“A fé que se torna missão”
Com a Liturgia do 2º Domingo da Páscoa (ano A), também chamado de “Domingo da Misericórdia”, à luz da Palavra de Deus, refletimos sobre o papel da comunidade cristã como lugar privilegiado do encontro com Jesus Cristo Ressuscitado: na Palavra proclamada, no pão partilhado, no amor vivido e no corajoso testemunho dado.
A comunidade de homens novos, que nasce da Cruz e da Ressurreição de Jesus, a Igreja, continuará a missão do Senhor: comunicar a vida nova que brota de Sua Ressurreição.
Na passagem da primeira leitura (At 2, 42-47), Lucas retrata os primeiros passos da comunidade cristã, assídua nos Ensinamentos dos Apóstolos, na Comunhão Fraterna, na Partilha do Pão e na Oração - quatro pilares básicos de uma autêntica comunidade, para que ela seja viva e frutuosa, na doação e serviço em favor dos irmãos, anunciando ao mundo a Salvação que Jesus veio trazer.
Nesta passagem, é como se Lucas nos oferecesse um “Raio-X” de nossas comunidades, percebendo sua estrutura, o que precisa ser reforçado, para que este retrato da comunidade não seja apenas saudosismo, mas um desafiador projeto a ser realizado, numa autêntica evangelização, no anúncio da Boa-Nova aos pobres, em empenho sincero de sua libertação, fazendo acontecer o urgente Ano da Graça do Senhor, como nos exorta o Evangelista Lucas (Lc 4, 16-21).
A comunidade precisa perseverar e cuidar destes pilares:
Ensinamentos dos Apóstolos:
Formação bíblica, teológica, doutrinal, Documentos da Igreja, Escola de Ministérios, subsídios diversos disponíveis, livros dos grupos de reflexão, plano de pastoral, e tantos outros meios pelos quais hoje podemos favorecer a formação doutrinal, aprofundamento da Palavra de Deus.
Comunhão Fraterna:
É muito mais que um abraço, um canto de paz na Missa ou culto dominical, é a solidariedade concreta com os empobrecidos, através de diversas Pastorais e Serviços dentro e fora das comunidades, como tão bem nos é proposto nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil – CNBB (2019-2023).
Eucaristia ou Fração do Pão:
A Celebração Dominical na qual Deus Se faz nosso Alimento e nos fortalece pela Sua Palavra. Quando celebramos nossa vida, com suas alegrias e tristezas, angústias e esperanças, em busca de novos horizontes para que o Reino de Deus aconteça.
A Eucaristia é, verdadeiramente, o ponto alto e a fonte de toda a nossa vida. A Eucaristia edifica a Igreja e a Igreja faz a Eucaristia, como nos falou o Papa São João Paulo II.
Oração:
Individual, familiar e comunitária. Trinta minutos, ao menos por dia, como nos exortou um grande Bispo da Igreja do Brasil (D. Pedro Casaldáliga).
A Oração muito mais do que uma reza sistemática, rotineira, é um diálogo profundo com o Eterno que habita em cada um de nós. É colocar-se no colo de Deus, ser beijado e acariciado pelo mesmo e, se preciso, levar um “puxão de orelha” para nossa orientação… A Oração é diálogo no aparente silêncio de Deus.
Reflitamos:
- Como vivenciamos as dimensões acima apresentadas?
- Eucaristia celebrada e na vida prolongada. Como relacionamos a Eucaristia que celebramos com o nosso quotidiano?
A segunda leitura é uma passagem da Carta de São Pedro (1Pd 1,3-9), dirigida aos cristãos das cinco províncias romanas da Ásia menor.
A Carta tem como objetivo ajudar a manter firme a fé, esperança e a caridade. É preciso viver na solidariedade, alegria, coerência e fidelidade à adesão feita ao Cristo Ressuscitado: identificarmo-nos com Jesus, Aquele a quem amamos, sem O termos visto, pois Ele é o Cristo, que por amor se entregou ao Pai em favor de todos nós. Se assim também o fizermos, chegaremos, com Ele, à Ressurreição.
É preciso nas contrariedades manter a esperança, confiando no amor de Deus, que nos envolve e nos impulsiona, para que jamais recuemos no testemunho da fé, no revigoramento da caridade, nas virtudes divinas, que nos movem permanentemente.
Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-31), Jesus Se manifesta vivo e ressuscitado, e Se apresenta como o centro da comunidade cristã, comunicando: a paz (plenitude de bens) e o Espírito, para que os Apóstolos continuem a Sua missão.
A mensagem explicita a centralidade de Cristo na comunidade e esta, por sua vez, é a testemunha credível da vida do Ressuscitado no encontro com o amor fraterno, com o perdão dos irmãos, com a Palavra proclamada, com o Pão de Jesus partilhado e os compromissos com a justiça e a vida nova.
O Ressuscitado, rompendo as portas fechadas, onde os Apóstolos se encontram por medo dos judeus, disse-lhes: “A paz esteja convosco”. Nada mais pode impedir a ação do Ressuscitado.
É o primeiro dia da semana, é o tempo da nova criação alcançada pelo Ressuscitado, por isto guardamos o Domingo como o Dia do Senhor, para adorá-Lo e encontrá-Lo, de modo especial na comunidade: Cristo presente na comunidade de modo especialíssimo na Palavra e na Eucaristia.
Na primeira parte, Jesus saúda com o “shalom”: harmonia, serenidade, tranquilidade, confiança, plenitude dos dons à comunidade, de modo que a ela nada falta, pois o Ressuscitado Se faz presente.
E a comunidade será portadora desta Boa-Nova, empenhada na tríplice harmonia dos seres humanos com o Criador, com a própria criatura e com o cosmos.
Os Apóstolos são instrumentos da paz, da vida nova, da comunhão a ser vivida com Deus e com o próximo: shalom!
Quando reaprende a amar, a comunidade capacita-se para a missão de paz, e então se torna sal da terra, luz do mundo e fermento na massa.
A não vivência ou a recusa do amor impede que a paz aconteça... Paz que nos é dada como dom divino, compromisso humano inadiável.
Acolhendo o “sopro da misericórdia divina”, a comunidade não terá o que temer, porque não é enviada sozinha, mas com a força e a vida nova que nos vem do Santo Espírito – “E Jesus soprou sobre eles e disse-lhes: recebei o Espírito Santo”
A segunda parte, é o itinerário feito por Tomé, ausente na primeira vez em que Jesus apareceu aos Apóstolos, e depois, quando presente, faz a grande profissão de fé: ”Meu Senhor e meu Deus”.
Tomé é proclamado bem-aventurado porque viu e tocou as Chagas gloriosas do Ressuscitado, e Jesus nos diz que felizes são aqueles que creram sem nunca terem visto, nem tocado (Jo, 20,29).
Tomé toca exatamente onde nascemos e nos nutrimos: no coração de Jesus, do qual jorrou Água e Sangue: Batismo e Eucaristia.
Esta é uma mensagem essencialmente catequética, que nos convida a renovar hoje e sempre a nossa fé: somos felizes porque cremos sem nunca termos visto nem tocado.
A experiência vivida por Tomé não foi exclusiva das primeiras testemunhas do Ressuscitado, e pode ser vivida por todos os cristãos de todos os tempos. Hoje, somos convidados a fazer esta mesma experiência.
Reflitamos:
- Creio na presença de Jesus Ressuscitado na vida da Igreja?
- Sinto a presença e ação do Ressuscitado em minha vida?
- Jesus Ressuscitado possui centralidade em minha vida?
- Jesus Ressuscitado ocupa o lugar central em minha comunidade?
- Como vivo a missão, por Ele, a mim confiada?
- Tenho acolhido o sopro do Espírito na missão vivida?
- O que tenho feito para que a paz, mais que sonho e desejo, se torne realidade?
- O Domingo é, de fato, para mim o Dia do Senhor, do encontro com o Ressuscitado, para escutá-Lo na comunidade, reconhecê-Lo e comungá-Lo quando Ele Se dá no Pão partilhado, na Eucaristia?
- Como tenho prolongado, em minha vida quotidiana, a ação e vida do Ressuscitado, a Eucaristia celebrada?
Urge que a fé na Ressurreição do Senhor, faça transbordar de alegria nosso coração.
Oremos:
“Ó Pai, que no Dia do Senhor reunis o Vosso Povo para celebrar
Aquele que é o Primeiro e o Último, o Vivente que venceu a morte,
Dai-nos a força do Vosso Espírito, para que, quebrados os vínculos do mal, Vos tributemos o livre serviço da nossa obediência e do nosso amor, para reinarmos com Cristo na glória eterna.
Amém. Aleluia!”
“A paz esteja convosco!”
Ninguém pode impedir a ação do Ressuscitado!
Alegremo-nos!
Aleluia!
Fonte de pesquisa: www.Dehonianos.org/portal
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