sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!
Que cada um faça bem e com amor o que lhe é próprio!
Há muito tempo a Igreja insiste na Pastoral de Conjunto e no respeito às instâncias decisivas e participativas dentro ou até mesmo fora dela, do qual não podemos esquecer, pois estaríamos nos afastando no retrato das primeiras comunidades: “Os cristãos eram perseverantes na doutrina dos apóstolos...” (Atos 2,42-45).
Nas páginas bíblicas contemplamos o agir de Deus e vemos que é próprio do Seu amor nos educar para a liberdade, a responsabilidade e a verdade.
Lamentavelmente, muitos ainda não aprenderam a corresponder à altura este amor, pois não querem ou não se abrem para estes ensinamentos que nos conduziriam inevitavelmente a uma autêntica espiritualidade e maturidade cristã, e consequente fortalecimento de nossas comunidades, conferindo à evangelização mais ardor e renovação em expressões e métodos.
Isto nos leva a refletir sobre a necessidade de retomar um princípio muito forte, o Princípio da Subsidiariedade, que tem seus momentos nascentes na Encíclica “Quadragesimo Anno” (1931), quando o Papa Pio XI já chamava o mundo para a necessária busca de caminhos para uma verdadeira ordem internacional.
O Princípio da Subsidiariedade deve promover uma harmonização das relações entre os indivíduos e as sociedades, instaurando uma verdadeira ordem internacional, sendo também fundamental para a construção de relações de poder e serviço dentro da própria Igreja, devendo ser incansavelmente aprendido em âmbito paroquial, regional, diocesano, enfim, na Igreja como um todo.
Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja acerca do referido Princípio no parágrafo 1883: “Segundo este Princípio, uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade inferior, privando-a de suas competências, mas deve, antes, apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar sua ação com as dos outros elementos que compõem a sociedade, tendo em vista o bem comum”
E no parágrafo 1884, insistindo na liberdade humana para a qual Deus nos criou e que deve ser acompanhada e inspirada de sabedoria no governo, independente de que ordem seja, diz que: “Deus não quis reter só para si o exercício de todos os poderes. Confia a cada criatura as funções que esta é capaz de exercer, segundo as capacidades da própria natureza. Este modo de governo deve ser imitado na vida social. O comportamento de Deus no governo do mundo, que demonstra tão grande consideração pela liberdade humana, deveria inspirar a sabedoria dos que governam as comunidades humanas. Estes devem comportar-se como ministros da providência divina”.
Portanto, se o Princípio da Subsidiariedade, em nossas comunidades, bem entendido e vivido o for, o poder será a expressão do serviço, como nos ensinou o Senhor; a abertura ao outro e a alegria em servir se farão presentes em todos. Importa nos espaços da Igreja, no bom desempenho da pastoral observar o que lhe é próprio e intransferível sem invadir o espaço do outro.
Concluindo:
Temos ainda muito a aprender para, de fato, correspondermos ao amor e a confiança que Deus, em nós, deposita. Somente assim cresceremos e amadureceremos para aquilo que Deus espera de nós, pois é próprio do Amor de Deus querer sempre o melhor de nós... Eis uma das faces da Misericórdia Divina que alguns já descobriram...
Princípio da Subsidiariedade vivido, pastoral frutuosa será, a começar das comunidades, mas se espraiando na Igreja como um todo.
Temos ainda muito a nos converter para sua prática, estejamos onde estivermos, ou independentemente de onde ou em que participamos.
Que o Princípio da Subsidiariedade jamais seja esquecido! Pois se levado em conta, nos ajudará a avançar para águas mais profundas na perfeita comunhão e participação...
A Ação Divina não dispensa a ação humana
A Ação Divina não dispensa a ação humana
No Reino de Deus,
lançar a semente é nossa missão!
Na passagem do Evangelho (Mc 4, 26-34) proclamado na terceira sexta-feira do Tempo Comum, Jesus nos fala do Reino de Deus à luz da Parábola da semente lançada na terra.
Mais ainda, nos fala do Reino comparando-o a um grão de mostarda, a menor de todas as sementes e que produz ramos tão grandes que os pássaros vêm habitar à sua sombra.
Mais ainda, nos fala do Reino comparando-o a um grão de mostarda, a menor de todas as sementes e que produz ramos tão grandes que os pássaros vêm habitar à sua sombra.
Na construção e espera do Reino que vem, é preciso confiança ativa. O Reino é como o crescimento da semente, um processo lento e silencioso, mas seguro. A pequenez da semente também é significativa, pois aparentemente o que fazemos parece nada mudar, mas quanta diferença faz para quem dela recebe, já, os frutos.
Muitas vezes a pobreza dos meios, as nossas limitações, emergências e clamores nos levam a abrir-nos mais intensa e sinceramente à ação divina, explicitamente falando com a ação do Espírito que é imprescindível para a ação evangelizadora e a construção do Reino.
O Missal Quotidiano nos diz: “Em vez de agitação, serenidade; em vez de indolência, esforço; em vez de desânimo a certeza da fé; eis a atitude da Igreja, do apóstolo, do educador”.
Serenidade, esforço e a certeza da fé devem ser marcas de todo aquele que se coloca a serviço do Reino, contra toda tentação de agitação estéril e estressante, que nada de bom constrói; contra toda perniciosa, desastrosa tentação da acomodação, do recuo, do cruzar os braços em inativismo deplorável aos olhos de Deus – Deus que nos ama, como é próprio do Seu amor, não dispensa nossos esforços; contra toda tentação da perda da fé, do naufrágio da fé, o pior de todos os naufrágios.
Nisto consiste a missão de todos nós: lançar e cultivar as sementes. Se dela frutos não comermos, já terá valido ao outro ter assegurado esta possibilidade.
São oportunas as palavras do Apóstolo Paulo: “Eu plantei, Apolo regou, mas era Deus quem fazia crescer” (1Cor 3,6).
De fato, aquilo que comemos ou desfrutamos não é fruto do acaso, mas do reconhecido e louvável esforço e empenho de tantos/as que, muito antes e até no tempo presente, suas sementes lançaram...
Lancemos nossas sementes, as melhores que pudermos para que outros desfrutem...
Lancemos nossas sementes, as melhores que pudermos para que outros desfrutem...
São João Bosco: um exemplo de educador
São João Bosco: um exemplo de educador
No dia 31 de janeiro, celebramos a Memória do Presbítero São João Bosco (séc. XIX), e a Liturgia das Horas nos apresenta um trecho de uma de suas Cartas.
Uma Carta sugestiva para ser refletida e discutida, sobretudo por aqueles que têm a difícil arte e graça de educar, sobretudo hoje, com tantos desafios.
“Antes de mais nada, se queremos ser amigos do verdadeiro bem de nossos alunos e levá-los ao cumprimento de seus deveres, é indispensável jamais vos esquecerdes de que representais os pais desta querida juventude. Ela foi sempre o terno objeto dos meus trabalhos, dos meus estudos e do meu ministério sacerdotal; não apenas meu, mas da cara congregação salesiana.
Quantas vezes, meus filhinhos, no decurso de toda a minha vida, tive de me convencer desta grande verdade! É mais fácil encolerizar-se do que ter paciência, ameaçar uma criança do que persuadi-la. Direi mesmo que é mais cômodo, para nossa impaciência e nossa soberba, castigar os que resistem do que corrigi-los, suportando-os com firmeza e suavidade.
Tomai cuidado para que ninguém vos julgue dominados por um ímpeto de violenta indignação. É muito difícil, quando se castiga, conservar aquela calma tão necessária para afastar qualquer dúvida de que agimos para demonstrar a nossa autoridade ou descarregar o próprio mau humor.
Consideremos como nossos filhos aqueles sobre os quais exercemos certo poder. Ponhamo-nos a seu serviço, assim como Jesus, que veio para obedecer e não para dar ordens; envergonhemo-nos de tudo o que nos possa dar aparência de dominadores; e se algum domínio exercemos sobre eles, é para melhor servirmos.
Assim procedia Jesus com seus apóstolos; tolerava-os na sua ignorância e rudeza, e até mesmo na sua pouca fidelidade. A afeição e a familiaridade com que tratava os pecadores eram tais que em alguns causava espanto, em outros, escândalo, mas em muitos infundia a esperança de receber o perdão de Deus. Por isso nos ordenou que aprendêssemos d’Ele a ser mansos e humildes de coração.
Uma vez que são nossos filhos, afastemos toda cólera quando devemos corrigir-lhes as faltas ou, pelo menos, a moderemos de tal modo que pareça totalmente dominada.
Nada de agitação de ânimo, nada de desprezo no olhar, nada de injúrias nos lábios; então sereis verdadeiros pais e conseguireis uma verdadeira correção.
Em determinados momentos muito graves, vale mais uma recomendação a Deus, um ato de humildade perante ele, do que uma tempestade de palavras que só fazem mal a quem as ouve e não têm proveito algum para quem as merece”.
Vejamos algumas indicações oportunas e necessárias na educação daqueles que nos são confiados, apresentadas e vivenciadas por Dom Bosco:
- Ele vivia uma paternidade em relação aos alunos com vistas ao bem destes (não como sinônimo de paternalismo);
- A correção e o castigo não sejam o “descarregar o próprio mau humor”;
- O exercício do poder e de domínio sobre aqueles que se educam seja de serviço, como assim o fez Jesus;
- A afeição e a familiaridade com aqueles que se educa, assim como Jesus tratava os pecadores, comunicando-lhes o perdão;
- As faltas devem ser corrigidas sem cólera, ou com moderação: verdadeiros pais e a verdadeira correção;
- A recomendação a Deus, em determinados momentos muitos graves, e não “uma tempestade de palavras que só fazem mal” – silêncio e oração confiante a Deus.
Tenhamos São João Bosco como modelo de educador, em nosso trabalho evangelizador, para que cuidemos, com ternura e proximidade, daqueles que de nós muito esperam.
Oremos:
Ó Deus, que suscitastes São João Bosco para educador e pai dos adolescentes, fazei que, inflamados da mesma caridade, procuremos a salvação de nossos irmãos, colocando-nos inteiramente ao Vosso serviço. Por N.S.J.C. Amém!
Com cantos e louvores, celebremos as maravilhas de Deus
Com cantos e louvores, celebremos as maravilhas de
Deus “Louvem a
Javé, nações todas, e O glorifiquem todosos povos!
Pois o Seu Amor por nós é firme, e afidelidade
de Javé é para sempre! Aleluia!”(Sl 117,1-2) Sejamos enriquecidos com o “Comentário sobre os Salmos”, do bispo e
mártir São João Fisher (Séc. XVI): “Primeiramente, Deus, realizando muitos portentos
e prodígios, libertou o povo de Israel da escravidão do Egito. Deu-lhe passagem
a pé enxuto através do mar Vermelho. Sustentou-o com o Pão vindo do céu, maná e
codornizes. Da pedra duríssima fez jorrar água abundante para os sedentos.
Deu-lhe vitória sobre os inimigos que lhe moviam guerra. Fez com que o Jordão,
contrariando o seu ímpeto, retrocedesse por algum tempo. Repartiu entre as tribos e as famílias a terra
prometida. Concedeu-lhes tudo isto com amor e generosidade. No entanto,
ingratamente, aqueles homens esquecidos de tudo, desleixando e mesmo repudiando
o culto a Deus, não poucas vezes se emaranharam no inominável crime da
idolatria. Depois, também a nós, quando ainda pagãos íamos
atrás dos ídolos mudos, ao sabor de nossas inclinações, Ele nos cortou da
oliveira selvagem da gentilidade e, quebrados os ramos naturais, nos enxertou
na verdadeira oliveira do povo judaico, tornando-nos participantes da graça
fecunda de Sua raiz. Por fim, nem sequer poupou ao próprio Filho, mas O
entregou por todos nós como sacrifício e oblação de suave odor, a fim de nos
remir e de tornar puro e aceitável para Si um povo. Todos estes fatos, absolutamente certos, não são
apenas provas de Seu Amor e de Sua generosidade para conosco, mas também
acusações. Pois, ingratos, ou melhor, ultrapassando todos os limites de
ingratidão, nem damos atenção ao Seu Amor nem reconhecemos a grandeza dos
benefícios.
