quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Sentinelas/Profetas (XXVIIDTCC)

                                                           

Sentinelas/Profetas

À luz da passagem da Sagrada Escritura (Ez 33, 7-9), supliquemos a Deus para que reacendendo a graça da dimensão profética que recebemos no dia de nosso Batismo.

Oremos:

Senhor, que a exemplo do Profeta Ezequiel, sejamos Profetas da esperança, desterrados da Pátria Celeste, porque ainda peregrinos longe do Senhor, sintamos Vossa presença, bondade e amor.

Senhor, saibamos dar razão de nossa esperança a quantos dela precisarem, porque em nada mais creem, convictos de que Deus jamais nos abandona e tão pouco nos esquece.

Aprendendo com os Profetas Ezequiel, Habacuc, Isaías, Jeremias, Oseias, sejamos sentinelas Vossos; uma sentinela atenta, que escuta os apelos de Deus e que avisa o Povo dos perigos que aparecem no horizonte da comunidade.

Senhor, ajudai-nos para que sejamos vigilantes e atentos, enquanto tantos descansam; perscrutando o horizonte, detectando o perigo que ameaça a vida, e, ao pressentir o perigo, dando o sagrado alarme, evitando catástrofes possíveis.

Concedei-nos, Senhor, a graça de sermos Profetas/Sentinelas eficientes; sendo, simultaneamente, homens e mulheres de Deus, atentos ao mundo que nos rodeia, e em profunda intimidade com Deus, iluminados e sedentos da Palavra Divina.

Na graça e missão de sermos Profetas/Sentinelas, descubramos e anunciemos a vontade de Deus, aprendendo a discernir os divinos Projetos para a humanidade e para o mundo.

Convosco, Senhor, como Profetas/Sentinelas, sejamos homens e mulheres de nosso tempo, mergulhados na realidade e nos desafios da sociedade em que estamos inseridos, de modo que sejamos capazes de conhecer e ler as linhas da história, com perspectiva crítica, seus problemas, dramas e infidelidades.

Tão somente assim não nos fecharemos num mundo cômodo, ignorando as infidelidades aos Projetos de Deus, sem nos demitirmos de nossas responsabilidades, incomodando-nos com as escolhas erradas que nos afastem da vida plena e feliz.

Viveremos a graça do mandato que nos concedeis, alertando a comunidade para os perigos que a ameaça, pagando o custo que for preciso, para que não trilhemos caminhos que conduzam à infelicidade, ao sofrimento e à morte.

Seremos um sinal vivo, um sinal do Amor de Deus pelo Seu Povo; enviados em missão, com coragem para testemunhar Seus desígnios, sobretudo em momentos de crise, de desilusão e de solidão…

Daremos provas de que Deus, cada dia, não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva, trilhando caminhos de Salvação e Vida.

O mundo precisa de Profetas/Sentinelas.
Eis-nos aqui, Senhor, colocamo-nos ao Vosso dispor.

Conduzi, iluminai, fortalecei e guardai nossos passos, Senhor, para que convictos e corajosas Profetas/Sentinelas sejamos. 

Concedei, Senhor, a Vossa luz e sabedoria:

- Aos sacerdotes, na condução das Comunidades que lhes foram confiadas;

- Aos pais e mães, para que sejam zelosas Profetas/Sentinelas de suas famílias, pequeninas Igrejas Domésticas;

- Aos Agentes de Pastoral, discípulos missionários do Senhor, zelosas Profetas/Sentinelas;

- A tantos quantos receberam a graça do Batismo, para que como Profetas/Sentinelas, sejam no mundo, sal, fermento e luz. Amém.

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...”

                                                            

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...” 

No dia 1º de outubro, celebramos a memória de uma grande testemunha do Senhor, Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX), sejamos enriquecidos por sua autobiografia. 

“Meus imensos desejos me eram um autêntico martírio. Fui, então, às cartas de São Paulo a ver se encontrava uma resposta. Meus olhos caíram por acaso nos capítulos doze e treze da Primeira Carta aos Coríntios. 

No primeiro destes, li que todos não podem ser ao mesmo tempo apóstolos, profetas, doutores, e que a Igreja consta de vários membros; os olhos não podem ser mãos ao mesmo tempo. Resposta clara, sem dúvida, mas não capaz de satisfazer meu desejo e dar-me a paz.

Perseverei na leitura sem desanimar e encontrei esta frase sublime: Aspirai aos melhores carismas. E vos indico um caminho ainda mais excelente (1Cor 12,31).

O Apóstolo esclarece que os melhores carismas nada são sem a caridade, e esta caridade é o caminho mais excelente que leva com segurança a Deus. Achara enfim o repouso.

Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade me deu o eixo de minha vocação. 

Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração e este coração está inflamado de amor. 

Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. 

Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. 

Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Santa Terezinha pouco viveu, mas teve tamanha intensidade e amor, que ficará para sempre viva, presente em nossa memória. Ela foi declarada a “Padroeira das Missões”, por Pio XI, em 1927. 

Entre as quatro doutoras da Igreja, ela está ao lado de Santa Teresa de Ávila e Santa Catarina de Sena e Santa Hildegarda de Bingen. 

Em oração atenta, deleitando-se com a Palavra Divina, descobriu seu lugar na Igreja, e sua exclamação ressoa no nosso: "No coração da Igreja minha vocação é o amor!” 

Reflitamos:

- “Qual é a minha vocação na Igreja?”

Responderemos que somos padre, religiosa, primeiros educadores da fé, pelo exemplo e palavra aos filhos, por Deus, confiados (pai e mãe).

Com toda certeza, diremos o que somos, o que fazemos, os títulos que possuímos, o trabalho que já fizemos ou faremos etc. 

Somente uma jovem com intenso amor no coração, pelo Amado seduzido, com o fogo do Amor do Espírito, em fidelidade ao Pai de Amor, poderia ter dito de forma tão singular e tão marcante:

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...”

Sejamos ou façamos o que for, mas façamos vocacionados para o Amor e pelo Amor, somente assim seremos fiéis e amados Discípulos Missionários do Senhor!

Santa Teresinha, padroeira das missões

                                                 


Santa Teresinha, padroeira das missões

“No coração da Igreja, minha vocação é o amor...” 

De modo especial, a Igreja dedica o mês de outubro para aprofundar sobre as missões, a fim de que vivamos a dimensão sinodal, edificando uma Igreja misericordiosa, acolhedora e missionária, alcançando as realidades mais desafiadoras, que o Papa Francisco chama de periferias existenciais.

E como é importante podermos contar com a intercessão de Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX), declarada a “Padroeira das Missões”, por PIO XI, em 1927, e cuja memória celebramos no dia 1º de outubro.

Santa Teresinha pouco viveu, mas teve tamanha intensidade e amor, e ficará para sempre viva, sendo grande testemunha do Senhor.

Retomo suas palavras, quando procurava encontrar o lugar da sua vocação na Igreja: “Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Em oração, à luz da Palavra Divina, descobriu seu lugar na Igreja, e sua exclamação ressoa por todo o tempo: "No coração da Igreja minha vocação é o amor!” 

Com ela, aprendemos a nos perguntar: - “Qual é a minha vocação na Igreja, sobretudo uma Igreja Sinodal, Povo de Deus que caminha juntos, na comunhão, participação e missão?” 

Que a exemplo desta jovem, tenhamos intenso amor no coração, a fim de que pelo Amado Jesus seduzidos, com o fogo do amor do Espírito, vivamos maior fidelidade ao plano de amor que Deus tem para todos nós, edificando comunidades eclesiais missionárias, que se alimentam com o Pão da Palavra e da Eucaristia.


Em poucas palavras...

                                                   


A caridade Cristo: a fonte dos méritos

“A caridade de Cristo é, em nós, a fonte de todos os nossos méritos diante de Deus. A graça, unindo-nos a Cristo com um amor ativo, assegura a qualidade sobrenatural dos nossos atos e, por consequência, o seu mérito, tanto diante de Deus como diante dos homens. Os santos tiveram sempre uma consciência viva de que os seus méritos eram pura graça.

«Depois do exílio da terra, espero ir gozar de Vós na Pátria, mas não quero acumular méritos para o céu, quero é trabalhar só por vosso amor [...] Na noite desta vida, aparecerei diante de Vós com as mãos vazias, pois não Vos peço, Senhor, que conteis as minhas obras. Todas as nossas justiças têm manchas aos vossos olhos. Quero, portanto, revestir-me com a vossa própria Justiça, e receber do vosso Amor a posse eterna de Vós mesmo...» (Santa Teresa do Menino Jesus).” (1)

 

 

(1)        Catecismo da Igreja Católica – parágrafo n.2011

Missão: dom total de si mesmo

                                                     

Missão: dom total de si mesmo

“E o rei concedeu-me tudo, pois a bondosa
mão de Deus me protegia” (Ne 2, 8)

Na Liturgia da Quarta-feira da 26ª Semana do Tempo Comum (ano ímpar) é proclamada a passagem do Livro de Neemias (Ne 2, 1-8).

Ele viveu o dificílimo período do Povo de Deus que, voltando do exílio da Babilônia, teve que reconstruir a cidade e o templo. As tristes notícias que chegavam da Cidade Santa, Jerusalém, o perturbavam interiormente, e não encontrava a paz.

Neemias era um funcionário do rei Persa, Artaxerxes I, (não era sacerdote, mas um copeiro-mor da casa real e, portanto, um político de alta condição).

Acompanhava de longe a história de seus compatriotas judeus, e apaixonadamente, na Primavera do ano 445 a.C. obteve do rei permissão para voltar provisoriamente à pátria com credenciais que facilitariam a obra de reconstrução.

Juntamente com Esdras, Neemias coloca-se ao lado dos grandes reformadores religiosos da história do Povo de Deus, e o seu êxito somente foi possível porque “a mão bondosa de Deus” estava com ele (v.8).

Sejamos enriquecidos com esta reflexão:

“É tarefa de todo cristão hoje (Neemias é ‘leigo’) tornar as estruturas de suas comunidades, no maior grau possível, transparentes de amor cristão, para serem inteiramente sinal do empenho de Deus no mundo.

O poder da morte foi despedaçado e surgiu nova esperança na morte e ressurreição de Cristo. Por isso, o cristão deve realizar em torno de si um modo de existência livre dos poderes pessoais e sociais do mundo, para dar, acima de todas as mortes, um pressentimento de vida e de ressurreição: no escondimento, é certo (Cl 3,3), mas com tanta eficiência que chegue a mudar, em nível de vida, as estruturas da sociedade humana.
Deve estar presente onde não há mais nenhuma esperança humana e o empenho parece não mais adiantar. Presente junto aos moribundos, aos velhos, incuráveis, mortos, lá onde não mais se espera um sorriso de agradecimento.” (1)

Pode ocorrer que também nós escolhamos lugares, situações, comunidade, pastorais ou serviços mais favoráveis para vivermos nossa fé. Que esta tentação seja afastada de todos nós e, com coragem e disponibilidade, ponhamo-nos nas mãos de Deus, certo de que “Sua Mão Poderosa”, “Seu braço forte” repousa sobre nós e nos acompanha no difícil combate da fé. E assim, curados de nossas enfermidades e fragilidades, vivamos com ardor nossa missão.

Como discípulos missionários do Senhor, aprendamos com Neemias que somente encontraremos a paz se nos pusermos a caminho, enfrentando as situações mais adversas, sombrias e obscuras, na fidelidade do carregar da cruz, fazendo resplandecer a luz de Cristo e proclamando a Sua Palavra que abrasa o coração.

Há um canto que expressa isto muito bem, e nos revigora na missão, para vivê-la como total doação de si mesmo nas mãos de Deus:

“Senhor, toma minha vida nova
Antes que a espera desgaste anos em mim
Estou disposto ao que queiras
Não importa o que seja, Tu chamas-me a servir.” 
(2)


(1) Missal Cotidiano - Editora Paulus - pp.1329-1330
(2) http://letras.mus.br/ziza-fernandes/1109398/

Aprendizes da linguagem do Espírito

                                                     


Aprendizes da linguagem do Espírito

Neste mês, de modo especial dedicado à temática das Missões, revigoremos o ardor de nossa missão de evangelizadores, para que como discípulos e missionários de Jesus Cristo, nos empenhos para que n’Ele nossos povos tenham vida.

Como Igreja, somos desafiados à criatividade para que em cada realidade, busquemos caminhos para o verdadeiro discipulado e missionariedade.

Fomos desafiados pela Conferência de Aparecida (2007) a uma grande missão continental, que não conhece ocaso, porque a missão do Senhor desabrocha na aurora da eternidade...

Não estamos sozinhos neste desafio, pois somos enriquecidos por preciosos e maravilhosos dons de Deus, como disse o Papa São Clemente no século I:

“... Vida na imortalidade, esplendor na justiça,
verdade na liberdade, fé na confiança,
temperança na santidade...”

Numa palavra, o dom maior do Espírito Santo que acompanha e ilumina os passos da Igreja.

A vida das primeiras comunidades é e será sempre um projeto a ser construído. Como aprendizes da linguagem do Espírito, precisamos voltar ao primeiro amor das Comunidades, não como saudosismo inconsequente, mas como compromisso evangélico:

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, a comunhão fraterna, a fração do pão e às Orações” (At 2,42).

Urge intensificar a vivência comunitária aprofundada e enraizada na Comunhão da Santíssima Trindade, modelo da verdadeira comunidade, nutrindo-se do Pão da Palavra e do Pão da Eucaristia, expressa na comunhão e participação.

Construamos comunidades, como espaço privilegiado, onde se viva:

- A acolhida amorosa, dando ao seu membro o sentido de pertença, superando o anonimato e individualismo;

- A experiência concreta de Cristo e Sua Igreja;
- O amadurecimento no enfrentamento das crises diversas por que se passa;

- O fortalecimento espiritual (fé/esperança/caridade);
- A abertura e fortalecimento dos diversos ministérios;

- A solidariedade, fazendo da comunidade uma escola da paz, justiça e amor;
- A formação permanente para o discipulado nos mais diversos aspectos (bíblico-teológico, humano/afetivo, espiritual, compromisso sócio político...); 

- O revigoramento e irradiação missionária que garanta ao cristão leigo (a) uma sadia inserção no mundo, logo ela deve ser como um Centro de formação permanente:

- A união de esforços entre as paróquias na formação permanente;
- A valorização da formação em nível diocesano e em outros níveis (Escola de Ministérios, Encontros Diocesanos, outros espaços formativos) etc.

Que a caridade e a luz do Espírito inspirem nossa mente e nosso coração, para que continuemos trilhando o caminho da evangelização, realizando a vocação que Deus nos predestinou: a santidade.

“Vinde Espírito Santo, enchei o coração dos Vossos fiéis.
E acendei neles o fogo do Vosso amor...”

Santa Teresinha: A Padroeira das Missões

                                                          


Santa Teresinha: A Padroeira das Missões

“No coração da Igreja minha vocação é o amor...” 

A Igreja dedica, de modo especial, o mês de outubro para aprofundar sobre as Missões, mas é evidente que todos os dias são favoráveis para que vivamos a graça da missão. 

Santa Teresinha do Menino Jesus (séc. XIX) pouco viveu, mas teve tamanha intensidade e amor, e ficará para sempre viva, presente em nossa memória. 

Grande testemunha do Senhor, cuja Memória celebramos no dia 1º de outubro, e foi declarada a “Padroeira das Missões”, por PIO XI, em 1927.

Retomo suas palavras, quando procurava encontrar o lugar da sua vocação na Igreja: “Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Jesus, meu amor, encontrei afinal minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, Tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará”. 

Em oração atenta, deleitando-se com a Palavra Divina, descobriu seu lugar na Igreja, e sua exclamação ressoa por todo o tempo: "No coração da Igreja minha vocação é o amor!”  

Vivendo a graça do tempo que antecede o Sínodo 2021-2023, também podemos nos perguntar - “Qual é a minha vocação na Igreja, sobretudo uma Igreja Sinodal, Povo de Deus que caminha juntos, na comunhão, participação e missão?” 

Com toda certeza, diremos o que somos, o que fazemos, os títulos que possuímos, o trabalho que já fizemos ou faremos etc.  Mas, que a exemplo desta jovem, tenhamos intenso amor no coração a fim de que pelo Amado Jesus seduzidos, com o fogo do Amor do Espírito, vivamos maior fidelidade ao Plano de Amor que Deus tem para todos nós.

Sejamos ou façamos o que for, mas façamos vocacionados para o Amor e pelo Amor, somente assim seremos fiéis e amados Discípulos Missionários do Senhor, edificando comunidades eclesiais missionárias.

Alegria e ardor na permanente missão evangelizadora

                                                            

Alegria e ardor na permanente missão evangelizadora

Neste mês, a Igreja nos convida a refletir sobre a temática das Missões; embora todo dia e todo lugar sejam oportunos para realizarmos a missão que recebemos no dia de nosso Batismo, como profetas, sacerdotes, reis e pastores.

Vivemos num mundo marcado por inúmeros desafios, perplexidade, incertezas, por uma pobreza espiritual fomentada pelo processo de secularização e secularismo; culto do prazer (hedonismo); materialismo, às vezes até negando Deus, pregando e afirmando a Sua morte; acentuado relativismo, onde o que conta é a verdade de cada pessoa e de cada tempo (verdades passageiras e transitórias).

Sendo assim, os frutos amargos são consequências inevitáveis: incertezas, vazios, cansaços inúteis, ausência de sentido, depressão e violação da sacralidade da vida, perda do valor e da beleza da dignidade de cada pessoa.

E, é neste vasto e complicado mundo que somos desafiados a proclamar a Boa Nova do Evangelho, com alegria, coragem, ardor, criatividade, disponibilidade, confiança.

Urge um novo modo de ser cristão e viver o Evangelho, sem jamais negá-lo, sem nos acomodarmos diante da realidade - como nos disse o Apóstolo Paulo, não podemos nos conformar a este século.

O Evangelho é que deve fermentar o mundo, iluminá-lo, transformá-lo, jamais o contrário e, assim, se cumpra a ordem do Senhor: “Ide pelo mundo pregai o Evangelho a toda criatura...” (Mc 16,15).

É tempo favorável para nos revigorarmos na missão evangelizadora, comunicando a Boa Nova do Evangelho em todos os meios, em novos areópagos, santificando e estruturando nossas famílias, assumindo atitudes de conversão pessoal e estrutural da Igreja, na comunhão e participação de todos, construindo uma paróquia, como comunidade de comunidades e a inadiável e evangélica opção preferencial pelos pobres, no serviço à vida plena.

Como bem diz as Diretrizes da Ação Evangelizadora do Brasil (Doc. 94): “Jesus Cristo, o grande missionário do Pai, envia, pela força do Espírito, Seus discípulos em constante atitude de missão (Mc 16,15). Quem se apaixona por Jesus Cristo deve igualmente transbordar Jesus Cristo, no testemunho e no anúncio explícito de Sua Pessoa e Mensagem. A Igreja é indispensavelmente missionária. Existe para anunciar, por gestos e palavras, a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo. Fechar-se à dimensão missionária implica fechar-se ao Espírito Santo, sempre presente, atuante, impulsionador e defensor (João 14,16; Mt 10,19-20)...”.

Cremos que se a missão evangelizadora por todos, com alegria e ardor, for assumidas, transformaremos inúmeras realidades. Poderemos transfigurar o “cinza” triste da cidade, com seus sinais de morte, num Jardim do Éden, não perdido, mas como horizonte e compromisso, sobretudo daqueles que têm fé.   

É preciso, portanto, impregnar a todas as atividades um sentido missionário. Não se trata de uma atividade a mais, mas  de empenharmos todas as forças, criatividade no  testemunho corajoso do Senhor e de Sua Boa Nova.

Seduzidos pelo Senhor, enraizados e solidificados em Sua Palavra, como bem falou o Apóstolo Paulo: “Proclama a Palavra, insiste, no tempo oportuno e no inoportuno, refuta, ameaça, exorta com toda paciência e doutrina” (2Tm 4,2).

É tempo da Primavera de Deus em nossas vidas, em nossas comunidades. No canteiro de nosso coração e do mundo semeemos as Sementes do Verbo, até que um dia possamos contemplar a Primavera Divina da Eternidade!

Missão e espiritualidade

                                                          

Missão e espiritualidade

“A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística,
da espiritualidade, da vida interior”

Neste mês em que a Igreja dedica especial reflexão sobre a sua dimensão missionária, é oportuno reavivarmos a chama da fé acesa no dia do batismo, para sermos sinais de esperança e testemunhas do mandamento do amor, que nos foi confiado, assim como desejou Jesus Cristo ao enviar os discípulos pelo mundo a fora, para proclamar a Sua Boa-Nova a todos os povos (Mt 28,19-20; Mc 16, 15-20).

Disse-nos o Papa Francisco que “não servem as propostas místicas desprovidas de um vigoroso compromisso social e missionário, nem os discursos e ações sociais e pastorais sem uma espiritualidade que transforme o coração. Essas propostas parciais e desagregadoras alcançam só pequenos grupos e não têm força de ampla penetração, porque mutilam o Evangelho. É preciso cultivar sempre um espaço interior que dê sentido cristão ao compromisso e à atividade” (Evangelii Gaudium n.70).

E ressoando as palavras do Papa, no recente Documento 105, sobre a missão dos cristãos leigos e leigas, na Igreja e na sociedade, para que sejam sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14), os Bispos da Igreja do Brasil afirmam: “A missão precisa do ‘pulmão da oração’, da mística, da espiritualidade, da vida interior”.

Portanto, somente uma Igreja que ofereça momentos intensos de oração, aprofundamento da mística para os que dela participam, iluminando com a luz da Palavra de Deus abundantemente proclamada e refletida, através da prática da Leitura Orante, que tanto se tem insistido, nutridos pelo Pão Eucarístico no Banquete indispensável, a Santa Missa, é que poderemos, de fato, dar um sentido novo ao nosso viver, à nossa missão e nossas ações, fora e dentro da própria Igreja, comprometidos em construir uma nova sociedade com vida plena e feliz para todos.

Não podemos ficar indiferentes à realidade a qual estamos inseridos, mas, com coragem, sermos como o sal, que se dissolve para conservar e dar sabor ao alimento. É nossa missão conservar a vida, cuidando, sobretudo do planeta, nossa casa comum; ser luz que não se esconde, mas a todos ilumina; ter um olhar luminoso e o coração sábio para gerar luz; sabedoria para alargar novos horizontes de comunhão, partilha, fraternidade, solidariedade, misericórdia e paz.

Sendo a Igreja “perita em humanidade” não pode se omitir em sua missão de oferecer princípios e fundamentos para os que dela fazem parte, e assim não se omitam em sagrados compromissos no vasto e complicado mundo da família, da economia, da política, dos meios de comunicação, da cultura e muito mais que possa ser mencionado.

E como nos diz o Papa, em uma de suas Mensagens para o dia Mundial das Missões é preciso que sejamos uma “Igreja missionária, testemunha de misericórdia”, que não se fecha em si mesma, e se põe em atitude de permanente missão, aberta a ouvir e se solidarizar misericordiosamente com todos os que clamam por vida e dignidade, fazendo a Palavra de Deus chegar a todos os lugares, sobretudo os que tanto nos desafiam (escolas, universidades, penitenciárias, prédios, condomínios, shoppings, meios de comunicação social, migrantes etc.)

A missão de cuidar e cultivar a vinha do Senhor

                                                 

A missão de cuidar e cultivar a vinha do Senhor

A Evangelização é a vocação própria da Igreja

Igreja missionária que somos, sejamos convictos e corajosos discípulos missionários, renovando a alegria da missão que o Senhor nos confiou, uma missão para libertar as pessoas de tudo que fere sua dignidade.

A nossa missão é a continuidade da missão do Senhor, como vemos na passagem do Evangelho de Lucas -  “Enviou-me para anunciar a libertação” (Lc 4,18).

A Igreja nos propõe buscar caminhos para concretizar sua missão essencial que é evangelizar: "Anunciar o Evangelho não é título de glória para mim; é, antes uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho" (1Cor 9,16).

Deste modo, a Igreja existe para pregar e ensinar; ser o canal do dom da graça; reconciliar os pecadores com Deus e perpetuar o sacrifício de Cristo na Santa Missa, que é o memorial da Sua morte e gloriosa Ressurreição; e esta tarefa e missão devem acontecer em meio às amplas e profundas mudanças da sociedade atual, o que as tornam ainda mais urgentes.

