quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Natal: Envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade

 


Natal: Envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade 

“Creiamos no Pai como Ele quer ser acreditado;
glorifiquemos o Filho como Ele quer ser glorificado;
e recebamos o Espírito Santo como Ele quer Se dar a nós”

Celebrando o Natal do Senhor, sejamos iluminados pelo Tratado do Presbítero Santo Hipólito contra a heresia de Noeto (séc. III), contemplemos o Mistério escondido, e sejamos envolvidos pelo Amor da Santíssima Trindade, pela qual tudo foi criado:
 
“Único é o Deus que conhecemos, irmãos, e não por outra fonte que não seja a Sagrada Escritura. Devemos, pois, saber o que ela anuncia e compreender o que ensina.
 
Creiamos no Pai como Ele quer ser acreditado; glorifiquemos o Filho como Ele quer ser glorificado; e recebamos o Espírito Santo como Ele quer Se dar a nós. Consideremos tudo isso, não segundo nosso próprio arbítrio e interpretação pessoal, nem fazendo violência aos dons de Deus, mas como Ele próprio nos ensinou pelas santas Escrituras.
 
Quando só existia Deus, e não havia ainda nada que existisse com Ele, decidiu criar o mundo. Criou-o por Seu pensamento, Sua vontade e Sua Palavra; e o mundo começou a existir como Ele quis e realizou. Basta-nos apenas saber que nada coexistia com Deus. Não havia nada além d’Ele, só Ele existia e era perfeito em tudo. N’Ele estava a inteligência, a sabedoria, o poder e o conselho. Tudo estava n’Ele e Ele era tudo. E quando quis e como quis, no tempo que havia estabelecido, manifestou o Seu Verbo, por quem fez todas as coisas.
 
Deus possuía o Verbo em Si mesmo, e o Verbo era imperceptível para o mundo criado; mas fazendo ouvir Sua voz, Deus tornou-O perceptível. Gerando-O como luz da luz, enviou como Senhor da criação Aquele que é Sua própria inteligência. E este Verbo, que no princípio era visível apenas para Deus e invisível para o mundo, tornou-Se visível para que o mundo, vendo-O manifestar-Se, pudesse ser salvo.
 
O Verbo é verdadeiramente a inteligência de Deus que, ao entrar no mundo, Se manifestou como o servo de Deus. Tudo foi feito por Ele, mas Ele procede unicamente do Pai. Foi Ele quem deu a Lei e os Profetas; e ao fazê-lo, impulsionou os Profetas a falarem sob a moção do Espírito Santo para que, recebendo a força da inspiração do Pai, anunciassem o Seu desígnio e a Sua vontade.
 
O Verbo, portanto, Se tornou visível, como diz São João. Este repete em síntese o que os Profetas haviam dito, demonstrando que Aquele era o Verbo por quem tinham sido criadas todas as coisas: ‘No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus; e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por Ele e sem Ele nada se fez’ (Jo 1,1.3). E, mais adiante, prossegue: ‘O mundo foi feito por meio d’Ele, mas o mundo não quis conhecê-Lo. Veio para o que era Seu, os Seus, porém, não O acolheram’ (Jo 1,10-11)”.
 
À luz da fé, a Festa do Natal é a celebração do nascimento d’Aquele por meio do qual Deus tudo criou, que já existia com Deus em comunhão com o Espírito Santo.
 
O invisível Se fez visível. O intangível nos permitiu que O tocássemos.
 
É sempre Natal, quando percebemos a presença do Senhor em nosso meio, como “Emanuel”, o “Deus conosco”, nosso Salvador que, por amor, lenhos distintos assumiu: da Manjedoura, da Barca e da Cruz.
 
Ofereceu-nos a Cruz como condição para segui-Lo com necessárias renúncias. É nesta mesma Cruz que o Sangue, por amor, derramou, e com Deus nos reconciliou e, ao mundo, a mais bela lição de humildade, amor, e doação deixou.
 
Celebrando o Natal do Senhor, não separemos o Menino da Manjedoura do Homem Jesus de Nazaré que morre na Cruz, o nosso Redentor, o Salvador de toda humanidade.
 
O Senhor armou Sua tenda entre nós, e que em nosso coração encontre morada, como o mais belo Hóspede de nossa alma, então a Luz do Natal resplandecerá mais forte e iluminará todo o mundo. 
 
Deste modo, celebrar o Natal do Senhor consiste em mergulhar neste amor profundo e intenso da Santíssima Trindade.
 
Quanto mais nos deixamos envolver pelo amor Trinitário, mais luz, sabedoria, graça, força, ternura alcançamos.
 
Quanto mais intensamente celebrarmos o Mistério da Encarnação do Verbo, que veio e vem fazer morada em nós, acompanhado da fidelidade à Palavra que nos anunciou, mais revigoradas serão as nossas mãos, mais fortalecidos serão os nossos joelhos, com os olhos, pelo colírio da fé, iluminados, e curados de toda a surdez para ouvir o Senhor, que nos fala no silêncio e através de fatos e de pessoas que nos cercam.
 
Quanto mais em Deus crermos, o Filho glorificarmos e do Espírito Seus dons recebermos, mais firmaremos nossos passos no caminho da santidade, sendo sinal de Deus para quantos precisarem.
 
Tão somente assim celebramos o verdadeiro Natal: fazer nascer e renascer o melhor de Deus no coração de todas as pessoas, porque também desejamos e nos preparamos para que isto acontecesse na manjedoura de nosso coração. Amém. 
 
 

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