Rejeitamos e temos por desprezível o liberal doador de tão grandes
bens. A imensa misericórdia que Ele demonstrou incessantemente para com os
pecadores não nos comove nem nos leva a adotar uma norma de vida conforme Seu
Mandamento Santo. Tudo isto bem merece ser escrito para as gerações
futuras, em perpétua memória. E assim todos aqueles que no futuro receberem o
nome de cristãos, reconhecendo a infinita bondade de Deus para conosco, não
deixem nunca de celebrá-Lo com louvores divinos.” A primeira reflexão que nos desperta, é sobre a beleza e a riqueza
inesgotável dos Salmos, que são a expressão da oração do Povo de Deus, com as diferentes
sentimentos e realidades por que passamos. Não há nada de humano que tenha escapado aos salmistas. Com eles,
podemos falar com Deus: alegrias e tristezas, angústias e esperanças, dúvidas e
certezas, prantos e sorrisos, sonhos e pesadelos, sofrimentos e realizações,
sombras e luzes, pecado e graça. Cantos e louvores a Deus: Pela Sua ação criadora e recriadora, desde os primeiros amanheceres no
Éden, até que venha o novo céu e a nova terra. Pela Sua bondade e misericórdia, conduzindo o Povo pelo deserto,
libertando-o da escravidão do Egito, e de toda forma de escravidão em todos os
tempos. Pela experiência do amor e presença, através dos Profetas que
prepararam a vinda do Messias, e com Ele, o tempo da graça, a inauguração do
Reino. Pela proximidade de Deus no Verbo que Se fez Carne, que desceu ao nosso
encontro assumindo nossa condição humana, igual a nós, exceto no pecado, para
nos redimir e nos elevar à glória da eternidade. Pela bondade e misericórdia nas Palavras e ação de Jesus, que nos
revelou a face misericordiosa do Pai, porque inserido na plena comunhão de amor
do Santo Espírito. Pelo amor que ama até o fim, que elevado na Árvore da Vida, deixou-Se
trespassar e morrer de amor por nós. Pela presença do Santo Espírito, o Paráclito, que nos foi concedido
quando voltou para junto do Pai, para conduzir, iluminar e fortalecer a Sua Igreja,
para que jamais sentíssemos orfandade, fragilidade e abandono. Reflitamos: - O que mais Deus poderia ter feito por nós?Nada, absolutamente nada! Pois não poupou Seu Próprio Filho, para que
n’Ele creiamos e tenhamos vida eterna (Jo 3,16). - O que podemos fazer para corresponder ao Amor de Deus?Muito mais, porque, ainda que algo tenhamos feito, é nada diante do
tudo que a Trindade Santíssima fez, faz e sempre fará em nosso favor. O tempo é breve, a figura deste mundo passa. Façamos de cada instante,
de cada palavra e gesto multiplicado uma correspondência ao indizível e
infinito amor de Deus por nós, tão somente assim felizes o seremos. A segunda reflexão é sobre a graça de podermos celebrar as maravilhas
de Deus. No comentário, vemos retratadas as maravilhas que Deus realizou sempre
em favor da humanidade, cuja expressão máxima encontra-se em Jesus, entregue
por todos nós como sacrifício de suave odor. Também hoje, precisamos reconhecer as maravilhas que Deus continua a
realizar, em meio às dificuldades, provações, angústias e tristezas que se
possam notar. Não podemos incorrer no risco de não perceber a ação de Deus, a cada
segundo em nossa vida, e não cairmos na tentação de ver tão apenas o que haja
de negativo. Celebremos com louvores divinos a ação permanente de Deus, para que
tenhamos vida plena e feliz.
Redescobrir a Sua vontade e realizá-la, é um dos
caminhos de acolhida da Palavra de Jesus, com a força do Espírito, apresentada
no Sermão da Montanha: as Bem-Aventuranças (cf.Mt 5,1-12). Louvemos e agradeçamos as maravilhas que Deus realiza em nosso favor,
pois a gratidão é, verdadeiramente, o tesouro dos humildes (Shaekesperare); a
gratidão, humildade, paz e felicidade caminham juntas. Contemplemos as maravilhas de Deus com os olhos do
mesmo coração que celebra a Sua misericórdia e bondade, na plena comunhão com o
Espírito, por meio de Jesus, a quem rendemos toda a honra, glória, poder e
louvor. Amém.
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Professemos a nossa fé
Professemos a nossa fé
Creio em Cristo-Palavra que nos revela o segredo do amor de Deus através de Sua humanidade; que por Sua Palavra e ação revelou o rosto misericordioso do Pai, e espera que todos, pelo Batismo, assim o façamos.
Creio que a Igreja é o Seu Corpo Místico em fase de crescimento e acabamento, entre o tempo da Encarnação e o Seu retorno glorioso que esperamos vigilantes e orantes, com renovados e sagrados compromissos de discípulos missionários no anúncio e testemunho da fé.
Creio, portanto, que o primeiro dever da Igreja que somos é revelar a luz com que somos iluminados (Lumen Gentium 1), no alegre e corajoso testemunho da fé, pois ela tende a enfraquecer e acabar, apagando-se totalmente, quando não é devidamente partilhada, vivida.
Creio que a plena revelação é reservada para o fim dos tempos, mas desde agora é necessário que a mensagem do Evangelho seja transmitida com fidelidade e coragem, traduzida na atualidade e proclamada diante do mundo.
Creio que a Palavra a nós confiada não nos pertence, portanto não podemos modificá-La ao nosso bel prazer, alimentando caprichos e até mesmo traindo a essência de seu conteúdo, esvaziando sua sagrada e eterna mensagem, reduzindo-a a um discurso ideológico.
Creio que quanto mais de Deus se recebe, maior é a responsabilidade, acompanhada da gratidão, daqueles que foram escolhidos e introduzidos nos segredos de Deus, com o desejo de que todos sejam participantes desta mesma graça.
Creio que a Igreja realiza a sua missão, apesar dos obstáculos e da opacidade de sua condição terrena, não obstante a fraqueza, os erros e os pecados cometidos, contando com a Seiva do Amor do Santo Espírito, e revigorada cotidianamente no Banquete da Eucaristia.
PS: Fonte inspiradora: Mc 4,21-25 - Missal Cotidiano p.694 - Ed. Paulus.
Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 8,16-18; Mc 1,21-28)
Em poucas palavras...
A graça de Deus
“A tentação de medir o progresso do Reino de Deus sempre ronda nossas comunidades: ainda com demasiada frequência, avaliamos as coisas sob o aspecto quantitativo e visível.
Quando fazemos estatísticas e levantamentos necessários, não podemos esquecer uma variável misteriosa, mas real, que pode mudar todos os valores dos nossos dados: a graça de Deus.” (1)
(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 719 - passagem bíblica- 2 Sm 24,2.9-17
Porque sois minha luz, Senhor!
Porque sois minha luz, Senhor!
O Bispo de Nápoles, João, o pequeno em seu Sermão nos enriquece com esta reflexão inspirada no Salmo 27, 1: “O Senhor é minha luz e Salvação: a quem temerei?”
“O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? Grande servo é este que sabia de que maneira era iluminado, donde lhe vinha a luz e quem o iluminava.
Via a luz, não esta que declina à tarde; mas aquela que os olhos não veem. As almas iluminadas por esta luz não caem no pecado, não tropeçam nos vícios.
O Senhor disse: Caminhai enquanto tendes a luz em vós.
De que luz falava Ele? Não seria de Si mesmo? Ele que afirmou:
Eu, a luz, vim ao mundo, para que aqueles que veem não vejam e os cegos recebam a luz.
É Ele, o Senhor, nossa luz, sol de justiça, que refulgiu em Sua Igreja católica, espalhada por toda a terra.
O Profeta, figurando-a, clamava: O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei?
O homem interiormente iluminado não vacila, não abandona o caminho, tudo tolera.
Vê longe a pátria, por isso suporta as adversidades. Não se entristece com as vicissitudes terrenas, mas em Deus se fortalece.
Humilha o seu coração, é constante, e a sua humildade o torna paciente.
A verdadeira luz que ilumina todo homem que vem a este mundo se dá aos que temem a Deus, inunda a quem quer, onde quer, revelando-Se a quem o Filho quiser.
Quem está sentado nas trevas e na sombra da morte, nas trevas do mal e nas sombras dos pecados, ao ver surgir a luz, horroriza-se, desdiz, arrepende-se, envergonha-se e exclama:
O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei? Grande salvação, meus irmãos! Ela não teme a fraqueza, o cansaço não lhe faz medo, não conhece dor.
Digamos, então, com toda força, não só de boca, mas de coração: O Senhor é minha luz e minha salvação: a quem temerei?
Se é Ele quem ilumina, Ele quem salva, a quem poderei temer? Venham as sombrias sugestões, o Senhor é minha luz.
Podem vir, não poderão ir mais longe. Assediam nosso coração, não conseguem vencê-lo. Venham os cegos desejos, o Senhor é minha luz.
Nossa força está em que Ele Se dá a nós e nós o entregamos a Ele.
Correi ao médico enquanto podeis fazê-lo: Não aconteça que não seja mais possível quando o quiserdes.”
Como nos tocam estas palavras do Bispo:
“O homem interiormente iluminado não vacila,
não abandona o caminho, tudo tolera.
Vê longe a pátria, por isso suporta as adversidades…”
Cada tempo tem suas luzes e sombras, recuos e avanços a serem feitos.
Não poucas são as inquietações cotidianas, também não poucos são os infortúnios que marcam nossa vida…
Deus que jamais nos quer mergulhados em infantilismos espirituais, mas na confiança amadurecida, não dispensando nossa participação, colaboração, acompanha-nos com Sua luz, força, graça e amor.
O batizado é alguém que foi iluminado por Deus; tem a luz divina, por isto que o Senhor Jesus disse:
“Eu Sou a luz do mundo, quem Me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Eis a nossa missão: ao sermos iluminados, também iluminadores, crendo n’Aquele que é luz do mundo, esta mesma luz testemunhar nas mais diversas situações; n’Ele confiando, Sua Palavra acolhendo e vivendo: Não temais, conosco está e estará a luz das nações!
Porque sois minha luz, Senhor!
Incondicionalmente, sois minha luz!
Incondicionalmente, sois minha luz!
PS: Fonte: Liturgia das Horas – Vol. III - pág. 110 – 111, Dos Sermões de João, o Pequeno, Bispo de Nápoles (Séc. XIV).
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
Contemplemos a Cruz de Nosso Senhor
Contemplemos a Cruz de Nosso Senhor
Sejamos enriquecidos pela Conferência de Santo Tomás de Aquino, em que nos apresenta a Cruz de Nosso Senhor, na qual não nos falta nenhum exemplo de virtude.
“Que necessidade havia para que o Filho de Deus sofresse por nós? Uma necessidade grande e, por assim dizer, dupla:
Para ser remédio contra o pecado e para exemplo do que devemos praticar.
Foi em primeiro lugar um remédio, porque na Paixão de Cristo encontramos remédio contra todos os males que nos sobrevêm por causa de nossos pecados. Mas não é menor a utilidade em relação ao exemplo.
