quarta-feira, 15 de maio de 2024
A Oração Sacerdotal de Jesus
A Oração Sacerdotal de Jesus
Ouvimos na terça e quarta-feira da sétima semana do Tempo da Páscoa, as passagens do Evangelho de São João (Jo 17,1-11 e Jo 17,11b-19), respectivamente.
Trata-se da Oração Sacerdotal de Jesus, antes de Sua partida para junto do Pai, Ele inicia rezando por Si mesmo, pois sabe que a hora da Paixão está chegando, e deve estar preparado para sofrer.
Ele sabe que cumpriu a missão que lhe foi confiada pelo Pai, que o nome de Deus foi manifestado aos homens, que Sua mensagem foi acolhida e muitos O reconheceram como o enviado do Pai.
Jesus sabe também que é preciso rezar por todos os que creram em Suas Palavras, ou seja, por todos nós.
Sejamos impulsionados na Missão, pois Jesus continua orando permanentemente por nós junto do Pai, para que perseveremos na fé, não obstante as dificuldades, sendo Sua presença no mundo, suportando as provações que houver, sem jamais perder a esperança de que um dia o mundo será apenas um rebanho, e haverá um só Pastor.
Em plena Semana da Unidade dos Cristãos, multipliquemos orações e gestos concretos para que a Unidade verdadeiramente aconteça.
Que a nossa Oração seja como a de Jesus: rezar pedindo com toda a confiança em Deus, pois sabemos que, antes mesmo de pedirmos, Deus, em Sua infinita bondade, já nos antecipou, pois conhece as nossas necessidades, fragilidades no trilhar do caminho da fé rumo à eternidade.
Concluímos com as palavras de Santo Agostinho:
“Ele ora por nós como nosso Sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa Oração como nosso Deus. Reconheçamos n’Ele a nossa voz, e em nós a Sua voz. (...)
Ele ora na Sua condição de servo, e recebe a nossa Oração na Sua condição de Deus; ali é criatura, aqui o Criador; sem sofrer mudança, assumiu a condição mutável da criatura, fazendo de nós, juntamente com Ele, um só homem, cabeça e corpo. Nossa Oração, pois, se dirige a Ele, por Ele e n'Ele; oramos juntamente com Ele e Ele ora juntamente conosco.” (1)
(1) Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja – séc. V
A inteligência artificial e a sabedoria do coração (súplica)
A inteligência artificial
e a sabedoria do coração (súplica)
Suplicamos, ó Deus, a Vossa Sabedoria para que através da inteligência
artificial, de mãos dadas com a sabedoria do coração, sejamos promotores de uma
comunicação plenamente humana, orientada para o bem de toda a humanidade.
Não permitais, ó Deus, que caiamos na tentação do delírio da
onipotência, com a indevida utilização da inteligência artificial, na funesta
pretensão de um futuro que prescinda de Vós, ou até mesmo decrete a Vossa
morte, como se de Vós não mais precisássemos
Concedei-nos um olhar espiritual, recuperando a sabedoria do
coração, para que possamos ler e interpretar a novidade do nosso tempo e
descobrir o caminho para uma comunicação plenamente humana.
Convertei o nosso coração para que, de fato, ele seja a sede da
liberdade e das decisões mais importantes da vida, como um símbolo de
integridade e unidade, sem jamais ocorrer a perda dos afetos, desejos, sonhos e
da íntima e necessária comunhão convosco.
Abri nossos horizontes para o encontro com o outro, na sabedoria
do saber escutar e falar tão somente o que possa edificar pontes de
fraternidade e amizade social; jamais seja a inteligência artificial usada para
a edificação de muros que nos fragilizam, e nos distanciam, por vezes, numa
terceira guerra em pedaços.
Ajudai-nos na prevenção acompanhada da promoção de uma
regulamentação ética que contorne os efeitos danosos, discriminadores e
socialmente injustos dos sistemas de inteligência artificial, e não caiamos em
polarizações de opiniões púbicas ou a construção de um pensamento único
determinante.
Abertos à Sabedoria do Espírito, sejamos promotores de uma
comunicação que nos liberte de toda forma de escravidão, e estabeleçamos
relações de amor, respeito e liberdade, pois é para a liberdade
que o Vosso Filho nos libertou, por Sua Morte e Ressurreição (cf. Gl 5,1).
Nutri nosso coração, portanto, de liberdade, para que cresçamos
em Sabedoria, colocando toda e qualquer forma de inteligência artificial, a
serviço de uma comunicação plenamente humana; mais uma vez, nós Vos pedimos,
por meio do Vosso Filho, em comunhão com o Santo Espírito. Amém.
PS: Fonte inspiradora: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/communications/documents/20240124-messaggio-comunicazioni-sociali.html
Em poucas palavras...
“Jesus
orou também por nós...”
“É consolador para nós, crentes do século XX, pensar que Jesus
orou também por nós, por nossa fé, nossa santidade, nossa unidade. Como Sua
Palavra, também sua prece, atravessa os séculos e é ‘contemporânea’ do homem de
todos os tempos, de toda latitude e raça.” (1)
(1)Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - 1998 - pág.
483 - sobre a passagem do Evangelho de João (Jo 17,20-26).
Em poucas palavras...
Jesus: ora em nós, por nós e recebe a nossa Oração
“Ele ora por nós como nosso Sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa Oração como nosso Deus. Reconheçamos n’Ele a nossa voz, e em nós a Sua voz. (...)
Ele ora na Sua condição de servo, e recebe a nossa Oração na Sua condição de Deus; ali é criatura, aqui o Criador; sem sofrer mudança, assumiu a condição mutável da criatura, fazendo de nós, juntamente com Ele, um só homem, cabeça e corpo. Nossa Oração, pois, se dirige a Ele, por Ele e n'Ele; oramos juntamente com Ele e Ele ora juntamente conosco.” (1)
(1) Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja – séc. V
E agora me digam... João, Pedro e Maria
E agora me digam... João, Pedro e Maria
Sob uma árvore,
sol escaldante, cansaço me consumiu forças do caminho.
Uma parada para
refletir sobre o Mistério da fé na Ressurreição do Senhor.
Hipotético
diálogo com Maria Madalena, Pedro e o discípulo Amado, João.
Maria Madalena, não houvesse o
Senhor Ressuscitado, como se sentiria?
- “Meus sonhos
teriam sido com Ele enterrados. Para sempre lembraria de Suas palavras que me
deram razão para novo viver. Não teria muito a fazer.
Apenas memória
de alguém que teria passado e para sempre ficado em minha vida.
Mas não, Ele
Ressuscitou, eu creio, vive para sempre quem tanto amei, e não posso d’Ele
deixar de falar, como assim o fiz ao correr ao encontro dos discípulos (cf. Jo
20,1-21).
Senti que era
apenas o começo de minha missão, em resposta d’Aquele que ocupou o mais
profundo das entranhas de meu coração, com Seu olhar de ternura, acolhida e
Palavra que nos liberta de todos os espíritos (tinha sete - totalidade).
Quem mais poder
tem que o meu Senhor? Amém. Aleluia!”
João, você, o discípulo amado, não houvesse o Senhor Ressuscitado, como se sentiria?
“Ficariam as
lembranças dos sinais que vi com meus olhos. Recordaria aquele momento
memorável quando reclinei em Seu peito, em expressão de afeto e sincera
amizade.
Lembraria também
do Tabor, como momento memorável, mas uma página apenas para ser lembrada. (Mt
17,1-9).
Reviveria a
tragicidade daquele momento aos pés da cruz com Sua Mãe, quando a me confiou
como Mãe (cf. Jo 19,25-34).
Faria como me
pediu, mas sem a compreensão de Suas Palavras e de Seu cuidado com o rebanho,
que não pereceria sem pastores, tão pouco, sem uma Mãe, Maria, com quem pude
compartilhar alguns memoráveis momentos.
Mas não! Ele
Ressuscitou! Não pude guardar contido e escondido todo amor que por Ele senti,
pois ninguém ama como Ele ama, e é este amor que haveremos de viver e
testemunhar, pois tão somente quem ama conhece a Deus, e viverá na Verdade e na
Luz, que é Ele próprio. Amém. Aleluia!”
Pedro, não houvesse o Senhor
Ressuscitado, como se sentiria?
“Irreversivelmente
condenado ao peso da consciência culposa de tê-Lo, por três vezes o negado,
ainda que o conhecesse, e com Ele vivesse.
Teria sem Ele
outras vezes, insucessos de pescas frustradas com redes vazias.
Não creria mais
em minhas confissões de fidelidade e perseverança, de modo que nem em meus
projetos poderia dar crédito.
Teria o
sentimento de renegação, impossível de ser curado, permanecendo para sempre não
somente as cicatrizes da negação, mas a vergonha e mediocridade criado raízes
para sempre, irreversivelmente vivas, em meu coração.
Mas não. Ele
Ressuscitou. Minhas chagas de traição, pelas Chagas Gloriosas, foram curadas.
Ele me deu a
possibilidade de viver a compunção de meu pecado, e as lágrimas vertidas na
face, também puderam lavar as máculas que teimavam permanecer para sempre em
minha alma.
Como houvera
feito tríplice negação, antes de o galo cantar, como Ele dissera, tive a graça
de declarar, da mesma forma, de modo tríplice, por Ele, meu amor - “Senhor, Tu
sabes tudo. Tu sabes que Te amo” (cf. Jo 21, 15-19)
E agora,
“pescador de homens” que me fez, cumpro a missão por Ele a mim confiada. As
chaves em minhas mãos, peregrinando na esperança de que possa corresponder ao
que Ele espera de mim, com a presença do Espírito Santo, a nós comunicado.
Amém. Aleluia!”
Oração: Diálogo no aparente silêncio de Deus
Oração: Diálogo no aparente silêncio de Deus
No que consiste a Oração?
Uma reflexão sobre a vitalidade da Oração em nossa vida.
Discípulos missionários do Senhor precisam intensificar momentos mais prolongados e fecundos de oração, pois é preciso orar sem cessar, como nos falou o Apóstolo Paulo (1 Ts 5,17).
Percebamos as maravilhas que Deus realiza em nós através da oração, o quanto Ele nos fala em Seu aparente silêncio e as diversas formas que temos para orar.
Entre a ação humana e a Ação Divina, a Oração se interpõe como diálogo amoroso em que a criatura perscruta os desígnios de Deus e Ele manifesta no mais profundo do coração humano os Seus sonhos e Projetos.
A Oração é uma forma que Deus encontrou para manter um diálogo constante, com aqueles a quem formou desde o princípio. Feliz quem na vida descobriu tão belo meio de avançar no caminho da felicidade pessoal, familiar, comunitária, social e em todos os níveis...
Pela Oração mantém-se a estreita e íntima relação dialogal de Deus com Sua criatura, e que há de ser contínua e perseverante em todos os momentos: alegria e tristezas, angústias e esperanças, fracassos e vitórias.
Oramos louvando, agradecendo, suplicando, disponibilizando-nos em abertura à vontade de Deus para toda humanidade.
Diante das comunidades, bispos e padres são por excelência pessoas de oração, e mesmo desafiados pelas inúmeras atividades e solicitações do dia a dia, devem cultivar a oração, pessoal e comunitária, vivenciada no ápice da Celebração Eucarística, que é, ao mesmo tempo, fonte e manancial inesgotável de forças sabedoria, graça e luz; vencendo o perigo do ativismo que resultaria no estresse, esvaziamento e inquietação diante dos resultados.
A Oração não é uma fuga da realidade, tão pouco delegar a Deus responsabilidades que são próprias de cada criatura. É antes de tudo compromisso.
Oração no trabalho como se tudo dependesse de nós e nada de Deus, mas, ao mesmo tempo, esperar tudo de Deus como se nada fosse fruto de nossas atividades, como dizia Maurice Blondeu, grande filósofo cristão e de sólida fé. A Palavra de Deus, por sua vez, é a grande fonte para nossa Oração.
No aparente silêncio Deus na verdade nos fala ao íntimo. Alguns Santos e místicos fizeram esta grande descoberta.
Santo Ambrósio, no século IV, assim definiu a Oração:
“A Deus falamos quando rezamos; a Ele ouvimos quando lemos os Divinos Oráculos”.
Os Santos Padres nos ensinavam que procurando pela Leitura Sagrada nos encontraríamos meditando, batendo a porta em Oração nos seria aberta pela contemplação.
O grande Bispo Santo Agostinho disse:
“Jesus Cristo ora por nós como nosso Sacerdote; ora em nós como nossa cabeça e recebe a nossa oração como nosso Deus. Reconheçamos n'Ele a nossa voz, e em nós a Sua voz”.
No século VIII, São João Damasceno via na Oração uma elevação da alma até Deus, em que fazemos o pedido dos bens convenientes.
A jovem Teresinha do Menino Jesus assim falou sobre a Oração:
“Ela é para mim um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria”.
Há alguns anos, o Papa Bento XVI nos falou da Oração como a força motriz para o amor ao próximo; amor que por sua vez é a fonte de Oração.
Diante de um mundo globalizado, marcado por inúmeros e crescentes desafios, urge que Padre e todos (as) da comunidade redescubram a força, a beleza e a vitalidade da Oração, como sopro revitalizador do Espírito de Deus, que incansavelmente nos renova e reorienta nossos passos, conduz a Sua Igreja na participação da construção do Reino.
Como Deus nos fala em Seu aparente silêncio! Aprendamos a fazer silêncio para podermos escutá-Lo e com Ele dialogarmos numa conversa que nunca termina...
É sempre Tempo de Oração!
PS: Oportuno para refletirmos a passagem do Evangelho de João (Jo 17,20-26)
Ele ora por nós, em nós e recebe a nossa oração
Não oramos aos ventos, mas a um Deus que, como homem em nosso meio, ao Pai súplicas e preces dirigiu com fortes gritos e lágrimas (Hb 5,7). A Oração do justo, do inocente, atravessa os céus e chega até Deus.
E o medo se foi...
E o medo se foi...
Pedro, naquela
noite, o medo tomou conta de ti, e negaste três vezes que conhecias o Senhor,
ainda que com Ele convivesse e partilhasse memoráveis momentos.
Mas o medo não
conseguiu criar raízes para sempre em teu coração, como vemos depois ao pregares
nas sinagogas e em todos os lugares.
Foi a humana
experiência da qual não estamos imunes, e quem somos para te julgar; ao
contrário, contigo aprender, para que tenhamos a mesma coragem no discipulado.
Depois de
testemunhar a vida e presença do Ressuscitado, como nos falam as páginas dos
Evangelhos, e depois, na tríplice afirmação de amor ao Senhor, novas páginas...
Memoráveis
páginas que Lucas nos descreve nos Atos dos Apóstolos: abertura ao Espírito,
pregação da Palavra, coração pelo Senhor apaixonado e seduzido.
Pedro, incansável
foste: curas, libertação, pregação, conversões alcançadas. fidelidade plena à
missão pelo Senhor a ti confiada, pelo sangue derramado, vida sacrificada, no
martírio testemunhada.
Pedro, e o medo
se foi... Assim foi contigo. Que assim seja conosco, peregrinos da esperança de
um novo céu e nova terra, mesma fidelidade, testemunho viver.
Que nosso medo
se vá, e que a coragem que tiveste seja para nós um farol a iluminar nossas
travessias, por vezes, tomadas pela escuridão de nossas fragilidades e
debilidades.
Possamos nós,
também, dizer ao Senhor ontem, hoje e sempre: “Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes
que eu Te amo”, e dos lábios do Senhor ouçamos: “Apascenta as minhas ovelhas”
(cf. Jo 21,15-19). Amém.
Deus sabe trabalhar com nossa fragilidade
Maria nos ensina a comunicar a Boa Nova do Reino
Maria nos ensina a comunicar a Boa Nova do
Reino
Contigo, Ó Amantíssima Maria, contamos, pois ninguém melhor do que tu houve na história que tenha dialogado com Deus, aberta à voz do Espírito,
para acolher no ventre a Palavra, Jesus Cristo, o Verbo que Se fez Carne e
habitou entre nós (Jo 1,14).
Contigo, queremos ser féis à missão da Igreja,
confiada pelo Teu Amado Filho: anunciar a Boa Notícia do Reino até o fim do
mundo, até o fim dos tempos, como Ele nos disse – “Ide por todo o mundo, pregai
o Evangelho a toda criatura” (cf. Mc 16, 15).
Contigo, que tiveste a mente e o coração
abertos à ação do Espírito e te tornaste a perfeita comunicadora do Pai,
pedimos que nos ajude neste desafio de sermos instrumentos para resplandecer a
luminosidade da Palavra de Jesus, assim como fizeste incansavelmente, sobretudo
na inesquecível visita à sua prima Isabel.
Contigo, haveremos de aprender a usar todos os
meios de comunicação social para informar, favorecer o desenvolvimento dos
povos, superar os distanciamentos sociais, promover o bem comum, fundados nos
valores da verdade, liberdade, justiça e solidariedade, respeito e caridade.
Contigo, enfim, aprendamos que a comunicação
verdadeira somente se alcança quando se promove o bem comum e se fortalece os vínculos
da paz, e o diálogo com Aquele que é a Fonte de nossa vida, introduzindo-nos na
mais perfeita comunhão de amor, a comunhão da Santíssima Trindade. Amém.
Pentecostes: O Espírito Santo de Deus nos foi enviado (Pentecostes - Ano B) Homilia
Pentecostes: O Espírito Santo de Deus nos foi enviado
“Assim como o Pai Me enviou, tambémEu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo”
Com a Solenidade de Pentecostes, celebraremos o nascimento da Igreja e acolhida do Espírito Santo para acompanhá-la, conduzi-la e assisti-la em sua missão.
O Espírito Santo é o Dom dado por Deus a todos que creem, comunicando vida, renovação, transformação, possibilitando o nascimento do Homem Novo e a formação da Comunidade Eclesial – a Igreja.
Com a Sua presença a Igreja testemunha a vida e a vitória do Ressuscitado, nisto consiste a missão da comunidade: realizar com a presença e ação do Espírito Santo, que é a fonte de todos os dons, colocando-os a serviço de todos e não para benefício pessoal.
Lucas, na passagem da primeira Leitura (At 2,1-11), nos apresenta a comunidade que nasce do Ressuscitado, que é assistida pelo Espírito Santo e chamada a testemunhar a todos os povos o Projeto Libertador do Pai.
A Festa de Pentecostes que antes era uma festa agrícola (colheita da cevada e do trigo), a colheita dos primeiros frutos, ganhou novo sentido, tornou-se a festa histórica da celebração da Aliança, da acolhida do dom da Lei no Sinai e a Constituição do Povo de Deus. Mas, o mais belo e verdadeiro sentido é a celebração da acolhida do Espírito Santo.
Contemplemos o grande Pentecostes cinquenta dias após a Páscoa. O Espírito é apresentado em forma de língua de fogo, que consiste na linguagem do amor. Verdadeiramente a linguagem do Espírito é o amor que torna possível a comunhão universal.
Caberá à comunidade construir a anti-Babel, a humanidade nova, que pauta a existência pela ação do Espírito Santo que reside no coração de todos como Lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.
Reflitamos:
- Somos uma comunidade do Ressuscitado?
- Nossa comunidade é marcada por relações de amor e partilha?
- Empenhamo-nos em aprender a língua do Espírito, a linguagem do Amor?
