Ano
Novo: ouçamos apenas o que nos edifica!
Recordei-me de uma parábola, oportuna para retomarmos
ao longo de mais um ano que se aproxima:
“Um
grupo de rãs atravessava uma floresta quando, de repente, duas delas caíram em
um poço.
Todas as outras rãs se reuniram na beira, notando o quão profundo o poço era. Concluíram que estavam irremediavelmente perdidas, já que não havia a menor chance de elas escaparem.
Então, disseram a elas que nenhum recurso havia que pudesse salvá-las e que, para fins práticos, deviam considerar-se mortas. As duas rãs, ignorando os comentários, continuaram tentando com todas as suas forças sair do poço.
As outras continuaram
a gritar, com insistência, que seus esforços seriam inúteis.
Uma delas acabou
dando ouvidos aos argumentos, desistiu de lutar e caiu morta.
A outra, pelo
contrário, continuou a saltar tão alto quanto podia.
Mais uma vez, a multidão de rãs gritava e fazia sinais, dizendo da inutilidade da sua tentativa, procurando convencê-la de que o melhor era desistir de tão infrutífero sofrimento e se conformar com a morte, já que nenhum sentido havia naquela luta inglória.
Mais uma vez, a multidão de rãs gritava e fazia sinais, dizendo da inutilidade da sua tentativa, procurando convencê-la de que o melhor era desistir de tão infrutífero sofrimento e se conformar com a morte, já que nenhum sentido havia naquela luta inglória.
Mas a rã pulou com
forças cada vez mais crescentes até que... enfim... conseguiu sair do buraco. As outras rãs se aproximaram dela e disseram:
- ‘Nós estamos
contentes que você tenha conseguido sair do poço, apesar da nossa gritaria para
você desistir! Diga-nos: como reuniu tanta força para conseguir praticamente o
impossível?!’
A rã, então, lhes
disse que era surda e pensou que os gritos eram de incentivo para ela sair do
buraco, animando-a para superar-se cada vez mais, o que acabou conseguindo”.
Refletindo...
Cada dia do ano novo é como uma página de um grande livro a ser escrito,
e, muitas vezes, precisaremos filtrar o que ouvirmos e transcrever para sempre
o que enriqueceu nossa alma e coração: aquilo que for bom, escutar e integrar à
nossas atitudes, para que façamos progressos em todos os âmbitos; de outro
lado, o que não for edificante, fazermo-nos “surdos”, como a rã da estória.
Certamente, encontraremos pessoas que nos estimularão, com palavras e
gestos, fazendo-nos redescobrir as forças que possuímos, sobretudo, no bom
combate da fé, sem jamais nela vacilar, sem esmorecimentos na esperança e
tampouco o esfriamento na caridade, pois o amor é uma chama eterna, e nem mesmo
as águas dos rios poderão apagá-la:
– “As muitas águas não podem
apagar este amor, nem os rios afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de
sua casa pelo amor, certamente o desprezariam” (Ct 8,7).
Desejo que não nos aconteça, mas muito provavelmente, encontraremos pessoas que pouco ou nada nos incentivarão, até mesmo, dirão que não vale a pena
lutar, que não há perspectivas para os tempos em que vivemos. São “cantores
agourentos” de plantão, ancorados num pseudossaudosismo, que em nada nos ajuda nos
avanços necessários, para que vejamos o sol romper na escuridão de uma noite,
com a luminosidade desejada para trilharmos, sem medo, novos caminhos.
Cabe a nós o discernimento constante, para ouvir o que deve ser ouvido e
jamais absorver pensamentos ou palavras negativas, que nos roubem as forças e a
graça da teimosia e ousadia de viver, acreditando que o melhor de Deus está
sempre por vir.
Seja o Ano Novo a oportunidade de gritarmos a quem precisar, se no fundo
do poço se encontrar:
“Coragem! Não
desista! É preciso dar razão de nossa esperança, não permitindo que nossa fé,
se perca no lamaçal devorador dos desesperados, e tão pouco nosso amor perca
sua inflamabilidade, pois é ele que nos faz acreditar que há um mundo fora do ‘poço’,
com belezas e desafios próprios”.
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