sexta-feira, 5 de abril de 2024

Nossa vocação é amar

Nossa vocação é amar

Como Igreja, somos convocados a lançar redes em águas mais profundas (Lc 5, 1-11), a fim de que nosso Batismo seja fonte de tantas vocações indispensáveis dentro e fora dela, para que o mundo seja mais fraterno, solidário e sinal do Reino Definitivo, anunciado e inaugurado por Jesus de Nazaré.

Jamais lançaremos redes, e tão pouco em águas mais profundas, se não revitalizarmos nossa vocação na verdadeira e inesgotável fonte de amor revelada a nós nas pessoas da Santíssima Trindade. Quanto mais mergulharmos no Mistério do Amor Trinitário, muito mais estaremos vivendo nossa vocação que consiste, antes de tudo, em amar.

“A vocação é amar”. A pessoa humana é um ser no amor e para o amor. Precisa-se recuperar o autêntico sentido de vocação e ministério que, às vezes, é compreendido numa perspectiva funcionalista.

Só quem ama, porque foi amado primeiro, (cf. 1 Jo 4,10), pode ser capaz de uma plena oblatividade (atitude de serviço). Quem ama não se sente autossuficiente, mas livre para amar sem retorno, porque o impulso vem de dentro: Deus despejou em mim o seu amor e a sua força: não preciso impor aos outros os meus preços.

O próprio Jesus nos ama, a ponto de dar a vida por nós, porque fez a extraordinária experiência de ser o Filho amado do Pai (Lc 3,22). Cito, propositalmente, este belíssimo parágrafo que me inspirou, em muito, o presente artigo (cf. Texto Base – Batismo – n. 117).

Somos vocacionados (as) para o amor. Eternos aprendizes do Mandamento do Amor que Deus nos deu, tanto em relação a Ele, como em relação ao nosso próximo. Amor desinteressado; testemunhado na gratuidade; assumido na alegria pascal que não se acaba, passando pela Cruz, se necessário, como nos falou Jesus.

A maturidade e profundidade de nosso amor passam inevitavelmente pela cruz – “Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz de cada dia, e siga-me” (Lc 9,23).

Nossa vocação é amar, testemunhar concretamente no quotidiano, na “planície” o Amor de Deus, sobretudo se considerarmos que “... o homem contemporâneo acredita mais nas testemunhas do que nos mestres; mais na experiência do que na doutrina; mais na vida e nos fatos do que nas teorias. O testemunho da vida cristã é a primeira e insubstituível forma de missão...” (Missão do Redentor n. 42 – João Paulo II).

Finalizo com um provérbio chinês que diz: “há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida”.

Deste modo não podemos perder nenhum momento de nossa vida; nenhuma oportunidade para concretizar nossa vocação, com gestos sinceros, alegres e profundos de amor em relação a Deus e ao próximo, consequentemente, em relação a nós mesmos e ao mundo em que vivemos.

Segundo um grande teólogo, “o testemunho é a arma sem armas, a ausência de armas que é a maior arma dos desarmados”! 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG