
https://www.youtube.com/c/DomOtacilioFerreiradeLacerd d brba
Em Deus, nossa confiança e esperança
“Na realidade, é difícil muitas vezes compreender porque acontecem certos fatos, mas o cristão sabe que Deus o vê e n’Ele confia, não fica inerte, se esforça, reza, porém, acima de tudo tem grande esperança, põe sua confiança em Deus.” (1)
(1) Comentário do Missal Cotidiano - Editora Paulus - passagem do Evangelho Mt 8,23-27 - pág. 969
Com o Senhor, serenidade nas travessias
Sejamos enriquecidos pelo Sermão n.63,1-3, de Santo Agostinho:
“Subiu Ele a uma barca com seus discípulos. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.
Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos! E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé?
Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se uma grande calmaria. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?” (Mt 8,23-27).
Vamos comentar, com a ajuda de Deus, a leitura que o Santo Evangelho nos propõe hoje, não aconteça que tenham a fé adormecida nos vossos corações, no meio das tempestades e ondas deste tempo.
Cristo não teve poder sobre a morte ou o sono? Ou por acaso o sono pôde dominar a vontade do Navegador Todo-Poderoso? Se pensardes assim, sem dúvida, Cristo e a fé estão adormecidos em vossos corações. Mas se Cristo vela em vós, a vossa fé também está acordada. ‘Que Ele faça Cristo habitar em vossos corações pela fé’ (Ef 3,17), disse o Apóstolo.
O sono de Cristo é sinal de mistério. Os ocupantes da barca representam as almas que atravessam a vida deste mundo agarradas ao madeiro da cruz. Por outro lado, a barca é símbolo da Igreja. Sim, verdadeiramente […] o coração de cada fiel é uma barca que navega no mar e que não se afundará se o espírito mantiver bons pensamentos.
Insultaram-te: é o vento que te fustiga. Encolerizaste-te: é a onda que se levanta. Surgiu a tentação: é o vento que sopra. A tua alma está perturbada: são as vagas que se elevam. Insultaram-te e desejas vingança; castigaste sem temperança e estás caído. E por quê? Porque Cristo dorme no teu coração. O que significa que Cristo dorme? Que tu te esqueceste dele. Acorda Cristo, deixa que Ele te fale.
O que querias? Vingança. Não te lembras de que quando o crucificaram, ele disse: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’(Lc 23,34)? O que dormiu em teu coração não quis vingar-se. Acorda-o! Contempla-o. A sua memória são as suas palavras; a sua memória é a sua Lei. E se Cristo cuida de ti, te dirás: Quem sou eu, para querer punir? Quem, para ameaçar a alguém? Talvez eu morra antes de me vingar. E se morrer, inflamado pela ira, com anseio e sede de vingança, aquele que não quis punir me receberá? Aquele que disse: ‘Perdoai, e sereis perdoados, dai, e dar-se-vos-á’ (Lc 6,36-38)? Portanto, reprimirei a minha ira e pacificarei o meu coração. Cristo deu ordem ao mar e este ficou calmo (cf. Mt 8,27).
O que disse acima sobre a ira, aplicai-o a todos os tipos de tentações. És tentado e estás perturbado: são o vento e as ondas que se levantam. Desperta Cristo e fala com ele. ‘Quem é Este, a quem até o vento e o mar obedecem?’ (Mt 8,26) Quem é Ele? ‘Dele é o mar, pois foi Ele quem o formou’ (Sl 95,5): ‘por Ele é que tudo começou a existir’ Jo 1,3).
Imita, pois, os ventos e o mar: obedece ao Criador. O mar mostra-se dócil à voz de Cristo e tu continuas surdo? O mar obedece, o vento acalma-se e tu continuas a soprar? Que queremos dizer com isso? Falar, agitar-se, meditar na vingança: não será tudo isto continuar a soprar e não querer ceder diante da palavra de Cristo? Quando o teu coração está perturbado, não te deixes submergir pelas vagas.
No entanto, se o vento nos virar — porque somos apenas humanos — e acicatar as emoções más do nosso coração, não desesperemos. Acordemos Cristo, para que possamos prosseguir a nossa viagem por mares mais calmos.”
Nossa vida consiste numa constante travessia pelo mar da vida, e por vezes os mares são agitados pelos ventos.
Precisamos confiar na presença do Senhor na barca de nosso coração, e confiantes em Sua Palavra, superar todo o medo, vivendo a fé, em atitude orante, confiantes, suplicantes na mais autêntica relação com o Senhor que jamais nos abandona.
Creiamos que Ele está em nossa barca seja de nosso coração, como na barca de Sua Igreja em todo o tempo: e a última e poderosa Palavra somente Ele tem a nos dirigir e a serenidade nos devolver nas travessias cotidianas. Amém.
PS: Sermão apropriado para a passagem do Evangelho de Marcos (Mc 6,24-34).
O Senhor é a minha força, refúgio e
proteção
“–2 Libertai-me do
inimigo, ó meu Deus,
e protegei-me contra os meus perseguidores!
–3 Libertai-me dos obreiros da maldade,
defendei-me desses homens sanguinários!
–4 Eis que ficam espreitando a minha vida,
poderosos armam tramas contra mim.
=5 Mas eu, Senhor, não cometi pecado ou crime;
eles investem contra mim sem eu ter culpa:
despertai e vinde logo ao meu encontro!
=10 Minha força, é a vós que me dirijo,
porque sois o meu refúgio e proteção,
11 Deus clemente e compassivo, meu amor!
– Deus virá com seu amor ao meu encontro,
e hei de ver meus inimigos humilhados.
–17 Eu, então, hei de cantar vosso poder,
e de manhã celebrarei vossa bondade,
– porque fostes para mim o meu abrigo,
o meu refúgio no dia da aflição.
=18 Minha força, cantarei vossos louvores,
porque sois o meu refúgio e proteção,
Deus clemente e compassivo, meu amor!”
O Salmo 58(59),2-5.10-11.17-18 é a oração do justo perseguido:
“Ameaçado por gente poderosa, o salmista protesta sua inocência;
numa prece confiante invoca o socorro divino contra os que desejam matá-lo.”
(1)
Segundo Eusébio de Cesareia, estas palavras ensinam a todos o
amor filial do Salvador para com seu Pai.
Também deve ser esta a nossa atitude diante de Deus em meio as
provações e dificuldades. E sempre que preciso for, façamos deste Salmo a nossa
oração e no Senhor, em quem colocamos toda a confiança, busquemos refúgio e
proteção, não evasão ou omissão dos sagrados compromissos. Amém.
(1)
Comentário Bíblia Edições CNBB – pág. 774
Peregrinamos confiantes sob a sombra do
Altíssimo
–2 Piedade, Senhor,
piedade,
pois em vós se abriga a minh'alma!
– De vossas asas, à sombra, me achego,
até que passe a tormenta, Senhor!
–3 Lanço um grito ao Senhor Deus Altíssimo,
a este Deus que me dá todo o bem.
=4 Que me envie do céu sua ajuda
e confunda os meus opressores!
Deus me envie sua graça e verdade!
–5 Eu me encontro em meio a leões,
que, famintos, devoram os homens;
– os seus dentes são lanças e flechas,
suas línguas, espadas cortantes.
–6 Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus,
vossa glória refulja na terra!
–7 Prepararam um laço a meus pés,
e assim oprimiram minh'alma;
– uma cova me abriram à frente,
mas na mesma acabaram caindo.
–8 Meu coração está pronto, meu Deus,
está pronto o meu coração!
–9 Vou cantar e tocar para vós:
desperta, minh'alma, desperta!
– Despertem a harpa e a lira,
eu irei acordar a aurora!
–10 Vou louvar-vos, Senhor, entre os povos,
dar-vos graças, por entre as nações!
–11 Vosso amor é mais alto que os céus,
mais que as nuvens a vossa verdade!
–12 Elevai-vos, ó Deus, sobre os céus,
vossa glória refulja na terra!”
O Salmo 56(57) é uma Oração da manhã numa aflição, e como nos
falou Santo Agostinho, este Salmo canta a Paixão do Senhor:
“O
Salmista sabe que está seguro sob a proteção de Deus; mesmo quando habita no
meio de gente violenta. Sua firme esperança o leva a sentir-se salvo e suscita
nele a ação de graças.”(1)
Experimentemos também nós a força e presença divina nos momentos
de aflição por que possamos passar, e renovemos em cada Eucaristia as forças
necessárias para que carreguemos as cruzes cotidianas das aflições ou de
quaisquer outros nomes. Amém.
(1)
Comentário da Bíblia Edições CNBB – pág. 773
Oliveiras e candelabros do Senhor