quarta-feira, 2 de abril de 2025

Afastemo-nos do mal, amemos a paz!

                                                             


Afastemo-nos do mal, amemos a paz!

Com São Francisco de Paula, um eremita do século XV, reflitamos sobre o que nos ajuda ao afastamento do mal,  para amarmos a paz, fortalecendo nosso desejo e compromisso sincero de conversão.

“Afastai de vós toda espécie de ódio e inimizade, evitai cuidadosamente as palavras ásperas e inconvenientes, e se alguma vez tiverem saído de vossa boca, não vos envergonhai de levar o remédio com os mesmos lábios que provocaram a ferida.

Perdoai-vos uns aos outros e esquecei totalmente qualquer ofensa recebida. Guardar o sentimento do mal é uma injúria, é complemento da ira, retenção do pecado, ódio da justiça, veneno da alma, destruição das virtudes, verme da consciência, obstáculo da oração, impedimento das graças que pedimos a Deus, afastamento da caridade, espinho cravado na alma, maldade sempre desperta, pecado que nunca se apaga, morte cotidiana.

Amai a paz, que é o mais precioso de todos os tesouros. Sabeis certamente que os nossos pecados provocam a ira de Deus, portanto, corrigi-vos e arrependei-vos para que Deus vos poupe na Sua misericórdia.

O que ocultamos aos homens é manifesto a Deus. Convertei-vos, então, de coração sincero. Vivei de tal modo que mereçais receber a bênção do Senhor e a paz de Deus nosso Pai esteja sempre convosco.” Amém!

O Tempo da Quaresma faz reacender em nós o desejo do afastamento de toda a maldade, e de tudo aquilo que destrói a nossa amizade com Deus e a concórdia com o nosso próximo, ainda que o caminho seja árduo, espinhoso e aparentemente impossível.

Ressoem as palavras do Profeta Joel, rasgando nossos corações e não apenas as nossas vestes. Transformação interior e total e não apenas exterior e parcial. Não são poucas às vezes que conversamos com pessoas que nos pedem uma orientação para se afastarem do mal, do ressentimento, da intriga, da discórdia…

Afastemo-nos do mal, eliminando quaisquer ressentimentos, evitar e dissolver as intrigas, comprometidos com a concórdia e a fraternidade.

É preciso que resplandeçamos raios de luz, como instrumentos de paz que haveremos de sempre ser, porque somos Pascais, cremos na vitória do Ressuscitado, que reacendeu em nós os raios da caridade, que nutrem a concórdia, edificam e eternizam amizades.

PS: Memória celebrada no dia 02 de abril

Conversão e sincero arrependimento

                                                           

Conversão e sincero arrependimento

Reflexão à luz de uma das Cartas do abade e Confessor São Máximo (séc. VII), em que retrata a ação de Deus em favor de todos nós, movido pela misericórdia divina que deseja a nossa conversão:

“Os pregadores da verdade e os ministros da graça divina, todos os que, desde o princípio até os nossos dias, cada um a seu tempo, expuseram a vontade salvífica de Deus, dizem que nada lhe é tão agradável e conforme a Seu Amor como a conversão dos homens a Ele com sincero arrependimento.                                                                       
E para dar a maior prova da bondade divina, o Verbo de Deus Pai (ou melhor, o primeiro e único sinal de Sua bondade infinita), num ato de humilhação que nenhuma palavra pode explicar, num ato de condescendência para com a humanidade, dignou-Se habitar no meio de nós, fazendo-Se homem.

E realizou, padeceu e ensinou tudo o que era necessário para que nós, Seus inimigos e adversários, fôssemos reconciliados com Deus Pai e chamados de novo à felicidade eterna que havíamos perdido.

O Verbo de Deus não curou apenas nossas enfermidades com o poder dos milagres. Tomou sobre Si as nossas fraquezas, pagou a nossa dívida mediante o suplício da Cruz, libertando-nos dos nossos muitos e gravíssimos pecados, como se Ele fosse o culpado, quando na verdade era inocente de qualquer culpa.

Além disso, com muitas Palavras e exemplos, exortou-nos a imitá-lo na bondade, na compreensão e na perfeita caridade fraterna.

Por isso dizia o Senhor: Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a conversão (Lc 5,32). E também: Aqueles que têm saúde não precisam de médicos, mas sim os doentes (Mt 9,12). Disse ainda que viera procurar a ovelha desgarrada e que fora enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Do mesmo modo, pela Parábola da dracma perdida, deu a entender mais veladamente que viera restaurar no homem à imagem divina que estava corrompida pelos mais repugnantes pecados. E afirmou: Em verdade Eu vos digo, haverá alegria no céu por um só pecador que se converte (cf. Lc 15,7).

Por esse motivo, contou a Parábola do bom samaritano: àquele homem que caíra nas mãos dos ladrões, e fora despojado de todas as vestes, maltratado e deixado semimorto, atou-lhe as feridas, tratou-as com vinho e óleo e, tendo colocado em seu jumento, deixou-o numa hospedaria para que cuidassem dele; pagou o necessário para o seu tratamento e ainda prometeu, dar na volta, o que porventura se gastasse a mais.

Mostrou-nos ainda a condescendência e bondade do pai que recebeu afetuosamente o filho pródigo que voltava, como o abraçou porque retornara arrependido, revestiu-o de novo com as insígnias de sua nobreza familiar e esqueceu todo o mal que fizera.

Pela mesma razão, reconduziu ao redil a ovelhinha que se afastara das outras cem ovelhas de Deus e fora encontrada vagueando por montes e colinas. Não lhe bateu nem a ameaçou nem a extenuou de cansaço; pelo contrário, colocando-a em seus próprios ombros, cheio de compaixão, trouxe-a sã e salva para o rebanho.

E deste modo exclamou: Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e Eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo (Mt 11,28-29).

Ele chamava de jugo os Mandamentos ou a vida segundo os Preceitos evangélicos; e quanto ao peso, que pela penitência parecia ser grande e mais penoso, acrescentou: O meu jugo é suave e o meu fardo é leve (Mt 11,30).

Outra vez, querendo nos ensinar a justiça e a bondade de Deus, exortava-nos com estas Palavras: Sede Santos, sede perfeitos, sede misericordiosos, como também vosso Pai celeste é misericordioso (cf. Mt 5,48; Lc 6,36). 
E: Perdoai, e sereis perdoados (Lc 6,37). Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles (Mt 7,12).”

Deus age movido pela misericórdia infinita e irrevogável para com os pecadores para que se convertam e vivam, recuperando a dignidade e o sentido da existência perdida.

Com a Carta, o Abade nos leva a um mergulho na profundidade da misericórdia de Deus, que encontramos no Sagrado Coração de Jesus.

Como um pintor, nos apresenta, em telas do Espírito, a ação de Jesus em diversas situações e Parábolas, com uma leveza indescritível.

Sobretudo, neste Tempo Quaresmal, reconheçamos nossa condição pecadora, intensificando o processo contínuo de conversão e arrependimento sincero.

Procuremos novos caminhos, em que renunciando às obras das trevas, nos introduzirá no esplendor da Luz do Ressuscitado que celebraremos no Tempo Pascal.

Assim é o Itinerário Quaresmal que nos conduz à alegria Pascal: conversão e sincero arrependimento de nossos pecados, acompanhados de gestos e novos compromissos, para que sejamos testemunhas vivas e credíveis do Ressuscitado; testemunhas de que a misericórdia de Deus pode nos purificar e nos libertar de todo pecado que rouba nosso movimento, como que numa indesejável paralisia espiritual.

Bem afirmou o Apóstolo Paulo: “É para a liberdade que Cristo nos libertou” (Gl 5,1). 

Quaresma: O amor de Deus presente em nosso discipulado

                                                  

Quaresma: O amor de Deus presente em nosso discipulado

Na quarta-feira da 4ª semana do Tempo da Quaresma, ouvimos a passagem do Livro do Profeta Isaías (Is 49,8-15).

O Profeta Isaías nos ensina que Deus nunca nos abandona, e nos trata com verdadeiro amor de mãe, um amor instintivo, avassalador, eterno, gratuito e incondicional e infinito.

“Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, Eu não te esqueceria nunca.”

O Profeta, homem da confiança e esperança, é aquele que ajuda o Povo de Deus a perceber a presença divina em Sua aparente ausência, despertando para resposta amorosa a Ele, bem como ajuda também a perceber a face oculta de Deus revelada na ternura, misericórdia, compaixão...

Relacionar-se e corresponder a este Deus, somente assim o futuro tornar-se-á promissor.

Com a Palavra Divina em seus lábios, faz reacender a chama que não fumega no coração daquele que crê. Sempre precisamos de Profetas assim.

Quando tudo parece mais nada, há alguém que nos aponta o Todo Poderoso, o Onipotente, Aquele que para o qual nada é impossível: “Tudo podemos n’Aquele que nos fortalece” (Fl 4,13).

Quanto maior for nossa confiança em Deus, tanto mais crescerá nossa responsabilidade. Também poderemos dizer que a responsabilidade é diretamente proporcional à confiança que temos em Deus.

Santo Inácio de Loyola diz de forma límpida e contundente: “devemos confiar como se tudo dependesse de Deus e nos empenhar como se tudo dependesse de nós.”.

Deste modo deve ser hoje o Discípulo Missionário do Senhor: alguém que encontrou Jesus, uma Pessoa que mudou a sua vida, que somente terá sentido e conteúdo, quando em relacionamento contínuo e íntimo, renovado no Banquete da Eucaristia.

É preciso trilhar o itinerário quaresmal, fazendo progressos na santidade desejada, empenhados na construção do Reino, com total confiança em Deus e em Sua força, com disponibilidade, fidelidade, alegria e com muito amor a fim de que correspondamos ao Amor Divino que jamais nos falta.

Somente assim, comunicaremos a luz da Fonte de Luz, nas mais diversas situações obscuras, nas "cavernas sombrias e escuras" de nossa existência.

terça-feira, 1 de abril de 2025

Sábado Santo: celebremos a vitória do amor divino

                                                             

Sábado Santo: celebremos a vitória do amor divino

“...Desceu à mansão dos mortos...”

Segundo uma antiquíssima tradição, celebraremos amanhã, Sábado Santo, a Vigília Pascal em honra do Senhor, “a Mãe de todas as Vigílias”, como nos fala o Bispo e Doutor da Igreja, Santo Agostinho.

Ela deve ser realizada à noite (mas não começar antes do início da noite, terminando antes da aurora do Domingo, dia da Ressurreição do Senhor).

Trata-se da maior e a mais nobre de todas as Solenidades do Ano Litúrgico, pois nela celebramos em Memória da noite Santa em que Cristo Ressuscitou.

Com a Vigília, mantemos a vigilância à espera da Ressurreição do Senhor, e são celebrados os Sacramentos da Iniciação Cristã.

A Missa da Vigília é, por sua vez, a Missa Pascal do Domingo da Ressurreição, e consta de quatro partes:

a)          A bênção do fogo com o acender do Círio Pascal, sinal do Cristo Ressuscitado, seguido pelo precônio Pascal.
b)          A Liturgia da Palavra;
c)           A Liturgia Batismal com a renovação das promessas do Batismo ou mesmo Batismo (quando houver).
d)          Liturgia Eucarística

Enquanto aguardamos a Celebração da Vigília, reflitamos:

“Hoje, no Sábado Santo – o grande sábado, como foi chamado pelos Padres da Igreja -, não há nenhuma celebração Eucarística.

Somente as horas do Ofício Divino são rezadas, e são celebradas a capela, isto é, sem qualquer acompanhamento instrumental.

A Igreja observa um silêncio reverente neste dia em que o Senhor ‘repousou de toda a obra que fizera’ (Gn 2,2), toda a obra de amor e entrega que Ele realizou no Lenho da Cruz.

O grande teólogo suíço, Hans Urs Von Balthasar vê neste dia o ponto culminante da obra redentora de Cristo.

Descido à região dos mortos, Cristo se coloca no lugar da máxima distância do Pai – a distância entre o céu e o inferno.

Mas, como o eterno Filho, inseparável do Pai, Cristo transforma este lugar desprovido de Deus, fora do alcance de Deus, em um lugar dentro do abraço que une o Pai e o Filho.

Para Von Balthazar, assim a vitória do amor divino se manifesta como completa.

Por isto, todo joelho, ‘no céu, na terra e debaixo da terra se dobra e toda língua proclama ‘ Jesus Cristo é o Senhor’, para a glória de Deus Pai’ (Fl 2,10-11)”. (1)

“Creio em Deus Pai todo-poderoso...”


(1)         Igreja em Oração – Nossa Missa do dia a dia – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB - Ano V – n. 64 – abril 2020 – p.68

A noite da escuridão precede a luminosidade eterna!(19/04)

                                                    

A noite da escuridão precede a luminosidade eterna!

Sem a escuridão da noite não haverá a luz de um novo dia; sem o Itinerário Quaresmal percorrido não haveria o esplendor, o transbordamento da alegria Pascal; sem o Mistério da Paixão e Morte de nosso Senhor, não haverá na madrugada a alegre notícia de Sua Ressurreição.

