sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Amizades verdadeiras nos revelam Deus

                                                 

Amizades verdadeiras nos revelam Deus

Reflexão à luz da passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 6,5-17): uma passagem sobre a amizade e o amigo fiel, que não há nada que se possa com ele comparar:

“Uma palavra amena multiplica os amigos e acalma os inimigos; uma língua afável multiplica as saudações. Sejam numerosos os que te saúdam, mas teus conselheiros, um entre mil.

Se queres adquirir um amigo, adquire-o na provação; e não te apresses em confiar nele.  Porque há amigo de ocasião, que não persevera no dia da aflição. 

Há amigo que passa para a inimizade, e que revela as desavenças para te envergonhar. Há amigo que é companheiro de mesa e que não persevera no dia da necessidade.

Quando fores bem sucedido, ele será como teu igual e, sem cerimônia, dará ordens a teus criados. Mas, se fores humilhado, ele estará contra ti e se esconderá da tua presença.

Afasta-te dos teus inimigos e toma cuidado com os amigos. Um amigo fiel é poderosa proteção: quem o encontrou, encontrou um tesouro.

Ao amigo fiel não há nada que se compare, é um bem inestimável.
Um amigo fiel é um bálsamo de vida; os que temem o Senhor vão encontrá-lo. Quem teme o Senhor, conduz bem a sua amizade: como ele é, tal será o seu amigo”.

Oremos:

Senhor, dai-nos sempre palavras certas para construirmos verdadeiras, sólidas e duradouras amizades, como também quereis conosco estabelecer, não nos chamando de servos, mas de amigos.

Senhor, Vos consagramos as autênticas amizades, que nos ajudam a tecer a rede da história, compartilhando conosco sua existência, e, quando preciso, com sábios conselhos.

Senhor, rezamos pelas amizades que se purificaram e se cristalizaram nas provações, nos dias mais difíceis, sombrios, aparentemente insuportáveis: doença, pranto, dor, perda ou luto.

Senhor, Vos louvamos pelos amigos, que compartilham muito mais do que possuem, mas o que de fato são, com sua alegria, valores, presença silenciosa ou expressa em palavras, por sua riqueza que, antes de tudo, a grandeza de alma, porque solícitos, atentos, solidários e generosos.

Senhor, Vos agradecemos pelos tesouros de valores inestimáveis, os verdadeiros amigos que colocais em nossas vidas, que também Vos reconhecem como mais belo e divino Tesouro, que nos cumulais de todos os bens, graça, força, alegria, luz e proteção.

Finalmente, Senhor, coloco na Mesa do Vosso Corpo e Sangue, no Pão e no Vinho, a vida de nossos amigos, bálsamos de nossa vida, porque com o carinho, compreensão, sabem amenizar nossas dores, e nos ajudam a recuperar nossos cansaços, para o firme combate da fé continuar. Amém.


Rezemos por nossos amigos


PS: Oportuna reflexão para rezarmos pelos nossos amigos, sobretudo no dia do amigo (20 de julho).

Não desistir diante das provações

                                                     


                                            Não desistir diante das provações

Diante da história de todos nós, com suas páginas de provações, tribulações, dificuldades, tropeços e inquietações, como fazer a necessária superação?

Precisamos, a partir da fé, escrever novas páginas de paciência, esperança, perseverança, perfeição, integridade e de verdadeira alegria.

Como Igreja Sinodal, peregrinos de esperança, sejamos iluminados e fortalecidos pela Palavra de Deus, que é luz para o nosso caminho (Sl 119,105), no bom combate da fé (2 Tm 4,7-8).

Urge firmar nossos passos, escrevendo páginas de acrisolamento, amadurecimento, aperfeiçoamento, vivendo o Mistério da Paixão e Morte do Senhor, para com Ele Ressuscitar, e com Ele, sermos mais que vencedores:

– “Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por Aquele que nos amou. Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus” (Rm 8,37-39).

O Apóstolo São Paulo também nos ajuda neste santo propósito, como peregrinos do Senhor que somos:

-  “Tendo sido, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus.

E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não decepciona, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,1-5).