Para responder a este e outros desafios, a Igreja deve começar por evangelizar a si mesma, para conservar o frescor, o alento e a força para anunciar o Evangelho, como exortou o Concílio Vaticano II: a Igreja se evangeliza por uma conversão e renovação constantes, a fim de evangelizar o mundo com credibilidade, como sinal e instrumento do Reino.

Na “Evangelii Gaudium”, o Papa Francisco diz de modo muito apropriado: “Uma Igreja em saída”, ou seja, “uma comunidade de discípulos missionários que ‘primeireiam’, que se envolvem, que acompanham, que frutificam e festejam... ela sabe ir à frente, sabe tomar a iniciativa sem medo, ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos. Vive um desejo inexaurível de oferecer misericórdia, fruto de ter experimentado a misericórdia infinita do Pai e a sua força difusiva” (n. 24).

Nisto consiste o cuidado e cultivo da vinha do Senhor que Ele mesmo nos confiou (Mt 21,33-43) para produzirmos os frutos do Reino de Deus, em maior sintonia e fidelidade à Sua vontade, que nos é anunciada em cada encontro, e de modo especial em cada Ceia Eucarística, em comunidade, alimentados pelo Pão da Palavra, da Eucaristia e da Caridade, com a seiva do amor do Espírito Santo.

Neste processo de conversão, para que sejamos uma “Igreja em saída”, são inesgotáveis os caminhos que podemos trilhar: fortalecer nossos grupos de reflexão; revigorar o trabalho social da Igreja, sempre numa atividade integrada e integradora, sem perdas de energias com criatividade e empenho, buscando a perfeita sintonia e interação entre fé e vida; através das diversas atividades pastorais que, se somadas, mantêm acesa a chama missionária que jamais pode ser apagada, para que a vinha do Senhor não produza frutos amargos e indesejáveis.

Entretanto, para que a vinha produza frutos saborosos e agradáveis ao Senhor, e o Reino de Deus aconteça em nosso meio, é também indispensável que invoquemos a sabedoria do Santo Espírito para que nos ilumine na escolha daquele (a) que vai dirigir a nossa nação nos próximos quatro anos.

Sabemos que desafios, dentro da própria Igreja e fora dela, não nos faltam, e permanentemente somos chamados a dar razão de nossa esperança, numa fé mais sólida, e caridade ativa, que torne o mundo mais justo e fraterno, sem fincar âncoras no já conhecido, lançando as redes em águas mais profundas (Lc 5,1-11).

Finalizando, que abençoados pela Mãe da Igreja, a perfeita discípula missionária do Senhor, através da qual Deus nos enviou e nos concedeu o mais Belo e Bendito Fruto da Vinha, Jesus Cristo, nosso Salvador, continuemos em oração para que não percamos jamais o ardor missionário de sermos anunciadores da Boa-Nova do Evangelho.

Memórias Missionárias...

                                                     


Um dia inesquecível!

Todos os dias são importantes em nossa vida, pois são presentes que Deus nos concede. Há, porém, dias que são inesquecíveis, seja pela dor, alegria, ou algum outro fato marcante.

Um destes dias inesquecíveis foi, para mim, o dia 22 de março de 2001 – uma Quinta-feira. Naquela semana, estava na Paróquia São João Batista, em Presidente Médici - RO, ajudando na rodada de primeira visita às Comunidades.

Naquele dia, acordei, tomei o café da manhã junto com Pe. Afonso, Pároco daquela Paróquia, e o João, Agente de Pastoral, liberado da Paróquia. Bagagens prontas, fomos para as Comunidades da Quarta Linha (nome das estradas).

O carro era um Gurgel 85, não muito comum para nós, mas naquela realidade e tempo um tipo de carro mais barato, que consegue romper atoleiros, buracos, morros etc... Por falar nisto, a Quarta linha estava com vários pontos desafiadores por causa dos atoleiros e pontos escorregadios. Ainda bem que o João tinha experiência neste assunto.

Finalmente, chegamos à primeira Comunidade, para a celebração da primeira Missa do dia (normalmente duas por dia, quando na realização das visitas).

Antes disto, tivemos que atravessar um carreador (trilho) com muita água empoçada. Com muito custo, por sinal, conseguimos atravessar os duzentos metros que nos separava da casa onde foi celebrada a Missa (ainda não tem o Centro Comunitário da Comunidade, mas tem uma bonita Igreja-Povo).

Um rapaz, empurrando sua bicicleta, atravessava tranquilamente... Talvez eu não estivesse tão bem acostumado com a realidade, mas chegaria lá!

A Missa foi muito simples e bonita. A motivação do Ato Penitencial, à luz do tema da Campanha da Fraternidade, foi maravilhosa.

Após a Missa, subi numa charrete (tinha sempre a impressão que iria virar) com um casal, e fui a uma casa próxima almoçar. Almoço: galinha caipira, arroz, feijão, sempre muito bem temperado.

Logo após, fui visitar um jovem de 21 anos, a pedido de sua mãe, em quase tom de súplica. Um rapaz muito bom e com algum problema que os médicos não conseguiam descobrir (já tinham vindo até para São Paulo).

