sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Com Cantos e louvores, celebremos as maravilhas de Deus


 

Com Cantos e louvores, celebremos as maravilhas de Deus
 
“Louvem a Javé, nações todas, e O glorifiquem todos
os povos! Pois o Seu Amor por nós é firme, e a
fidelidade de Javé é para sempre! Aleluia!”
(Sl 117,1-2)
 
Sejamos enriquecidos com o “Comentário sobre os Salmos”, do bispo e mártir São João Fisher (Séc. XVI):
 
“Primeiramente, Deus, realizando muitos portentos e prodígios, libertou o povo de Israel da escravidão do Egito. Deu-lhe passagem a pé enxuto através do mar Vermelho.
 
Sustentou-o com o Pão vindo do céu, maná e codornizes. Da pedra duríssima fez jorrar água abundante para os sedentos. Deu-lhe vitória sobre os inimigos que lhe moviam guerra. Fez com que o Jordão, contrariando o seu ímpeto, retrocedesse por algum tempo.
 
Repartiu entre as tribos e as famílias a terra prometida. Concedeu-lhes tudo isto com amor e generosidade. No entanto, ingratamente, aqueles homens esquecidos de tudo, desleixando e mesmo repudiando o culto a Deus, não poucas vezes se emaranharam no inominável crime da idolatria.
 
Depois, também a nós, quando ainda pagãos íamos atrás dos ídolos mudos, ao sabor de nossas inclinações, Ele nos cortou da oliveira selvagem da gentilidade e, quebrados os ramos naturais, nos enxertou na verdadeira oliveira do povo judaico, tornando-nos participantes da graça fecunda de Sua raiz. Por fim, nem sequer poupou ao próprio Filho, mas O entregou por todos nós como sacrifício e oblação de suave odor, a fim de nos remir e de tornar puro e aceitável para Si um povo.
 
Todos estes fatos, absolutamente certos, não são apenas provas de Seu Amor e de Sua generosidade para conosco, mas também acusações. Pois, ingratos, ou melhor, ultrapassando todos os limites de ingratidão, nem damos atenção ao Seu Amor nem reconhecemos a grandeza dos benefícios. Rejeitamos e temos por desprezível o liberal doador de tão grandes bens. A imensa misericórdia que Ele demonstrou incessantemente para com os pecadores não nos comove nem nos leva a adotar uma norma de vida conforme Seu Mandamento Santo.
 
Tudo isto bem merece ser escrito para as gerações futuras, em perpétua memória. E assim todos aqueles que no futuro receberem o nome de cristão, reconhecendo a infinita bondade de Deus para conosco, não deixem nunca de celebrá-Lo com louvores divinos.”
 
A primeira reflexão que nos desperta, é sobre a beleza e a riqueza inesgotável dos Salmos, que são a expressão da oração do Povo de Deus, com as diferentes sentimentos e realidades por que passamos.
 
Não há nada de humano que tenha escapado aos salmistas. Com eles, podemos falar com Deus: alegrias e tristezas, angústias e esperanças, dúvidas e certezas, prantos e sorrisos, sonhos e pesadelos, sofrimentos e realizações, sombras e luzes, pecado e graça.
 
Cantos e louvores a Deus:
 
Pela Sua ação criadora e recriadora, desde os primeiros amanheceres no Éden, até que venha o novo céu e a nova terra.
 
Pela Sua bondade e misericórdia, conduzindo o Povo pelo deserto, libertando-o da escravidão do Egito, e de toda forma de escravidão em todos os tempos.
 
Pela experiência do amor e presença, através dos Profetas que prepararam a vida do Messias, e com Ele, o tempo da graça, a inauguração do Reino.
 
Pela proximidade de Deus no Verbo que Se fez Carne, que desceu ao nosso encontro assumindo nossa condição humana, igual a nós, exceto no pecado, para nos redimir e nos elevar à glória da eternidade.
 
Pela bondade e misericórdia nas Palavras e ação de Jesus, que nos revelou a face misericordiosa do Pai, porque inserido na plena comunhão de amor do Santo Espírito.
 
Pelo amor que ama até o fim, que elevado na Árvore da Vida, deixou-Se trespassar e morrer de amor por nós.
 
Pela presença do Santo Espírito, o Paráclito, que nos foi concedido quando voltou para junto do Pai, para conduzir, iluminar e fortalecer a Sua Igreja, para que jamais sentíssemos orfandade, fragilidade e abandono.
 
Reflitamos:
 
- O que mais Deus poderia ter feito por nós?
Nada, absolutamente nada! Pois não poupou Seu Próprio Filho, para que n’Ele creiamos e tenhamos vida eterna (Jo 3,16).
 
- O que podemos fazer para corresponder ao Amor de Deus?
Muito mais, porque, ainda que algo tenhamos feito, é nada diante do tudo que a Trindade Santíssima fez, faz e sempre fará em nosso favor.
 
O tempo é breve, a figura deste mundo passa. Façamos de cada instante, de cada palavra e gesto multiplicado uma correspondência ao indizível e infinito amor de Deus por nós, tão somente assim felizes o seremos.
 
A segunda reflexão é sobre a graça de podermos celebrar as maravilhas de Deus.
 
No comentário, vemos retratadas as maravilhas que Deus realizou sempre em favor da humanidade, cuja expressão máxima encontra-se em Jesus, entregue por todos nós como sacrifício de suave odor.
 
Também hoje, precisamos reconhecer as maravilhas que Deus continua a realizar, em meio às dificuldades, provações, angústias e tristezas que se possam notar.
 
Não podemos incorrer no risco de não perceber a ação de Deus, a cada segundo em nossa vida, e não cairmos na tentação de ver tão apenas o que haja de negativo.
 
Celebremos com louvores divinos a ação permanente de Deus, para que tenhamos vida plena e feliz. Redescobrir a Sua vontade e realizá-la, é um dos caminhos de acolhida da Palavra de Jesus, com a força do Espírito, apresentada no Sermão da Montanha: as Bem-Aventuranças.
 
Louvemos e agradeçamos as maravilhas que Deus realiza em nosso favor, pois a gratidão é, verdadeiramente, o tesouro dos humildes (Shaekesperare); a gratidão, humildade, paz e felicidade caminham juntas.
 
Contemplemos as maravilhas de Deus com os olhos do mesmo coração que celebra a Sua misericórdia e bondade, na plena comunhão com o Espírito, por meio de Jesus, a quem rendemos toda a honra, glória, poder e louvor. Amém.  

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