Por fim, acolhamos e aprofundemos nossa reflexão, à luz das palavras do Apóstolo São Tiago:

-  “Meus irmãos, quando deveis passar por diversas provações, considerai isso motivo de grande alegria, por saberdes que a comprovação da fé produz em vós a perseverança. Mas é preciso que a perseverança gere uma obra de perfeição, para que vos torneis perfeitos e íntegros, sem falta ou deficiência alguma.” (Tg 1,2-4)


Nota-se um itinerário que o cristão precisa percorrer, na vivência da fé:

1º - A provação, como motivo de grande alegria;

2º - A comprovação da fé;

3º - A perseverança na fé;

4º - A geração da obra de perfeição;

5º - A perfeição e integridade (sem falta ou deficiência alguma).

Concluindo, vejamos o que nos diz o Catecismo da Igreja Católica sobre o caminho da perfeição que devemos trilhar:

“O caminho da perfeição passa pela Cruz. Não existe santidade sem renúncia e sem combate espiritual. O progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças.” (1)

Façamos as renúncias necessárias, tomemos nossa cruz de cada dia e sigamos o Senhor (cf. Lc 9,23), cujo fardo é leve e o jugo é suave (cf. Mt 11,28-30), revitalizando-nos com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, que são os imprescindíveis e divinos Pães de nossa vida, no tempo presente e na eternidade. Amém.

 

(1) Catecismo da Igreja Católica – n. 2015 

Em poucas palavras...

 


Óleo da Consolação e Vinho da Esperança

“Em sua vida terrena, Ele passou fazendo o bem e socorrendo todos os que eram prisioneiros do mal.

Ainda hoje, como bom samaritano, vem ao encontro de todos os que sofrem no corpo ou no espírito, e derrama em suas feridas, o óleo da consolação e o vinho da esperança.

Por este dom da vossa graça, também quando nos vemos submergidos na noite da dor, vislumbramos a luz Pascal em vosso Filho morto e ressuscitado.” (1)

 

 

(1) Missal Romano – Prefácio Comum VIII

Em poucas palavras... (Uma súplica pelo Papa Francisco)

 


Uma súplica pelo Papa Francisco

“Vós, que confiastes ao nosso Papa Francisco, a solicitude por todas as Igrejas,


– concedei-lhe uma fé inquebrantável, uma esperança viva e uma caridade generosa.


R. Senhor, nosso refúgio, escutai-nos!”


(1) Oração das Vésperas – Liturgia das Horas.



Oração de São João Crisóstomo (antes de ler a Sagrada Escritura)

                                             



Oração de São João Crisóstomo (antes de ler a Sagrada Escritura)

Ó Senhor Jesus Cristo, abre os olhos do meu coração para que eu possa ouvir a Tua Palavra, que eu entenda e faça a Tua vontade, pois sou um peregrino na Terra.

Não escondas de mim os Teus Mandamentos, mas abre os meus olhos, para que eu possa perceber as maravilhas da Tua Lei.

Fala para mim as coisas ocultas e secretas da Tua sabedoria. 

Em Ti coloco minha esperança, ó meu Deus, de iluminar minha mente e meu entendimento com a luz do Teu conhecimento; não apenas para valorizar as coisas que estão escritas, mas para realizá-las, pois Tu és a luz para aqueles que jazem nas trevas, e de Ti vem toda boa ação e toda graça. Amém”.

A insustentabilidade da crítica

                                                  


A insustentabilidade da crítica
 
A insustentabilidade da crítica é
diretamente proporcional à incapacidade da autocrítica.
 
A crítica, bem-feita, é sempre bem-vinda,
mas de mãos dadas com a autocrítica.
 
Deste modo, ela acontece
Quando acompanhada da humildade,
Finas flores da caridade e sinceridade.
 
Crítica, bem-feita, pede complemento: 
Construtiva, edificante, sincera, simplesmente.
 
Precisamos reaprender o poder
Fermentador da crítica,
Germinadora para frutos produzir,
como semente em sua pequenez.
 
