segunda-feira, 15 de abril de 2024

Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...”

 


                Santo Estêvão, protomártir do Senhor, “sua arma era a caridade...”
 
À luz das passagens dos Atos dos Apóstolos (At 6,8-15;7,51-8,1a), reflitamos sobre o martírio do diácono Santo Estêvão, a quem a Sagrada Escritura chama de "homem cheio de fé e do Espírito Santo".
 
Chamado de protomártir por ter sido o primeiro a derramar seu sangue em testemunho da fé em Jesus Cristo.
 
Seu nome em grego significa "coroa", e evoca a ideia de martírio, porque nos séculos a seguir a coroa foi símbolo do martírio. Sua paixão é de fundamental importância por não ter nada de fabuloso ou lendário.
 
Os Santos Padres tecem grandes elogios a Santo Estêvão, pondo em relevo suas virtudes: pureza, zelo apostólico, firmeza e constância, grande amor ao próximo, verdadeiramente heroico, rezar pelos próprios assassinos.
 
Sua Oração com certeza mereceu a conversão de São Paulo, pois, como disse Santo Agostinho, "Se Estêvão não tivesse rezado, a Igreja não teria o grande São Paulo!", conclusão que veremos também em um dos  Sermões do Bispo São Fulgêncio de Ruspe  (Séc. VI).

Sejamos enriquecidos por este Sermão, rezado pela Igreja, no dia seguinte à Festa do Natal, quando celebramos sua Festa (26 de dezembro).
 
Ontem, celebrávamos o nascimento temporal de nosso Rei eterno; hoje celebramos o martírio triunfal do seu soldado.
 
Ontem o nosso Rei, revestido de nossa carne e saindo da morada de um seio virginal, dignou-Se visitar o mundo; hoje o soldado, deixando a tenda de seu corpo, parte vitorioso para o céu.
 
O nosso Rei, o Altíssimo, veio por nós na humildade, mas não pôde vir de mãos vazias. Trouxe para Seus soldados um grande dom, que não apenas os enriqueceu imensamente, mas deu-lhes uma força invencível no combate: trouxe o dom da caridade que leva os homens à comunhão com Deus.
 
Ao repartir tão liberalmente o que trouxera, nem por isso ficou mais pobre: enriquecendo do modo admirável a pobreza dos Seus fiéis, Ele conservou a plenitude dos Seus tesouros inesgotáveis.
 
Assim, a caridade que fez Cristo descer do céu à terra, elevou Estêvão da terra ao céu. A caridade de que o Rei dera o exemplo logo refulgiu no soldado.
 
Estêvão, para alcançar a coroa que seu nome significa, tinha por arma a caridade e com ela vencia em toda parte. Por amor a Deus não recuou perante a hostilidade dos judeus, por amor ao próximo intercedeu por aqueles que o apedrejavam. 
 
Por esta caridade, repreendia os que estavam no erro para que se emendassem, por caridade orava pelos que o apedrejavam para que não fossem punidos.
 
Fortificado pela caridade, venceu Saulo, enfurecido e cruel, e mereceu ter como companheiro no céu aquele que tivera como perseguidor na terra.  Sua santa e incansável caridade queria conquistar pela Oração, a quem não pudera converter pelas admoestações.
 
E agora Paulo se alegra com Estêvão, com Estêvão frui da glória de Cristo, com Estêvão exulta, com Estêvão reina. Aonde Estêvão chegou primeiro, martirizado pelas pedras de Paulo,  chegou depois Paulo, ajudado pelas Orações de Estevão.
 
É esta a verdadeira vida, meus irmãos, em que Paulo não se envergonha mais da morte de Estêvão, mas Estevão se alegra pela companhia de Paulo, porque em ambos triunfa a caridade. Em Estêvão, a caridade venceu a crueldade dos perseguidores, em Paulo, cobriu uma multidão de pecados; em ambos, a caridade mereceu a posse do Reino dos céus.
 
A caridade é a fonte e origem de todos os bens, é a mais poderosa defesa, o caminho que conduz ao céu.  Quem caminha na caridade não pode errar nem temer.  Ela dirige, protege, leva a bom termo.
 
Portanto, meus irmãos, já que o Cristo nos deu a escada da caridade pela qual todo cristão pode subir ao céu, conservai fielmente a caridade verdadeira, exercitai-a uns para com os outros e, subindo por ela, progredi sempre mais no caminho da perfeição.”
 
Somos convidados a aprender com os Santos e mártires, que deram corajoso testemunho da fé. Santo Estêvão é, por tudo que se disse, um exemplo para que cresçamos em maior fidelidade ao Senhor.
 
Talvez não tenhamos que viver semelhante martírio, mas cada um em sua própria história pode também desenvolver virtudes tão invejáveis e desejáveis.
 
Sejamos como Estêvão, homens e mulheres cheios de fé e do Espírito Santo no testemunho do Ressuscitado, em incondicional amor ao Pai.
Santo Estêvão, um exemplo para o nosso discipulado.
O mundo e a Igreja precisam de “Estêvãos”.
 
PS: No dia 26 de dezembro, proclama-se Atos dos Apóstolos (At 6,8-10; 7,54-59, e na segunda-feira da terceira semana da Páscoa (At 6,8-15)

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