Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2017
Apresento uma síntese da Mensagem para a Quaresma, do Papa Francisco para o ano de 2017 - "A Palavra é um dom. O outro é um dom".
Fala-nos da Quaresma como “...um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor”.
Trata-se também de momento favorável para a intensificação da vida espiritual, através da prática do jejum, da oração e da esmola, tendo como base a Palavra de Deus a ser ouvida e meditada mais intensamente neste tempo.
A reflexão tem como fundamentação principal a parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31), uma chave para compreensão de como se tem que agir para alcançar a verdadeira felicidade e a vida eterna, que passa pela sincera conversão anteriormente mencionada.
À luz da passagem, na primeira parte o Papa nos apresenta o “outro” como um dom.
Embora a parábola inicie “...com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre que se encontra numa condição desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21)”.
Este pobre tem um nome: “Lázaro”, literalmente, “Deus ajuda” e nos interpela a solidariedade: “Lázaro ensina-nos que o outro é um dom”.
O Papa nos diz que a parábola nos faz alguns convites, e o primeiro é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido –
Em seguida, na segunda parte, o Papa nos alerta para o fato de que a parábola também põe em evidência as contradições em que vive o rico, cego pelo pecado e indiferente à realidade de Lázaro.
Entrevê-se no rico dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: amor ao dinheiro, vaidade e soberba.
Cita a passagem da Carta a Timóteo, em que o apóstolo Paulo diz que “a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro” (1 Tm 6, 10) – “Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz”.
Acena também para o Evangelho de Mateus, sobre a condição do homem rico da parábola: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).
Na última parte, o Papa nos apresenta a Palavra de Deus como um dom: “O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima.
A Liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: ‘Lembra-te, homem, que és pó da terra e a terra hás de voltar’. De fato, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).
Continua a reflexão da parábola conduzindo-nos a nos abrirmos à escuta atenta da Palavra de Deus: “Deste modo se patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto o levou a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo”.
De fato, a Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus, e afirma o Papa que, fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.
Finaliza exortando a todos nós para que vivamos a Quaresma como tempo favorável para renovação e encontro com Cristo vivo, na Sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo.
Seja a Quaresma um itinerário a ser percorrido por todos nós:
“O Senhor – que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados.
Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana.
Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa”.
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