Preciosa e mútua colaboração seja,
Para um mundo mais fraterno e humano
Sobretudo se temos a chama
Do Amor Divino, do Espírito Santo iluminador.
 
Sejamos críticos! 
Acolhamos a crítica!
Mas regada, acompanhada de amor,
Sem o que, faremos mal à alma: indesejável dor.
 
Não deixemos de acreditar na semente do novo,
que brota da crítica e autocrítica, 
como expressão de bondade e caridade, 
para edificar relacionamentos mais sinceros e fraternos.
 
Crítica de mãos dadas e entrelaçadas com a autocrítica, 
certeza de caridade vivenciada. Amém.
 
PS: Oportuno para a reflexão da passagem do Evangelho de Lucas (Lc 6,39-45)
 


Oremos pelos nossos Bispos e Presbíteros

                                                                    


                               Oremos pelos nossos Bispos e Presbíteros

Ó Deus, a Vós suplicamos por todos os Bispos e Presbíteros, para que, pela palavra, conduta, caridade, fé, pureza, sejam exemplos aos fiéis a eles confiados.

Que vivam na fidelidade ao Evangelho comunicado pelo Vosso Filho, Jesus, e coloquem em prática tudo o que ensinam, fazendo progressos contínuos de santidade.

Sejam perseverantes na fé vigilante e inquebrantável, esperança ativa e comprometida, como sinais e instrumentos da caridade que jamais passará.

Concedei, ó Deus, Vosso Espírito, para que, na dedicação à leitura da Sagrada Escritura, à exortação e ao ensino, jamais se descuidem do dom da graça do Ministério que lhes foi confiado, amando e servindo a Vossa Igreja. Amém.

 

Fonte inspiradora: 1Tm 4,12-16

 

Dai-nos, Senhor, um “olhar de pomba”

 


Dai-nos,  Senhor, um “olhar de pomba”

Retomemos um parágrafo da Exortação Verbum Domini, sobre a importância do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis, na compreensão da Sagrada Escritura.

“Conscientes deste horizonte pneumatológico, os padres sinodais quiseram lembrar a importância da ação do Espírito Santo na vida da Igreja e no coração dos fiéis relativamente à Sagrada Escritura: sem a ação eficaz do «Espírito da Verdade» (Jo 14, 16), não se podem compreender as palavras do Senhor.

Como recorda ainda Santo Irineu: «Aqueles que não participam do Espírito não recebem do peito da sua mãe [a Igreja] o alimento da vida; nada recebem da fonte mais pura que brota do corpo de Cristo». 

Tal como a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo eucarístico e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo, assim também só pode ser acolhida e compreendida verdadeiramente graças ao mesmo Espírito.

Os grandes escritores da Tradição cristã são unânimes ao considerar o papel do Espírito Santo na relação que os fiéis devem ter com as Escrituras.

São João Crisóstomo afirma que a Escritura «tem necessidade da revelação do Espírito, a fim de que, descobrindo o verdadeiro sentido das coisas que nela se encerram, disso mesmo tiremos abundante proveito». 

Também São Jerônimo está firmemente convencido de que «não podemos chegar a compreender a Escritura sem a ajuda do Espírito Santo que a inspirou». 

Depois, São Gregório Magno sublinha, de modo sugestivo, a obra do mesmo Espírito na formação e na interpretação da Bíblia: «Ele mesmo criou as Palavras dos Testamentos Sagrados, Ele mesmo as desvendou».

Ricardo de São Víctor recorda que são necessários «olhos de pomba», iluminados e instruídos pelo Espírito, para compreender o texto sagrado.

Desejaria ainda sublinhar como é significativo o testemunho a respeito da relação entre o Espírito Santo e a Escritura que encontramos nos textos litúrgicos, onde a Palavra de Deus é proclamada, escutada e explicada aos fiéis. É o caso de antigas orações que, em forma de epiclese, invocam o Espírito antes da proclamação das leituras: «Mandai o Vosso Espírito Santo Paráclito às nossas almas e fazei-nos compreender as Escrituras por Ele inspiradas; e concedei-me interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui reunidos delas tirem proveito».

De igual modo, encontramos orações que, no fim da homilia, novamente invocam de Deus o dom do Espírito sobre os fiéis: «Deus salvador (…), nós Vos pedimos por este povo: Mandai sobre ele o Espírito Santo; o Senhor Jesus venha visitá-lo, fale à mente de todos e abra os corações à fé e conduza para Vós as nossas almas, Deus das Misericórdias». Por tudo isto, bem podemos compreender que não é possível alcançar o sentido da Palavra, se não se acolhe a ação do Paráclito na Igreja e nos corações dos fiéis.”(1)

Fundamental que invoquemos o Espírito Santo para melhor compreensão da Sagrada Escritura, e colocá-la em prática:

“Vinde Espírito Santo”
“Vinde Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis
 e acendei neles o fogo do Vosso Amor.
Enviai o Vosso Espírito e tudo será criado
e renovareis a face da terra.
Oremos:
Ó Deus que instruíste os corações dos vossos fiéis,
com a luz do Espírito Santo,
fazei que apreciemos retamente todas as coisas
segundo o mesmo Espírito
e gozemos da sua consolação.
Por Cristo Senhor Nosso. Amém”
 

 

(1) Exortação Apostólica Pós-Sinodal Verbum DominiPapa Bento XVI – 2010 – parágrafo 16

Oração pela santificação matrimonial

                                                                

Oração pela santificação matrimonial

“Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mc 10,9)

Reflexão à luz da passagem do Evangelho de São Marcos (Mc 10,1-12), em que Jesus ratifica a  indissolubilidade matrimonial (a saber, as outras são: unidade e abertura à fecundidade).

Constatamos que ontem (no tempo de Jesus), como hoje, há uma “espécie de ar de Inverno” soprando contra o Matrimônio (1).

Iluminador o comentário do Lecionário Comentado sobre o Matrimônio, à luz da fé:

“O Matrimônio do crente não exclui, portanto, ‘a priori’, incompatibilidades de caráter, erros na escolha do cônjuge, dificuldades com os filhos, nervosismos, doenças, aborrecimentos... mas experimenta em tudo isto a presença e a ajuda de Cristo.

Ele dá forças, conforto e esperança. Quem se reveste deste espírito nos dias felizes, poderá continuar a viver desta mesma esperança nas horas difíceis da prova.

E isto como a ‘criança’ que nos braços da mãe se sente segura, porque sabe acolher na transparência e na proximidade tudo o que lhe reserva a vida, certa do amor materno que a envolve.”

Oremos:

Ó Deus, velai por todos os que se empenham em viver a graça da santidade no Matrimônio, não obstante as dificuldades, para que possam enfrentar o “ar de Inverno”, que teima em soprar para apagar a chama do primeiro amor.

Sejam por Vós fortalecidos, confortados  e renovados na esperança, para superar as adversidades, vivendo as propriedades essenciais do Matrimônio.

Ó Deus, acompanhai e assisti aqueles casais que não puderam viver até o fim as promessas feitas diante do altar, mas que sejam acolhidos, acompanhados, sem resquícios de exclusão ou marginalização, tendo sempre como discernimento, na prática pastoral, os ensinamentos da Igreja e seu Magistério.

Conduzi, iluminai e santificai aqueles que se propõem a celebrar o Sacramento do Matrimônio, para que tenham em mente os desígnios Vossos, preparando-se com empenho e profundidade, em permanente vigilância e oração. Amém.



(1) (2) – Lecionário Comentado – Editora Paulus – Lisboa – 2011 -p. 492-493

A santidade matrimonial

                                                       

A santidade matrimonial

“Do divórcio do coração, livrai-nos Senhor”

Reflexão à luz da passagem do Evangelho (Mt 5,17-37), em que Jesus ratifica a indissolubilidade do Sacramento do Matrimônio (cf. também Mt 19, 1-9, Mc 10,1-12 ).

Uma reflexão para os casais e a quantos possa interessar, para acender uma fagulha de luz, iluminando a sagrada missão de santificar nossas famílias, e redescobrir caminhos para menos divórcios do coração, e assim, a família cumpra sua missão, não obstante todas as dificuldades e ventos contrários.

Quantos casais, neste sentido, vivem há anos num divórcio prático, ratificado e consumado, isto é, querido e atuado? Quando, por exemplo, entre marido e mulher não se tem nem a vontade de se perdoar, de se reconciliar, quando reina a indiferença, é divórcio de fato, do coração. É o repúdio sem formulações legais! O mandamento de Deus está violado, não se é mais ‘uma só carne’.

Fala-se muito dos terríveis males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai.

Conheço uma criança nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso mais ouvir conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

Mas os males deste outro divórcio são, talvez, muito menores para a sociedade e para os filhos? Há tantos meninos desnorteados, drogados, violentos que não são filhos de divorciados casados de novo; são filhos de pais que vivem no divórcio do coração, que brigam, se ofendem ou se calam obstinadamente, reduzindo assim a família a um tenebroso inferno.

‘O homem não separe’ significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si, a mulher não separe de si o marido.

É bem pouco o que se pode fazer depois que este divórcio aconteceu há anos. Mas muito, porém, se pode fazer no início para impedir que o divórcio aconteça.

Jesus lembra a unidade: ‘não serão senão uma só carne’, isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como?

Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. ‘Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento’ (Ef 4,26); esta recomendação do apóstolo, aplicada para os cônjuges, soa assim: antes do sol se deitar fazei as pazes; significa que não se pode deitar sem ser perdoados, nem que seja só com um olhar.

Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante: falar, comunicar as próprias dificuldades e também as próprias tentações. Se a gente dissesse ao próprio cônjuge aquilo ou parte daquilo que se diz ao confessor ou se escreve ao diretor de certas revistas, quantos problemas seriam resolvidos! Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

A expressão ‘uma só carne’ lembra veladamente e outro meio humano para evitar o divórcio do coração: fazer da união sexual um momento de autêntica doação, abandono, humildade, de modo que sirva para restabelecer a paz e a confiança recíproca.

Continuar a ver sempre na mulher, como sugere a Bíblia, também depois que passaram os anos ‘ a mulher da própria juventude’ e no marido o homem da própria juventude, isto é, o ser que te deu sua juventude (cf. Pr 5,18).

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro, antes de dar ao outro.

A Oração! A melhor é aquela feita juntos,  marido e mulher. Mas a ela acrescentemos hoje também a oração comunitária: rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração”. (1)

Elevemos a Deus orações para que todos os lares sejam candelabros, onde a luminosidade divina não falte, ainda que a família passe por momentos difíceis, provações, inquietações.

Unamo-nos em oração e nos diversos trabalhos realizados pela Igreja em prol da Família, como tão bem nos exortou o Papa Francisco na Exortação – “Amoris Laetitia”.

Tenhamos sempre a Sagrada Família como modelo, inspiração e a ela recorramos sempre, para santificar e solidificar nossas famílias na rocha da Palavra, que é o próprio Jesus, Nosso Senhor (Mt 7, 21-27).


(1) O Verbo Se faz Carne -  Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pp.447-448

Não separe o homem o que Deus uniu

                                               


Não separe o homem o que Deus uniu

Reflitamos sobre o Sacramento do Matrimônio,  à luz de um trecho do Sermão de São Gregório Nazianzeno, Bispo e Doutor da Igreja (séc. IV).

 “Com que cara exiges, pois, uma honestidade com a qual tu não correspondes? Como pedes o que não dás? Como podes estabelecer uma lei desigual para um corpo dotado de igual honra? Se te fixas na culpabilidade, pecou a mulher, mas também Adão pecou: a serpente enganou a ambos, induzindo-os ao pecado.

Não podes dizer-se que um era mais fraco e o outro mais forte. Preferes insistir na bondade? Cristo salvou a ambos com sua paixão. Ou será que se encarnou somente para o homem? Não, também pela mulher. Padeceu a morte somente pelo homem? Também para a mulher proporcionou a salvação mediante a Sua morte.

Porém, me dirás que Cristo é proclamado descendente da estirpe de Davi e talvez concluirás disto que aos homens corresponde o primado de honra. Eu sei, porém não é menos certo que nascer da Virgem, o que é válido igualmente para as mulheres. Serão, portanto – diz – os dois uma só carne. Por isso, a carne, que é uma só, tenha igual valor.

Contudo, São Paulo, - inclusive com o seu exemplo – concede à castidade caráter de lei. E o que é que diz e em que se fundamenta? Este é um grande mistério? Refiro-me a Cristo e à Igreja. É bonito para uma mulher reverenciar a Cristo em seu marido; é igualmente bonito para o marido não menosprezar a Igreja em sua mulher. Que a mulher – diz – respeite ao marido, como a Cristo. Por seu lado, que o marido dê a sua esposa alimento e calor, como Cristo faz com a Igreja.” (1)

Alguns temas sobressaem neste Sermão:

- a igualdade de homens e mulheres diante de Deus, criados à Sua imagem e semelhança;

- a responsabilidade pelo pecado imputada a ambos: homem e mulher;

- a Salvação de Deus é para toda a humanidade;

- a indissolubilidade matrimonial do Sacramento do Matrimônio;

- O Mistério do Matrimônio, fazendo referência à Carta de Paulo aos Efésios (Ef 5,20-33).

Concluo com um convite a retomar as passagens dos Evangelhos: Mc 10,1-12 e Mt 19,1-12.

Oremos:

“Senhor Deus, que criastes o homem e a mulher, para que os dois sejam uma só vida, princípio da harmonia livre e necessária que se realiza no amor; por obra do Vosso Espírito conduzi os filhos de Adão à santidade das primeiras origens, e dai-lhes um coração fiel, para que nenhum poder humano ouse separar o que Vós mesmos unistes” .(2)

(1) Lecionário Patrístico Dominical – Editora Vozes – 2013 – pág.479-480

(2)Lecionário Comentado – Tempo Comum – Volume II – Lisboa - pág. 494


PS: Oportuno para a reflexão da passagem da Carta de Paulo aos Efésios (Ef 5,21-33; Mc 10,1-12)

Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo (súplica)

 


Peregrinos da Esperança e ação do Espírito Santo  (súplica)

Oremos: 

Enviai, Senhor, o Vosso Espírito para que tenhamos uma fé inquebrantável, esperança viva e caridade generosa.               

Enviai, Senhor, Vosso suave sopro do Espírito para nos  acalentar, acalmar, consolar, conduzir e firmar nossos passos.

Enviai, Senhor, os raios fulgurantes e ardentes do Espírito para aquecer nosso coração e novas relações fraternas construirmos. 

Enviai, Senhor, a água cristalina do Teu Espírito, para saciar as sedes tantas que carregamos, por Vós plenamente saciadas. 

Enviai, Senhor, o de que fato precisamos, pois nos conheceis e sabeis antes mesmo que Vos peçamos.

Vós que agis sempre nos surpreendendo, porque assim é o amor: Alegrai-vos ao surpreender, surpreendes porque nos amais. 

Vos glorificamos pela Vossa presença conduzindo a Igreja e a História, pois não há absolutamente nada bom sem o Santo Espírito. 

Enviai Vosso Espírito para rejuvenescer a Igreja renovando-a constantemente, na perfeita união com o Esposo, pois o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: “Vem”. Amém.

 

 

Fonte: Tratado do Bispo Basílio Magno (séc. IV)

 

Divórcio do coração

                                                

Divórcio do coração
“Do divórcio do coração, livrai-nos Senhor”

Nas passagens dos Evangelhos (Mc 10,1-12; Mt 19,3-12), Jesus ratifica a indissolubilidade do Sacramento do Matrimônio.

Para aprofundamento deste tema, apresento uma reflexão aos casais, e a quantos possa interessar, para acender uma fagulha de luz, iluminando a sagrada missão de santificar nossas famílias, e redescobrir caminhos para menos divórcios do coração, e assim, a família cumpra sua missão, não obstante todas as dificuldades e ventos contrários.

