segunda-feira, 1 de abril de 2024

Do cais provisório ao porto da eternidade

Do cais provisório ao porto da eternidade 

“Levantando, conjurou severamente o
vento e disse ao mar: ‘Silêncio! Quieto!’
Logo o vento serenou, e houve grande bonança.
 (Mc 4,39-40)

O Bispo Santo Agostinho tem Sermões que muito nos ajudam imensamente no crescimento espiritual, no amor à Igreja e a Cristo, pois são amores inseparáveis: A Igreja é o Corpo e Ele, Cristo, é a Cabeça, como nos ensinou Paulo em suas Cartas Sagradas.

“Por todas as coisas que fez, o Senhor nos ensina como viver aqui na terra. Não há ninguém neste mundo que não seja viajante, ainda que nem todos desejem regressar à pátria. Nós sofremos com as ondas e as tempestades que decorrem da travessia, mas, mesmo assim, fiquemos no navio. Com efeito, se dentro do navio corremos perigo, fora dele a morte é inevitável! Aquele que nada em alto mar pode ter muita força em seus braços, mas será, cedo ou tarde, vencido pela imensidão do oceano, é devorado por ele e desaparece.

Portanto, é necessário estarmos no navio, ou seja, sermos transportados pela madeira de um lenho, para poder atravessar o mar. O madeiro que carrega a nossa fraqueza é a Cruz de nosso Senhor, da qual trazemos o sinal em nossa fronte, e que nos impede de ser engolidos pelo mundo. Sofremos as agitações das ondas, mas é o Senhor que nos transporta.

A barca que transporta os discípulos, isto é, a Igreja, navega, e a tempestade das provações a tomam de assalto. O vento contrário, ou seja, o demônio que faz oposição à Igreja, não se acalma, esforçando-se por impedi-la de chegar ao repouso do porto. Grande é, porém, Aquele que intercede por nós. Com efeito, durante a tumultuosa navegação em que nos debatemos, Ele nos inspira confiança, vem a nós e nos reconforta, a fim de que, sacudidos pela barca, não nos deixemos abater e não nos lancemos ao mar.

Porque, mesmo se a barca é sacudida pelas ondas, é apesar de tudo uma barca, e somente esta barca transporta os discípulos e acolhe Cristo. Ela corre um grande risco no mar, mas, fora dela, imediatamente perecemos.

Conserva-te, pois, na barca e clama por Deus. Todos os conselhos podem falhar, o leme pode tornar-se insuficiente, as velas abertas mais perigosas que úteis – quando todos os socorros humanos falharem, só resta aos marinheiros rezar e elevar a Deus seus corações. Aquele que concede aos navegantes a graça de chegar ao porto, iria acaso abandonar a Sua Igreja, em vez de reconduzi-la ao repouso?”

O Bispo nos convida a nos conservarmos na barca, símbolo da Igreja, que clama por Deus que vem sempre em nosso socorro.

A Missão Evangelizadora da Igreja se constitui sempre num grande desafio, e é preciso muita coragem, confiança, serenidade, alegria, disponibilidade.
É preciso ter uma fé que nos faça pessoas inabaláveis, pois sabemos que o Senhor está conosco na “barca” nesta longa travessia.

Sejamos confiantes, pois Ele está conosco e, como Paulo falou aos Filipenses: “Não vos inquieteis com coisa alguma, mas apresentai as vossas necessidades a Deus, em Oração e súplica, acompanhadas de ação de graças” (Fl 4,6).

Nossa nau vai dia pós dia, noite pós noite, avançando sem medo, enfrentando ventos e tempestades, mas seguimos certos de que deixamos o cais da provisoriedade e rumamos para o porto da eternidade: Céu.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG