segunda-feira, 1 de abril de 2024

Pureza da alma desejável, olhos da alma iluminados

Pureza da alma desejável, olhos da alma iluminados

Reflitamos uma parte da  Homilia do Bispo São Gregório de Nissa (Séc. IV) para refletirmos sobre a necessidade retirarmos toda ferrugem da alma que nos impede de revelar ao mundo o esplendor de Deus que haveremos de comunicar com a palavra e a vida.

“... Se, por uma vida intensa e diligente, lavares de novo as sujeiras que mancham e escurecem o coração, resplandecerá em ti a divina beleza.

Como acontece com o ferro, preto antes, retirada a ferrugem pelo polimento, começa a mostrar seu brilho ao sol, assim o homem interior, a quem o Senhor dá o nome de coração, quando limpar as manchas de ferrugem que surgiram em sua forma pela corrupção, recuperará a semelhança com sua principal forma original e se tornará bom. Pois o semelhante ao bom é bom.

Por consequência, quem se vê a si, em si vê a quem deseja. Deste modo é feliz quem tem o coração puro porque, olhando sua pureza, pela imagem descobre a forma principal.

Aqueles que veem o sol refletido num espelho, embora não tenham os olhos fixos no céu, não veem menos seu esplendor do que aqueles que olham diretamente para o próprio sol; da mesma forma, também vós, embora sem possuirdes a capacidade de contemplar a luz inacessível, se voltardes à beleza e à graça da imagem que vos foi dada no início, em vós mesmo tereis o que procurais.

A pureza, a ausência das paixões desregradas e o afastamento de todo o mal é a divindade. Se, portanto, se encontrarem em ti, Deus estará totalmente em ti. Quando, pois, teu espírito estiver puro de todo vício, liberto de todo mau desejo e longe de toda nódoa, serás feliz pela agudeza e luminosidade do olhar, porque aquilo que os impuros não podem ver, tu, limpo, o perceberás.

Retirada dos olhos da alma a escuridão da matéria, pela serenidade pura contemplarás claramente a beatificante visão. E esta, o que é? Santidade, pureza, simplicidade, todo o esplendor da luminosa natureza divina, pelos quais Deus se deixa ver.”


Contrariedades, amargura, decepções, egoísmo, sedução do pecado ou quaisquer coisas semelhantes são como ferrugem da alma, azedume indesejável do coração que nos torna acres e assim impossibilitados de testemunhar a docilidade do Espírito que em nós habita.

Tudo será melhor se evitarmos a corrosão da alma com as indesejáveis e abomináveis “ferrugens quotidianas”.

A ferrugem da alma, se instalada no coração, nos impede de construirmos relações mais humanas e mais fraternas. Estranhamente esta ferrugem atrai mais ferrugem ainda.

Saibamos suportar as “marteladas” necessárias para que, assim como o ferro, pelo “polimento da alma” possamos revelar mais candura desejável no coração, para que não somente a Deus contemplemos, mas vejam Deus em nós, porque esplendor divino, devemos ao mundo comunicar.

Comuniquemos por palavras e obras o mundo que acolhemos o mais Belo Hóspede de nossa alma, o Vosso Espírito, agradecendo a Deus tão preciosa graça, de termos sidos divinizados com  presença de valor tão imensurável.

Sejam percebidas a santidade, pureza, simplicidade nos pequenos e grandes gestos, para que os olhos de nossa alma possam novos caminhos trilhar, e um mundo novo vislumbrar.

Oremos

Da ferrugem da alma livrai-nos, Senhor.
A pureza da alma dai-nos, Senhor.

Ferrugem da alma quotidianamente polida,
Fé viva no bom combate será amadurecida;
Esperança que a cada amanhecer renovada,
Caridade pelo fogo do Espírito inflamada.

A Vós graça, por que Vosso Espírito em nós habita, 
e assim somos divinizados!
Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG