Natal:
Envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade
“Creiamos no Pai como
Ele quer ser acreditado;
glorifiquemos o Filho
como Ele quer ser glorificado;
e recebamos o Espírito
Santo como Ele quer Se dar a nós”
Celebrando o Natal do Senhor, sejamos iluminados pelo Tratado do
Presbítero Santo Hipólito contra a heresia de Noeto (séc. III), contemplemos o
Mistério escondido, e sejamos envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade, pela
qual tudo foi criado:
“Único é o Deus que
conhecemos, irmãos, e não por outra fonte que não seja a Sagrada Escritura.
Devemos, pois, saber o que ela anuncia e compreender o que ensina.
Creiamos no Pai como
Ele quer ser acreditado; glorifiquemos o Filho como Ele quer ser glorificado; e
recebamos o Espírito Santo como Ele quer Se dar a nós. Consideremos tudo isso,
não segundo nosso próprio arbítrio e interpretação pessoal, nem fazendo violência
aos dons de Deus, mas como Ele próprio nos ensinou pelas santas Escrituras.
Quando só existia Deus,
e não havia ainda nada que existisse com Ele, decidiu criar o mundo. Criou-o
por Seu pensamento, Sua vontade e Sua Palavra; e o mundo começou a existir como
Ele quis e realizou. Basta-nos apenas saber que nada coexistia com Deus. Não
havia nada além d’Ele, só Ele existia e era perfeito em tudo. N’Ele estava a
inteligência, a sabedoria, o poder e o conselho. Tudo estava n’Ele e Ele era
tudo. E quando quis e como quis, no tempo que havia estabelecido, manifestou o
Seu Verbo, por quem fez todas as coisas.
Deus possuía o Verbo em
Si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o mundo criado; mas fazendo ouvir
Sua voz, Deus tornou-O perceptível. Gerando-O como luz da luz, enviou como
Senhor da criação Aquele que é Sua própria inteligência. E este Verbo, que no princípio
era visível apenas para Deus e invisível para o mundo, tornou-Se visível para
que o mundo, vendo-O manifestar-Se, pudesse ser salvo.
O Verbo é
verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, Se manifestou
como o servo de Deus. Tudo foi feito por Ele, mas Ele procede unicamente do
Pai. Foi Ele quem deu a Lei e os Profetas; e ao fazê-lo, impulsionou os
Profetas a falarem sob a moção do Espírito Santo para que, recebendo a força da
inspiração do Pai, anunciassem o Seu desígnio e a Sua vontade.
O Verbo, portanto, Se
tornou visível, como diz São João. Este repete em síntese o que os Profetas
haviam dito, demonstrando que Aquele era o Verbo por quem tinham sido criadas
todas as coisas: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo
era Deus. Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada se fez’ (Jo 1,1.3). E,
mais adiante, prossegue: ‘O mundo foi feito por meio d’Ele, mas o mundo
não quis conhecê-Lo. Veio para o que era Seu, os Seus, porém, não O
acolheram’ (Jo 1,10-11)”.
À luz da fé, a Festa do Natal é a celebração do nascimento d’Aquele por
meio do qual Deus tudo criou, que já existia com Deus em comunhão com o
Espírito Santo.
O invisível Se fez visível. O intangível nos permitiu que O tocássemos.
É sempre Natal, quando percebemos a presença do Senhor em nosso meio,
como “Emanuel”, o “Deus conosco”, nosso Salvador que, por amor, lenhos
distintos assumiu: da Manjedoura, da Barca e da Cruz.
Ofereceu-nos a Cruz como condição para segui-Lo com necessárias
renúncias. É nesta mesma Cruz que o Sangue, por amor, derramou, e com Deus nos
reconciliou e, ao mundo, a mais bela lição de humildade, amor, e doação deixou.
Celebrando o Natal do Senhor, não separemos o Menino da Manjedoura do
Homem Jesus de Nazaré que morre na Cruz, o nosso Redentor, o Salvador de toda
humanidade.
O Senhor armou Sua tenda entre nós, e que em nosso coração encontre
morada, como o mais belo Hóspede de nossa alma, então a Luz do Natal
resplandecerá mais forte e iluminará todo o mundo.
Deste modo, celebrar o Natal do Senhor consiste em
mergulhar neste amor profundo e intenso da Santíssima Trindade.
Quanto mais nos deixamos envolver pelo amor
Trinitário, mais luz, sabedoria, graça, força, ternura alcançamos.
Quanto mais intensamente celebrarmos o Mistério da
Encarnação do Verbo, que veio e vem fazer morada em nós, acompanhado da
fidelidade à Palavra que nos anunciou, mais revigoradas serão as nossas mãos,
mais fortalecidos serão os nossos joelhos, com os olhos, pelo colírio da fé,
iluminados, e curados de toda a surdez para ouvir o Senhor, que nos fala no
silêncio e através de fatos e de pessoas que nos cercam.
Quanto mais em Deus crermos, o Filho glorificarmos
e do Espírito Seus dons recebermos, mais firmaremos nossos passos no caminho da
santidade, sendo sinal de Deus para quantos precisarem.
Tão somente assim celebramos o verdadeiro Natal: fazer nascer e renascer
o melhor de Deus no coração de todas as pessoas, porque também
desejamos e nos preparamos para que isto acontecesse na manjedoura de nosso
coração. Amém.
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