quarta-feira, 5 de março de 2025

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2016

Síntese da Mensagem para a Quaresma de 2016

A Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2016, com o Lema -“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13), e o título: “As obras de misericórdia no caminho jubilar”, foi apresentada em três tópicos:

No primeiro, ressaltou Maria, o ícone de uma Igreja que evangeliza porque é evangelizada, remetendo-nos à Bula de proclamação do Jubileu, em que nos fez o convite para que «a Quaresma daquele Ano Jubilar fosse vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiae Vultus, 17).

Fez um apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», ressaltando a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética, e nos promete o envio de Missionários da Misericórdia a fim de que seja um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus (o que ainda não temos bem claro como será).

No segundo, ressaltou sobre a Aliança de Deus com a humanidade, que é uma história de misericórdia, retratada de modo especial nas páginas da Sagrada Escritura, na ação e missão dos Profetas bíblicos.

O amor de Deus pela humanidade chega ao ápice na Encarnação de Jesus Cristo: “Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a Sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia encarnada (cf. Misericordiae Vultus, 8).

Jesus é o rosto da misericórdia divina, esposo da humanidade: “O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da Sua Esposa, à qual O liga o Seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com ela”.

A misericórdia de Deus nos revela a ação de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar (Misericordiae Vultus, 21), restabelecendo precisamente assim uma nova relação com Ele.

Por meio de Jesus crucificado, “Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e se afastou d’Ele. E faz isto na esperança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da Sua Esposa”.

No último tópico, fomos convidados a viver as obras de misericórdia corporais e espirituais.

As obras de misericórdia corporais são:
1ª Dar de comer a quem tem fome;
2ª Dar de beber a quem tem sede;
3ª Vestir os nus;
4ª Dar pousada aos peregrinos;
5ª Assistir aos enfermos;
6ª Visitar os presos;
7ª Enterrar os mortos.

As obras de misericórdia espirituais são:
1ª Dar bom conselho;
2ª Ensinar os ignorantes;
3ª Corrigir os que erram;
4ª Consolar os aflitos;
5ª Perdoar as injúrias;
6ª Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo;
7ª Rogar a Deus por vivos e defuntos
(Catecismo de S. Pio X. Capítulo IV. "Das obras de misericórdia").

O Papa afirmou, ainda,  que “a misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia”, vendo em Lázaro que mendiga à porta da casa do rico (Lc 16,20-21) a figura do Cristo, que nos pobres, mendiga a nossa conversão. “Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos”, porque acometidos de uma cegueira acompanhada do delírio de  onipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado.

Este delírio de onipotência “... pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem atualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los”.

Exortou-nos para que a Quaresma do Ano Jubilar viesse a ser um tempo favorável para todos, saindo da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia, tocando por meio das obras corporais a carne de Cristo nos irmãos e irmãs, necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados e visitados; as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar.

Insistiu para que jamais separemos as obras corporais e as espirituais, porque “tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo”.

Concluiu nos convidando a não perdermos o tempo de Quaresma, como tempo favorável à conversão, contando com a intercessão materna da Virgem Maria que, reconhecedora de sua pequenez, coloca-se humildemente como serva diante da grandeza da Misericórdia Divina (cf. Lc 1, 38).



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