marcados pela tragicidade (uma perda súbita, a morte, um acidente).

Porém, por vezes, não somos capazes de ler e compreender os sinais da bondade de Deus nas vitórias, na superação, num desatar de uma situação, no descortinar dos véus de um acontecimento.

A vida tem seus mistérios, que muitas vezes só serão compreendidos na exata medida da fé, quando nos entregamos nas mãos d'Aquele que é fonte de todo nosso ser.

Na fidelidade ao Divino Mestre, como discípulos que o somos, haveremos de aprender as mais belas lições que de Seus lábios emanaram e que no Evangelho encontramos; compreendendo os fatos e a história com os olhos e a lógica de Deus. Somente assim, teremos um olhar profundo, capacidade de escuta e, de modo especial, um coração aberto a todos.

Na Barca/Igreja de Jesus nos refazemos de nossos cansaços em cada Eucaristia que celebramos e bem participamos. No Banquete Eucarístico renovamos nossas forças para que a fadiga da labuta pelo Reino e o enfrentar das dificuldades não nos fragilizem e não nos condenem ao fracasso e à derrota. Bem disse o Apóstolo: “Em Cristo somos mais que vencedores!” (Rm 8, 37).

É preciso que sejamos levedados pela Lógica de Sua Palavra e do Banquete Eucarístico que Ele celebrou com os Seus, prefigurados na partilha dos pães e peixes. Levedados pela “Lógica Eucarística” que se traduz em partilha e solidariedade para com o próximo.

Levedados pela “Lógica Eucarística”, as situações de ódio serão vencidas pela prática do Mandamento do Amor; as cobiças em gestos alegres de partilha; os pesadelos tornar-se-ão sonhos, pelos quais nos empenharemos sem esmorecimentos. 

Levedados por esta tão bela lógica, a cruz carregada é prenúncio da glória eterna, vitória anunciada e já celebrada, porque não sucumbimos e não desistimos de nossas quedas tantas.

As metas não serão tão apenas ponto de chegada, mas no Mistério da Páscoa, um novo começo, pois elas devem se subordinar a lógica maior e infinita do Reino, que consiste no melhor de Deus para cada um de nós.

Sejamos levedados pela Lógica Eucarística, vivendo o amor, a partilha e a solidariedade.

 

PS: Passagem do Evangelho de Marcos  (Mc 8,14-21)

 

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