Quaresma e sagrados compromissos com a Ecologia
Integral
Celebremos e vivamos a Quaresma como tempo
favorável de conversão e penitência, para que bem nos preparemos para a
Celebração da Páscoa do Senhor, Mistério de Morte e Ressurreição – “Arrependei-vos e crede no Evangelho”
(Mc 1,15), disse Jesus.
Com a Igreja, aprendemos que a Quaresma não deve ser apenas interna e
individual, mas também com dimensão externa e social.
Neste sentido, a Igreja no Brasil realiza todo ano,
na Quaresma, a Campanha da Fraternidade (CF) que, longe de esvaziar o sentido
quaresmal, dá a ele conteúdo e fecundidade para flores e frutos pascais.
A CF é uma iniciativa concreta para realizarmos
ações que dão testemunho de arrependimento e verdadeira conversão nos diversos
âmbitos: pessoal, comunitário, eclesial e social.
A CF 2025 tem como Tema “Fraternidade
e Ecologia Integral”, e como lema “Deus viu que tudo era muito bom” (cf. Gn 1,31).
Urge refletir sobre a urgência
de cuidar da nossa Casa Comum, promovendo uma Ecologia Integral conectada com a
fé cristã, em expressão viva da responsabilidade socioambiental de todos nós.
A CF se realiza tendo como
contexto os 10 anos de promulgação da Encíclica Laudato Si’; 800 anos do Cântico das Criaturas de São Francisco; a
realização COP-30 no Brasil (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025 – este evento
é organizado pela ONU, um dos principais do mundo sobre o tema. e
inspirado pelas realidades locais que tanto nos desafiam).
Destaco o Objetivo
Geral da CF: “Promover, em espírito
quaresmal e em tempos de urgente crise socioambiental, um processo de conversão
integral, ouvindo o grito dos pobres e da Terra.”, com seus objetivos específicos:
1) Reconhecer o caminho percorrido e as ações já
iniciadas com a Encíclica ‘Laudato Si’
(LS) e o Sínodo da Amazônia, em vista do seu fortalecimento e continuidade;
2) Denunciar os males que o modo de vida atual
impõe ao planeta e que tem gerado uma “complexa crise socioambiental” (LS 135),
dado que em nossa Casa Comum “tudo está interligado” (LS 16);
3) Apontar as causas da grave crise climática
global, a urgência de alteração profunda nos nossos modos de vida e as “falsas
soluções” (LS 54) fomentadas em nome da transição energética;
4) Aprofundar o conhecimento do “Evangelho da
Criação” (LS, Cap. II), valorizando a dimensão trinitária da fé cristã e
recuperando o horizonte bíblico da aliança universal que envolve todas as
criaturas (Gn 8-9);
5) Explicitar a Doutrina Social da Igreja e assumir
o compromisso com a conversão integral, para a superação do pecado, em todas as
suas manifestações;
6) Vivenciar as propostas do Ano Jubilar em vista
de novas relações do ser humano com Deus e suas criaturas, consigo mesmo e com
o próximo;
7) Propor a Ecologia Integral como perspectiva de
conversão e elemento transversal às dimensões litúrgica, catequética e
sociotransformadora do compromisso cristão;
8) Incentivar as pastorais e os movimentos
socioambientais, em articulação com outras Igrejas e Religiões, sociedade
civil, povos originários e comunidades tradicionais, em vista da justiça
socioambiental e da atuação socioeducativa;
9) Promover e apoiar ações efetivas que visem à
mudança do modelo econômico que ameaça a vida em nossa Casa Comum;
10) Apoiar os atingidos por catástrofes naturais e
as vítimas dos crimes ambientais em sua busca por reparação e justiça;
11) Celebrar os 10 anos da Encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco,
acolhendo a ‘Laudate Deum’ e
avançando com as temáticas socioambientais que já foram abordadas nas Campanhas
da Fraternidade.
Fundamental que multipliquemos espaços e encontros
para refletir, rezar e encontrar caminhos para darmos sagrados passos na promoção
da Ecologia Integral, no cuidado da sacralidade da vida humana e da Casa Comum.
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