quarta-feira, 27 de dezembro de 2023

O Verbo Se fez Misericórdia e habitou entre nós

O Verbo Se fez Misericórdia e habitou entre nós

Aprofundemos o Mistério do Natal do Senhor à luz do Catecismo da Igreja Católica, em que nos apresenta os motivos pelos quais O Verbo fez-Se carne:

1- Para nos salvar, reconciliando-nos com Deus: «Foi Deus que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados» (1 Jo 4, 10). «O Pai enviou o Filho como salvador do mundo» (1 Jo 4, 14). «E Ele veio para tirar os pecados» (1 Jo 3, 5);

2 - Para que assim conhecêssemos o amor de Deus: «Assim se manifestou o amor de Deus para conosco: Deus enviou ao mundo o Seu Filho Unigênito, para que vivamos por Ele» (1 Jo 4, 9). «Porque Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho Unigênito, para que todo o homem que acredita n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna» (Jo 3, 16);

3 - Para ser o nosso modelo de santidade: «Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim [...]» (Mt 11, 29). «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim» (Jo 14, 6). E o Pai, na montanha da Transfiguração, ordena: «Escutai-O» (Mc 9, 7). De fato, Ele é o modelo das Bem-Aventuranças e a norma da Lei nova: «Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei» (Jo 15, 12). Este amor implica a oferta efetiva de nós mesmos no Seu seguimento (Mc 8,34).

4 - Para nos tornar «participantes da natureza divina» (2 Pd 1, 4): «Pois foi por essa razão que o Verbo Se fez homem, e o Filho de Deus Se fez Filho do Homem: foi para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a adoção divina, se tornasse filho de Deus» (Santo Irineu)«Porque o Filho de Deus fez-Se homem, para nos fazer deuses» ( São Atanásio) - "O Filho Unigênito de Deus, querendo que fôssemos participantes da Sua divindade, assumiu a nossa natureza para que, feito homem, fizesse os homens deuses" (Santo Tomás de Aquino).

Encarnou-Se para que fôssemos participantes da natureza divina. Que mais poderíamos desejar?

Encarnou-Se para que vivamos na santidade em total correspondência de amor a Deus, em íntima e profunda amizade. Que mais poderia nos oferecer?

O Bispo São Gregório de Nissa (séc. IV) assim se expressou:
“Doente, nossa natureza precisava de ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada.

Havíamos perdido a posse do bem; era preciso que no-la restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus, a ponto de fazê-Lo descer até à nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em estado tão miserável e infeliz?".

Pouco mais tarde afirmaria o Bispo Santo Agostinho:

“... Deus Se fez homem para que o homem se tornasse Deus. Para que o homem comesse o Pão dos Anjos, o Senhor dos Anjos Se fez homem...

O homem pecou e tornou-se culpado; Deus nasceu como homem para libertar o culpado. O homem caiu, mas Deus desceu. O homem caiu miseravelmente, Deus desceu misericordiosamente; o homem caiu por orgulho, Deus desceu com a Sua graça...

Só nasceu sem pecado Aquele que não foi gerado por homem nem pela concupiscência da carne, mas pela obediência do Espírito”.

Acolhendo esta riqueza, continuemos a nossa reflexão. E que ao celebrar o Natal, contemplemos o indizível e inesgotável Mistério do Amor de Deus ao encarnar-se, fazendo-se um de nós, igual a nós, exceto no pecado.

Que também nós desçamos misericordiosamente ao encontro do outro. Somente quando vivenciamos a misericórdia é que vivenciamos o autêntico Natal do Senhor.



PS: Catecismo da Igreja Católica - parágrafos 457-460

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG