
Nosso
desejo mais profundo: encontrar o Senhor
Deus
é Mistério profundo que não cabe nas limitações de nossa mente e coração, como
veremos na reflexão de Santo Anselmo (séc. XII).
“Que pode fazer,
Altíssimo Senhor, que pode fazer este exilado longe de Vós? Que pode fazer este
Vosso servo, sedento do Vosso amor, mas tão longe de Vossa presença? Aspira
ver-Vos, mas Vossa Face se esconde inteiramente dele. Deseja aproximar-se de
Vós, mas Vossa morada é inacessível. Aspira encontrar-Vos, mas não sabe onde
estais.
Tenta procurar-Vos, mas
desconhece a Vossa face. Senhor, Vós sois o meu Deus, o meu Senhor, e nunca Vos
vi. Vós me criastes e me redimistes, destes-me todos os Vossos bens e ainda não
Vos conheço. Fui criado para Vos ver e ainda não fiz aquilo para que fui
criado.
E Vós, Senhor, até
quando? Até quando, Senhor, nos esquecereis, até quando nos ocultareis a Vossa
Face? Quando nos olhareis e nos ouvireis? Quando iluminareis os nossos olhos e
nos mostrareis a Vossa Face? Quando voltareis a nós?
Olhai-nos Senhor,
ouvi-nos, mostrai-Vos a nós. Dai-nos novamente a Vossa presença para sermos
felizes, pois sem Vós somos tão infelizes! Tende piedade dos rudes esforços que
fazemos para alcançar-Vos, nós que nada podemos sem Vós.
Ensinai-me a Vos
procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; pois não posso
procurar-Vos se não me ensinais nem encontrar-Vos se não Vos mostrais. Que
desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando Vos encontre, e
encontrando Vos ame” (1).
Entremos
no íntimo de nossa alma, afastando-nos de tudo, exceto de Deus ou daquilo que
nos ajude a procurá-Lo, suplicando ao Senhor Deus que ensine nosso coração para
que saibamos onde e como procurá-Lo, onde e como encontrá-Lo.
Bebamos
desta fonte genuína de espiritualidade, fazendo germinar o que de melhor
possamos plantar em nossos corações vigilantes e orantes.
Incansavelmente
procuramos por Deus, a mais bela procura, porque jamais nos cansa, e uma vez
encontrado, ainda falta tudo por encontrá-Lo, como disse Santo Agostinho.
Procuremos
no mais profundo de nós mesmos Aquele que veio, vem e virá, Aquele que nos
felicitou e nos divinizou com Sua morada em nós.
Reflitamos:
- Por que procurarmos fora de nós Aquele que em nós habita?
- Por que nos distanciarmos d’Aquele que é mais íntimo de nós do
que nós de nós mesmos?
Concluímos repetindo suas palavras, na incansável procura por
Deus:
“Ensinai-me
a Vos procurar e mostrai-Vos quando Vos procuro; pois não posso
procurar-Vos se não me ensinais, nem encontrar-Vos se não Vos
mostrais. Que desejando eu Vos procure, procurando Vos deseje, amando
Vos encontre, e encontrando Vos ame”.
(1)
Liturgia das Horas - Vol. I – pág. 151-152
PS: Oportuno para o Tempo do
Advento, quando nos preparamos para a Vinda d’Aquele que veio, vem e virá, e
que tanto esperamos e incansavelmente procuramos, revigorando nossa
espiritualidade para frutos saborosos do Natal produzirmos: amor, vida,
sorriso, felicidade, justiça, paz...
Advento: tempo de dar sabor à vida e fazer germinar aquilo
que de bom possamos plantar em corações vigilantes que se predispuseram ao
arado indispensável, pelo jugo da Cruz, pois não há Natal sem o Mistério da
Paixão, Morte, e Ressurreição do Senhor.
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