Na verdade, a Paixão de Cristo é suficiente para orientar nossa vida inteira. Quem quiser viver na perfeição, nada mais tem a fazer do que desprezar aquilo que Cristo desprezou na Cruz, e desejar o que Ele desejou. Na Cruz, pois, não falta nenhum exemplo de virtude. Se procuras um exemplo de caridade:
Ninguém tem amor maior do que Aquele que dá Sua vida pelos amigos (Jo 15,13). Assim fez Cristo na Cruz. E se Ele deu Sua vida por nós, não devemos considerar penoso qualquer mal que tenhamos de sofrer por causa d’Ele.
Se procuras um exemplo de paciência, encontras na Cruz o mais excelente! Podemos reconhecer uma grande paciência em duas circunstâncias: Quando alguém suporta com serenidade grandes sofrimentos, ou quando pode evitar os sofrimentos e não os evita.
Ora, Cristo suportou na Cruz grandes sofrimentos, e com grande serenidade, porque atormentado, não ameaçava (1Pd 2,23); foi levado como ovelha ao matadouro e não abriu a boca (cf. Is 53,7; At 8,32). É grande, portanto, a paciência de Cristo na Cruz.
Corramos com paciência ao combate que nos é proposto, com os olhos fixos em Jesus, que em nós começa e completa a obra da fé. Em vista da alegria que lhe foi proposta, suportou a Cruz; não Se importando com a infâmia ( Hb 12,1-2).
Se procuras um exemplo de humildade, contempla o Crucificado: Deus quis ser julgado sob Pôncio Pilatos e morrer.
Se procuras um exemplo de obediência, segue Aquele que Se fez obediente ao Pai até a morte:
Como pela desobediência de um só homem, isto é, de Adão, a humanidade toda foi estabelecida numa condição de pecado, assim também pela obediência de um só, toda a humanidade passará para uma situação de justiça (cf. Rm 5,19).
Se procuras um exemplo de desprezo pelas coisas da terra, segue Aquele que é Rei dos reis e Senhor dos senhores, no qual estão encerrados todos os tesouros da sabedoria e da ciência ( cf. Cl 2,3), e que na Cruz está despojado de Suas vestes, escarnecido, cuspido, espancado, coroado de espinhos e, por fim, tendo vinagre e fel como bebida para matar a sede.
Não te preocupes com as vestes e riquezas, porque repartiram entre si as minhas vestes (Jo 19,24); nem com honras, porque fui ultrajado e flagelado; nem com a dignidade, porque tecendo uma coroa de espinhos, puseram-na em minha cabeça (cf. Mc 15,17); nem com os prazeres, porque em minha sede ofereceram-me vinagre (Sl 68,22)”.
A contemplação da Cruz e do Crucificado por si mesma nada adianta, pois esta procura precisa configurar nossa vida, com a revisão de nossas atitudes e pensamentos, transformando a nossa vida.
Crendo n’Aquele que nos amou e na Cruz morreu, precisamos ter os mesmos sentimentos, completando em nossa carne o que falta à Sua Paixão por amor à Sua Igreja (cf. Fl 2,5; Cl 1,24), e dizer como Paulo - “Para mim viver é Cristo” (cf. Fl 1,21).
Coloquemo-nos diante da Cruz e do Crucificado, renovemos sagrados compromissos com os crucificados da história, pelos quais Ele deu, livremente, por amor, Sua Vida para que todos tenhamos vida.
Para Santo Tomás, na Cruz, contemplando o Crucificado, não nos falta nenhum exemplo de virtude. Dentre as quais ele destaca: Caridade, paciência, humildade, obediência e o desprezo pelas coisas da terra, sinônimo de absoluto despojamento.
O que de melhor possamos desejar e procurar, encontraremos na Cruz e no Crucificado: Amor, ternura, bondade, perdão, carinho, solidariedade, mansidão, acolhida; sabedoria com traços e aparência de loucura, Onipotência na aparência da fragilidade; bondade suprema para além de toda maldade extrema!
