domingo, 2 de julho de 2023

O amor de Deus pela vida e a fé necessária (XIIIDTCB)

 


O amor de Deus pela vida e a fé necessária


Com a Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (ano B), refletimos sobre a ação de Deus que ama, cura, liberta e salva a humanidade, pois jamais se alegra com nosso sofrimento e morte.
 
A passagem da primeira Leitura (Sb 1,13-15; 2,23-24), extraída do Livro da Sabedoria, composto um pouco antes da vinda de Jesus, é uma doutrina mais serena em relação aos mais antigos, e nos convida a contemplar o rosto de Deus, que ama a vida, e não é autor da morte – “Deus não fez a morte, nem tem prazer com a destruição dos vivos” (Sb 1,13).
 
Ele, ao contrário, cria a vida e a entrega à humanidade, modelada à Sua imagem, e pronto a restaurá-la quando se encontra em perigo ou a se apagar – “Deus não criou o homem para que caísse na espiral do nada” (1).
 
Na passagem da segunda Leitura (2 Cor 8,7.9.13-15), o Apóstolo Paulo  exorta a comunidade a viver a mútua ajuda, partilha e solidariedade, por ser uma comunidade que professa a fé no Senhor, como vemos em Atos dos Apóstolos (At 4,32-35).
 
Na passagem do Evangelho de Marcos (Mc 5,21-43), contemplamos a ação de Jesus que cura uma menina que estava nas últimas, e também uma mulher com hemorragia há doze anos.
 
Acima de tudo, manifesta-se a ação divina, por meio de Jesus, o Verbo encarnado, a pleníssima revelação da onipotência e bondade de Deus para com quem se sente impossibilitado de viver, vendo a vida se esvair no sangue derramado daquela mulher ou nas forças exauridas daquela criança.
 
Afinal, é próprio do Amor de Deus vir ao encontro de nosso sofrimento, fraqueza, limitações, e intervir para que tudo mude, exatamente quando nada mais parece possível. Deus nos dá a vida, quando esta parece perdida, como nos revela a ação de Jesus.
 
A cura da mulher, meditada na perspectiva da fé: o sangue propriamente dito é a vida; a hemorragia, por sua vez, consiste na perda do sangue, logo, a perda da vida.
 
Entretanto, o Sangue do Senhor que jorrou no alto da Cruz, com Sua Ressurreição, tornou-se plenitude de vida para todo aquele que crê: Sangue jorrado que redime e nos devolve a vida.
 
Aquela mulher é a imagem de todos nós que, sem a intervenção divina, vemos nossa vida se esvair, nossas forças sendo subtraídas, nossos sonhos diminuídos, nossos propósitos retrocedidos, nossas utopias amareladas e ultrapassadas porque não mais mantêm, e nem sustentam nossa fome de novos horizontes.
 
É também a imagem de todo aquele que somente em Deus tem a cura, o resgate, o reencontro, a redefinição de rumos, o revitalizar dos passos, o revigorar das forças, o renascimento dos compromissos com a vida, o imprescindível cultivar das virtudes que nos movem e nos direcionam, as delicadas e indescritíveis sementes da fé, esperança e caridade.
 
Diante do Senhor a morte se curvou, tudo se dobrou diante de Sua presença. Deus tem sempre a última Palavra, porque Ele é a Palavra:
Aquela criança, que tida como morta, diante da Palavra do Senhor recupera a vida – “Menina, Eu te digo, levanta-te”. 
  
A menina que nunca vimos, somos nós que, a cada dia, escutamos Deus falar no mais profundo de nós as mesmas palavras.
 
Quantas vezes vimos sonhos morrerem para novos e melhores nascerem. Quantas vezes projetos desmoronados para outros de qualidade incomparável aparecer.
 
Quantas vezes, quando tudo parecia nada, redução de cinzas fúnebres, a semente da fé brotou, para que a esperança viesse a se transfigurar e se materializar em atos indispensáveis de amor! 
 
Assim é o Amor de Deus: devolve-nos vida, porque é a Fonte da Vida e vida Plena (Jo 10,10), e nos chama, constantemente à vida, do princípio ao fim, na Sagrada Escritura – “... quem participa do Cristo, participa da vida. Por Cristo e pela Sua Ressurreição, quem crê, mesmo sabendo que deve morrer, vê a morte como um momento para passar a uma vida sem fim. A morte se torna ‘passagem’. Assume assim o caráter pascal de vitória.” (2)
 
Oportunas as palavras de São Francisco de Assis – “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã morte corporal, da qual nenhum homem vivo pode escapar”. (3)
 
Coloquemo-nos no lugar da mulher e da criança, e não seremos mais os mesmos, pois é próprio do Amor de Deus não nos permitir encurvados, derrotados, inertes, mórbidos, mortos.
 
