quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

O humano e o divino na frágil criança se encontraram

O humano e o divino na frágil criança se encontraram

Sejamos enriquecidos pelas Sentenças do Abade e Confessor São Máximo (Séc. VII), em que nos apresenta o Mistério do Verbo Encarnado, um Mistério sempre novo.

“O Verbo de Deus nasceu segundo a carne uma vez por todas. Mas pela Sua bondade e condescendência para com os homens, quer nascer sempre espiritualmente naqueles que O desejam.

Quer tornar-se criança, que vai se formando neles com o crescimento das virtudes; e manifesta-Se na medida em que pode compreendê-Lo quem O recebe. Se não Se comunica com o esplendor de Sua grandeza, não é porque não deseje, mas porque conhece as limitações das faculdades receptivas de cada um. Assim, o Verbo de Deus revela-Se sempre a nós do modo que nos convém, e, contudo, ninguém pode conhecê-Lo perfeitamente, por causa da imensidade de Seu Mistério.

Por isso, o Apóstolo de Deus, considerando com sabedoria a força deste Mistério, diz: Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade (Hb 13,8). Ele contemplava esse Mistério sempre novo, que nunca envelhece para a compreensão da inteligência humana.

Nasce o Cristo, Deus que Se faz homem, assumindo um corpo dotado de uma alma racional, Ele por quem tudo que existe saiu do nada. No Oriente brilha uma estrela visível em pleno dia e conduz os magos ao lugar onde está deitado o Verbo feito homem, para demonstrar misticamente que o Verbo, contido na Lei e nos Profetas, supera o conhecimento sensível e conduz as nações à plena luz do conhecimento.

Com efeito, a Palavra da Lei e dos profetas, entendida à luz da fé, é semelhante a uma estrela que conduz ao conhecimento do Verbo encarnado todos os que foram chamados pelo poder da graça, segundo o desígnio de Deus.

Deus Se fez homem perfeito, sem que nada lhe faltasse do que é próprio da natureza humana, à exceção do pecado (o qual, aliás, não era inerente à natureza humana). Ele queria assim apresentar Sua carne como Alimento para provocar o dragão insaciável que queria devorá-la.

Mas ao arrebatar esta Carne que seria um veneno para ele, o dragão foi destruído pelo poder da Divindade nela oculta. Para a natureza humana, porém, esta carne seria o remédio que lhe restituiria a graça original, pelo mesmo poder da Divindade.

Assim como o inimigo, tendo inoculado o seu veneno na árvore da ciência, havia corrompido a natureza do homem que provara do seu fruto, também ele, ao pretender devorar a carne do Senhor, foi enganado e destruído pela força da Divindade que nela habitava.

O grande Mistério da Encarnação de Deus permanecerá sempre um mistério! Como pode o Verbo que está em Pessoa e essencialmente na carne existir ao mesmo tempo em Pessoa e essencialmente junto do Pai? Como pode o Verbo, totalmente Deus por natureza, fazer-Se totalmente homem por natureza, sem detrimento algum das duas naturezas, nem da divina, na qual é Deus nem da humana, na qual Se fez homem? Só a fé pode alcançar estes Mistérios, ela que é precisamente a substância e o fundamento das realidades que ultrapassam toda inteligência e compreensão”.

Oremos:

Renovai e fortalecei nossa fé, Senhor, para que contemplemos a natureza divina e humana no Mistério de Vossa Encarnação, e conduzidos pela Vossa divina presença, comuniquemos e resplandeçamos em todos os lugares, com nossas palavras e ações, a Vossa divina luz, de modo especial nas situações mais obscuras e adversas.

Concedei-nos a graça de, guiados pelo Vosso Espírito, comunicar, a quantos precisarem, a Vossa ternura e bondade, que veio ao nosso encontro na frágil, terna, meiga e doce presença fazendo-Se um de nós, igual a nós, exceto no pecado, para que este fosse destruído, porque não inerente à natureza humana. Amém.

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG