domingo, 6 de abril de 2025

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“Vá e não peques mais” (VDTQC)

                                                           

“Vá e não peques mais”

No 5º Domingo da Quaresma (Ano C), a Liturgia da Palavra da Santa Missa nos convida a nos pormos de pé, vivendo de maneira diferente, acolhendo a Palavra de Jesus que foi dirigida à pecadora surpreendida em adultério: “vai e não tornes a pecar”.

É o grande convite para fortalecermos o dinamismo de conversão que iniciamos com a Quarta-feira de Cinzas, voltando-nos para um Deus que nos ama e nos desafia a romper as escravidões que nos afastam de Seu Amor e nos colocando a caminho numa vida nova, até que alcancemos a Ressurreição.

A primeira Leitura (Is 43, 16-21) é uma passagem contida no “Livro da Consolação”, que retrata um contexto de exílio na espera de um novo êxodo (séc. VI a.C.).

O Povo de Deus não podia ficar ancorado numa fuga nostálgica do passado, tão pouco ficar inerte numa saudade que não levasse a uma nova realidade, menos ainda refugiar-se com medo do presente. A lembrança do passado somente é valida quando alimenta a esperança e prepara um futuro novo. Este só será possível quando o Povo de Deus se volta para Ele em fidelidade incondicional.

Deus, de fato, é um Deus libertador que não se conforma com qualquer escravidão que roube a vida e a dignidade do homem e da mulher, e nos acompanha e nos fortalece para que lutemos contra toda forma de sujeição.

A segunda Leitura (Fl 3,8-14) é uma pequena e densa passagem em que o Apóstolo Paulo exorta os fiéis da comunidade a jogar fora todo “lixo” que impeça a mais bela descoberta de Cristo, para se viver a comunhão e a identificação com Ele.

Paulo está preso e escreve esta Carta terna e afetuosa, com palavras de gratidão e exortação à fidelidade a Cristo Jesus, para que a comunidade não se desvie pela pregação dos falsos pregadores.

Somente Cristo importa. Conhecê-Lo numa intimidade de vida, viver em comunhão com Ele, assumir o mesmo destino para Ressuscitar para uma vida nova. É preciso se apaixonar por Cristo e Sua Palavra.

O episódio descrito na passagem do Evangelho (Jo 8,1-11) revela-nos um Deus de Misericórdia que age por meio do Filho, Jesus. 

O cenário de fundo nos coloca frente a uma mulher apanhada em adultério, e de acordo com o Levítico (Lv 20,10) e o Livro do Deuteronômio (Dt 22,22-24), a mulher devia ser morta (lapidada).

Aplicar a Lei ou não, eis a questão colocada para Jesus, que é posto em face à Lei e, ao mesmo tempo, em face de uma mulher adúltera.

Jesus não rejeita a Lei, pede tão apenas que escribas e fariseus se voltem para sua própria vida antes de olhar a mulher e de sentenciar a condenação.        

Que se vejam “no espelho” e também vejam quão pecadores também o são. E, assim, a partir dos mais velhos retiram-se.

A ação de Jesus diante da questão posta revela que a Misericórdia Divina não condena, não elimina, não julga e não mata.

A lógica divina é sempre a possibilidade de uma vida nova. De fato, o amor liberta, renova e gera esta vida nova que tanto ansiamos.

Embora nossa vida pareça, por vezes, um deserto árido, Deus se apresenta como a Fonte de Água Viva; por Seu Amor faz surgir um rio de Água Viva. A aridez do deserto é vitalizada pela intervenção divina, que nos acompanha e nunca desiste de nós, apesar de nossas infidelidades.

Somos interpelados a rever a lógica sobre a qual se organiza a sociedade, passando da eliminação sumária à reeducação e a reintegração daquele que pecou, ainda que o caminho pareça mais difícil, mais longo.

Somos desafiados a viver a lógica da misericórdia que é criativa. É preciso superar a lógica simplista - “errou, pagou...”. A lógica divina é infinitamente superior: “errou, dê conta do erro e não peques mais, e entre num caminho comunitário de conversão”.

Neste Tempo Quaresmal, somos convidados a rever também nossos pecados, e confessá-los diante da Misericórdia de Deus, sobretudo, através do Sacramento da Penitência.

Também convidados somos a cuidar melhor de nossos “telhados de vidro”, sem conivência com o pecado do outro, mas crendo que a Misericórdia Divina é a possibilidade de vida reconciliada, de vida nova para todos.

A alegria de Deus é a conversão do pecador. Deus abomina o pecado e ama o pecador. Ele não quer que ninguém se perca e naufrague no mar imenso de pecado.

É preciso que esvaziemos nossas mãos das pedras, sempre prontas para as lapidações sumárias do outro. Por vezes estas pedras se encontram em nossa língua e em nossos gestos, se nosso coração estiver cheio de rancores, ressentimentos, autossuficiência, soberba...

Libertemo-nos das pedras, revistamo-nos da Misericórdia Divina que em Cristo nos reconciliou e nos fez novas criaturas.

Caminhemos com Jeus, o rosto da misericórdia divina. Amém.

“A mísera e a misericórdia” (VDTQC)

                                  

 “A mísera e a misericórdia”

O Papa Francisco, em sua Carta Apostólica “Misericordia et misera”, por ocasião do encerramento do Ano Santo da Misericórdia (2016), nos apresentou um trecho da passagem do Evangelho sobre a adúltera perdoada (Jo 8,1-11).

“Não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: ‘Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia’”.

De fato, a autêntica misericórdia divina, que é sempre outra possibilidade de vida, e esta não condena, não elimina, não julga e não mata, ao contrário, acolhe, perdoa, reintegra, reorienta os passos, refaz rumos, pois sua lógica é de uma nova vida.

Assim como o Povo de Deus é sempre chamado a tomar consciência de seu pecado e construir um mundo novo, Paulo também experimentou a misericórdia de Deus por isto afirmou que Cristo é a nossa riqueza, tudo o mais é lixo (Fl 3,8-14).  

Como Paulo, quem descobrir a novidade de Cristo se apaixona pela novidade e por Sua pessoa. 

Somente Cristo importa! A eficácia salvadora é conhecer Jesus. E, conhecer no sentido bíblico, é entrar em comunhão de vida e de destino com Ele. 

Desta comunhão nasce uma nova pessoa, uma nova criatura. Nossa vida, como a do Povo de Deus, parece às vezes um deserto árido, mas Deus Fonte de Água Viva, por Seu Amor faz surgir um rio de Água Viva (Is 43,16-21).

A aridez do deserto é revitalizada pela intervenção divina que nos ama: a pecadora perdoada passou da aridez do deserto à experiência que a fez nova criatura.

O episódio do perdão concedido à pecadora nos coloca diante de duas possibilidades: a intransigência e a hipocrisia humanas, sempre dispostas a julgar e condenar ou a busca da misericórdia e sua prática, uma vez que somos imperfeitos e limitados. Todos possuímos telhado de vidro.

Evidentemente a misericórdia não é pacto com o pecado, mas resgate do pecador! A lógica da misericórdia é criativa e nos desafia. A dinâmica divina é a misericórdia, um amor que transforma. 

Por isto a lógica de Deus é infinitamente superior: "errou – dê conta do erro" – não peque mais e entre num caminho comunitário de conversão. A lógica humana é simplista: "errou – pagou" Não há possibilidade alguma de vida.

O Amor anunciado e testemunhado por Jesus, liberta, renova e gera uma nova vida. Amemos da mesma forma!

Reflitamos: 

- Qual a lógica que organiza a sociedade?
- A lógica da eliminação sumária ou a reeducação; reintegração daquele que pecou ou sua exclusão?

- Quais são os lixos que nos impedem de viver uma vida nova?
- Do que devemos nos desapegar para servir, a Jesus e Sua Igreja, com maior liberdade e entrega?

- Qual o grau de conhecimento, intimidade, apaixonamento nosso por Cristo?
- O que somos capazes de renunciar por amor a Jesus e a Sua Igreja?

- Quais são as realidades de pecado que somos chamados a abandonar, romper para alcançar uma vida nova, possibilitando-nos a verdadeira celebração da Alegria Pascal?

- Quais roupagens de hipocrisia e intolerância que devemos nos despir, para estarmos dignamente vestidos com os trajes do amor?
- Quais são as pedras que devemos soltar?

- Em quais situações devemos recolher a nossa língua, muitas vezes tão pronta para julgar e condenar? 

Sejamos enriquecidos por estes dois Comentários:

“A satisfação de lançar a pedra nos faz esquecer quem somos, nos liberta de nossa responsabilidade e do sentimento de culpa. Assim fazem-se campanhas contra a prostituição, para que as ruas estejam limpas; marginalizam-se os drogados, para que não possam censurar a nossa inutilidade. Fazem-se casas de correção, para dizermos a nós mesmos que fazemos o possível. Escondemos o espelho para não vermos mais o nosso rosto, e assim pensamos estar limpos”. (1)

“Mas não apenas esse farisaísmo em grande escala. A satisfação  de poder dizer que não somos como a vizinha, ou como o colega de trabalho, é coisa de todos os dias, ou como quando, voltando da Missa de domingo, olhamos com desconfiança para aquele que só tem recebido   da vida situações humilhantes ou que continua a pagar na solidão os erros de sua vida...”. (2)

Como Igreja, tenhamos a coragem de nos identificar com a pecadora. Como Igreja santa e pecadora que somos, suplicamos a Misericórdia Divina, para que purificada de todo pecado, purificada pelo eloquente Sangue de Cristo, na Cruz, derramado, vivendo intensamente o Batismo recebido, na fidelidade ao Espírito, coloque-se a serviço do Reino.

Há uma Oração Eucarística da Igreja que diz claramente que somos uma Igreja santa e pecadora! Reconheçamos nossos pecados, confiemos na Misericórdia Divina, empenhemo-nos por torná-la mais santa. A missão é de todos nós!

Oremos: 

“Concedei, ó Deus todo-poderoso, 
que sejamos sempre contados entre os membros de Cristo 
cujo Corpo e Sangue comungamos.
Por Cristo, Nosso Senhor.
Amém!” 

,

(1) Missal Dominical – Editora Paulus - pág. 243.
(2) Idem

Em poucas palavras... (VDTQC)

 

 


O encontro da mísera com a misericórdia

“Não podia encontrar expressão mais bela e coerente do que esta, para fazer compreender o mistério do amor de Deus quando vem ao encontro do pecador: ‘Ficaram apenas eles dois: a mísera e a misericórdia’”.

 

 

(1) Carta Apostólica “Misericordia et misera” – Papa Francisco  por ocasião do encerramento do Ano Santo da Misericórdia (2016), comentando a passagem do Evangelho sobre a adúltera perdoada (Jo 8,1-11).

 

Em poucas palavras... (VDTQC)

                                                      


Misericórdia divina: um crédito de confiança

“Pela misericórdia, o passado do homem pecador não mais existe; ele pode recomeçar tudo. Pode alguém sentir-se chocado com este contínuo falar de misericórdia e de perdão...

Deus não fecha os olhos com complacente paternalismo, mas abre novo crédito de confiança a nossas responsabilidades e dá a garantia de vencer o mal com bem. Renova assim no pecador a alegria de viver.” (1)

 

(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - pág. 222 - sobre a passagem do Livro de Miqueias (Mq7,14-15.18-20)

Reflexão apropriada para a passagem do Evangelho de João (Jo 8,1-11)

 

 

Resquiescat in pace - Descanse em paz!

 


Resquiescat in pace  - Descanse em paz!

O sol escondido sob as nuvens, dia sombrio, como ficaram os dias sem você, desde quando partiu, e meus olhos nadam em lágrimas vertentes.

Hoje, uma lembrança com misto de tristeza suave e dilacerante me consome, e volto meus olhos para o passado, procurando preencher o vácuo que você deixou, que por vezes parece impreenchível.

Não fosse a fé na ressurreição da carne, ficaria apenas a sombra do túmulo, eterna sombra da morte; eterno descanso; ocaso sem esperança; derradeira pulsação da vida, sem desabrochar na outra margem.

Não fosse a fé na ressurreição da carne, aquele momento supremo da vida, seria um eterno sábado; o véu da morte ficaria para sempre posto, e não reconheceríamos os sinais do Ressuscitado, “os panos dobrados e colocados à parte” desde aquela memorável madrugada (cf. Jo 20, 7).

Mas creio na ressurreição da carne, e a morte é o descansar no regaço do Senhor; o dormir o sono da noite, sem horas após o último suspiro e o cerrar dos olhos à luz; o sentimento do frio pelas asas da morte a roçar a fronte.; o fugir dos últimos lampejos da vida.

RIP – Resquiescat in pace – Descanse em paz amigo/a. Que o Senhor se compadeça de sua alma e o tenha para sempre em Sua glória, até que um dia também faça a necessária e derradeira passagem e viveremos o epílogo da eternidade e comunhão na glória dos céus, com os anjos e santos. Assim creio. Assim espero. Amém.

Tenho que seguir em frente, lembrando com carinho de cada momento que vivemos; cada sorriso compartilhado; cada lágrima enxugada; cada dificuldade superada...

Descanse em paz! O brilho do Sol nascente vem nos iluminar, até que um dia possamos nos encontrar.

 

O surpreendente Amor de Deus (VDTQC)

O surpreendente Amor de Deus 

Quaresma, um longo e rico Itinerário Espiritual (ano C), a toda igreja, proposto:

1.º Domingo – Começamos com Jesus a caminhada pelo deserto para aprendermos com Ele a vencer as tentações de Satanás (ter, ser e poder);

2.º Domingo – Subimos com Jesus ao alto da montanha para escutá-Lo, como Filho Amado de Deus, e imediatamente descer à planície no compromisso com a paz;

3.º Domingo – Deus, em Sua infinita misericórdia, espera que, num caminho de conversão, produzamos frutos: de paz e justiça, amor e fraternidade, alegria e perdão que sempre se multiplicarão, pois a misericórdia de Deus elimina toda e qualquer forma de esterilidade; 

4.º Domingo – Celebramos o chamado “Domingo Laetare”, em razão da alegria pela proximidade da Páscoa, preanunciada e saboreada na alegria da acolhida e do perdão, como vimos na Parábola do Filho Pródigo, que pode ser também chamada de a "Parábola do pai misericordioso"; 

5.º Domingo – Refletimos sobre o perdão concedido à pecadora adúltera, na certeza de que Deus está sempre pronto a perdoar, para novos passos na caminhada firmar: “vá e não peques mais”.

Embora ainda seja Quaresma, há o tom da Alegria Pascal anunciado, fazendo da vida uma constante passagem do desalento para a confiança, da angústia para o gozo, do abandono para o encontro, das trevas para a luz, da mentira para a verdade. Numa palavra, passagem da morte para a vida! 

A intensidade, profundidade, altura, largura e comprimento do Amor de Deus são incomensuráveis, sem medida, e Ele espera apenas uma coisa: que saibamos corresponder ao Seu Amor, para que alcancemos a alegria e a paz.

O surpreendente e incrível Amor de Deus vai sempre ao encontro para resgatar a todos, na acolhida, perdão e vida nova.

“Mortos para o pecado, vivos para Deus” (VDTQC)

                                                       

“Mortos para o pecado, vivos para Deus”

Acolhamos parte do Tratado sobre o Evangelho de São João, escrito pelo Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho (séc. V). Ele reflete a conhecida passagem da "mulher pecadora surpreendida em adultério” (Jo 8,1-11).

“Só aquela mulher, e retirando-se todos, o Senhor levantou os Seus olhos e os fixou nela. Já ouvimos a voz da justiça; ouçamos agora também a voz da mansidão.

Quão apavorada deve ter ficado aquela mulher quando ouviu o Senhor dizer: ‘Quem de vocês está sem pecado, que atire a primeira pedra!’

Mas eles se olhavam a si mesmos e, com sua fuga, confessaram-se réus, deixam aquela mulher sozinha com o seu grande pecado na presença d’Aquele que não tinha pecado. E como ela o ouviu dizer: ‘Aquele que está sem pecado, que atire a primeira pedra’, temia ser castigada por Aquele no qual não pode encontrar-se pecado algum.

Contudo, o que tinha afastado de si aos seus inimigos com as Palavras de justiça, fixa nela os olhos da misericórdia e lhe pergunta: ‘Ninguém te condenou?’ Contesta ela: ‘Ninguém, Senhor’. E Ele: ‘Eu também não te condeno’; eu mesmo, que quem talvez temeste ser castigada porque não encontraste em mim pecado algum. ‘Eu Também não te condeno’.

Senhor, o que é isto? Tu favoreces aos pecados? É claro que não é assim. Observa o que segue: ‘Vai, e não tornes a pecar’. O Senhor imediatamente deu sentença de condenação, mas contra o pecado, não contra o homem. Pois, se Ele fosse favorecedor dos pecados, lhe teria dito: Nem Eu te condeno, vai e vive as tuas liberdades; podes estar bem segura de minha absolvição; eu mesmo, peques o que pecares, te livrarei de todas as penas, mesmo as do inferno e de seus verdugos. Não foi esta a Sua sentença.

Não se fixem nisto aqueles que amam no Senhor a mansidão e temam a justiça; porque doce e reto é o Senhor. Tu O amas porque é doce; teme-O também porque é reto... Manso, magnânimo e misericordioso é o Senhor, mas também é o Senhor justo e veraz.

Ele te dá tempo para a correção; porém tu amas mais a dilação do que a emenda. Foste mau ontem? Sê bom hoje. Passaste o dia de hoje em pecado? Não sigas assim amanhã.

Tu sempre esperando e se prometendo muitíssimo da misericórdia de Deus, como se Aquele que te promete o perdão se te arrependes, te houvesse prometido também vida mais longa...” (1)

Retomemos parte do Tratado:

“O Senhor imediatamente deu sentença de condenação, mas contra o pecado, não contra o homem”.

Contemplemos a misericórdia divina, que, nos acolhe como somos, nos perdoa, para que sejamos melhores, que nos corrijamos, nos aperfeiçoemos...

Jamais podemos confundir misericórdia divina como conivência ou consentimento para que pequemos. A misericórdia é, na exata medida, a destruição do pecado, que nos rouba a pureza de coração, para que assim a recuperemos, e tenhamos do Senhor os mesmos pensamentos e sentimentos.

É sempre tempo de nos abrimos à misericórdia divina, sempre pronta a nos acolher e a nos perdoar, mas também é sempre tempo de vivê-la em relação ao nosso próximo, a fim de que sejamos “misericordiosos como o Pai” (cf. Lc 6,36).

A misericórdia divina é para que vivamos mortos para o pecado e vivos para Deus, como nos falou o Apóstolo Paulo (Rm 6,11).


(1) Lecionário Patrístico Dominical - Editora Vozes - pp. 574-575

Em poucas palavras... (VDTQC)

 


Jesus, a Misericórdia de Deus para com os pecadores

“O Evangelho é a revelação, em Jesus Cristo, da misericórdia de Deus para com os pecadores (Lc 15). O anjo assim o disse a José: «Pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o seu povo dos seus pecados» (Mt 1, 21), o mesmo se diga da Eucaristia, sacramento da Redenção: «Isto é o meu sangue, o sangue da Aliança, que vai ser derramado por todos para a remissão dos pecados» (Mt 26, 28).” (1)

 

(1)Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 1846

Em poucas palavras... (VDTQC)

 


 

“Deus, que nos criou sem nós...”


“«Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós» (Santo Agostinho). 

O acolhimento da sua misericórdia exige de nós a confissão das nossas faltas. 

«Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e para nos purificar de toda a maldade» (1 Jo 1,8-9)." (1)

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica - parágrafo  n. 1847

Em poucas palavras... (VDTQC)

 


“Cremos na Ressurreição da carne”

“Nós cremos e esperamos firmemente que, tal como Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos e vive para sempre, assim também os justos, depois da morte, viverão para sempre com Cristo ressuscitado, e que Ele os ressuscitará no último dia (Jo 6,39-40). Tal como a d'Ele, também a nossa ressurreição será obra da Santíssima Trindade:

«Se o Espírito d'Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós» (cf. Rm 8, 11; 1 Ts 4,14; 1 Cor 6,14; 2 Cor 4,14; Fl 3,10-11).

 

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo 989

Rezando com os Salmos - Salmo 26 (27)

 


“O Senhor é minha luz e Salvação”

“–1 O Senhor é minha luz e salvação;
de quem eu terei medo?
– †O Senhor é a proteção da minha vida;
perante quem eu tremerei?

–2 Quando avançam os malvados contra mim,
querendo devorar-me,
– são eles, inimigos e opressores,
que tropeçam e sucumbem.

–3 Se os inimigos se acamparem contra mim,
não temerá meu coração;
– se contra mim uma batalha estourar,
mesmo assim confiarei.

–4 Ao Senhor eu peço apenas uma coisa,
e é só isto que eu desejo:
– habitar no santuário do Senhor
por toda a minha vida;
– saborear a suavidade do Senhor
e contemplá-Lo no seu templo.

–5 Pois um abrigo me dará sob o Seu teto
nos dias da desgraça;
– no interior de Sua tenda há de esconder-me
e proteger-me sobre a rocha.

–6 E agora minha fronte se levanta
em meio aos inimigos.
– Ofertarei um sacrifício de alegria,
no templo do Senhor.
– Cantarei salmos ao Senhor ao som da harpa
e hinos de louvor.

–7 Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo,
atendei por compaixão!

–8 Meu coração fala convosco confiante,
e os meus olhos Vos procuram.
– Senhor, é Vossa face que eu procuro;
não me escondais a Vossa face! –

–9 Não afasteis em Vossa ira o Vosso servo,
sois Vós o meu auxílio!
– Não me esqueçais nem me deixeis abandonado,
meu Deus e Salvador!
–10 Se meu pai e minha mãe me abandonarem,
o Senhor me acolherá!

–11 Ensinai-me, ó Senhor, Vossos caminhos
e mostrai-me a estrada certa!
– Por causa do inimigo, protegei-me,
12 não me entregueis a seus desejos!
– Porque falsas testemunhas se ergueram
e vomitam violência.

–13 Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver
na terra dos viventes.
–14 Espera no Senhor e tem coragem,
espera no Senhor!”

O Salmo 26(27) é a expressão da confiança em Deus no perigo, convictos de que a morada de Deus está entre nós (Ap 21,3):

“A certeza da proteção de Deus nos leva a enfrentar, sem medo qualquer situação. Viver na presença de Deus e seguir Seus caminhos garante uma vida feliz” (1).

O salmista experimenta a presença de Deus nos perigos vividos, assim como Nosso Senhor Jesus Cristo, que enfrentou situações adversas, incompreensões e rejeição, culminando em Sua Paixão e morte  “Assim como alguns se levantaram e testemunharam falsamente contra Jesus” (cf. Mc 14,57).

Depositemos em Deus toda a nossa confiança e esperança, como peregrinos da esperança que somos, como nos lembra o Jubileu (2025), com seu tema – Peregrinos da esperança, e com o lema – “A esperança não decepciona” (cf. Rm 5,5).

(1) Comentário da Bíblia – Edições CNBB – p.747



Em poucas palavras... (VDTQC)

 

 


Jesus e Sua conduta misericordiosa

“Jesus escandalizou, sobretudo, por ter identificado a Sua conduta misericordiosa para com os pecadores com a atitude do próprio Deus a respeito dos mesmos (Mt 9,13; Os 6,6).

Chegou, até, a dar a entender que, sentando-Se à mesa dos pecadores (Lc 15,1-2), os admitia no banquete messiânico (Lc 15,23-32). Mas foi muito particularmente ao perdoar os pecados que Jesus colocou as autoridades religiosas de Israel perante um dilema.

É que, como essas autoridades justamente dizem, apavoradas, «só Deus pode perdoar os pecados» (Mc 2, 7). Jesus ao perdoar os pecados, ou blasfema por ser um homem que se faz igual a Deus (Jo 5,18; 10,33), ou diz a verdade e a Sua pessoa torna então presente e revela o nome de Deus (Jo 17,6.26).” (1)

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n. 589

 

No vale escuro da vida, a Luz do Senhor reluzir (VDTQC)

                                                

No vale escuro da vida, a Luz do Senhor reluzir

Senhor, vivendo intensamente este Tempo Quaresmal,
Tempo favorável de conversão e reconciliação,
Abro meu coração, com plena disposição,
Para acolher Tua Palavra de Vida Eterna.

Mais que acolher, renovo meu compromisso de fé,
Na fidelidade ao Pai de Amor, como Tu nos ensinaste,
Com a força do Teu Espírito que nos assiste,
Presença que sentimos em todos os momentos.

Viver Tua Palavra em comunhão com os irmãos,
E a vida pautar pelos valores do Teu Evangelho,
E, Tão somente assim, viver uma união mais íntima e profunda,
No mergulho do Amor Trinitário em que vives.

Configurado a Ti, completando em minha carne
O que falta à Tua Paixão, por amor à Tua Igreja,
Da qual Tu és a Cabeça, e nós, o Corpo
Edificado com pedras vivas e escolhidas

Afastai qualquer possibilidade de Ti renegar,
Através dos pensamentos, palavras, ações ou omissões.
E orientado por Ti, jamais tenha um coração vacilante,
Porque por Ti carregado no Coração manso e humilde.

Também inebriado pelo Sangue por nós oferecido
No Cálice Sagrado do Banquete da Eucaristia,
Renove em mim a graça de Te amar, seguir,
E a Tua luz divina, no vale escuro da vida, reluzir.



Fonte inspiradora: Jo 11, 31-42; Jo 8,1-11

Alegria que nasce do amor e do perdão! (VDTQC)

                                                    

Alegria que nasce do amor e do perdão!

Quem de nós não
precisa receber e dar o pero?

Toda experiência de ser amado e perdoado gera uma alegria com gosto de Páscoa. Assim foi com a pecadora adúltera perdoada por Jesus, como nos apresenta a passagem do Evangelho de São João (Jo 8,1-11).

Aprofundemos sobre a desafiadora e necessária experiência do perdão, para que sintamos a alegria que ele nos propicia. 

Assim diz o Comentário do Missal Cotidiano sobre esta passagem do Evangelho: "A adúltera representa os membros da Igreja. Para lá de nossos pecados aceitamos o encontro e o diálogo de fé com Cristo, que deve desaguar no 'não peques mais', não por mera obediência à lei, mas para responder às exigências de uma consciência que encontrou o Amor." (1)

A misericórdia de Deus não condena, não elimina, não julga e não mata. A lógica divina é sempre a possibilidade de uma nova vida, de um novo recomeço.

Quando Cristo é a nossa riqueza, tudo é lixo (Fl 3,8). Abandona-se a vida do pecado, para um mergulho na vida da graça: “Vá e não peques mais” (Jo 8,11).

O que Cristo escreve no chão de nossa história para que O descubramos como nossa riqueza, e busquemos uma nova vida?

Se formos de má índole precisamos nos corrigir. Se formos acompanhados de pessoas de má índole, devemos nos cercar de pessoas que nos retire da areia movediça de nossos pecados.

Se for toda uma estrutura que gera situações de pecados, todos devemos nos empenhar na transformação desta.

Nossa vida parece, às vezes, um deserto árido, mas Deus que é fonte de Água Viva, por Seu amor, faz surgir um rio de água viva em pleno deserto de nossa existência, a partir da experiência mais edificante que consiste em amar e ser amado.

A lógica de Deus não é a mesma lógica da sociedade. Deus reeduca, a sociedade elimina. Diante da atitude de exclusão o Amor divino propõe a inclusão de quem pecou.

A lógica do Amor de Deus nos faz perceber nossos telhados de vidros:

“Atire a primeira pedra quem não tiver pecado algum” (Jo 8,7).

A lógica humana é simplista: errou, pagou! A lógica de Deus é infinitamente superior e criativa e nos desafia a mesma criatividade: Errou, dê conta do erro e não peque mais! Entre num caminho comunitário de conversão e compromisso com o próximo.

O amor liberta, renova e gera uma nova vida. A pecadora adúltera somos nós, a Igreja, frágeis, pequenos, que suplicamos a Deus a Sua misericórdia.

A Igreja deve sempre ser no mundo sinal de quem experimentou a ternura de Deus e descobriu na prática da ternura de Jesus o que existe de mais humano em Deus e o que há de divino no homem.

Jesus nos faz um forte convite: desarmarmo-nos de nossas pedras e nos armarmos com a arma do cristão que é o amor.

Quais são as pedras que devemos depor?
Quais são as pedras que atiramos com nossas línguas, gestos no dia a dia?

Somente a partir da experiência de ser acolhido, amado e perdoado que poderemos fazer o mesmo.

Prenúncio de uma nova realidade!
Serão os sinais visíveis da Vinda do Senhor em nossa vida. Sinais para aqueles que se nutriram do horizonte do amor que é verdadeiramente infinito, inaugurado e realizado por Cristo Jesus, celebrado em cada Banquete Eucarístico, até que Ele venha! Amém!


PS: Missal Cotidiano - Editora Paulus - p. 293.

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