Deste modo, Deus pode realizar maravilhas em nossa vida, mas é preciso que tenhamos fé na onipotência divina, e, também, ressalte-se, que não podemos transferir para Ele nossa responsabilidade, cuidando e promovendo a vida, com recursos necessários, bem como o acesso para todos, sobretudo para os mais vulneráveis.
 
A fé cristã jamais dispensa nossos sagrados compromissos no amor e cuidado com a vida, tanto das pessoas como de nosso planeta, nossa Casa Comum.
 
Deus por Seu amor, pela prática de Jesus, nos recria, para vivermos a como templos do Seu Espírito.
 
Oremos:
 
“Ó Deus, pela Vossa graça, nos fizestes filhos da luz. Concedei que não sejamos envolvidos pelas trevas do erro, mas brilhe em nossas vidas a luz da Vossa verdade. Por N.S.J.C. Amém.
 
(1) Missal Dominical–Editora Paulus – 1995 – p. 945           
(2) (3) idem – p.946   
 

Exigências no seguimento de Jesus (XIIIDTA)

 Exigências no seguimento de Jesus

A Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (ano A) nos propõe como Leituras: 2Rs 4,8-11.14-16ª; Salmo 89 (88); Rm 6,3-4. 8-11; Mt 10,37-42.

Dois temas nos inspiram: as condições para seguirmos Jesus e a acolhida e hospitalidade.

Para bem realizamos nossos discipulado precisamos do desprendimento (liberdade de laços familiares, e até mesmo desprendimento de si mesmo, da própria vida); renúncias necessárias para carregarmos a cruz quotidiana; confiança total na graça divina e incondicional disponibilidade.

Quanto ao acolhimento também implica em renúncia, disponibilidade, gratuidade, superação de toda sombra de desconfiança e suspeita e não extinguir o sopro do Espírito que nos fala pela Igreja, e de outras tantas formas.

O senso de acolhimento constitui num dos sinais mais expressivos para que possa mensurar a verdadeira fidelidade em nossas comunidades cristãs ao Evangelho.

Quanto mais acolhedoras nossas comunidades o forem (não me restrinjo ao acolhimento na porta da Igreja, pois o acolhimento em muito a isto ultrapassa; refiro-me ao que Ele mesmo nos falou em Mateus 25), mas testemunhas da presença do Cristo Vivo e Ressuscitado serão.

Inspirados na segunda leitura, o Apóstolo Paulo nos exorta a viver o Batismo, conscientes de que somos chamados a viver a vida nova dos filhos e filhas de Deus:

- Morrer para o pecado, para o egoísmo, à carne que são expressão do homem velho que em nós habita;
- Ressurgir para uma vida nova de amor e graça, voltada para o Espírito, como expressão do homem novo.

Em resumo: morrer para o pecado e viver para Deus. No seguimento de Jesus haveremos de viver um cristianismo verdadeiramente pascal, que não é, jamais, sinônimo de facilidades e de fuga do sofrimento.

Não há cristianismo sem cruz; logo não há discipulado sem o carregar corajoso e confiante da cruz, contando sempre com a graça divina que nos é abundantemente derramada.

O discípulo de Jesus sabe que o esplendor da manhã da Páscoa é sempre precedido pelas trevas da Sexta-feira Santa. Sabe que o caminho de Jesus é uma via sacra, levando ao Calvário. Mas também sabe que este não é a última etapa do caminho. Trilha passos corajosos porque acredita que tudo culmina na glória da Ressurreição, experimentada na manhã de Páscoa.

Concluo retomando a Oração pós-Comunhão do Dia:

Ó Deus, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, que oferecemos em sacrifício e recebemos em comunhão nos transmitam uma vida nova, para que unidos a Vós pela caridade que não passa, possamos produzir frutos que permaneçam.


Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”

Discípulos do Amor Exigente, do pecado jamais conivente (XIIIDTCA)

Discípulos do Amor Exigente, do pecado jamais conivente

Apresento alguns aspectos no envio e acolhida do Discípulo Missionário do Reino do Senhor, como que numa espécie de “manual do missionário cristão”:

- Trilhar o caminho do amor e entrega da vida;
- Viver na graça, com constantes renúncias ao pecado;
- Abandonar as obras das trevas, comunicar a luz divina;

- Ser credível testemunha da Boa-Nova que proclama;
- Saber que Deus jamais o abandona na missão;

- Ter consciência de que é enviado como missionário do Reino, como homem de Deus. Uma vez acolhido será canal da comunicação das graças e bênçãos para aquele que acolhe. De fato, quem colabora com Deus em Sua obra não fica sem a recompensa. A responsabilidade de colaboração é de todos;

- A gratuidade na missão deve ser uma marca, seja para quem é enviado, seja para quem acolhe o enviado de Deus;

- Exigência do afeto, solidariedade e compreensão para com os servidores de Deus. São homens e mulheres com limitações próprias que se permitem modelar pela mão divina;

- Que o discípulo tenha consciência e corresponda dando o melhor de si para que leve o outro a descobrir o fascínio da Boa Nova e da presença de Deus. Para tanto deverá ter seu coração seduzido pelo Amor Divino, verdadeiramente configurado a Cristo Bom Pastor;

- Cristãos pelo Batismo são enxertados em Cristo para viverem no amor, na partilha, em total dom de si mesmo, rompendo com as amarras do pecado num empenho constante de vida na graça;

- Carregar a cruz – o seguimento de Jesus não é um caminho fácil e consensual, acompanhado por aplausos e encorajamentos. É um caminho radical, que muitas vezes nos leva a rupturas e opções exigentes, em posturas éticas contrastantes ao mundo que nos cerca;
- Somos anunciadores e seguidores de Jesus que jamais Se apresentou como um demagogo com promessas fáceis;

- A preocupação do discípulo missionário não fixa âncoras na quantidade, mas na qualidade, sem deixar de exercer a misericórdia, sendo exigente, sem nenhuma conivência com o pecado;

- Como homens de Deus, se assim o formos, encontraremos no coração do outro um quarto feito no terraço do coração (2Rs 4,8-11.14.16a).

Renovemos a graça de sermos autênticos Discípulos Missionários do Reino do Senhor, sinais e instrumentos de um Amor exigente, porque se funda e se nutre no Amor Trinitário, que se expressa na misericórdia, com feições de amor, testemunhado em gestos incontáveis de caridade.

Sinais e instrumentos de um Amor exigente, porque se funda e se nutre no Amor Trinitário, que se expressa na misericórdia, com feições de amor, testemunhado em gestos incontáveis de caridade.

Não sejamos discípulos de um amor conivente que nada questiona e nada muda, porque antes falam os interesses mesquinhos e egoístas próprios.

Amor Exigente, jamais com o pecado conivente!
Como seguidores do Senhor que somos,
um  só caminho é possível,
mais do que evidente.

O Caminho do amor que ama o pecador,
que elimina todo pecado, porque puro e verdadeiro.
Assim ama o Senhor!


PS: 13º Domingo do Tempo Comum - Leituras: 2Rs 4,8-11.14-16a; Salmo 89 (88); Rm 6,3-4. 8-11; Mt 10,37-42.

O Senhor afasta de nós todo o medo (XIIIDTCA)

 Exigências no seguimento de Jesus

A Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (ano A) nos propõe como Leituras: 2Rs 4,8-11.14-16ª; Salmo 89 (88); Rm 6,3-4. 8-11; Mt 10,37-42.

Dois temas nos inspiram: as condições para seguirmos Jesus e a acolhida e hospitalidade.

Para bem realizamos nossos discipulado precisamos do desprendimento (liberdade de laços familiares, e até mesmo desprendimento de si mesmo, da própria vida); renúncias necessárias para carregarmos a cruz quotidiana; confiança total na graça divina e incondicional disponibilidade.

Quanto ao acolhimento também implica em renúncia, disponibilidade, gratuidade, superação de toda sombra de desconfiança e suspeita e não extinguir o sopro do Espírito que nos fala pela Igreja, e de outras tantas formas.

O senso de acolhimento constitui num dos sinais mais expressivos para que possa mensurar a verdadeira fidelidade em nossas comunidades cristãs ao Evangelho.

Quanto mais acolhedoras nossas comunidades o forem (não me restrinjo ao acolhimento na porta da Igreja, pois o acolhimento em muito a isto ultrapassa; refiro-me ao que Ele mesmo nos falou em Mateus 25), mas testemunhas da presença do Cristo Vivo e Ressuscitado serão.

Inspirados na segunda leitura, o Apóstolo Paulo nos exorta a viver o Batismo, conscientes de que somos chamados a viver a vida nova dos filhos e filhas de Deus:

- Morrer para o pecado, para o egoísmo, à carne que são expressão do homem velho que em nós habita;
- Ressurgir para uma vida nova de amor e graça, voltada para o Espírito, como expressão do homem novo.

Em resumo: morrer para o pecado e viver para Deus. No seguimento de Jesus haveremos de viver um cristianismo verdadeiramente pascal, que não é, jamais, sinônimo de facilidades e de fuga do sofrimento.

Não há cristianismo sem cruz; logo não há discipulado sem o carregar corajoso e confiante da cruz, contando sempre com a graça divina que nos é abundantemente derramada.

O discípulo de Jesus sabe que o esplendor da manhã da Páscoa é sempre precedido pelas trevas da Sexta-feira Santa. Sabe que o caminho de Jesus é uma via sacra, levando ao Calvário. Mas também sabe que este não é a última etapa do caminho. Trilha passos corajosos porque acredita que tudo culmina na glória da Ressurreição, experimentada na manhã de Páscoa.

Concluo retomando a Oração pós-Comunhão do Dia:

Ó Deus, o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, que oferecemos em sacrifício e recebemos em comunhão nos transmitam uma vida nova, para que unidos a Vós pela caridade que não passa, possamos produzir frutos que permaneçam.


Por Cristo, nosso Senhor. Amém!”

Rejeitados, animados ou censurados? (XIIIDTCC)

Rejeitados, animados ou censurados?

Retomemos a Liturgia da Palavra da Missa do 13º Domingo do Tempo Comum (ano C), e as palavras do Bispo Santo Agostinho em relação à passagem do Evangelho (Lc 9,51-62):

“Escutai o que Deus me inspirou sobre este capítulo do Evangelho: Nele se lê como o Senhor Se comportou distintamente com três homens.

A um que se ofereceu para segui-Lo, o rejeitou; a outro que não se atrevia, o animou a isso; por fim, a um terceiro que o retardava, o censurou”. (1)

Uma constatação para que sejamos discípulos missionários: tendo sido escolhidos e chamados pelo Senhor para participação nesta missão divina, precisamos ter a prontidão para a partilha da vida e do destino de Jesus, reconhecendo-O e aceitando-O como uma forma pessoal de vida.

Deste modo, ser cristão não é precisamente adesão a uma Doutrina, mas ao seguimento de Jesus, ligando-se plenamente, em comunhão à Sua Pessoa, em adesão total ao Seu Projeto, com novo sentido para a vida, com horizontes novos do Reino cultivados permanentemente no coração.

A adesão incondicional à Pessoa de Jesus, a obediência absoluta a Ele, torna-se, portanto, um ato libertador.

Assim afirma o Missal Dominical:
“Quem segue o Cristo é verdadeiramente homem livre, sem patrões. Um homem livre da escravidão das coisas, do poder, do dinheiro, do sexo, livre sobretudo de si mesmo.” (2)

Deus nos chama para viver na Liberdade, que consiste em viver abertos às novas potencialidades criativas, que são possibilidades de amor, partilha, doação, serviço e comunhão.

Concluindo, podemos afirmar, sem dúvida, que a vocação cristã não é propriedade pessoal, em sua origem, pois tem um Autor exterior à nossa existência:

“É o Senhor que chama, convoca, convida, encaminha e orienta a vida de um homem e de uma mulher, com uma proposta ou uma missão a cumprir”. (3)

Voltando a Santo Agostinho...
O Senhor nos chama:

- podemos ser rejeitados, porque não nos predispomos a viver na liberdade e na gratuidade;

- podemos ser animados, para que nos abramos ao desprendimento e coragem para segui-Lo;

- entretanto, precisamos de abertura às censuras divinas, para que não percamos tempo na emergência de nos colocarmos a serviço do Reino.

Rejeitados, animados ou censurados, como o Senhor Se dirige a cada um de nós? Como nos dirigimos e nos colocamos diante do Senhor, diante do Seu divino chamado?


PS: Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum - Ano C: 1 Rs 19,16b.19-21; Sl 15; Gl 5,1.13-18; Lc 9, 51-62

(1)  Lecionário Patrístico Doninical - Editora Vozes - 2013 - p. 669
(2) Missal Dominical - p. 1163
(3) Lecionário Comentado - Editora Paulus - Lisboa - 2013 p. 620

O Chamamento Divino e a resposta humana! (XIIIDTCC

O Chamamento Divino e a resposta humana!

A Liturgia do 13.º Domingo do Tempo Comum (ano C) nos convida a refletir sobre “o chamamento divino e a resposta humana”, com Jesus colocando-Se a caminho de Jerusalém, e com Ele muito aprender, por amor a vida entregar e morrer, para com Ele também, um dia, se merecedores, ressuscitar, a glória de Deus contemplar.

A vocação é, verdadeiramente, Dom Divino, que pressupõe uma resposta humana. A vocação é Dom, iniciativa divina, graça por Deus concedida. A resposta humana deve ser dada na liberdade da pessoa.

Assim é a história das vocações bíblicas, e o que vemos ao longo de toda a História.

Deus que nos criou sem nossa participação, não quer nos salvar sem nossa colaboração.

Deus é o chamamento, nós somos a resposta sem fundamentalismos, fanatismos, superficialismos… Deus chama e nós respondemos!

Identificados com Jesus, O seguiremos na liberdade, pois foi para a liberdade que Ele nos libertou (Gl 5,1), de modo que a liberdade é fruto do Espírito de Deus oferecido a cada pessoa.

A verdadeira liberdade é viver no amor. Quanto mais amarmos mais livres seremos. A ausência do amor remete-nos ao passado da escravidão, da vida centrada em si mesmo, marcada pela falsa liberdade que se confunde com libertinagem, que se manifesta no egoísmo, no isolamento, no orgulho, na autossuficiência, no individualismo, no egocentrismo…

Somente se é livre quando se ama…

A vocação do Profeta Eliseu, na passagem da primeira leitura (1 Reis 19,16.19-21), é sinal de que o Profeta não cai do céu, não é alguém inútil, ou perdido no ócio. Não! É alguém ocupado com o seu quotidiano e chamado a dar um salto, um passo para a novidade que Deus instaura no coração daquele que Ele ama, chama e acompanha.

Assim como fizera com Elias, agora faz com Eliseu e assim fará conosco.

Na resposta do chamado de Deus, em todo tempo, exige-se a paciência e confiança em Sua Misericórdia, renúncias, radicalidade da entrega, despojamento, disponibilidade, generosidade, entusiasmo, perseverança, constância, confiança, alegria, liberdade, amor, etc.

Urge que cortemos toda e qualquer amarra que nos impeça de fazer da nossa vida doação total, entrega incondicional, expressa no amor que ama até o fim, até as últimas consequências, assim como fez Jesus que por amor Se entregou em favor de todos nós – “Tendo nos amado, amou-nos até o fim” (Jo 13, 1).

Nossas comunidades, hoje, são levadas a refletir se, de fato, são comunidades voltadas para o amor, se servem ao Reino na liberdade, com amor e alegria.

A Deus se ama e se serve sem hesitações e restrições. Urge que ponhamo-nos a caminho no bom combate da fé, como nos exorta Paulo em sua Carta a Timóteo (2 tM 4,7-8).

Colocar-se a caminho com Jesus, a serviço do Reino, eis o convite da Liturgia; sem saudades nostálgicas que fixam âncoras no passado, mas com âncoras de esperança e olhar para o futuro acreditando que um novo mundo é possível.

Se olharmos para o passado que seja para avaliar e no presente acertar, e assim o futuro possa alegria maior despertar!

Ao convite amoroso de Deus só nos resta responder na liberdade, com amor, em alegre e profunda adesão, a serviço do Reino nos colocando…

Deus nos chama no tempo presente, como alguém assim tentou expressar em palavras, tão belo e indizível Amor Divino:

“É agora que Te amo, é agora que quero encontrar-Te,
estar contigo”.

Livres para seguir o Senhor (XIIIDTCC)

Livres para seguir o Senhor

A Liturgia do 13º Domingo do Tempo Comum (Ano C) nos convida a refletir sobre o discipulado na fidelidade ao Senhor que nos chama, e a necessária disponibilidade, radicalidade e o dom total da própria vida.