- Qual é o espaço do Espírito Santo em nossas comunidades?
- Temos sido renovados pelo Espírito, orientando e animando nossa vida por Sua ação e manifestação?
- Somos uma comunidade que vive a unidade na diversidade, com liberdade e respeito?
Na passagem da segunda Leitura (1 Cor 12, 3-b-7.12-13), o Apóstolo nos fala de uma comunidade viva, fervorosa, mas com partidos, divisões e rivalidades entre os seus membros, e até mesmo certa hierarquia de categoria de cristãos.
Também aponta à importância da diversidade dos carismas. Porém, um só é o Senhor, um só é o Espírito do qual todos os dons procedem.
Insiste na unidade da comunidade como um corpo, onde todos têm sua importância, sua participação, cientes de que é a ação do Espírito que dá vida ao Corpo de Cristo, fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é fonte da verdadeira unidade.
Afasta-se com isto toda possibilidade de prepotência e autoritarismo dentro da Igreja:
"O dom do Espírito habilita o crente batizado a colocar as suas qualidades e aptidões ao serviço do crescimento e da vitalidade da Igreja.
Ninguém é inútil e estéril na Igreja quando se deixa guiar pelo Espírito de Deus que atua para o bem de todos.
O único obstáculo à ação vivificadora do Espírito é a tendência a considerar os seus dons como um direito de propriedade e não um compromisso ao serviço e à partilha recíproca”. (1)
Reflitamos:
- Verdadeiramente, o Espírito Santo é o grande Protagonista da ação evangelizadora da Igreja?
- Colocamos com alegria os dons que possuímos a serviço do bem da comunidade e não a serviço próprio?
Na passagem do Evangelho (Jo 20,19-23), o Evangelista nos apresenta a manifestação do Ressuscitado e a Sua presença que enriquece a Igreja reunida com o dom da paz, da alegria e do Espírito Santo para gerar relações de perdão que cria a humanidade nova.
Deste modo, a comunidade deve romper os medos, as incertezas, as inseguranças, pois o Ressuscitado entra, mesmo que as portas estejam fechadas. Nada pode impedir a Sua ação, coloca-se no centro, pois somente Ele deve ser o centro de nossa vida e de nossa comunidade.
E ainda mais: não adoramos um Deus em que as Chagas Dolorosas tiveram a última palavra, mas adoramos ao Deus das Chagas Vitoriosas do Ressuscitado. A vida venceu a morte, e n’Ele e com Ele somos mais que vencedores (Rm 8,37-39).
Contemplemos as maravilhas de Deus, que são inesgotáveis e indizíveis:
- podemos contar com a ação e o sopro do Espírito Santo, com Sua força e defesa em nossa missão evangelizadora;
- a presença do sopro rejuvenescedor do Espírito Santo, que não permite o envelhecimento e a perda da vitalidade da Igreja por Cristo fundada, e por amor, continuamente, na Eucaristia alimentada;
- confia-nos a continuidade da graça da missão do Ressuscitado, com a força do Espírito, como Suas autênticas testemunhas;
- a graça de participarmos dos Mistérios Sagrados da Igreja, que aos poucos se nos revelam como maravilhoso Mistério incandescente; Mistério da presença da Chama viva de Amor revelada pelo Espírito Santo de Deus.
Embora não tenhamos visto Jesus Ressuscitado, nem O tenhamos tocado, n’Ele cremos, Sua Palavra anunciamos, em Sua Vida e presença em nosso meio acreditamos, a força e a vida nova do Espírito continuamente experimentamos e testemunhamos.
Celebremos, exultantes, a Solenidade de Pentecostes, de modo que a alegria divina transbordará em nosso coração, e nosso coração será inflamado do Seu Amor;
Alegremo-nos e exultemos no Senhor Ressuscitado, que nos comunica o Seu Espírito para maior fidelidade ao Projeto de vida e de Amor do Pai.
(1) Lecionário comentado – Tempo da Páscoa - p.660.