quarta-feira, 26 de março de 2025

A mentira é uma autêntica violência

                                                            

A mentira é uma autêntica violência

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) afirma, à luz das Sagradas Escrituras, que “os discípulos de Cristo ‘revestiram-se do homem novo, criado segundo Deus, na justiça e santidade da verdade’ (Ef 4,24). ‘Livres da mentira’ (Ef 4,25), devem ‘rejeitar toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia, de inveja e maledicência’ (1 Pd 2,1)” (CIC n. 2475).

Bem sabemos os efeitos negativos que a mentira provoca em nossos relacionamentos, em todos os seus âmbitos; é funesta para toda a sociedade, e jamais poderemos compactuar com a mesma.

Por mentira, compreende-se em dizer o que é falso com a intenção de enganar, por isto Jesus denuncia a mentira como obra diabólica: “Vós sois do diabo, vosso pai, ... nele não há verdade: quando ele mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jo 8,44).

Deste modo, “A mentira é a ofensa mais direta à verdade. Mentir é falar ou agir contrariamente à verdade, para induzir em erro. Lesando a relação do homem com a verdade e com o próximo, a mentira ofende a relação fundamental do homem e da sua palavra com o Senhor” (CIC n. 2483).

O CIC afirma, categoricamente, que a mentira é como uma autêntica violência feita a outrem: “A mentira (porque é uma violação da virtude da veracidade) é uma autêntica violência feita a outrem. Este é atingido na sua capacidade de conhecer, a qual é condição de todo o juízo e de toda a decisão.

A mentira contém em gérmen a divisão dos espíritos e todos os males que a mesma suscita. É funesta para toda a sociedade: destrói pela base a confiança entre os homens e retalha o tecido das relações sociais”. (Catecismo da Igreja Católica n. 2486).

Quanto à sua gravidade, é medida segundo a natureza da verdade que ela deforma, de acordo com as circunstâncias e intenções daquele que a comete, os prejuízos sofridos por aqueles que são suas vítimas – “Embora a mentira, em si, não constitua senão um pecado venal, torna-se mortal, quando fere gravemente as virtudes da justiça e da caridade” (CIC n. 2484).

Sendo assim, “toda falta cometida contra a justiça e contra a verdade implica o dever da reparação, mesmo que o seu autor tenha sido perdoado.

Quando for impossível reparar publicamente um mal, deve-se fazê-lo em segredo; se aquele que foi lesado não pode ser indenizado diretamente, deve dar-se-lhe uma satisfação moral, em nome da caridade. Este dever de reparação diz respeito também às faltas cometidas contra a reputação alheia. A reparação, moral e às vezes material, deve ser avaliada segundo a medida do prejuízo causado e obriga em consciência” (CIC n. 2487).

No empenho de reconciliação com Deus e com nossos irmãos e irmãs, urge  pautarmos nossa vida pela verdade, rompendo as amarras da mentira, que nos priva da liberdade que o Senhor nos alcançou, pois é para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1).

Procuremos caminhos para superação da violência, na construção da cultura da paz, ressuscitando a verdade em nossos espaços e relacionamentos quotidianos.

Como vemos, a prática da mentira, ou compactuar com a mesma, é uma das múltiplas faces da violência.

A fidelidade a Jesus, o Senhor que cremos e amamos; nosso Caminho, Verdade e vida, é a verdade, pois como Ele mesmo o disse: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Concluindo: somente a verdade vivida nos coloca no caminho da construção de uma verdadeira e fecunda fraternidade. A mentira é a própria morte da verdade, e com ela a morte da fraternidade e da paz que tanto ansiamos.

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