Sem Ele, sem o Sol Divino, sem Seus raios de luz e vida, a humanidade estará condenada à escuridão desoladora, desesperadora, ao caos eterno, à vida sem sentido, ao descentro e à falta de perspectivas.

Concluído o Itinerário Quaresmal rumo à Páscoa do Senhor, temos a graça de, como Igreja, celebrar mais uma Semana Santa que, para quem crê, é o ponto de chegada e simultaneamente o ponto de partida para novos e intransferíveis compromissos na construção do Reino, em paixão incondicional pelo Senhor vivo e Ressuscitado.

Com o Domingo de Ramos aclamamos o Senhor como nosso Rei: Ele vive, Ele Reina, Ele é Senhor. Aclamamos e com Ele caminhamos, com Ele vivemos, com Ele morremos, para podermos um dia ressuscitar e na glória alegremente e esperançosamente adentrar...

Quando o Sol Divino irromper na madrugada da Ressurreição muitos sinais de morte ainda estarão clamando por vida: o planeta continuará gemendo em dores de parto; as crianças ainda estarão morrendo famelicamente; as drogas ainda teimosamente permanecerão nas mãos de tantos, inclusive de crianças; relacionamentos ainda não transfigurados em autênticas amizades; omissões e apatias ainda teimarão em permanecer no coração de muitos; a mentira ainda terá seus fiéis discípulos; o mal ainda rondará.

Porém não será mais hora de lamentação inútil e estéril. O Sol Divino virá ao nosso encontro abraçando-nos, acolhendo-nos, enviando-nos, pois é próprio do Amor de Deus continuar acreditando na humanidade.

É próprio do Amor de Deus plantar, no coração de pessoas de boa vontade, a confiança e a esperança, que concretizadas em ações de caridade autêntica assegurarão o novo que Deus tem para nós. Ele, de fato, faz novas todas as coisas, sobretudo no coração do que crê e ama.

Quando o Domingo da Páscoa chegar, precedido pela bela e antiquíssima Vigília Pascal mãe de todas as vigílias, algo novo em nosso coração vai reluzir, alegria abundante jorrará, nossos olhos voltarão a brilhar...

Os sinos soarão em vibração contagiante e os suores da luta se multiplicarão porque não há, quando por amor, esforços que sejam insignificantes.

Não tenha sido em vão o Suor de Sangue do Amado. Derramemos o nosso, se preciso for, por um mundo novo, alegre, cheio de vida, paz, justiça, fraternidade e amor.

Jamais percamos a graça da participação ativa, consciente e piedosa na Semana Santa, somente assim o Sol Divino irromperá na madrugada, iluminado nossa existência, revigorando nossos passos, refazendo nossos sonhos e sagrados compromissos que brotam da fé.

A noite da escuridão precede a luminosidade eterna! 
E quando chegar o tão esperado amanhecer do Domingo da Páscoa, 
o Sol Divino, Jesus, 
estará mais do que vivo no meio de nós, e aclamaremos:
"Ressuscitou! 
Aleluia!
A vida venceu a morte. 
Aleluia!

Quando os sinos tocarem...(19/04)

                                                              

 Quando os sinos tocarem...
Da tarde da Sexta-feira Santa até a Noite do Sábado, em que celebramos a Vigília Pascal  antiquíssima e mãe de todas as Vigílias  a Igreja vive momentos de contemplação do túmulo. Sacrários vazios, uma experiência indescritível da experiência da morte de Jesus, nosso Salvador. Sentimos mais fortemente o preço da morte; a ausência de um mundo sem coração; de um mundo sem Deus.
 
Na escuridão da noite, toda a Igreja já antecipa o sabor da vitória. Embora ainda escuro já sentimos o irromper da madrugada da Ressurreição.
 
Nesta Noite quando tocarem os sinos, o que estaremos ao mundo anunciando?
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos corações que serão tocados pelo fogo do amor de Deus, que não permitiu a dureza e a frieza da morte ser a última palavra.
 
A última Palavra é sempre a de Deus: Ele Ressuscitou, Ele vive, Ele Reina, Jesus é o Senhor. A Ressurreição de Jesus é a verdade culminante de nossa fé, acreditada e vivida como verdade central pela primeira comunidade, testemunhando em todos os tempos...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos olhos que enxergarão uma nova realidade, inaugurada com o esplendor da Ressurreição. A vida venceu a morte. Vamos ver algo novo acontecendo em nossas comunidades: pão partilhado, perdão vivenciado, reconciliações multiplicadas, ânimo revigorado. 
O sorriso e a alegria serão em nosso rosto estampados, não como expressão de quimeras e ilusões, mas o renascimento da utopia e dos sonhos, que em muitos olhares já não se encontram marcados...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossas mãos estendidas ao outro, num gesto de amor, partilha e comunhão. Jamais mãos se levantarão contra o outro (templo e presença de Deus em nós). Mãos generosas disponibilizadas no grande mutirão de vida e paz...
 
Quando tocarem os sinos...
Serão nossos joelhos e pés fortalecidos para empreender mais uma longa caminhada. Ainda temos um longo caminho a percorrer.
 
No auge da escuridão, nasce um novo dia. Ressurreição celebrada é testemunho de fé que um novo amanhecer da humanidade haverá de irromper: sem as marcas do egoísmo que destroem nosso planeta (aquecimento global); uma nova consciência ecológica (rios e matas, animais não mais desaparecerão).
 
Quando tocarem os sinos...
Nossos ouvidos ouvirão canções de vitórias, em vez de lamentos. Sorrisos de crianças e não gritos de seus tormentos (por causa da fome, desamor e desnutrição); o cantar da natureza com toda sua beleza, e não o ruído ensurdecedor das balas perdidas e canhões disparados.
 
Teremos, enfim, o silêncio no mais profundo de nós, para que a voz de Deus, possa, no mais íntimo de nós, ecoar...
 
Sonhos? 
Fantasias? 
Alucinações? 
Decididamente não!
 
Quando tocarem os sinos...
Edificaremos comunidades que testemunham os sagrados ensinamentos do Senhor Ressuscitado: amor, verdade, justiça, perdão, solidariedade e paz. Cristo Ressuscitou. Aleluia! Aleluia! Feliz Páscoa!


O "Espinho na carne" e a graça do Senhor Jesus

                                                         


O "Espinho na carne" e a graça do Senhor Jesus

“... roguei três vezes ao Senhor que o afastasse de mim. 
Mas Ele disse-me: “Basta-te a minha graça, pois
 é na fraqueza que a força se manifesta””.

Reflexão à luz da passagem da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios (2 Cor 12,7-10).

O Apóstolo menciona o fato de possuir um espinho na carne, e de, por três vezes, ter suplicado ao Senhor que dele afastasse espinho, e o Senhor respondeu:

“Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força”.

O próprio Apóstolo afirma que o espinho em sua carne foi para que não fosse levado ao orgulho, o espinho era como um anjo de Satanás a esbofeteá-lo para livrá-lo da vaidade.

O que seria este espinho?

Santo Agostinho (e outros) pensava tratar-se de uma enfermidade física, particularmente dolorosa e humilhante.

Segundo São João Crisóstomo (e outros) acreditava ser as tribulações que lhe causavam as contínuas perseguições sofridas.

A partir de São Gregório Magno, optou-se por uma interpretação ascética, segundo a qual o espinho referia-se às tentações da concupiscência.

Entretanto, sejam as enfermidades físicas, as tribulações e perseguições, as tentações da concupiscência, ou quaisquer outras possibilidades, foi um espinho na carne, e favoreceu que a graça de Deus não fosse em vão à vida do Apóstolo.

Paulo confiou no Senhor e entregou-se a Ele, com suas fraquezas, debilidades, limitações, com o sentimento de finitude, entre as necessidades e possibilidades.

Também nós temos nosso “espinho”, e é preciso coragem de reconhecê-lo, nominá-lo.

E uma vez reconhecido, assumido, suplicar a graça de Deus, abrir-se a Ela, Permitindo que o Senhor venha em socorro de nossa fraqueza; confiantes de que Ele tem poder sobre nossas dores e enfermidades, não somente físicas, mas, sobretudo da alma.

Deste modo, permitamos que o Senhor “costure” as feridas de nossa alma e, com Seu bálsamo de amor, devolva-nos sempre a alegria e o sentido de viver.

Deixemos que Ele navegue nas veias de nossa história para nos conduzir ao porto desejado da eternidade, na travessia a que todos somos desafiados a fazer cotidianamente.

Concluo com saudação que o Apóstolo eternizou, e que, entre outras, repetimos nas Eucaristias que celebramos

“A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a Comunhão do Espírito Santo estejam convosco” (1 Cor 2, 3).

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