O
Senhor Se compadeceu de nós
“Felizes
de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos.
A
audição é nossa semeadura, e nossos atos, frutos da semente”
Santo
Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja (séc. V), em um de seus Sermões, nos fala
do Senhor que se compadeceu de nós, e espera que não apenas ouçamos e cantemos,
mas que também coloquemos em prática.
Ouvir,
cantar e viver:
“Felizes
de nós, se o que ouvimos e cantamos também executamos. A audição é nossa
semeadura, e nossos atos, frutos da semente.”
Não
entremos sem frutos na Igreja:
“Disse isto de
antemão para exortar vossa caridade a não entrardes sem fruto na Igreja, ouvindo
tantas coisas boas sem realizá-las. Porque por Sua graça fomos salvos, assim
diz o Apóstolo, não por nossas obras, não aconteça alguém se ensoberbecer (Ef
2,8-9), pois por Sua graça fomos salvos (Ef 2,5). Pois não precedeu nenhuma
vida virtuosa que Deus pudesse amar e dizer: ‘Ajudemos, socorramos estes homens
porque vivem bem’.”
Deus
se compadeceu e nos salvou:
“Desagradava-lhe
nossa vida, desagradava-lhe em nós tudo o que fazíamos, mas não lhe desagradava
o que Ele mesmo fez em nós. Por isto, o que nós fizemos, Ele o condenará; o que
Ele próprio fez, Ele o salvará. Não éramos bons. Mas Ele se compadeceu de nós e
enviou Seu Filho para morrer não pelos bons, mas pelos maus, não pelos justos,
mas pelos ímpios. Na verdade Cristo morreu pelos ímpios (Rm 5,6). E como
continua? Mal se encontra alguém que morra por um justo, pois talvez alguém se
atreva a morrer por um bom (Rm 5,7). Quiçá haja alguém que ouse morrer por um
bom. Mas pelo injusto, pelo ímpio, pelo iníquo, quem quererá morrer? Só Cristo,
para que, justo, justifique até mesmo os injustos”.
Deus
jamais nos abandona e jamais desiste de nós:
“Não tínhamos,
meus irmãos, nenhuma obra boa, mas todas eram más. E sendo tais os atos dos
homens, Sua misericórdia não abandonou os homens.”
Envia
Seu Filho para nos remir pelo preço do sangue derramado:
“Deus enviou Seu
Filho, para remir-nos, não por ouro, não por prata, mas ao preço de Seu Sangue derramado,
Cordeiro imaculado levado como vítima pelas ovelhas maculadas, se é que só
maculadas e não totalmente corrompidas! Recebemos então esta graça.”
Vivamos
esta graça e correspondamos ao amor de Deus:
“Vivamos de modo
digno dessa graça e não façamos injúria à grandeza do dom que recebemos. Tão
grande Médico veio a nós e perdoou todos os nossos pecados."
Não
recaiamos na “doença” ingratos ao próprio médico, Jesus:
“Se quisermos
recair na doença, não só nos prejudicaremos a nós mesmos, mas seremos ingratos
ao próprio Médico.”
Sigamos
Jesus, o Caminho, a vida da humildade:
“Sigamos os
caminhos que Ele próprio indicou, muito em especial a via da humildade, via que
Ele mesmo Se fez por nós. Mostrou-nos pelos preceitos o caminho da humildade e
criou-o padecendo por nós. Com o intuito de morrer por nós – e sem poder morrer
– o Verbo Se fez carne e habitou entre nós (Jo 1,14), para poder morrer por
nós, Aquele que não podia morrer. E com Sua morte matar nossa morte.”
Ele
que tinha condição divina, não Se apegou a mesma, e despojando-Se foi morto na Cruz:
“Fez isto o
Senhor, isto nos concedeu. O excelso humilhou-Se, humilhado foi morto e,
ressurgindo, foi exaltado, a fim de não nos deixar mortos nas profundezas, mas
de exaltar em Si na Ressurreição dos mortos aqueles que já agora exaltou pela
fé e o testemunho dos justos.”
O
Senhor nos deu a humildade como caminho para confessar e invocar Seu nome:
“Deu-nos então a
humildade como caminho. Se nos agarrarmos a ela, confessaremos o Senhor e com
toda razão cantaremos: Nós Te confessaremos, Senhor, confessaremos e
invocaremos Teu nome (Sl 74,2).”
Oremos:
Ó Deus, concedei-nos a graça de compreender e corresponder ao
Vosso amor, manifestado a nós, por meio do Seu Filho. Assistidos pelo Vosso
Espírito, jamais nos apresentemos com as mãos e coração vazios de frutos por
vós esperados.
Ó Deus, ajudai-nos a seguir os passos do Vosso Filho, trilhando
a via da humildade, fazendo progressos no caminho de santidade, adorando-Vos em
espírito e verdade e Vos amando concretamente na pessoa de nosso próximo.
Ó Deus, que não sejamos apenas ouvintes de Vossa Palavra, mas dela praticantes, não nos enganando a nós mesmos, mas empenhados em colocá-la
em prática, na defesa da vida e da dignidade humana. Amém.
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