Peregrinando
na esperança, supliquemos ao Bom Pastor
Sejamos
enriquecidos pelo comentário sobre o Cântico dos Cânticos escrito por São
Gregório de Nissa (séc. IV):
“Onde
pastoreias, ó Bom Pastor, Tu que carregas sobre Teus ombros a toda a grei? Toda
a humanidade, que carregaste sobre os Teus ombros, é, de fato, como uma só
ovelha.
Mostra-me
o lugar de repouso, guia-me até o pasto nutritivo, chama-me por meu nome para
que eu, Tua ovelha, escute a Tua voz, e Tua voz me conceda a vida eterna: Avisa-me, amor de minha alma, onde
pastoreias.
Chamo-Te
deste modo, porque Teu nome supera qualquer outro nome e qualquer entendimento,
de tal forma que nenhum ser racional é capaz de pronunciá-lo ou de
compreendê-lo. Este nome, expressão de Tua bondade, expressa o amor de minha
alma por Ti.
Como
posso deixar de Te amar, a Ti que me amaste tanto, apesar de minha escuridão,
que entregaste a Tua vida pelas ovelhas de Teu rebanho? Não se pode imaginar um
amor superior a este, o de dar a Tua vida por minha salvação.
Ensina-me, portanto - diz o texto sagrado -, onde pastoreias, para que possa
encontrar os pastos saudáveis e saciar-me do alimento celestial que é
necessário comer para entrar na vida eterna; para que possa ainda acorrer à
fonte que proporcionas aos sedentos com a água que brota de Teu lado, manancial
de água aberto pela lança, que se torna para todos os que dele bebem uma fonte de água que jorra para a vida
eterna.
Se
me pastoreias desta forma, me farás recostar ao meio-dia, sestearei em paz e descansarei sob a luz sem mistura
de sombra. Durante o meio-dia não existe sombra alguma, já que o sol está a
cimo; sob esta luz meridiana fazes recostar aos que pastoreaste, ao pores Teus
ajudantes contigo em Teu quarto.
Ninguém
é considerado digno deste repouso meridiano se não é filho da luz e filho do
dia. Mas aquele que se afasta das trevas, tanto das vespertinas como das
matutinas, que simbolizam o começo e o fim do mal, é colocado pelo sol de
justiça na luz do meio-dia, para que repouse debaixo dela.
Ensina-me,
pois, como devo recostar-me e pastar, e qual seja o caminho do repouso
meridiano, não aconteça que por ignorância me afaste de Tua direção e me junte
a um rebanho estranho ao Teu.
Isto
diz a esposa do Cântico, solícita pela beleza que lhe vem de Deus e com o
desejo de saber como alcançar a felicidade eterna.” (1)
Como
Igreja sinodal, caminhando sempre juntos, façamos nossa esta oração ao Bom
Pastor em todos os momentos, sobretudo nos mais adversos.
Grandes
são as dificuldades e desafios, maior é a força e onipotência divina que vêm em
socorro de nossas fraquezas.
Como
peregrinos da esperança, precisamos contar com a presença e a ajuda do Bom Pastor, Jesus, que caminha conosco, e nos
convida - “Vinde a mim vós que estais
cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso” (Mt 11,28).
(1)
Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - 2013 - pp.
433-434
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