terça-feira, 2 de dezembro de 2025

A sabedoria dos simples

                                                             

              
A sabedoria dos simples
                                 
“Eu Te louvo, ó Pai, Senhor do
céu e da terra”  (Lc 10,21)

Na primeira terça-feira do Advento, ouviremos a passagem do Evangelho de Lucas (Lc 10,21-24) em que Jesus louva ao Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeu a sabedoria aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos.

O Tempo do Advento consiste na graça que Deus nos concede de contemplar Suas maravilhas, que acontecem a cada instante em nosso favor.

Também é Tempo da graça de ouvirmos mais prolongadamente a Palavra de Deus, recolhidos em novenas e grupos para Leitura Orante da Palavra Divina, permitindo que sua Luz nos ajude a preparar um Santo Natal do Senhor, enriquecidos pelo Sacramento da Penitência, que a Igreja nos oferece.

Preparemo-nos intensamente para celebrar o nascimento do Menino Jesus, o rosto radiante da misericórdia divina, como nos falou o Papa Francisco, e sentiremos a verdadeira alegria, viveremos a felicidade autêntica que somente Deus pode nos conceder.

Felizes seremos se:

- acolhermos Jesus, que Se faz presença também no outro, sobretudo nos pobres, famintos, sedentos, nus, peregrinos, enfermos, como Ele próprio nos falou no Seu Evangelho;

- se nos abrimos à ação da graça divina e reconhecermos a presença de Jesus em nossas vidas em todos os momentos, bons ou adversos, alegres ou tristes;

- se abrirmos, também,  à ação do Espírito Santo, conduzidos por Ele, renunciando à sabedoria do mundo como um fim em si, e aceitarmos o Mistério que nos abre para as realidades eternas e imutáveis, usando das coisas que passam e abraçando as que não passam.

Felizes seremos sempre, porque somos amados por Deus, que Se fez presente e revelado à nós na Encarnação do  Verbo, na Pessoa de Jesus, Aquele que veio, vem e virá, e assim vivamos conscientemente, no tempo presente, caminhando sobre o chão do cotidiano, buscando as coisas do alto, em busca das realidades dos céus. Amém.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

“Nunc Dimittis”

                                                          


“Nunc Dimittis”

A Igreja reza à noite, todos os dias, a Oração das Completas, e nela está contido o “Nunc Dimittis” - "agora deixe partir",  rezado por Simeão, homem justo e piedoso, quando da apresentação do Senhor no Templo (Lc 2,29-32).

Cristo, Luz das nações e glória de Seu povo, é um cântico evangélico que pode também ser rezado por quantos puderem nas orações da noite, ao terminar um dia de intensas atividades, preocupações e eventual cansaço, para um bom descanso e um novo dia bem iniciado:

“Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“–29 Deixai, agora, Vosso servo ir em paz,
conforme prometestes, ó Senhor.

30 Pois meus olhos viram Vossa salvação
31 que preparastes ante a face das nações:

32 uma Luz que brilhará para os gentios
e para a glória de Israel, o Vosso povo.”

– Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. 
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Antífona: Salvai-nos, Senhor, quando velamos, guardai-nos também quando dormimos! Nossa mente vigie com o Cristo, nosso corpo repouse em Sua paz!

“Fica conosco, Senhor, suplicamos...”

                                               


“Fica conosco, Senhor, suplicamos...”
 
Na Liturgia das Horas, encontramos esta oração nas Vésperas, que nos remete ao Evangelho de Lucas (Lc 24, 13-35), que podemos repetir em cada entardecer, certos de que a noite cai lentamente, cede lugar ao anoitecer; como o sol poente cederá lugar à lua, em suas fases naturais:
 
“Ficai conosco, Senhor Jesus, porque a tarde cai e, sendo nosso companheiro na estrada, aquecei-nos os corações e reanimai nossa esperança, para Vos reconhecermos com os irmãos nas Escrituras e no partir do Pão. Vós, que sois Deus com o Pai, na unidade do Espírito Santo”. (1)
 

Oremos:
 
Fica conosco, Senhor, e ao participarmos da Tua Mesa,  e na partilha do Pão da Eucaristia, reconheçamos Tua real presença, como os discípulos que Te reconheceram ao partir o Pão, e os olhos foram abertos.
 
Fica conosco, Senhor, e jamais nosso coração seja endurecido e tardio para entender o Mistério de Tua Paixão, Morte e Ressurreição; e que a Tua Palavra nos ilumine e faça arder nosso coração.

 
Fica conosco, Senhor, sobretudo para que solidifiquemos nossa amizade e intimidade contigo, de modo especialíssimo ao participarmos da Ceia da Eucaristia.

 
Fica conosco, Senhor, em todos os momentos, favoráveis ou adversos, obscuros ou luminosos, opacos ou radiantes de luz, alegres ou tristes, angustiados ou cheios de esperança.

 
Fica conosco, Senhor, fortaleça nossa fé, reanima nossa esperança e inflama nossos corações, na mais pura e desejável caridade para com o nosso próximo.

 
Fica conosco, Senhor, pois és nosso “companheiro na estrada”, companheiro de viagem, sobretudo quando passarmos por vales tenebrosos e montanhas de dificuldades.

 
Fica conosco, Senhor, na travessia de desertos áridos da existência, a fim de que vençamos as tentações (ter, poder e ser), porque, contigo, mais que vencedores o somos.

 
Fica conosco, Senhor, a Ti nos dirigimos confiantes, pois Tu vives e Reinas com o Teu Pai, na comunhão com o Espírito Santo, na mais perfeita comunhão de amor.  Amém. 

 

(1)   Oração das Vésperas- Liturgia das Horas (cf Lc 24,13-35)

Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

 


Creio n’Aquele que veio, vem e virá: Jesus

“Aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo.
Ele transformará o nosso corpo humilhado
e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso,
com o poder que tem de sujeitar a Si todas as coisas.” ( Fl 3,20b-21)

Creio na Encarnação Do Verbo, feito Carne, envolto em faixas e reclinado num presépio, e assim ao vir pela primeira vez, revestido de nossa fragilidade, para realizar o plano eterno do amor de Deus para nós, suportando a cruz, sem recusar a Sua ignomínia, abrindo-nos o caminho da Salvação.

Creio que virá pela segunda vez, revestido da glória de Sua majestade, num manto de luz, cercado de uma multidão de anjos, para nos conceder em plenitude os bens prometidos que hoje, vigilantes, esperamos.

Creio na primeira vinda de Cristo que foi nossa redenção, e na Sua segunda vinda, quando aparecerá como nossa vida. 

Creio na Sua presença contínua em espírito e poder, como numa senda, guiando-nos da primeira para a segunda vinda gloriosa, que vigilantes esperamos. Amém.

 

Fontes: Prefácio do Advento I;  São Cirilo de Jerusalém – séc. IV; São Bernardo (séc. XII)

 

Jovem, o Senhor te ama, chama e contigo conta

 


Jovem, o Senhor te ama, chama e contigo conta
 
"O coração do homem planeja o seu caminho,
 mas o Senhor lhe dirige os passos." (Pv 16,9)
 
Encontro com o Senhor tem marca indelével,
porque fica marcado como selo na alma.
Nem as adversidades poderão apagar
Fica na memória, porque antes no coração ficou.
 
Divido contigo minha alegria que agora sentes.
Sem dúvida planejaste caminho a percorreres,
Mas o Senhor que é a Verdade, Vida e o Caminho
Dirigiu teus passos, e contigo quis Se encontrar.
 
Falou-te por vozes tão humanas com seus limites,
Mas foram como pássaros por Deus enviados,
Cantaram melodias de ternura, esperança,
Renovando em Ti, coragem e necessária perseverança.
 
Abriram portas à luz da Palavra do Senhor,
Palavra que arde e ilumina cantos escuros da vida,
Para que não te percas em possíveis abismos,
Mas permaneças firme no horizonte dos sonhos a alcançar.
 
Te levaram à Fonte das fontes eternas,
A Divina Fonte do Amor do Senhor,
Que jamais te permitirá morrer de sede,
Ainda que caminhes por desertos áridos.
 