Na passagem da primeira Leitura (1 Rs 19, 16b.19-21), refletimos sobre o chamado que Deus faz a Eliseu: é Deus que chama e espera a nossa pronta resposta.

A vocação do Profeta Eliseu nos ilumina: Deus nos chama não porque estejamos no ócio, ao contrário, por estarmos devidamente ocupados com as coisas do quotidiano: o Profeta “não vem do céu” pronto para a missão e tão pouco se trata de alguém que não sirva para outra coisa.

A vocação profética, antes, é uma prerrogativa divina, uma missão querida e destinada por Deus a quem Ele quiser e chamar.

Para que a vocação profética seja vivida em plena correspondência aos planos divinos, é necessário disponibilidade, generosidade e empenho quotidiano. Ninguém nasce Profeta ou se faz Profeta, tão pouco é um projeto com acabamento final.

Na passagem da segunda Leitura, ouvimos a passagem da Carta de Paulo (Gl 5,  1.13-18), em que somos exortados a nos identificarmos plenamente com Jesus, vivendo a vida nova que Ele nos oferece, na plena liberdade, pois é para a liberdade que Ele  nos libertou (Gl 5,1).

A verdadeira liberdade consiste, portanto, num fruto do Espírito. Viver segundo o Espírito é viver uma liberdade que ninguém pode oferecer, a não ser o próprio Espírito. 

Esta verdadeira liberdade consiste em viver no amor: somente é autenticamente livre quem se libertou de si próprio e vive para doar-se inteiramente aos outros, fazendo da vida um dom de si mesmo.

Uma vida na escravidão consiste em viver centrado em si mesmo, no egoísmo, orgulho, egocentrismo, autossuficiência, individualismo, isolamento empobrecedor.

A passagem do Evangelho (Lc 9,51-62) nos apresenta o caminho do discípulo e as exigências para seguir o Senhor, haja vista o contexto em que Jesus decide ir para Jerusalém consumar a obra da Redenção da humanidade, pelo Mistério de Sua Paixão, Morte e Ressurreição.

Vislumbra-se a presença do Mistério da Cruz presente no caminho, como aparente sinal de fracasso, mas verdadeiramente sinal de vitória, de quem  nos ama e nos ama até o fim, dando a Sua vida para nos salvar.

O  Evangelista nos apresenta o itinerário que deve ser feito por aqueles que creem e aderem a Jesus, Sua Palavra e Pessoa, no compromisso com a Boa-Nova do Reino: é preciso renúncia de tudo e até mesmo da própria vida, amando até as últimas consequências.

A primeira lição que aparece na primeira parte da passagem: o Reino de Deus não acontece pela imposição da força, tão pouco por uma resposta violenta. É preciso sempre reaprender o caminho da não violência.

Na segunda parte, aprendemos que este caminho deve ser percorrido com total disponibilidade sem hesitações ou restrições (despojamento material), sempre abertos ao novo que Deus tem a nos oferecer (que os mortos enterrem os mortos), sem jamais olhar para trás, como sinal de fuga, desistência (quem põe a mão no arado não pode olhar para trás).

Urge que nos coloquemos sempre a caminho, como discípulos missionários do Senhor, no bom combate da fé.

Renovemos a alegria de termos sido escolhidos, amados, chamados e enviados em missão pelo Senhor. É preciso sempre amar, aderir e seguir o Senhor, na mais perfeita e autêntica liberdade.

Reflitamos:

- O  que ainda nos impede de viver a autêntica liberdade, fidelidade, doação e entrega da vida na missão que o Senhor nos confiou?

- O que ainda nos prende e não nos permite de nos abrirmos ao novo que Deus tem a nos oferecer, e que somente quem se abre ao Espírito, é capaz de captar e compreender?

- Somos uma comunidade marcada por relações de amor e doação?
- Damos testemunho da autêntica liberdade no dom da vida ao outro?

Caminhemos para frente, com coragem, ousadia, vivendo a graça da vocação profética. Dando razão de nossa esperança, testemunhando nossa fé numa prática frutuosa da caridade.

Lembremos o que nos ensina a Igreja: na vida de fé quando não se avança, recua-se. Não há tempo a perder, o tempo é breve e a urgência do Reino nos desinstala e o fogo do Espírito nos inflama. Amém.

Quem sou eu

Minha foto
4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG