domingo, 24 de março de 2024

Meditai sobre a Paixão do Senhor... (Domingo de Ramos)

                                                    

Meditai sobre a Paixão do Senhor...

“Meditai sobre a Paixão do Senhor,
Aumentai a caridade em vossos corações,
Consolidai a vossa fé, Renovai a vossa esperança.
Entrai em íntima comunhão com o Senhor!”

Ao celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, iniciamos a Semana Santa, e somos enriquecidos pelo Sermão do Bispo Santo André de Creta (séc. VI):

“Vinde, subamos juntos ao monte das Oliveiras e corramos ao encontro de Cristo, que hoje volta de Betânia e se encaminha voluntariamente para aquela venerável e Santa Paixão, a fim de realizar o Mistério de nossa salvação.

Caminha o Senhor livremente para Jerusalém, Ele que desceu do céu por nossa causa – prostrados que estávamos por terra – para elevar-nos consigo bem acima de toda autoridade, poder, potência e soberania ou qualquer título que se possa mencionar (Ef 1,21), como diz a Escritura.

O Senhor vem, mas não rodeado de pompa, como se fosse conquistar a glória. Ele não discutirá, diz a Escritura, nem gritará, e ninguém ouvirá Sua voz (Mt 12,19; cf. Is 42,2). Pelo contrário, será manso e humilde, e Se apresentará com vestes pobres e aparência modesta.

Acompanhemos o Senhor, que corre apressadamente para a Sua Paixão e imitemos os que foram ao Seu encontro. Não para estendermos à Sua frente, no caminho, ramos de oliveira ou de palma, tapetes ou mantos, mas para nos prostrarmos a Seus pés, com humildade e retidão de espírito, a fim de recebermos o Verbo de Deus que Se aproxima, e acolhermos Aquele Deus que lugar algum pode conter.

Alegra-Se Jesus Cristo, porque deste modo nos mostra a Sua mansidão e humildade, e Se eleva, por assim dizer, sobre o ocaso (cf. Sl 67,5) de nossa infinita pequenez; Ele veio ao nosso encontro e conviveu conosco, tornando-Se um de nós, para nos elevar e nos reconduzir a Si.

Diz um Salmo que Ele subiu pelo mais alto dos céus ao Oriente (cf. Sl 67,34), isto é, para a excelsa glória da Sua divindade, como primícias e antecipação da nossa condição futura; mas nem por isso abandonou o gênero humano, porque o ama e quer elevar consigo a nossa natureza, erguendo-a do mais baixo da terra, de glória em glória, até torná-la participante da Sua sublime divindade.

Portanto, em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo.

Revestidos de Sua graça, ou melhor, revestidos d’Ele próprio, – vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (Gl 3,27) – prostremo-nos a Seus pés como mantos estendidos.

Éramos antes como escarlate por causa dos nossos pecados, mas purificados pelo Batismo da salvação, nos tornamos brancos como a lã. Por conseguinte, não ofereçamos mais ramos e palmas ao vencedor da morte, porém o prêmio da Sua vitória.

Agitando nossos ramos espirituais, O aclamemos todos os dias, juntamente com as crianças, dizendo estas Santas Palavras: “Bendito o que vem em nome do Senhor, o Rei de Israel”.

Ele desceu do céu e veio ao nosso encontro: um Deus que Se faz Homem, assume a nossa condição, faz-Se um de nós, igual a nós, menos no pecado, para exatamente destruí-lo e nos redimir como criaturas novas.

Não conhecendo o pecado, numa perfeitíssima oferenda agradável ao Pai, sacrifica-Se por Amor à humanidade, ensinando e vivendo o caminho do Amor e fidelidade, doação e entrega em favor do próximo. Fez-Se grão de trigo caído por terra para germinar e produzir frutos abundantes de vida, alegria e paz.

É este Jesus que acolhemos como Salvador; Aquele que entrou em Jerusalém aclamado por todos, com ramos deitados para que sobre eles passasse.


Não fiquemos insensíveis ao convite do Bispo, em seu Sermão e prostremo-nos diante do Senhor, e a Ele demos toda honra, glória, poder e louvor:

“... em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de folhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo. Revestidos de Sua graça, ou melhor, revestidos d’Ele próprio, – vós todos que fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo (Gl 3,27) – prostremo-nos a Seus pés como mantos estendidos”

Sejam os ramos a expressão de que somente n’Ele e com Ele encontramos vida, somente diante d’Ele nossos joelhos se dobrem, e ternamente nossa língua proclame que Jesus é o Senhor.

Será a grande Semana em que a Igreja nos convida ao recolhimento, ao silêncio e a Oração, a frutuosa meditação da Paixão do Senhor, para que aumente em nós a caridade, consolidando a fé e renovando a esperança. 

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4º Bispo da Diocese de Guanhães - MG