Como que pequenos oásis puderam algo experimentar,
Mas a vida não é feita apenas de oásis para refugiar-se.
Para renovar as forças são mais que necessários,
Compromissos com Ele e com o Reino, sempre renovados.
 
Sigamos juntos: há muitos outros jovens a evangelizar,
Agora do Mestre és amado discípulo e contigo Ele conta,
Vamos, incansavelmente, sementes da fé, esperança semear,
Porque a Chama do Amor não pode apagar.
 
Embelezemos o mundo com flores da caridade,
Rosas de muitas cores e odores a exalar,
Se as dores dos espinhos teimosamente nos ferirem,
Sejamos curados no Banquete da Vida, da Eucaristia. Amém.

Em poucas palavras...

                                                          

Celebremos o Tempo do Advento

“Ao celebrar em cada ano a Liturgia do Advento, a Igreja atualiza esta expectativa do Messias.

Comungando na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o ardente desejo da sua segunda vinda (Ap 22,17).

Pela celebração do nascimento e martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo: «Ele deve crescer e eu diminuir» (Jo 3, 30)”.

 

(1) Catecismo da Igreja Católica parágrafo n.524

 

Advento: oremos com humildade e confiança

                                                          

Advento: oremos com humildade e confiança

Na segunda-feira da 1ª Semana do Tempo do Advento, a Liturgia nos convida a refletir sobre a Salvação que Deus oferece a todos os povos por meio de Jesus Cristo, à luz da passagem do Evangelho de Mateus (Mt 8,5-11).

Nesta passagem, encontramos a fé e a súplica de um centurião, para que Jesus cure seu servo.

"Este oficial coloca toda a sua confiança na misericórdia de Jesus e na Sua Palavra: “Senhor, não Te incomodes, pois não sou digno de que entres em minha casa. Nem mesmo me achei digno de ir pessoalmente ao Teu encontro. Mas ordena com a Tua Palavra, e o meu empregado ficará curado...” . (1)

A misericórdia de Deus pode se manifestar mesmo a distância, dependendo apenas da fé do orante, daquele que suplica.

Fundamental é confiar na Palavra e Pessoa de Jesus, Aquele que tem poder sobre tudo: enfermidade, pecado, poderes, morte...

O Bispo Santo Agostinho, sobre este acontecimento assim afirmou: “Pequena teria sido a felicidade se o Senhor Jesus tivesse entrado dentro de suas quatro paredes, e não estivesse hospedado em seu coração”. (2)

Vemos que o centurião faz como que um caminho progressivo na fé manifestada em sua oração, e se dá conta de que para que Jesus realize seu pedido, não faz valer seus méritos, nem posses ou subalternos, porque para Ele o que conta, de fato, é a misericórdia Divina, que é totalmente gratuita.

As palavras do centurião, repetimos em todas as Missas, antes de recebermos o Corpo e o Sangue do Senhor. A Eucaristia que celebramos, adoramos e cotidianamente vivemos, é este encontro que se repete inúmeras vezes, e assim devemos nos questionar:

“Às vezes pergunto-me se nós, cristãos de hoje, que andamos enfarinhados nas coisas de Deus, nas liturgias bem aprumadas e em longas orações, assumimos a causa de Deus na liturgia quotidiana da nossa vida.

Pergunto-me se basta a Palavra para a fé, ou ainda procuramos outros sinais que podem parecer importantes, mas não essenciais.

Pergunto-me se andamos no único Evangelho que conta, o de Jesus Cristo, ou navegamos noutros evangelhos; assim nos provoca Paulo na segunda leitura.

Pergunto-me se habitamos e conhecemos o nome de Deus e lhe oramos com plena escuta do nosso ser ou entretemo-nos com outros nomes e repetidas orações que apenas passam pelo ouvido; assim nos interpela a primeira leitura”. (3)

Urge que Jesus tenha a centralidade em nossa vida, Ele que a todos Se dá, sem exceção, sem olhar a quem, ultrapassando os laços da pertença a um grupo específico.

Se quisermos ser discípulos missionários do Senhor, Ele quer de nós adesão de fé, plenamente, na Sua Pessoa e na Sua Palavra.