Quantos casais, neste sentido, vivem há anos num divórcio prático, ratificado e consumado, isto é, querido e atuado? Quando, por exemplo, entre marido e mulher não se tem nem a vontade de se perdoar, de se reconciliar, quando reina a indiferença, é divórcio de fato, do coração. É o repúdio sem formulações legais! O mandamento de Deus está violado, não se é mais ‘uma só carne’.

Fala-se muito dos terríveis males do divórcio jurídico: mulheres condenadas à solidão, filhos destruídos psicologicamente pela escolha penosa que devem fazer entre a própria mãe e o próprio pai.

Conheço uma criança nesta situação; depois que vi seus olhos, não preciso mais ouvir conferências sobre os males do divórcio: os vi todos estampados naqueles olhos de passarinho ferido.

Mas os males deste outro divórcio são, talvez, muito menores para a sociedade e para os filhos? Há tantos meninos desnorteados, drogados, violentos que não são filhos de divorciados casados de novo; são filhos de pais que vivem no divórcio do coração, que brigam, se ofendem ou se calam obstinadamente, reduzindo assim a família a um tenebroso inferno.

‘O homem não separe’ significa sim: a lei humana não separe; mas significa também, e antes de tudo: o marido não separe a mulher de si, a mulher não separe de si o marido.

É bem pouco o que se pode fazer depois que este divórcio aconteceu há anos. Mas muito, porém, se pode fazer no início para impedir que o divórcio aconteça.

Jesus lembra a unidade: ‘não serão senão uma só carne’, isto é, quase uma só pessoa, com a concórdia nos mesmos projetos e sentimentos; implicitamente inculca a construir sobre a unidade e renová-la cada dia. Como?

Procurando resolver logo que surgem os problemas, as incompreensões, as friezas. ‘Não se ponha o sol sobre o vosso ressentimento’ (Ef 4,26); esta recomendação do apóstolo, aplicada para os cônjuges, soa assim: antes do sol se deitar fazei as pazes; significa que não se pode deitar sem ser perdoados, nem que seja só com um olhar.

Depois a confiança recíproca; esta é como um lubrificante: falar, comunicar as próprias dificuldades e também as próprias tentações. Se a gente dissesse ao próprio cônjuge aquilo ou parte daquilo que se diz ao confessor ou se escreve ao diretor de certas revistas, quantos problemas seriam resolvidos! Enquanto há confiança recíproca, o divórcio fica longe.

A expressão ‘uma só carne’ lembra veladamente e outro meio humano para evitar o divórcio do coração: fazer da união sexual um momento de autêntica doação, abandono, humildade, de modo que sirva para restabelecer a paz e a confiança recíproca.

Continuar a ver sempre na mulher, como sugere a Bíblia, também depois que passaram os anos ‘ a mulher da própria juventude’ e no marido o homem da própria juventude, isto é, o ser que te deu sua juventude (cf. Pr 5,18).

Devemos nos convencer de que tudo isto não basta e que são necessários os meios espirituais: sacrifício e oração. Se o matrimônio encontra tanta dificuldade de se manter unido, é porque enfraqueceu o espírito de sacrifício e se quer só receber do outro, antes de dar ao outro.

A Oração! A melhor é aquela feita juntos,  marido e mulher. Mas a ela acrescentemos hoje também a oração comunitária: rezemos pelos casais e para aqueles que estão se encaminhando ao matrimônio; que o Senhor afaste deles o divórcio do coração”.

Sem dúvida, esta reflexão é de grande contributo, para que todos os lares sejam candelabros, onde a luminosidade divina não falte, ainda que a família passe por momentos difíceis, provações, inquietações.

Unamo-nos em oração e nos diversos trabalhos realizados pela Igreja em prol da Família, como tão bem nos exortou o Papa Francisco na Exortação – “Amoris Laetitia”.

Tenhamos sempre a Sagrada Família como modelo, inspiração e a ela recorramos sempre, para santificar e solidificar nossas famílias na rocha da Palavra, que é o próprio Jesus, Nosso Senhor (Mt 7, 21-27).


O Verbo Se faz Carne -  Raniero Cantalamessa - Editora Ave Maria - 2013 - pp.447-448   

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