Deixar-se surpreender por Deus
O comentário do Missal Cotidiano nos apresenta iluminadoras palavras de Paul Tilich, quando da proclamação da passagem do Livro do Eclesiástico (Eclo 4,12-22):
“Penso no teólogo que não espera por Deus, porque O possui em sua construção doutrinal.
Penso no estudante de teologia que não espera por Deus, porque O possui fechado em seu manual.
Penso no homem de Igreja, que não espera por Deus, porque O possui encerrado numa instituição.
Penso no crente que não espera por Deus, porque O possui na própria experiência.
Não é fácil suportar estar sem Deus, dever esperá-Lo... Somos mais fortes se esperarmos do que se possuirmos”.
A tentação humana é enquadrar Deus em esquemas mentais, numa espécie de monopólio, quase que O submetendo às nossas vontades, conceitos e dimensões.
No entanto, é preciso nos deixar sempre surpreender por Deus, abertos à manifestação de Sua Sabedoria, que vem ao nosso encontro.
Num contexto de utilitarismo e imediatismo de soluções, é preciso viver na confiante espera do Senhor que vem, e somente pode ser percebido pelo coração que ama e crê, numa permanente vigilância.
Deixar-se surpreender por Deus, o mais belo, profundo, intenso e imenso Mistério, que quer nos envolver com laços de ternura e misericórdia.
Deixar-se surpreender por Deus, que ultrapassa conhecimentos adquiridos sobre Ele, por meros ritos realizados, por vezes, já com a espera de resultados previsíveis alcançados.
Deus, um Mistério insondável, será sempre alegre e grata surpresa na vida daqueles que O temem, amam, e n'Ele confiam.
E como afirmou o teólogo: – “Não é fácil suportar estar sem Deus, dever esperá-Lo... Somos mais fortes se esperarmos do que se possuirmos”.
PS: Paul Johannes Oskar Tillich (Starzeddel, 20 de agosto de 1886 — Chicago 22 de outubro de 1965) - teólogo alemão-estadounidense e filósofo da religião.
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