Enquanto almoçava, conversei com ele, após alguma resistência à minha visita. No desespero de sua família, como acontece em outras tantas, foi levado a uma Igreja, e lá disseram coisas do tipo: “é possessão do diabo” e coisas assim...

Palavras como estas destroem as pessoas ao invés de ajudá-las. Conversei, orei e o abençoei. Ao final, ele me desejou boa viagem e que tudo daria certo, que eu seria feliz e me chamou de amigo. Prometi rezar muito por ele.

Subi na moto de seu irmão que me levou de volta a casa onde estava a minha mala. Andar de moto no meio de buracos e tocos é muito emocionante. Tive alguns minutos para um descanso, enquanto aguardava a vinda do Gurgel para a segunda Missa.


  1. Após um café moído e feito na hora, com o tradicional coador de pano sustentado no mancebo, voltei ao local de encontro, e aí, no caminho (aquele que falei acima), vi uma cobra enorme; levei um tremendo susto, não sabia se voltava ou se corria para frente. Graças a Deus ela também se assustou comigo e voltou para dentro do mato (mais tarde me falaram que não era uma cobra perigosa, era a conhecida cobra “limpa mato”, mas até saber disto tinha a impressão de que era a mais perigosa da Amazônia...Não chegava a uma anaconda...risos).

Indo para as Comunidades onde celebraríamos à tarde, depois de ter passado por vários atoleiros, nosso Gurgel ficou encavalado num aguaceiro; nem para frente e nem para trás. O jeito foi descermos. Tirei o tênis branco e confortável que, a propósito, não combinava com aquela água barrenta e cheia de pedras, arregaçamos as calças até o joelho. Empurrar? Não adiantou nada! Alavanca com uma tora para remover a roda traseira esquerda, e nada!

Apareceu, providencialmente, um motoqueiro experiente no assunto, solidário, tirou a bota e nos atolamos juntos. Enfim, conseguimos empurrar para trás e sair. O João conseguiu passar por um atoleiro ao lado, que hesitamos passar no primeiro momento, mas foi o melhor caminho. É errando que se aprende. O prejuízo maior foi para ele, que perdeu os óculos nesta confusão toda! (Na volta, procuramos, e nem sinal do mesmo).

Antes de chegar à primeira Comunidade, tivemos que passar numa ponte. Mas para isto tivemos que descer, eu e o Pe. Afonso, para orientar o João, e aliviar o peso, e que peso! Que loucura, passar as rodas equilibradamente em dois troncos! Estávamos indo à Missa ou a um rali?

Chegamos à primeira Comunidade onde Celebrei a Missa: Comunidade Pe. Josimo. Lavei as mãos com a pouca água que tinha, aliás, tirada do filtro, por não ter outra.

A Comunidade se reunia numa sala de aula, que chamavam de Escola. Precária, como outras tantas. Estavam construindo sua Igreja ao lado, num assentamento recente.

Perguntei aos membros da Comunidade se podia celebrar só com a estola, pois estava com a calça toda encharcada de lama, bem como as pernas. O pessoal respondeu: “ Padre, prá nóis o que importa é a Missa!” .

Terminei a Missa, como sempre, povo simples mas cheio de Deus no coração. Aguardei a volta do Pe. Afonso e o João. Pelo eterno problema de avisos, o João não celebrou naquele dia, pela segunda vez. A questão de comunicação era problema lá e em qualquer lugar, e continua ainda hoje.

Voltando, um pouco antes daquele famoso atoleiro, um ônibus que vai e volta da Cidade todos os dias estava atolado. Sabe lá como sairia dali. Mas para eles isto é um fato normal, não se assustavam mais...

Enfim chegamos em casa. Tudo o que queria era um bom banho e descansar para o dia seguinte. Mas o segundo Gurgel que o João tinha levado até um certo trecho de manhã, não havia retornado. Pelo simples motivo de que as chaves se encontravam no seu bolso. Já era 17:40 horas.

Já tinham tentado ligação direta do carro, o que causou pane na parte elétrica. Não havia outra coisa à fazer. Peguei a Toyota da Paróquia em que era Pároco (Sagrado Coração - Ministro Andreazza), e com o João rebocamos  o Gurgel.

Finalmente, chegando em casa, pude tomar meu banho e comer alguma coisa e fim de dia. Antes das 21 horas já estava dormindo, para um novo dia, uma nova visita...

Como disse, há dias memoráveis em nossas vidas. Este dia foi um daqueles que marcaram meus três anos em Missão naquela Diocese que faz parte de minha história e que lembro com carinho e saudade, acompanhado de contínuas orações.

Fé autêntica: voos mais altos, travessias mais serenas (XXVIIDTCC)

                                                      


Fé autêntica: voos mais altos, travessias mais serenas

Com a Liturgia deste 27º Domingo do Tempo Comum (ano C), sobretudo à luz do Evangelho de São Lucas (Lc 17,5-10), veremos que não há autêntico cristianismo sem a fé.

Os patriarcas (AT) são protagonistas das primeiras páginas bíblicas da fé como confiança absoluta em Deus e em Suas promessas, na superação de aparentes contradições, em entrega incondicional a Ele e à Sua Palavra.

Os Profetas, por sua vez, arautos da fé ao convidar a superar as seguranças e confianças em alianças humanas, no apego e confiança à Palavra dada por Deus: Antiga Aliança.

Crer é dar-se a Deus, ainda que Ele pareça ausente, como nos diz o 
Profeta Habacuc (Hab 1,2-3; 2-2-4). 

A fé torna-se, portanto, o único caminho para compreensão do mistério da história. Vivê-la é permanecer firmemente ancorado somente em Deus, ainda que aos nossos olhos pareça ausente.

Assim afirma o Missal Dominical: 

No Novo Testamento, o objeto da fé atinge a plenitude: O Filho de Deus Se manifesta e Seu Reino é constituído. 

Mas a atitude pessoal continua a mesma; uma decisão da vontade que ama, move a inteligência a superar os cálculos humanos, para entregar-se a Deus com toda fidelidade. 

A fé não consiste, pois, tanto numa adesão intelectual a uma série de verdades abstratas, mas é a adesão incondicional a uma pessoa, a Deus que nos propõe Seu amor em Cristo morto e Ressuscitado. 

A fé é, portanto, obediência a Deus, comunhão com Ele, vitória sobre a solidão. É dom de Deus, mas dom que espera nossa livre resposta, que quer tornar-se a alma da nossa vida cotidiana e da comunidade cristã”.(1)

Diante de Deus, absolutamente soberano, nossa postura deve ser de permanente humildade, abertura e fé. Adesão de fé implica necessariamente em lealdade e fidelidade.

Jamais podemos nos envergonhar ou nos intimidar no testemunho de nosso Senhor, como tão bem nos admoesta Paulo na Carta a Timóteo (2Tm 1,6-8.13-14). 

A concretização da fé jamais se dará sem a Oração, a escuta da Palavra Divina, a comunhão com Deus e a celebração ativa, piedosa e consciente dos Sacramentos.

A fé verdadeira é vista quando percebem em nós o entusiasmo para viver o que somos, fazer o que nos propomos, amar para que façamos e vivamos melhor do que vivemos e somos, e assim na fidelidade ao Pai, em voos mais altos nas Asas do Espírito ou atravessando serenamente o mar da vida com nosso pequeno barco, tendo ao nosso lado a imprescindível presença do Senhor.

Não podemos fazer pelo outro o que lhe é próprio, mas não podemos nos tornar indiferentes diante da fé de nosso irmão. O cultivo da própria fé nos faz responsáveis pela fé de nosso próximo.

Trabalhar pelo Reino na concretização de nossa fé é a maior graça que de Deus recebemos, de modo que Ele nada nos deve. Nós é que precisamos viver maior gratuidade no trabalho. 

Deus nada nos deve, pelo contrário. De que modo poderíamos quitar nossa dívida para com Ele? 

A realização de Seu amor supera qualquer recompensa que ousássemos pensar ou cobrar! 

Na Oração do Dia, rezamos que Deus nos dá mais do que ousamos pedir! Dá-nos gratuitamente e incomparavelmente muito mais do mereçamos ou possamos conceber!

Diante de Deus, devemos nos colocar como simples servos: com alegria, gratuidade, serviço, prontidão, confiança, testemunhando a fé, que é dom, d’Ele recebida.

Nossa fé é necessária para nós mesmos, para ficarmos firmes na adesão a Deus, em Jesus Cristo, na força do Espírito. 

Quem vive a fé no espírito de comunhão jamais achará que está fazendo demais para os outros, ao contrário, quanto mais serve por amor, mais desejará fazê-lo, com alegria e sem cansaço que extenue, esvazie. 

A fé é o novo conhecimento, o modo pelo qual lemos a realidade com o olhar de Cristo.

A fé é virtude, atitude habitual da alma, inclinação permanente a julgar e agir segundo o pensamento de Cristo, com espontaneidade e vigor, diz a Igreja sempre.

Voltando ao Missal Dominical:

“Com sua fé, tem o cristão neste mundo a tarefa de destruir as falsas seguranças propondo-lhe as questões fundamentais e oferecendo a todos sua grande esperança. 

A fé cristã é posta diante de um desafio: tornar-se propugnadora de problemas que nenhum laboratório, experiência ou computador eletrônico podem resolver, e que, no entanto, decidem o destino do homem e do mundo".

O Bispo e mártir São Policarpo (séc. II) já nos dizia com intensa profundidade em sua Carta aos Filipenses: 

“... se a lerdes com atenção, sereis edificados na fé que vos foi dada. Ela é a mãe de todos nós (Gl 4,26), seguida pela esperança, precedida pela caridade em Deus, em Cristo e no próximo...”

Vivendo a fé na comunhão com Deus e com o outro, a vida tem outra cor, as páginas outro teor, e em tudo invejável vigor!


“Creio, Senhor, mas aumentai minha fé.”


(1) (2) Missal Dominical - Editora Paulus - página 1258

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