Reflitamos:

- Quando, de fato, Jesus entrou em nosso coração e mudou nossa vida com Sua Palavra e ação?
- Quanto Jesus transformou nossa vida, sobretudo, através de nossa participação na Ceia Eucarística, em que Ele nos comunica a Sua Palavra e nos alimenta com o Seu Corpo e o Seu Sangue?

Esta adesão de fé haverá de ser centrada e enraizada no amor misericordioso de Deus em Jesus Cristo, que experimentamos de modo sublime em cada Ceia Eucarística que celebramos, quando Ele Se dá no Pão da Palavra e no Pão da Eucaristia, nos oferecendo gratuitamente a Salvação, como dom, graça e missão.

Contemplemos e correspondamos à Misericórdia de Deus que é para toda a humanidade.

  

Nós veremos o que eles ardentemente esperaram...

                                        


                  Nós veremos o que eles ardentemente esperaram...
 
Sejamos enriquecidos pela Carta Pastoral do Bispo São Carlos Borromeu (séc. XVI):
 
“Caros filhos, eis chegado o tempo tão importante e solene que, conforme diz o Espírito Santo, é o momento favorável, o dia da salvação (cf. 2 Cor 6, 2), da paz e da reconciliação.
 
É o tempo que outrora os Patriarcas e Profetas tão ardentemente desejaram com seus anseios e suspiros; o tempo que o justo Simeão finalmente pôde ver cheio de alegria, tempo celebrado sempre com solenidade pela Igreja, e que também deve ser constantemente vivido com fervor, louvando e agradecendo ao Pai eterno pela misericórdia que nos revelou nesse Mistério.
 
Em Seu imenso Amor por nós, pecadores, o Pai enviou Seu Filho único a fim de libertar-nos da tirania e do poder do demônio, convidar-nos para o céu, revelar-nos os Mistérios do Seu Reino celeste, mostrar-nos a luz da verdade, ensinar-nos a honestidade dos costumes, comunicar-nos os germes das virtudes, enriquecer-nos com os tesouros da Sua graça e, enfim, adotar-nos como Seus filhos e herdeiros da vida eterna.
 
Celebrando cada ano este Mistério, a Igreja nos exorta a renovar continuamente a lembrança de tão grande Amor de Deus para conosco. Ensina-nos também que a vinda de Cristo não foi proveitosa apenas para os Seus contemporâneos, mas que a sua eficácia é comunicada a todos nós se, mediante a fé e os Sacramentos, quisermos receber a graça que Ele nos prometeu, e orientar nossa vida de acordo com os Seus ensinamentos.
 
A Igreja deseja ainda ardentemente fazer-nos compreender que o Cristo, assim como veio uma só vez a este mundo, revestido da nossa carne, também está disposto a vir de novo, a qualquer momento, para habitar espiritualmente em nossos corações com a profusão de Suas graças, se não opusermos resistência.
 
Por isso, a Igreja, como mãe amantíssima e cheia de zelo pela nossa salvação, nos ensina durante este tempo, com diversas Celebrações, com hinos, cânticos e outras palavras do Espírito Santo, como receber convenientemente e de coração agradecido este imenso benefício e a enriquecer-nos com seus frutos, de modo que nos preparemos para a chegada de Cristo nosso Senhor com tanta solicitude como se Ele estivesse para vir novamente ao mundo. É com esta diligência e esperança que os Patriarcas do Antigo Testamento nos ensinaram, tanto em palavras como em exemplos, a preparar a Sua vinda.” (1)
 
O Tempo do Advento tem beleza peculiar, como podemos constatar nesta Carta: Tempo favorável para revisarmos nossos compromissos de paz, em sinceros gestos de reconciliação, como peregrinos de esperança que somos.
 
Somos remetidos ao tempo dos Patriarcas e Profetas, que desejaram ver o que podemos em breve celebrar, porque a promessa se realizou: O Messias prometido nasceu e veio ao nosso encontro.
 
O Natal é a Celebração desta mais bela realização e presente de Deus para nós, como bem profetizou o justo Simeão ao acolhê-Lo e reconhecê-Lo como Luz das nações.
 
Veio ao nosso encontro como manifestação da misericórdia e bondade de Deus, e saibamos fazer vinda de Cristo proveitosa para nós, e para todos com quem convivemos.
 
Ele veio uma primeira vez ao mundo e quer vir sempre em nossos corações habitar; e não podemos colocar resistência a este desejo Seu, e que nosso coração seja despojado e preparado para acolhida de tão belo Hóspede de nossa alma.
 
É preciso celebrar e viver intensamente o Advento como tempo fecundo da acolhida da Palavra de Deus, para que ela possa germinar, florescer e frutificar em alegria, vida, esperança, amor, luz e paz.

  
Oremos:
 
“Senhor nosso Deus, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, Vosso Filho. Que Ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na Oração e proclamando o Seu louvor. Por N. S. J. C. Amém”
 
“Maranathá”! 
Vem Senhor Jesus!
 
(1) Liturgia das Horas – Volume I – Advento/Natal – pp.122-124


A beleza do Tempo do Advento (Ano A) (IDTAA)

                                                           



A beleza do Tempo do Advento (ano A)

Antes de apresentarmos a mensagem que a Liturgia da Palavra nos oferece, podemos assim entender o Tempo do Advento:

“Hoje nós não esperamos a vinda do Messias – que já apareceu em Belém há mais de dois mil anos – mas a Sua manifestação ao mundo. É nesta perspectiva que adquire sentido o Tempo que dedicamos à preparação do Natal, Tempo que mais do que ‘Advento’, deveria ser chamado ‘Preparação para o Advento’” (1).

Agora vejamos o que nos propõe a Liturgia:

- No primeiro Domingo (ano A) retrata a vinda escatológica de Jesus (a Sua segunda vinda gloriosa, que professamos e aguardamos na vigilância). Somos chamados a “atitude da vigilância”. Todos os textos proclamados evocam a manifestação do Senhor no fim dos tempos e a urgência da preparação para este final da história da humanidade na terra.

- No segundo Domingo (e também no terceiro) retrata a Sua vinda na História. A atitude que se ressalta é a “conversão”, a partir da voz de João Batista, que exorta a preparar os caminhos do Messias esperado.

- No terceiro Domingo, temos a identificação de Jesus testemunhado pelas Suas obras. De fato era Ele que haveria de vir. A marca deste Domingo é a “alegria”, pela Sua primeira vinda e a espera paciente e confiante de Sua segunda vinda.

- No quarto Domingo nos fala do “anúncio“ a José, sobre o nascimento do Filho de Maria como Salvador e Deus conosco.

Em relação à Palavra proclamada nestes Domingos:

- Na primeira leitura, percorremos um itinerário de consciência progressiva do caráter salvífico da vinda d’Aquele que foi prometido e que será reconhecido, no quarto Domingo, na Pessoa de Jesus de Nazaré.

- Na segunda Leitura, temos um convite a nos deixar conduzir pela vigilância, paciência e fidelidade às Escrituras, reconhecendo em Jesus, o Filho de Deus, e vivendo a obediência da fé.

Neste sentido, somos convidados à vigilância e à conversão, esperando com alegria e perseverança a chegada de Deus, na encarnação do Verbo, com a destruição da injustiça e da impiedade, trazendo a salvação para todos os que n’Ele crerem.

Concluindo, podemos afirmar que o Tempo do Advento é uma frutuosa introdução no Mistério do Ano Litúrgico e a celebração da tríplice vinda de Jesus: “As poucas semanas que precedem a Festa do Natal constituem uma importante iniciação ao Mistério insondável da Encarnação, que desde então é o âmbito em que vivemos na fé e na esperança” (2).

Sobre esta tríplice vinda, fiquemos com as palavras de São Bernardo (séc. XII), em sua Homilia para o Advento:

“Na primeira vinda, o Senhor veio em carne e debilidade, nesta segunda, em espírito e poder; e na última, em glória e majestade. Esta vinda intermediária é como que uma senda por que se passa da primeira para a última: na primeira, Cristo foi nossa redenção; na última, aparecerá como nossa vida; nesta, é o nosso descanso e o nosso consolo” (3).


(1) Lecionário Comentado - Editora Paulus - p.35
(2) Missal Quotidiano Dominical e Ferial – Editora Paulus – Lisboa – 2011 pp. 27-28
(3) idem p.28 - (in São Bernardo, Homilia sobre o Advento, 5,1-2, Opera omnia, edição cisterciense, 4, 1966, 188-190).

Advento: contemplemos a imensidão do amor de Deus

                                                                     

Advento: contemplemos a imensidão do amor de Deus

Oremos:

Ó Deus que nos enviastes Vosso Filho, que se fez Carne no ventre de Maria por obra do Espírito Santo, concedei-nos a graça de bem preparar a alegria da chegada d’Aquele que veio, vem e virá sempre ao nosso encontro.

Ó Deus, nós Vos adoramos por Vosso imenso Amor por nós, pecadores, pois enviastes Vosso Filho único, a fim de nos libertar da tirania e do poder do demônio, e assim não cairmos em tentação, e ainda mais, livrar-nos de todo o mal.

Ó Deus, nós Vos adoramos por Vosso imenso Amor por nós, que vistes por meio do Vosso filho nos convidar para o céu, onde habitais em comunhão com Ele e com o Vosso Espírito de Amor.

Ó Deus, nós Vos adoramos por Vosso imenso Amor por nós, por nos revelar os Mistérios do Vosso Reino celeste, e nos enviar pelo mundo, como discípulos e missionários, anunciando com alegria esta chegada.

Ó Deus, nós Vos adoramos por Vosso imenso Amor por nós, que por meio do Vosso Filho viestes nos mostrar a luz da verdade, que é Ele próprio, e que nos faz verdadeiramente livres (cf. Jo, 8,32).

Ó Deus, nós Vos glorificamos porque Vosso Filho veio nos ensinar a honestidade dos costumes, bem como nos comunicar os germes das virtudes, e nos enriquecer com os tesouros da Vossa graça e, enfim, para que sejamos Vossos filhos e herdeiros da vida eterna.

Ó Deus, nós Vos adoramos por Vosso imenso Amor por nós, dai-nos esperar solícitos a vinda do Cristo, Vosso Filho, e assim, quando Ele, ao chegar, nos encontre vigilantes na Oração e proclamando o Vosso louvor. Por N. S. J. C. Amém

“Maranathá”! 
Vem, Senhor Jesus!


PS: Uma súplica para o Tempo do Advento, à luz da Carta Pastoral do Bispo São Carlos Borromeu (séc. XVI).

Advento: tempo fecundo para que sejamos melhores

                                                            

Advento: tempo fecundo para que sejamos melhores

No Tempo do Advento, a Igreja nos convida a uma parada para reflexão, avaliação e redirecionamento de nossos passos, para que a alegria do Nascimento do Salvador seja bem celebrada; para que não sejamos devorados pela voracidade da pressa, do tempo que parece passar mais depressa, e, embora multiplicados meios de comunicação, a superação da ansiedade e da solidão.

Urge voltar à fonte, a Divina Fonte, onde jorra a água mais cristalina, para saciar nossa sede de vida plena, renovando nossas energias, para que nos ponhamos a caminho, com maior fé e segurança, envolvidos pela alegria deste Nascimento.

Num contexto de mudança de época, vivemos a extrema aceleração, própria da sociedade pós-moderna, com suas dúvidas, inquietudes e interrogações, medos, angústia e estranhos fantasmas, é preciso aprender a parar, rever o caminho que trilhamos, de modo que, não haja distanciamento do Verdadeiro Caminho que nos conduz a Deus, porque é também a Verdade irrevogável do amor de Deus por nós e quer nos conceder sentido para a existência, para que vida plena tenhamos (cf. Jo 10,10).

Portanto, emerge a necessidade de parar, deter-se um momento para uma avaliação do percurso percorrido e, ao mesmo tempo, para a escolha de um novo caminho que leve ao encontro com Deus, consigo mesmo e com o outro, superando a cultura do isolamento, do individualismo, e viver a cultura do encontro, em que nos tornamos protagonistas da civilização do amor, da alegria de convivermos na comunhão com outro e no respeito às diversidades.

Com o nascimento do Menino Jesus, contemplamos um Deus que Se faz homem, e não o contrário. Deus que, na tradição bíblica, vê, ouve, conhece a situação do Seu povo, desce ao seu encontro, em direção à humanidade, assumindo-a para redimi-la e fazê-la subir em direção à divindade. 

Apropriando-se de uma metáfora, podemos afirmar que este tempo do Advento é como um rio que nos leva ao grande oceano de luz que é o Natal. N’Ele, na frágil e humilde criança, a noite se faz dia, os olhos se abrem, o horizonte do inédito se descortina, para que possamos discernir as novas possibilidades que se abrem  à nossa frente, e também revermos e buscarmos novos critérios para redirecionamento de nossos passos.

Contemplando Seu nascimento e presença, que se dá a cada momento.

Oremos:

Menino Jesus,
- Tu que nasceste nu, tens o poder de nos revestir 
com o Teu Amor infinito e cheio de compaixão.

- Tu que nasceste pobre para nos enriquecer 
com a Tua presença vivificante e salvadora.

- Tu que nasceste sem teto, 
fizeste morada em nosso meio e em nós
e anunciaste um mundo em que a ninguém seja
negado o direito de moradia.

- Tu que nasceste à margem da sociedade, 
por Tua Palavra e ação soubeste a todos acolher e incluir, 
como filhos e filhas de Deus,
no grande Banquete do Reino.

- Tu que és o Filho de Deus, 
que Te fizeste homem para nos elevar à luminosa morada do Pai, 
conceda que, em Ti crendo e seguindo,  
jamais caminhemos nas trevas, 
mas alcancemos a luz, a alegria e a vida eterna (cf. Jo 8,12). 
Amém.

A tríplice vinda do Senhor

                                                       

A tríplice vinda do Senhor

Com o Tempo do Advento refletimos sobre a Vinda do Senhor, colocando-nos em atitude de conversão, mudança de pensamentos e ações, para que celebremos o resplandecer da verdadeira luz do Natal.

Sejamos enriquecidos pelo Sermão do Abade São Bernardo (séc. XII), que nos fala da tríplice vinda do Senhor (1):

Primeira Vinda:             Ele veio.
Vinda intermediária:     Ele vem.
Segunda Vinda:             Ele virá.

Primeira Vinda: O Senhor apareceu na terra e conviveu com os homens e mulheres.
Vinda intermediária: É oculta, e somente os eleitos o vêem em si mesmos e recebem a Salvação.
Segunda Vinda: Todo homem verá a Salvação de Deus (Lc 3,6).

Primeira Vinda: Eleo Senhor, veio na fraqueza da carne.
Vinda intermediária: Ele, o Senhor, vem espiritualmente manifestando o poder de Sua graça.
Segunda Vinda: Ele, o Senhor, virá com todo o esplendor de Sua glória.

Primeira Vinda: Ele é o Princípio.
Vinda intermediária: Ele é o caminho que conduz da primeira a última.
Segunda Vinda: Ele é o Fim.

Primeira Vinda: Ele veio como nossa redenção.
Vinda intermediária: Ele vem como nosso repouso e consolação.
Segunda Vinda: Ele virá como nossa Vida. 

Reflitamos:

- Como contemplo a primeira vinda do Senhor neste Natal que se aproxima?
- Como estou vivendo esta vinda intermediária do Senhor?
- De que modo preparo a Sua segunda vinda e o que ela significa na minha vida

Permaneçamos vigilantes e orantes na espera do Senhor que veio, vem e virá!

Como é bom saber que não estamos sós!
Nunca estivemos e tampouco o estaremos.
Desde que estejamos abertos a acolher a
Sua tríplice vinda em nossa vida...

“Maranathá”: Vem Senhor Jesus!
“Vem Senhor, vem nos salvar, com Teu povo vem caminhar!”


(1) Liturgia das Horas Vol. I - pp.137-138

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