O Sol dos sóis...
Esta reflexão de São Jerônimo nos enriquece para que melhor compreendamos e celebremos o Natal do Senhor que se aproxima:
“O Cristo não encontra lugar no Santo dos Santos, onde o ouro, as pedras preciosas, a seda e a prata reluziam: não, Ele não nasce entre o ouro e as riquezas, mas nasce num estábulo, na lama dos nossos pecados. Ele nasce num estábulo para reerguer os que jazem no meio do estrume: ‘Ele retira o pobre do estrume’.
Que todos os pobres encontrem nisso consolo! Não havia outro lugar para o nascimento do Senhor, a não ser um estábulo; um estábulo onde se achavam amarrados bois e burros! Ah! Se me fosse dado ver este estábulo onde Deus repousou!
Na realidade, pensamos honrar o Cristo retirando o presépio de palha e substituindo-o por um de prata… Para mim tem mais valor justamente o que foi retirado: o paganismo merece prata e ouro. A fé cristã merece o estábulo de palha. Pois bem! Ouvimos a criança choramingar no estábulo: adoremo-la, todos nós, no dia de hoje.
Ergamo-la em nossos braços, adoremos o Filho de Deus. Um Deus poderoso, que por longo tempo, bradou alto dos céus e não salvou ninguém: agora choramingou e salvou. A elevação jamais salva; o que salva é a humildade! O Filho de Deus estava no céu, e não era adorado; desce à terra e passa a ser adorado.
Mantinha sob seu domínio o sol, a lua, os anjos, e não era adorado; nasce na terra, homem, homem completo, integralmente homem, a fim de curar a terra inteira. Tudo o que não assumisse de humano, também não salvaria…”.
No dia de Natal, contemplamos o mais extraordinário acontecimento, a Encarnação do Verbo.
Poderia Deus expressar de melhor forma Seu amor, ternura, compaixão, misericórdia por nós, ainda que não merecedores?
Poderia Deus expressar de melhor forma Seu amor, ternura, compaixão, misericórdia por nós, ainda que não merecedores?
Sintamo-nos tocados por esta reflexão, e creio que até os mais insensíveis dobrar-se-ão diante dela. Se é que ainda a insensibilidade teime em fincar âncoras em corações, se é que ainda permitem que a insensibilidade forme crostas impenetráveis para a acolhida do transbordamento da misericórdia divina...
Acolhamo-la. Estremeçamos diante da beleza e, ao mesmo tempo, dureza das palavras que revelam nossa condição não meritória de tão belo e grande Presente, tão belo e grande hóspede como nos falou também o Papa Leão Magno (séc. V).
Que neste Natal os raios do Sol Maior, Sol Invicto, Cristo Jesus, ilumine o mais profundo de nossa mente e coração, para que assim nossas ações, expressão de equilíbrio, justiça e piedade, revelem ao mundo que a graça veio ao nosso encontro e nos envolveu.
Abandonemos a impiedade e as paixões mundanas e o imperativo a reger nosso coração seja: amar e cuidar com amor da vida, acolhendo a Vida que veio habitar entre nós.
Sintamo-nos aquecidos e iluminados pelos raios do Sol dos sóis, se me permite assim dizer. Não nos iludamos com aquilo que aparentemente parece trazer calor, mas muitas vezes nos faz gélidos, insensíveis e indiferentes para com o outro.
Não nos iludamos com tantas coisas que parecem ser a última verdade, a iluminação de que precisávamos, mas são verdades transitórias que não duram talvez mais que um amanhecer, ervas que murcham ao entardecer, orvalhos que secam nas primeiras horas do amanhecer.
Nenhum canto do coração humano fique envolto em escuridão, não abrindo à saúde trazida pelo Sol dos sóis, Cristo Jesus!
Nenhum canto do coração humano fique envolto em escuridão, não abrindo à saúde trazida pelo Sol dos sóis, Cristo Jesus!
Feliz Natal acolhendo no mais profundo de nós, o Sol dos sóis e Seus raios, porque neles há vida, saúde, paz, alegria, amor, vitalidade, sonhos, esperanças, confiança, pureza, sutileza, leveza, vigor e encantamento para construirmos um novo mundo possível.
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