Procuremos as virtudes na Cruz, a cada dia, para que vivamos maior fidelidade ao Senhor, com renúncias necessárias, carregando nossa cruz, sem lamentos e reclamações inúteis.
Eis o caminho que tanto procuramos: A Cruz. Inevitavelmente a Cruz; Cruz redentora, Cruz salvadora, pois, do Crucificado ao mundo foram abertas as entranhas de misericórdia, de felicidade, de eternidade...
Quem por Ele procurar, será encontrado, quem por Ele chamar não será decepcionado: Batei e vos será aberto, pedi e vos será concedido.
Contemplando a cruz, encontramos o que tanto procuramos, ou no mínimo o que tanto deveríamos desejar e viver.
Há procuras insólitas e extenuantes; procuras que consistem em perdas sem retornos. Santo Tomás nos aponta verdadeiras e salutares procuras.
E, às vezes, como procuramos mal, quer pelo seu conteúdo, quer pelo seu lugar.
Eis o caminho que tanto procuramos: A Cruz. Inevitavelmente a Cruz.
Cruz redentora, Cruz salvadora, pois, do Crucificado ao mundo foram abertas as entranhas de misericórdia, de felicidade, de eternidade...
Quem por Ele procurar, será encontrado, quem por Ele chamar não será decepcionado: "Batei e vos será aberto, pedi e vos será concedido" (cf. Mt 7,7-8).
Coloquemo-nos em atitude de verdadeira e santa procura, carregando nossa cruz de cada dia, com as renúncias que se fizerem necessárias.
PS: Reflexão oportuna para o dia 28 de janeiro quando se celebra a Memória de Santo Tomás de Aquino (Presbítero e Doutor da Igreja) e a Festa da Exaltação da Santa Cruz no dia 14 de setembro.
Enfrentar os desafios e plantar a esperança
Enfrentar os desafios e plantar a esperança
Retomando e atualizando mais uma página do meu tempo de Missão, em Rondônia, volto-me às cartas que escrevia, habitualmente, para amigos/as da Diocese de Guarulhos.
- “Enfrentar desafios, plantar a esperança, brotar a vida, florescer a alegria e comer os frutos que saciam!”
Hoje, repito estas palavras, para que continuemos plantando a esperança para ver brotar a vida, florescendo a alegria e comer os frutos que saciam, porque como ontem, embora vivamos outra realidade, os desafios nos acompanham e desafiam nossa fé e a missão de fazer florescer o melhor de Deus no mundo e no coração de cada pessoa e de nós próprios.
Semear a Boa-Nova do Jesus, pois somente Ele tem a melhor semente e é o Semeador do Pai, por excelência.
Que se multipliquem corações fecundos, e que não caiam à beira do caminho, ou terrenos pedregosos ou espinhos, não dando assim, os frutos que Deus espera não para Ele, mas para nós mesmos, como nos fala a Parábola do Semeador (Mt 13, 3-8; Mc 4,1-20).
Também devemos pedir a Deus a cura de nosso olhar, suplicar o “colírio da fé”, para vermos além das grades as estrelas que brilham e iluminam nosso céu para tornar mais firmes e seguros nossos passos na terra; ainda que a “lama” de mil nomes (corrupção, crise política, ética, econômica, moral; degradação ambiental, violação da sacralidade da vida, etc.) queira nos atolar, e nos fazer perder a esperança.
Voltar a sorrir um sorriso com matiz Pascal, crendo que a morte, a dor, o luto serão superados e nossas lágrimas serão enxugadas, pois cremos, anunciamos e testemunhamos Aquele que por nós morreu e Ressuscitou, mas o Pai O Ressuscitou, e por meio d’Ele nos enviou o Santo Espírito, para trilharmos o caminho da reconstrução do Paraíso, compromisso que se impõe a todo batizado, sem fugas, esmorecimentos com as necessárias renúncias, para a missão realizar.
Ser uma Igreja decididamente missionária, “em saída”, em estado permanente de missão, e tão somente assim ela se torna fiel à missão que o Senhor nos confiou. Peregrinos de esperança sempre. Amém.
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