“Louvem a
Javé, nações todas, e O glorifiquem todos
os povos!
Pois o Seu Amor por nós é firme, e a
fidelidade
de Javé é para sempre! Aleluia!”
(Sl 117,1-2)
Sejamos enriquecidos com o “Comentário sobre os Salmos”, do bispo e
mártir São João Fisher (Séc. XVI):
“Primeiramente, Deus, realizando muitos portentos
e prodígios, libertou o povo de Israel da escravidão do Egito. Deu-lhe passagem
a pé enxuto através do mar Vermelho.
Sustentou-o com o Pão vindo do céu, maná e
codornizes. Da pedra duríssima fez jorrar água abundante para os sedentos.
Deu-lhe vitória sobre os inimigos que lhe moviam guerra. Fez com que o Jordão,
contrariando o seu ímpeto, retrocedesse por algum tempo.
Repartiu entre as tribos e as famílias a terra
prometida. Concedeu-lhes tudo isto com amor e generosidade. No entanto,
ingratamente, aqueles homens esquecidos de tudo, desleixando e mesmo repudiando
o culto a Deus, não poucas vezes se emaranharam no inominável crime da
idolatria.
Depois, também a nós, quando ainda pagãos íamos
atrás dos ídolos mudos, ao sabor de nossas inclinações, Ele nos cortou da
oliveira selvagem da gentilidade e, quebrados os ramos naturais, nos enxertou
na verdadeira oliveira do povo judaico, tornando-nos participantes da graça
fecunda de Sua raiz. Por fim, nem sequer poupou ao próprio Filho, mas O
entregou por todos nós como sacrifício e oblação de suave odor, a fim de nos
remir e de tornar puro e aceitável para Si um povo.
Todos estes fatos, absolutamente certos, não são
apenas provas de Seu Amor e de Sua generosidade para conosco, mas também
acusações. Pois, ingratos, ou melhor, ultrapassando todos os limites de
ingratidão, nem damos atenção ao Seu Amor nem reconhecemos a grandeza dos
benefícios. Rejeitamos e temos por desprezível o liberal doador de tão grandes
bens. A imensa misericórdia que Ele demonstrou incessantemente para com os
pecadores não nos comove nem nos leva a adotar uma norma de vida conforme Seu
Mandamento Santo.
Tudo isto bem merece ser escrito para as gerações
futuras, em perpétua memória. E assim todos aqueles que no futuro receberem o
nome de cristão, reconhecendo a infinita bondade de Deus para conosco, não
deixem nunca de celebrá-Lo com louvores divinos.”
A primeira reflexão que nos desperta, é sobre a beleza e a riqueza
inesgotável dos Salmos, que são a expressão da oração do Povo de Deus, com as diferentes
sentimentos e realidades por que passamos.
Não há nada de humano que tenha escapado aos salmistas. Com eles,
podemos falar com Deus: alegrias e tristezas, angústias e esperanças, dúvidas e
certezas, prantos e sorrisos, sonhos e pesadelos, sofrimentos e realizações,
sombras e luzes, pecado e graça.
Cantos e louvores a Deus:
Pela Sua ação criadora e recriadora, desde os primeiros amanheceres no
Éden, até que venha o novo céu e a nova terra.
Pela Sua bondade e misericórdia, conduzindo o Povo pelo deserto,
libertando-o da escravidão do Egito, e de toda forma de escravidão em todos os
tempos.
Pela experiência do amor e presença, através dos Profetas que
prepararam a vida do Messias, e com Ele, o tempo da graça, a inauguração do
Reino.
Pela proximidade de Deus no Verbo que Se fez Carne, que desceu ao nosso
encontro assumindo nossa condição humana, igual a nós, exceto no pecado, para
nos redimir e nos elevar à glória da eternidade.
Pela bondade e misericórdia nas Palavras e ação de Jesus, que nos
revelou a face misericordiosa do Pai, porque inserido na plena comunhão de amor
do Santo Espírito.
Pelo amor que ama até o fim, que elevado na Árvore da Vida, deixou-Se
trespassar e morrer de amor por nós.
Pela presença do Santo Espírito, o Paráclito, que nos foi concedido
quando voltou para junto do Pai, para conduzir, iluminar e fortalecer a Sua Igreja,
para que jamais sentíssemos orfandade, fragilidade e abandono.
Reflitamos:
- O que mais Deus poderia ter feito por nós?
Nada, absolutamente nada! Pois não poupou Seu Próprio Filho, para que
n’Ele creiamos e tenhamos vida eterna (Jo 3,16).
- O que podemos fazer para corresponder ao Amor de Deus?
Muito mais, porque, ainda que algo tenhamos feito, é nada diante do
tudo que a Trindade Santíssima fez, faz e sempre fará em nosso favor.
O tempo é breve, a figura deste mundo passa. Façamos de cada instante,
de cada palavra e gesto multiplicado uma correspondência ao indizível e
infinito amor de Deus por nós, tão somente assim felizes o seremos.
A segunda reflexão é sobre a graça de podermos celebrar as maravilhas
de Deus.
No comentário, vemos retratadas as maravilhas que Deus realizou sempre
em favor da humanidade, cuja expressão máxima encontra-se em Jesus, entregue
por todos nós como sacrifício de suave odor.
Também hoje, precisamos reconhecer as maravilhas que Deus continua a
realizar, em meio às dificuldades, provações, angústias e tristezas que se
possam notar.
Não podemos incorrer no risco de não perceber a ação de Deus, a cada
segundo em nossa vida, e não cairmos na tentação de ver tão apenas o que haja
de negativo.
Celebremos com louvores divinos a ação permanente de Deus, para que
tenhamos vida plena e feliz. Redescobrir a Sua vontade e realizá-la, é um dos
caminhos de acolhida da Palavra de Jesus, com a força do Espírito, apresentada
no Sermão da Montanha: as Bem-Aventuranças.
Louvemos e agradeçamos as maravilhas que Deus realiza em nosso favor,
pois a gratidão é, verdadeiramente, o tesouro dos humildes (Shaekesperare); a
gratidão, humildade, paz e felicidade caminham juntas.
Contemplemos as maravilhas de Deus com os olhos do
mesmo coração que celebra a Sua misericórdia e bondade, na plena comunhão com o
Espírito, por meio de Jesus, a quem rendemos toda a honra, glória, poder e
louvor. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário