“Por um breve instante Eu a abandonei, mas
com profunda compaixão Eu a trarei de volta.” (Is 54,7)
Por um breve instante os discípulos pensaram em recuar, fechar-se,
Porque o medo lhes tomou o coração, as portas estavam fechadas.
Por um breve instante tudo parecia ter chegado ao seu final,
Sem perspectivas, sem continuidade, sonhos soterrados.
Por um breve instante a esperança murchou, aparentemente para sempre.
Sua ausência era a maior de todas as ausências que se podia sentir.
Por um breve instante o quanto amados por Ele foram, pareceu que jamais o seriam.
E, como suportar no mais profundo a ausência do Amado que tanto os amou?
Por um breve instante tudo parecia ter perdido o gosto, o sentido, o sabor.
Bem poderia Ele ter sido glorioso evitando a morte e tão terrível dor.
Por um breve instante pensaram os discípulos a Emaús voltar.
O retorno ao nada, ao fracasso de uma esperança que ilusão pura o foi.
Por um breve instante a lentidão da mente lhes turvou a fé e o olhar,
Pois não compreenderam que caminhava com eles Aquele em quem tanto confiaram.
Por um breve instante apenas.
Por um breve instante apenas, porque Ele Ressuscitou.
Para sempre as portas do medo foram abertas, rompidas.
Para sempre as portas da incredulidade de Tomé não mais sobreviveram.
Para sempre a Vida Venceu a Morte, pois assim é o Amor.
A vitória de Deus, do Amor, não é por um breve instante.
Para sempre Ele Ressuscitou,
E n’Ele e com Ele também ressuscitaremos.
Há na vida os “breves instantes” que parecem se eternizar. Parecem, tão apenas.
Há na vida instantes que se prolongam, germinando para o horizonte da eternidade.
Na vida temos os “breves instantes” a serem suportados,
Mas com fé, haverão de ser enfrentados, corajosamente vencidos.
Na vida há os “breves instantes” de escuridão que parecem se eternizar,
Mas vem ao nosso encontro a luz divina nossas noites escuras iluminar.
Há os “breves instantes” da falta de esperança, confiança e coragem,
Mas que se não nos curvarmos à mediocridade, com Oração serão superados.
Há “breves instantes” outros a serem contemplados.
Há o eterno momento a ser alcançado: glória, luz e paz, eternidade...
Há sempre o peso da cruz, em “breves instantes” com peso aparentemente insuportáveis.
Há a eterna compaixão de Deus que vem ao nosso encontro em divina solidariedade.
“Vinde a mim vós que estais cansados e fatigados,
Meu fardo é leve, meu jugo é suave” (cf. Mt 11,-28-30),
disse o Senhor.
Se não suportarmos breves instantes difíceis que devemos passar,
Como alcançaremos o tempo maravilhoso, infinito de alegria na eternidade?
“Por um breve instante Eu a abandonei, mas
com profunda compaixão Eu a trarei de volta.”
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