Continuando
a rezar a partir da matemática...
Matemática! Para alguns
um sofrimento, para outros um deleite...
Quantos rezaram, rezam
e continuarão rezando para fazer uma prova de matemática...
Lembro-me das noções
elementares aprendidas há muitos anos... Das primeiras lições de tabuada, para
muitos, que tormento a memorização.
Lembro-me do “lapiz”
que não apontava (confesso que tive mais dificuldade de escrever lápis com s e
não com z, sem esquecer-me do acento...), pois trazia a tabuada (se era para
usar, por que vinha neles). Mas tinha o memorável lápis preto sem nada escrito
que consumíamos interminavelmente com os apontadores. Depois vieram as
lapiseiras...
Mas antes que continue,
tive professoras que apaixonadas pela matemática, vocacionadas para tal me
levaram ao mesmo sentimento...
Lembro-me das operações
que nos acompanhariam por toda a vida (adição, subtração, multiplicação e
divisão); daquelas enormes expressões algébricas com chave, colchetes, parênteses e o
imperativo da ordem a ser obedecida, sem a qual jamais chegaríamos ao
pretendido resultado; da raiz quadrada; das equações de primeiro grau e segundo
graus, a procura do valor de “x”. Ah, também das equações biquadradas (será
isto mesmo? já nem me lembro)...
As aulas sobre
Conjuntos, que talvez não lembremos tanto quanto deveríamos, mas que estão mais
que presentes em nosso cotidiano.
Recordar tudo isto, nos possibilita rezar a
partir da matemática:
“Conjunto: Coleção de
elementos bem definidos...”
Lembramos a
criação: a Ação Divina que fez tudo e viu que era muito bom! A perfeita
harmonia da criação. A beleza da criação, a biodiversidade, o equilíbrio do
sistema; a mais que atualíssima questão da sustentabilidade em que um elemento
(ser/organismo) depende do outro... A procura do equilíbrio, do respeito às
diferenças.
A beleza divina
manifesta-se na diversidade, multiplicidade, na possibilidade de nos
surpreender com elementos novos, traduzidos como conteúdos e enredos novos.
Somos os elementos por
Deus bem definidos, antes pensados, criados, reconciliados porque, por Ele,
sempre amados.
“O Conjunto dos números
Naturais”, que tem por natureza o infinito, leva-me a refletir sobre a
infinitude do Amor de Deus, que tende a nos lançar para o futuro, plantando em
nós a semente da eternidade quando de nosso Batismo.
Infinitude e
imensurabilidade do Amor Divino...
Há amores finitos são como
as ervas da manhã que murcham ao entardecer e orvalhos que secam com os
primeiros raios do sol como muito bem expressou o salmista sobre a finitude.
“Pertinência:
Característica associada a um elemento que faz parte de um Conjunto. Um
elemento pode ‘pertencer’ ou ‘não pertencer’ a um determinado Conjunto.”
Com a “pertinência” reconhecer
que a Deus pertencemos, e por isto diante d'Ele devemos nos submeter: diante do
Senhor todo joelho se dobre e toda língua proclame Jesus é o Senhor (Fl 2,1-11).
A Deus, que não Se
deixa apropriar por mãos humanas, sintamo-nos pertencentes.
Quanto maior for este
sentimento, maior nossa relação filial de confiança e amor, disponibilidade e
serviço.
“Relação entre
Conjuntos - Contém, não contém, está contido, não está contido...”
Como é bom saber que o
coração trespassado de Jesus contém a nossa existência.
Dilatado foi para que
nele coubéssemos. Estamos contidos no coração de Jesus, e quanto mais o
amarmos, mais sentiremos Sua presença em nós, e mais em Seu coração desejaremos
estar contidos.
“Contém” - A Sagrada
Escritura contém a história da Salvação, e com isto, nela está contida a
história do Amor de Deus e todos aqueles que escreveram esta história.
Importa vivermos também
sentindo-nos nesta história envolvidos, contidos. Quanto mais assumir a Sagrada
Escritura como nossa história de salvação, mais nela nos sentiremos contidos.
“Operações entre dois
Conjuntos - união, intersecção...”
Reflito sobre a União
Matrimonial – “O que Deus uniu o homem
não separe...” Unidade e indissolubilidade matrimonial a serem vividas
cotidianamente como Mistério Pascal.
A unidade desejada e
rezada por Jesus (Jo 17); exortada por Paulo em Efésios ( Ef 4); a unidade vivida pelas
primeiras comunidades (At 2,42-45).
A unidade: a relação
dos povos e suas diferenças étnicas, culturais; a unidade no respeito à
diversidade tão frágil e tão bela...
A matemática muito mais
do que nos livros, como martírio ou encanto, como sofrimento ou prazeroso
aprendizado está mais do que presente em nossa vida.
Urge a
religação dos saberes... O saber da matemática também pode ser e é
indispensável para descobrirmos caminhos novos para uma nova humanidade. Rezar
a partir da matemática é possível, mais que isto: necessário!
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